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Foreign Diplomats – Princess Flash

Segunda-feira, 23.11.15

Élie Raymond, Antoine Lévesque-Roy, Thomas Bruneau Faubert, Charles Primeau e Emmanuel Vallieres, são os Foreign Diplomats, uma banda canadiana oirunda de Montréal, que acaba de se estrear nos lançamntos discográficos com um compêndio de canções que são já um marco imprescindível e obrigatório neste ano repleto de novidades e registos sonoros qualitativamente incomuns. Gravado nos primeiros meses deste ano, o disco a que me refiro chama-se Princess Flash, foi misturado e produzido por Brian Deck e está disponivel através da Indica Records.

Este quinteto canadiano começa agora a traçar o seu percurso sonoro, mas já tem bem definidas as coordenadas para estilizar canções em cujo regaço festa e lisergia caminham lado a lado. Falo de duas asas que nos fazem levitar ao encontro de paisagens multicoloridas de sons e sentimentos, arrepios que nos provocam, muitas vezes, autênticas miragens lisérgicas e hipnóticas enquanto deambulam pelos nossos ouvidos num frágil balanço entre uma percussão pulsante, um rock e uma eletrónica com um vincado sentido cósmico e uma indulgência orgânica que se abastece de guitarras plenas de efeitos texturalmente ricos, teclados corrosivos no modo como atentam contra o sossego em que constantemente nos refugiamos e a voz de Élie que, num registo ecoante e esvoaçante, coloca em sentido todos os alicerces da nossa dimensão pessoal mais frágil e ternurenta.

Se a audição de Princess Flash nos oferece vastas paisagens sonoras, nota-se, rapidamente, num ponto em comum em praticamente todas as suas canções. Começam, geralmente, por uma base instrumental minimal, aquela que vai sustentar o tema até ao seu ocaso, mas depois acontece sempre uma explosão sónica, feita de exuberância e cor, que do território mais negro e encorpado de Lies (Of November), tema que disserta sobre o dia a dia de um serial killer e alguns dos seus pensamentos mais obscuros, ao tribalismo percussivo de Comfort Design, ou o mais animado e até dançável de Queen+King, ocorre sempre num percurso triunfante e seguro, onde abundam guitarras experimentais, uma súmula muitas vezes quase impercetível entre epicidade frenética, crua e impulsiva e sensualidade lasciva, num resultado global borbulhante e colorido.

Bálsamo retemperador perfeito capaz de nos fazer recuperar o fôlego de um dia intenso, Princess Flash ruge nos nossos ouvidos, agita a mente e força-nos a um abanar de ancas intuitivo e capaz de nos libertar de qualquer amarra ou constrangimento que ainda nos domine. E fá-lo conduzido por uma espiral pop onde tudo é filtrado de modo bastante orgânico, através de um som esculpido e complexo, originando um encadeamento que nos obriga a um exercício exigente de percepção fortemente revelador e claramente recompensador. O minimalismo contagiante da guitarra em que se sustenta Lily's Nice Shoes!, mais um tema que nos desarma devido ao registo vocal e ao banquete percussivo que contém e a riqueza sintética que sobressai da tela por onde escorre uma amalgama de efeitos e ruídos, é um extraordinário exemplo do modo como esta banda é capaz de ser genuína a manipular o sintético, de modo a dar-lhe a vida e a retirar aquela faceta algo rígida que a eletrónica muitas vezes intui, convertendo tudo aquilo que poderia ser compreendido por uma maioria de ouvintes como meros ruídos, em produções volumosas e intencionalmente orientadas para algo épico.

Com nuances variadas e harmonias magistrais, em Princess Flash tudo se orienta com o propósito de criar um único bloco de som, fazendo do disco um corpo único e indivisível e com vida própria, com os temas a serem os seus orgãos e membros e a poderem personificar no seu todo um groove e uma ligeireza que fazem estremecer o nosso lado mais libidinoso, servidos em bandeja de ouro por um compêndio aventureiro, mas também comercial, que deve figurar na prateleira daqueles trabalhos que são de escuta essencial para se perceber as novas e mais inspiradas tendências do indie rock contemporâneo, além de ser, claramente, um daqueles discos que exige várias e ponderadas audições, porque cada um dos seus temas esconde texturas, vozes, batidas e mínimas frequências que só são percetíveis seguindo essa premissa. Espero que aprecies a sugestão...

Foreign Diplomats - Princess Flash

01. Lies (Of November)
02. Comfort Design
03. Queen+King
04. Color
05. Flash Sings For Us
06. Lily’s Nice Shoes!
07. Beni Oui Oui
08. Mexico
09. Guns (Of March)
10. Crown
11. Drunk Old Paul (And His Wild Things)

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publicado por stipe07 às 19:13


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