man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Efterklang – Things We Have In Common
Dois anos depois do EP Plexiglass, os dinamarqueses Efterklang estão de regresso à ribalta com um novo disco intitulado Things We Have In Common, um alinhamento de nove canções que acaba de chegar aos escaparates, com a chancela da City Slang. Things We Have In Common é o sétimo álbum da carreira do projeto formado por Mads Brauer, Casper Clausen e Rasmus Stolberg e conta com várias participações especiais relevantes, nomeadamente o guatemalteco Mabe Fratti, Zach Condon aka Beirut e Sønderjysk Pigekor.
Exímios a replicar um indie pop onde conceitos como majestosidade e bom gosto estão presentes de modo bastante impressivo, proporcionados por três músicos exímios no modo como criam sons com forte inspiração em elementos paisagísticos, os dinamarqueses já carimbaram, em quase duas décadas de carreira, uma imagem de marca em que acusticidade orgânica e texturas eletrónicas particularmente intrincadas, conjuram entre si, muitas vezes de modo quase impercetível, para incubar melodias com uma beleza sonora que nos deixa muitas vezes boquiabertos.
Things We Have In Common mantém bem vivo este adn Efterklang, com um naipe de canções de inquestionável beleza e assentes numa superior sapiência criativa, amplificada pelo perfil artístico de superior quilate dos artistas convidados. Getting Reminders, por exemplo, já é, na sua génese, uma composição melodicamente inspirada, mas a contribuição especial do trompete de Zach Condon ajuda decisivamente a burilar um portento sonoro em que, depois, a insinuante acusticidade orgânica de um violão, se articula com a voz imponente de Casper e esse referido trompete, com algumas texturas eletrónicas particularmente intrincadas e quase impercetíveis, a conjurarem, no seu todo, um resultado final elegante e com uma beleza sonora inquietante.
Animated Heart, uma canção que começou a ser incubada no estúdio que Casper Clausen possui em Lisboa e que conta com a participação especial de Sønderjysk Pigekor, uma cantora dinamarquesa, responsável por um coro infantil desse país nórdico (South Denmark Girls’ Choir) e que já colabora com os Efterklang há mais de uma década, também está encharcada em intimidade, enquanto exala um travo clássico intenso, destacando-se pelo modo como as vozes e as cordas lhe dão vida e alma. À medida que o tema evolui, vai recebendo diversos entalhes de outros instrumentos de cordas, mas também de teclados, num resultado final com um clima tremendamente cinematográfico e sensorial, outra imagem de marca bem presente na discografia dos Efterklang.
Relativamente ao contributo de Mabe Fratti, importa escutar com particular devoção Plant, a segunda composição do alinhamento de Things We Have In Common, um tema que aposta num clima particularmente intenso e que conta com a participação do músico guatemalteco, na voz e no violoncelo. Plant consegue ser, em simultâneo, um tratado de intimidade e majestosidade, embrulhado em cordas dedilhadas com delicadeza e uma bateria vigorosa, nuances iniciais que são depois trespassadas por diversos entalhes sintéticos encorpados, uma pafernália de distorções cósmicas e um registo vocal ecoante, num resultado final com um clima também muito cinematográfico e sensorial.
Finalmente, olhando para as canções assinadas apenas pelo trio, merece particular destaque Sentiment, uma misteriosa, mas também charmosa composição, burilada por um insinuante piano adocicado, que se arrasta por diversas cordas algo hipnóticas e alguns sons sintetizados cósmicos, um tema em que acusticidade orgânica e texturas eletrónicas particularmente intrincadas, conjuram entre si, muitas vezes de modo quase impercetível, para incubar pouco mais de três minutos sonoros com uma beleza sonora inquietante.
Things We Have In Common é, em suma, um daqueles discos que nos convida a olhar para o interior da nossa alma e a incitar os nossos desejos mais profundos, como se cavasse e alfinetasse um sentimento em nós, enquanto as suas canções amplificam esse inusitado momento de agitação elegante e introspetiva. Instrumentalmente rico, repleto de bom gosto e pronto para se espraiar com requinte e beleza nos nossos ouvidos, Things We Have In Common deixa-nos naquela letargia típica de quando se dorme e se está acordado, uma dormência que acaba por despoletar a nossa capacidade de sonhar de olhos abertos, mas que depois também nos afaga e nos permite repousar em paz na suprema espiritualidade que exalam os seus cerca de trinta e cinco minutos particularmente felizes. Espero que aprecies a sugestão...