man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Hamilton Leithauser – Black Hours
Hamilton Leithauser, vocalista dos The Walkmen, estreou-se recentemente nos discos em nome próprio com Black Hours, um álbum editado através da Ribbon Music e que, não deixando de aclarar, em alguns momentos, a relação de Hamilton com a sua banda, evidencia o assumir de novos rumos, menos soturnos e mais expansivos, à custa de emoções fortes embrulhadas em temas simples, adornados com enorme versatilidade e um elevado pendor pop.
É importante escutar e escrever sobre Black Hours e não descurar a importância de alguns nomes que são protagonistas ativos e presentes no seu conteúdo. Colaboram com Leithauser neste álbum outros artistas significativos da cena alternativa atual, nomeadamente Paul Maroon, antigo parceiro nos The Walkmen, Amber Coffman dos Dirty Projectors e Richard Swift do The Shins, além de Rostam Batmanglij, multi instrumentista dos Vampire Weekend e responsável pela produção de Black Hours, obra onde não se inibiu de balançar entre dois opostos, uma base mais comercial, percetível, por exemplo, em Alexandra e otra onde o enfoque sonoro abraçou com particular mestria o experimentalismo, exemplificado nos batuques e nas distorções psicadélicas de Bless Your Heart.
Há uma incontida vontade do músico em conquistar um público bem definido e diferente dos admiradores habituais dos The Walkmen; Escuta-se o piano de 5 AM e de St Mary's County e a forma como a sua voz irrequieta se posiciona perante os desafios que as duas melodias colocam e percebe-se imediatamente que não é também inocente a escolha do artwork do disco e que estamos na presença de um artista que pretende sair do nicho indie e alternativo, onde os The Walkmen são uma importante referência, para procurar atingir um universo mais abrangente e onde reinam referências obrigatórias da história da música da segunda metade do século passado, algures entre Paul Simon, Springsteen, Randy Newman e Sinatra.
O que Black Hours tem e facilmente nos fascina é uma coleção irrepreensível de sons inteligentes e solidamente construídos, que nos emergem em ambientes carregados de batidas e ritmos que, tomando como exemplo a cor, o sonho e o erotismo de The Silent Orchestra, poderão facilmente fazer-nos abanar a anca, sem percebermos muito bem como e porquê. Há, por exemplo, nas marimbas dessa canção e de O'Clock Friday Night, aquele charme típico do vagaroso e caliente ritmo latino, muito bem acompanhadas por um sintetizador delicioso, que fazem das canções uma festa pop, psicadélica e sensual. E depois há, na já referida Alexandra, uma escolha feliz para single, uma composição sonora onde Leithauser aventura-se na sua própria imaginação, construída entre a sua devoção aos autores clássicos da América que o viu nascer e a indie pop fresca e luminosa, onde cabem todos os sonhos.
Nas dez canções de Black Hours, Hamilton Leithauser contorna todas as referências culturais que poderiam limitar o seu processo criativo para, isento de tais formalismos, não recear misturar tudo aquilo que ouviu, aprendeu e assimilou e que é sonoramente tão bem retratado em I Don't Need Anyone, uma canção onde tudo o que o atrai e influencia é densamente compactado, com enorme mestria e um evidente bom gosto, inclusivamente o habitual cardápio que propunha nos The Walkmen, especialmente em Heaven. Longe de se abrigar apenas à sombra de canções melódicas convencionais, este artista reforça o brilho raro que tem acompanhado a sua carreira artística na simplicidade do trabalho e que esta nova fase a solo parece querer reforçar. Espero que aprecies a sugestão...
01. 5 AM
02. The Silent Orchestra
03. Alexandra
04. 11 O’Clock Friday Night
05. St Mary’s County
06. Self Pity
07. I Retired
08. I Don’t Need Anyone
09. Bless Your Heart
10. The Smallest Splinter