man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
El Ten Eleven - Banker's Hill
Kristian Dunn e Tim Fogarty são a dupla que dá vida ao projeto El Ten Eleven, uma banda com origem em Los Angeles e um nome fundamental do chamado post rock. É uma dupla que desde dois mil e dois vem direcionando o seu processo de criação sonora dentro de uma psicadelia rock ampla, progressiva e elaborada, através de um som firme e definido e onde a bateria e a guitarra assumem uma função de controle simbiótico, nunca se sobrepondo demasiado um instrumento ao outro, com Banker's Hill, o mais recente disco do grupo, a encarnar toda esta trama com elevada bitola qualitativa, através de um espírito ecoante e esvoaçante, transversal às nove canções do seu alinhamento e que, sendo devidamente degustado, coloca em sentido todos os alicerces da nossa dimensão pessoal mais frágil e ternurenta.
Começa-se a escutar com a merecida devoção Banker's Hill e percebe-se, no imediato, o superior grau de cumplicidade dos dois músicos que esculpem, com denodo, composições que são verdadeiras telas sonoras que exigem demorada contemplação para serem devidamente saboreadas e entendidas, tendo em conta o espetro sonoro que baliza alguns dos cânones fundamentais da história do rock contemporâneo que guiam o percurso musical destes El Ten Eleven.
Assim, logo no ambiente etéreo e imersivo criado pelos riffs planantes da guitarra de Three And A Half High And Rising ficamos esclarecidos acerca da constante omnipresença daquele experimentalismo rock que ditou a sua lei nos grandiosos anos setenta e da salutar psicadelia instrumental e melódica que tem vindo a definir alguns dos nomes fundamentais desse género e que hoje está a ser replicado com enorme sucesso, principalmente do lado de lá do atlântico. Depois, o baixo vincado, a bateria elaborada e a distorção agreste de Phenomenal Problems, assim como a majestosidade das guitarras que conduzem We Don't Have A Sail But We Have A Rudder e a direção delicada e ao mesmo tempo mais esculpida e etérea, que a banda assume em You Are Enough e o acabamento límpido e minimalista, mas fortemente sentimental e profundo de Gyroscopic Precession, além de arrancarem o máximo daquilo que as guitarras conseguem enfatizar ao nível dos efeitos e das distorções hipnóticas, acabam também por ser, cada tema à sua maneira, um piscar de olhos insinuante a um krautrock que, cruzado com um subtil minimalismo eletrónico, provam o minucioso e matemático planeamento instrumental de um disco que parece estar sempre em ritmo ascendente e que acaba por ter o seu momento maior, na minha opinião, no tema homónimo, pouco mais de seis minutos de altos e baixos, mudanças ritmicas e melódicas com um travo sempre nostálgico e até, em alguns instantes, algo inquietante, que parece querer retratar fielmente nada mais do que o simples ocaso.
Disco assertivo e onde os El Ten Eleven utilizaram todas as ferramentas e fórmulas necessárias para a criação de algo verdadeiramente único e imponente, Banker's Hill é marcado pela proximidade entre as canções que faz-se de uma instrumentação focada em estruturas técnicas particularmente elaboradas, que ampliam claramente os horizontes e os limites que vão sendo traçados por uma dupla que criou neste alinhamento mais uma fornada de instrumentais que têm tudo para tornarem-se em verdadeiros clássicos do chamado rock experimental. Espero que aprecies a sugestão...