man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Hazel English – Real Life
Artista debaixo dos holofotes da crítica mais atenta desde que lançou há pouco mais de meia década o EP Give In / Never Going Home, Hazel English estreou-se nos discos em dois mil e vinte com Wake Up!, um buliçoso alinhamento de dez composições que nos ofereceram uma bagagem nostálgica tremendamente impressiva, já que, ao escutarmos o registo, parecia que embarcavamos numa máquina do tempo rumo à melhor pop que se fazia há mais ou menos meio século e que ainda hoje influencia fortemente alguns dos melhores nomes da indie contemporânea.
Na primavera dois mil e vinte e três, e já depois de no final de dois mil e vinte e um nos ter brindado com um inédito intitulado Nine Stories, que foi grande destaque de um EP chamado Summer Nights, lançado no verão do ano seguinte, a cantora australiana a residir atualmente em Oakland, nos Estados Unidos, voltou à carga com uma belíssima cover de Slide, um icónico tema dos anos noventa assinado pelos míticos Goo Goo Dolls de Johnny Rzeznik, Robby Takac, George Tutuska e Mike Malinin.
No outono desse mesmo ano de dois mil e vinte e três, Hazel English deliciou-nos com uma novidade intitulada Heartbreaker, que ainda não trazia atrelado o anúncio de um novo disco da artista e que contava nos créditos de produção com Jackson Phillips aka Day Wave, seu colaborador de longa data. No entanto, esse segundo registo de originais da cantora de Oakland tornou-se mesmo uma realidade em dois mil e vinte e quatro, com Real Life, um alinhamento de onze canções que mantém profícua esta parceria com Day Wave.
Disco encharcado em arranjos meticulosos e com um registo percussivo bem vincado, Real Life é um regalo para os ouvidos de quem aprecia canções com uma forte tonalidade pop e que estejam adocicadas com aquele registo sonoro que, sem ser demasiado ligeiro e radiofónico, consegue ser constantemente sedutor e instigador. Liricamente, e como seria de esperar, é, como mostra o tema homónimo, uma espécie de tratado filosófico sobre desencontros amorosos e sobre a necessidade de saber seguir em frente quando uma relação termina, ou quando há algo na nossa vida que de certo modo nos emperra e não deixa que o rumo delineado seja calcorreado sem atropelos de maior.
De facto, num álbum que se ouve de fio a pavio, quase sem se dar por isso, canções como Jesse, um belíssimo tratado de indie rock com um forte travo chillwave e que assenta em guitarras com um timbre metálico ziguezaguenta intenso, algumas sintetizações subtilmente charmosas e um registo vocal ecoante e sentimentalmente intenso, ou Heartbreaker, uma composição luminosa e melodicamente sagaz, também assente no já referido timbre metálico constante das cordas e em algumas interseções sintéticas e um registo vocal ecoante, não deixam indiferente todos aqueles que se disponibilizarem a testemunhar mais um refrescante capítulo de uma saga pessoal criada por uma cantora e compositora que, com uma mão na indie folk e a outra no rock alternativo e também na eletrónica, letra após letra, verso após verso, abre-se connosco enquanto discute consigo mesma e coloca-nos na primeira fila de uma vida, a sua, que acontece mesmo ali, diante de nós. Espero que aprecies a sugestão...