man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Blonde Redhead - Barragán
Kazu Makino, Amedeo Pace, Simone Pace são os Blonde Redhead e lançaram no passado dia dois de setembro Barragán, o nono álbum na carreira deste grupo oriundo de Nova Iorque e que tem construido um catálogo sonoro bastante consistente, com a dream pop sempre na fila da frente, no que diz respeito à sonoridade que replicam. Com o nome inspirado no célebro arquiteto mexicano Luis Barragán, Barragán viu a luz do dia por intermédio do selo Kobalt, em parceria com a Popstock e foi produzido por Drew Brown, um nome importante do universo indie e que já trabalhou com nomes tão significativos com Beck, Radiohead ou os The Books.
Há algo de intenso e peculiar em Barragán, o tema homónimo que abre o disco, um ruído agradável, cheio de detalhes campestres e que servirá certamente para acalmar a mente e o ouvido para o deleite sonoro que se segue, em mais nove canções que deslumbram pela riqueza da sua faceta instrumental, construída, quase sempre, a partir de sintetizadores e teclados bastante inspirados, que replicam discretos apontamentos e arranjos subtis , que algures entre a tal dream pop, mas também a folk e a eletrónica, dão vida a letras surrealistas e tingem de magia e cor os nossos ouvidos.
Lady M exala um charme intenso, feito com uma vocalização exuberante que se repete ao longo do disco e que atinge um verdadeiro clímax interpretativo em Cat On Tin Roof, principalmente pela forma como o tom agudo e extremamente sedutor e insinuante da voz de Kazu se entrelaça com um baixo encorpado e algo matreiro. Este mesmo baixo já tinha feito a sua primeira aparaição em Dripping e, obrigando-nos a abanar a anca logo à terceira canção, conferiu a necessária sensualidade que o requinte geralmente exige e que, pouco depois, intrometendo-se no jogo entre a guitarra e o sintetizador em Mind To Be Hand, conquista-nos irremediavelmente e leva-nos a não querer perder mais o rasto deste novo registo de um coletivo que tem construido um catálogo sonoro bastante consistente, que fez dos Blonde Redhead uma das bandas mais fascinantes dos nossos dia.
Há algo de desafiante no modo como este trio se afunda num experimentalismo refinado, que além de criar o ambiente perfeito para a voz sedutora de Makino, dá vida e som a texturas e cenografias sonoras ímpares e genuínas, não só no que concerne a tudo aquilo que é geralmente audível no domínio da eletrónica, mas também no campo do orgânico, tal é a delicadeza e a fragilidade de alguns arranjos de cordas ou sopros, quase sempre arrumados com uma impecável sobriedade e a evidenciar sinais de uma recomendável exuberância criativa.
Com uma carreira que virou decididamente agulhas para a pop a partir de Melody of Certain Damaged Demons (2000) e aprofundou essa inflexão com Misery is A Buttefly (2004) e, principalmente, no fantástico 23 (2007), os Blonde Redhead ainda arriscaram terrenos eminentemente eletrónicos com Penny Sparkle(2010). Seja como for, Barragán acaba por ser o passo lógico de uma certa agregação de todas as facetas sonoras que foram alimentando o trio, num alinhamento recheado de obras primas que revivem o que de melhor se podia escutar há uns bons trinta anos e quase sempre afundado num colchão de sons eletrónicos que fazem de Barragán um passeio divertido e, ao mesmo tempo, introspetivo, cheio de charme e bom gosto. Os Blonde Redhead conjugam e criam com distinção o que de melhor é feito atualmente no universo indie pop e numa época em que existe uma explosão de novas propostas, mas só se distinguem realmente aquelas que conseguem atingir um patamar qualitativo verdadeiramente inovador e deslumbrante. Em Nova Iorque ainda sobrevive, ao fim de quase três décadas, uma banda bastante inovadora e de sonoridade única, cada vez mais experimental e minimalista e que não se cansa de arregaçar as mangas em busca do constante desafio e da descoberta. Espero que aprecies a sugestão...
01. Barragán
02. Lady M
03. Dripping
04. Cat On Tin Roof
05. The One I Love
06. No More Honey
07. Mind To Be Had
08. Defeatist Anthem (Harry And I)
09. Penultimo
10. Seven Two