man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Galo Cant’Às Duas - Os Anjos Também Cantam
Moita, no concelho de Castro Daire, é um ponto geográfico nevrálgico fulcral para o projeto Galo Cant’às Duas, uma dupla natural de Viseu, formada por Hugo Cardoso e Gonçalo Alegre e que tocou pela primeira vez nesse local, de modo espontâneo, durante um encontro de artistas. Nesse primeiro concerto, o improviso foi uma constante, com a bateria, percussões e o contrabaixo a serem os instrumentos escolhidos para uma exploração de sonoridades que, desde logo, firmaram uma enorme química entre os dois músicos.
Inspirados por esse momento único, Hugo e Gonçalo arregaçaram as mangas e começaram a compor pouco tempo depois, ao mesmo tempo que procuravam dar concertos, sempre com a percussão e o contrabaixo na linha da frente do processo de construção sonora. A guitarra e o baixo elétrico acabam por ser dois ingredientes adicionados a uma receita que tem visado, desde este prometedor arranque, a criação de um elo de ligação firme entre duas mentes disponíveis a utilizar a música como um veículo privilegiado para a construção de histórias, mais do que a impressão de um rótulo objetivo relativamente a um género musical específico.
O desejo de gravar um disco de estreia acabou por ser um passo óbvio para os Galo Cant'às Duas e para isso refugiaram-se, com a ajuda de Miguel Abelaira, durante uma semana nos estúdios HAUS com Makoto Yagyu e Fábio Jevelim para gravar, produzir e misturar Os Anjos Também Cantam, nome desse trabalho lançado pela Blitz Records e distribuído pela prestigiada Sony Music Entertainment.
O disco arranca com Marcha dos que voam, a primeira amostra divulgada, uma canção que plasma a inegável ousadia e mestria instrumental da dupla, que pôe um olho no rock progressivo e outro num salutar experimentalismo psicadélico e depois chega Respira, uma composição que impressona pelo efeito inicial das cordas, livres e expansivas, parceiras ideais da bateria para uma viagem de descoberta de um leque variado de extruturas e emoções que se vão sobrepondo e antecipando diversas quebras e mudanças de ritmo e fulgor. Depois, num curioso efeito agudo, na distorção de uma flauta que amiúde corta e rebarba e no potente riff do baixo que marca o pendor de Processo Entre Viagens e, no ocaso, a aparição da voz que afirma apenas e só, mas de modo convincente, Seremos todos nada, para que te convenças, abraçada por uma melodia sintetizada frenética, em Aparição, encerram pouco mais de trinta minutos de um registo que é um dos mais desafiantes, sensoriais, inusitados e multifacetados do cenário musical indie e alternativo nacional de 2017. Espero que aprecies a sugestão...