man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Gorillaz – The Now Now
Pouco mais de um ano depois de Humanz, já chegou aos escaparates The Now Now, o mais recente disco dos Gorillaz de 2-D, Murdoc, Noodle e Russel, um trabalho produzido por James Ford e Remi Kabaka Jr e anunciado logo após o lançamento do antecessor e durante a longa digressão de promoção de Humanz.
Apesar de contar com dois produtores de créditos firmados, The Now Now é um disco muito centado na capacidade criativa, quer lírica, quer sonora e instrumental de Damon Albarn. Se Humanz, um registo em que Albarn pouco cantou, continha uma vasta lista de convidados, que cantaram e tocaram em quase todo o alinhamento do álbum, desta vez, à excepção de George Benson, Snoop Dog e Jamie Principle, é Albarn que toma as rédeas, quem mais canta e, servindo-se de um isolamento que potenciou tremendamente a sua capacidade de criar e compôr, cria um dos trabalhos mais interessantes da carreira dos Gorillaz.
Com particular ênfase numa pop de cariz eminentemente sintético, com raízes do lado de lá do atlântico e que diz cada vez mais a Albarn, The Now Now é um sólido passo dos Gorillaz rumo a uma zona de conforto sonora cada vez mais afastada das experimentações iniciais do projeto que, tendo sempre a eletrónica, o hip-hop e o R&B na mira, também chegou a olhar para o rock com uma certa gula. Mas este rock parece cada vez mais afastado do ponto concetual nevrálgico do projeto, com a eletrónica a abraçar-se principalmente a outras vertentes que sustentam muita da pop que é mais apreciada nos dias de hoje. Assim, se Humility serve-se das teclas sintetizadas e de diversos efeitos para se tornar num dos mais deliciosos apontamentos de charme, seneridade e harmonia da carreira dos Gorillaz e se Hollywood, muito por culpa de Snoop Dog, mantém viva a melhor tradição de abordagem a uma urbanidade americana que esteve sempre impressa no grupo, canções como a desafiante Kansas, a futurista Sorcererz, o dub tremendamente dançavel de Lake Zurich, ou a mais contemplativa e etérea Idaho, para mim a melhor canção do álbum, servem-se de alguns dos melhores artefactos tecnológicos que é possível encontrar hoje num estúdio de gravação para firmarem de modo arrojado este capítulo seguro numa linha de continuidade que, tendo como referência fundamental todo o espetro pop contemporâneo, busca uma filosofia de experimentação contínua, livre de constrangimentos e com um alvo bem definido, um público que procura também na dita pop uma filosofia de criação sonora que foge ao mainstream e que não necessita de ter como objetivo principal o airplay radiofónico.
Aos cinquenta anos Damon Albarn continua a escrever canções para a banda animada mais famosa do mundo porque acredita na ideia romântica de que um grupo mundialmente famoso pode transformar o planeta em que vivemos num sítio melhor. Se em 2010 Plastic Beach centrava-se nas alterações climáticas e na poluição e se o ano passado Humanz dissertava sobre alguns dos principais dilemas e tiros nos pés que a sociedade contemporânea insiste em dar, ainda nos dias de hoje, com o Brexit, Trump e o racismo, The Now Now é súmula e materialização de tudo aquilo que cada um de nós, na sua individualidade, precisa diariamente, independentemente da origem, para se sentir realizado e feliz sem depender da dita classe dominante, uma elite feita de políticos e milionários que pensam em tudo menos no bem comum. Magic City é, muito provavelmente, a descrição, na óptica de Albarn, do local perfeito para encontrarem paz todos aqueles que acreditam que ainda há esperança para todos nós. Espero que aprecies a sugestão...
01. Humility (Feat. George Benson)
02. Tranz
03. Hollywood (Feat. Snoop Dogg And Jamie Principle)
04. Kansas
05. Sorcererz
06. Idaho
07. Lake Zurich
08. Magic City
09. Fire Flies
10. One Percent
11. Souk Eye