man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Franz Ferdinand - Always Ascending
Quatro anos depois de Right Thoughts, Right Words, Righ Action podemos novamente abrir alas para os jeans coçados escondidos no guarda fatos, sacar das t-shirts coloridas e pôr o congelador a bombar com cerveja e a churrasqueira a arder porque o velhinho rock n'roll feito sem grandes segredos, carregado de decibeis, que só os escoceses Franz Ferdinand sabem como replicar está de volta com Always Ascending, o quinto registo de estúdio do projeto e bastante centrado em algumas questões que estão na ordem do dia nas ilhas britânicas, nomeadamente o Brexit.
Primeiro disco com as presenças do teclista Julian Corrie e do guitarrista Dino Bardot na equipa, que substittui o guitarrista Nick McCarthy, um dos fundadores do grupo, que abandonou recentemente o navio, Always Ascending é para ser degustado de um só travo, tal é a energia e o vigor que os seus quase quarenta minutos contêm, no seu todo. É um daqueles discos pensados para refletir sobre uma contemporaneidade que está sempre presente na mente criativa dos músicos e compositores como fonte privilegiada de inspiração, mas também idealizado para divertir, animar e dançar.
As guitarras continuam a ser a base melódica de grande parte das canções e aquele modo muito próprio e identitário que esta banda tem de entrelaçar riffs e distorções com efeitos sintetizados particularmente efusivos soa aqui de um modo ainda mais intuitivo e direto do que nos alinhamentos antecessores mais recentes, onde os Franz Ferdinand procuraram calcorrear territórios sonoros que englobassem algumas caraterísticas da pop. Mas esse não é, decididamente, o território onde Alex Kapranos se sente mais confortável; Como principal referência no processo de construção dos temas e como escritor das suas letras, ele prefere ser eminentemente incisivo e claro quer na mensagem quer no modo como a transmite sonoramente, fruto de um experimentalismo que se saúda e onde a fórmula para o sucesso reside exatamente naquela simplicidade que faz este projeto estar na linha da frente dentro do género musical que replica e continuar a ser uma referência obrigatória para quem quer perceber como param as modas no rock alternativo.
Escuta-se o piano que conduz, logo a abrir o disco, a introdução do tema homónimo e o modo como pouco depois, ainda nessa canção, se juntam a bateria e as guitarras a um efeito sintetizado que é uma verdadeira espiral rugosa e dançante e percebemos que a festa vai mesmo começar e que até ao seu final não haverá grande espaço nem tempo para interregnos desnecessários, apesar do pendor mais intimista de Academy Award. Pouco depois, o modo como crescem guitarras e bateria na satírica Lazy Boy potencia ainda mais todo este pendor exaltante, um verdadeiro frenesim de dance post punk rock que encontra continuidade segura no groove cósmico das teclas de Paper Cages, no punk vigoroso do baixo que abastece Lois Lane e na toada new wave de Glimpse Of Love, só para citar alguns dos momentos mais inspirados e inebriantes de Always Ascending.
Não há necessidade nenhuma de perdermos o nosso tempo a procurar encontrar uma justificação plausível para os segredos e técnicas que Kapranos utiliza para fazer algo que é, simultaneamente acessível e elaborado, até porque, se pousarmos um pouco a cerveja e o garfo e nos debruçarmos na arquitectura das canções dos Franz Ferdinand, apercebemo-nos que é tudo fruto de muito trabalho e dedicação e que as coisas nãoo serão assim tão simples como à primeira vista aparentam. Quem se der a esse trabalho ao mesmo tempo que abana a anca ao som do disco, irá certamente colocar novamente este grupo escocês em plano de destaque no universo sonoro indie em que mais se diverte. Confere...
01. Always Ascending
02. Lazy Boy
03. Paper Cages
04. Finally
05. The Academy Award
06. Lois Lane
07. Huck And Jim
08. Glimpse Of Love
09. Feel The Love Go
10. Slow Don’t Kill Me Slow