man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Dusted – Blackout Summer
Como membro fundador do projeto de eletrónica progressiva Holy Fuck, o canadiano Brian Borcherdt passou grande parte da sua carreira artística a compôr música de dança e ativo em sucessivas digressões desse projeto, sempre acompanhadas por milhares de seguidores da banda, conhecida por dar concertos capazes de levar o público quase à exaustão. Mas por trás dessa cortina, Brian foi compondo canções cuja sonoridade está sonora e dramaticamente a milhas dos Holy Fuck e um dia, num breve interregno da agenda frenética do grupo, Brian resolveu que também deveria dar vida a esses temas. Para isso incubou o projeto Dusted, contou com a ajuda de Leon Taheny e abrigado pela Hand Drawn Dracula, estreou-se em 2012 com o registo Total Dust. Agora, seis anos depois, viu finalmente a luz do dia o sucessor, um registo intitulado Blackout Summer, com nove canções criadas a partir de uma guitarra e da voz do autor, um encantador minimalismo que tem levado o grupo a abrir concertos de bandas como os Great Lake Swimmers, Perfume Genius ou A Place To Bury Strangers. Entretanto, aos Dusted juntaram-se Anna Edwards, na guitarra, Loel Campbell na bateria e ocasionalmente Anna Ruddick no baixo.
Se a música dos Holy Fuck é perfeita para servir de banda sonora de uma noite de festa e diversão, Blackout Summer é aquele disco que queremos por a tocar na manhã seguinte. À medida que conferimos o seu alinhamento cruza-se com os nossos ouvidos uma cortina de sons de forte cariz etéreo e contemplativo e onde bom gosto e sobriedade são caraterísticas muito presentes, logo em Seasons, canção onde Brian mostra todos os seus predicados quer como cantor, quer como criador de melodias com uma luminosidade ímpar. Depois, na ode à pop inebriante do single Backwoods Ritual e no forte travo folk de All I Am, somos brindados com aquilo que mais precisamos numa manhã de ressaca, um acervo de canções impregnado com aquela sonoridade pop, um pouco lo fi e shoegaze que, numa espécie de mistura entre surf rock e chillwave, possibilita instantes de relaxamento, mas também pode adequar-se a momentos de sedução e que exigem uma banda sonora que conjugue charme com uma elevada bitola qualitativa, porque é comum essas noites não terminarem sem uma companhia muitas vezes inesperada.
Os Dusted servem-se, então, de guitarras cheias de charme, alguns efeitos sintetizados cheios de luz e uma bateria bastante insinuante para criar canções que contêm um encanto vintage, relaxante e atmosférico. Às vezes pressente-se que Brian não sabe muito bem se queria que as músicas avançassem para uma sonoridade futurista, ou se tinha a firme intenção de deixá-las a levitar naquela pop típica dos anos oitenta. É certamente nesta aparente indefinição que reside uma importante virtude destes Dusted, um projeto que espelha com precisão o manto de transição e incerteza que tem invadido o cenário da pop de cariz mais alternativo e independente. Espero que aprecies a sugestão...
01. Seasons
02. Backwoods Ritual
03. All I Am
04. Cut Corners
05. Dead Eyes
08. Will Not Disappear
07. No Prison
08. Five Hundred And Four
09. Outline Of A Wolf