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GUM And Ambrose Kenny-Smith – Ill Times

Terça-feira, 23.07.24

GUM é um projeto a solo liderado pelo australiano Jay Watson, um músico com ligações estreitas aos POND e aos Tame Impala, que em dois mil e vinte e três fez faísca no nosso radar devido a um disco intitulado Saturnia, um alinhamento de dez canções que viu a luz do dia no final do verão e que sucedeu ao registo Out In The World, que o artista lançou em dois mil e vinte.

GUM/Ambrose Kenny-Smith - 'Ill Times' album review

Agora, cerca de um ano depois de Saturnia, GUM está de regresso e de mãos dadas com Ambrose Kenny-Smith, um dos elementos fundamentais dos King Gizzard And The Lizard Wizard. Juntos andaram a incubar um disco intitulado Ill Times, um alinhamento de dez canções que viu recentemente a luz do dia, com a chancela da p(doom) Records, a etiqueta dos próprios King Gizzard And The Lizard Wizard.

Jay Watson e Ambrose Kenny-Smith têm algo em comum que, desde logo, obriga todos aqueles que gostam de navegar nas águas turvas do indie rock psicadélico, a escutarem com devoção III Times. Ambos gostam de alimentar e de encher o seu adn de ambientes sonoros com enorme sentido melódico e com uma certa essência pop, sempre numa busca de acessibilidade e abrangência. E, de facto, III Times está cheio de canções ricas em arranjos, detalhes e nuances, mas são, ao mesmo tempo, verdadeiros pontos de encontro com aquele prazer que todos sentimos, independentemente do nosso grau de exigência sonora, por ouvir uma canção que nos embala e que fica no ouvido.

Assim que se escuta os efeitos ecoantes de Dud e somos afagados por uma espiral de epicidade instrumental e vocal que levita, percebemos, com clareza o que aí vem. Esta composição é um tema que Kenny-Smith tinha começado a compôr com o seu avô Broderick Smith, um músico bastante conhecido na Austrália e que faleceu em maio do ano passado. A dupla que assina o disco acabou por terminar o serviço e o resultado final é uma estonteante canção com uma ímpar vibração cósmica, sensação conferida por sintetizações planantes, um registo percussivo enleante acamado por um baixo encorpado e diversos entalhes de guitarras e de sopros, num resultado final assente num puro e salutar experimentalismo e que serve de catalisador para o restante alinhamento de III Times. O tema homónimo, logo a seguir, completa a trama, mostrando-nos um estrondoso hino à melhor herança do rock psicadélico setentista do século passado. É outra composição imponente, repleta de guitarras encharcadas com riffs impetuosos, acamados por um baixo cavernoso. Este perfil orgânico que sustenta o tema é depois embrulhado por uma vasta pafernália de sintetizações cósmicas, às quais compete um extraordinário papel de adorno, num resultado final repleto de guinadas, interseções, detalhes inesperados e trechos de puro experimentalismo.

Com tão virtuoso arranque, não se pense que o nível decresce. O clima enleante do teclado e da batida hipnótica que sustentam Minor Seetback, colocam-nos a dançar instintivamente, enquanto nos projetam para territórios de elevada cosmicidade e lisergia, enquanto Fool For You, não abrandando na grandeza, coloca todas as fichas num ambiente mais intrincado e rugoso, mas sem deixar de conter a sensualidade que o tema anterior tinha tratado de fazer despertar, mesmo no ouvinte mais empedernido e resistente.

Até ao final, o curioso travo motown de Resilience, o modo como em Old Transistor Radio o hip-hop e o R&B estão na mira, a eletrónica minimalista e jazzística de Emu Rock e a irrepreensível tonalidade pop do piano que adorna Marionette, são outros momentos altos de toda esta caldeirada sonora impressiva que é III Times, um álbum envolto num pacote seguro e familiar, que permite a Jay Watson deixar mais uma vez vincada a sua apetência natural para se servir das suas raízes e conferir às mesmas o seu toque de personalidade, assimilando nelas e sem beliscar, todas as referências que o seu convidado lhe ofereceu de mão beijada, inserindo-o, com mestria, num processo criativo que esteve, certamente, isento de formalismos, possibilitando aos dois intervenientes aprenderem e assimilarem nas respetivas carreiras o melhor da outra metade, fazendo-o com enorme bom gosto, ao mesmo tempo que refletem juntos e com indisfarçável temperamento sobre este mundo conturbado em que todos vivemos. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 13:57






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