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Beach Fossils – Bunny

Sexta-feira, 02.06.23

Seis anos depois do espetacular registo Somersault, um dos discos essenciais do catálogo da redação deste blogue e dos mais escutados nos últimos anos, tendo a primeira audição ocorrido há exatamente seis anos, no dia dois de junho de dois mil e dezassete, os Beach Fossils de Dustin Payseur, ao qual se juntaram, entretanto, Tommy Davidson, Anton Hochheim e Jack Doyle Smith, estão de regresso aos álbuns em dois mil e vinte e três com Bunny, onze extraordinárias canções que chegaram aos escaparates com a chancela da Bayonet e da Captured Tracks.

Beach Fossils - 'Bunny' album review

Banda muito querida da nossa redação desde que em dois mil e onze nos debruçámos no conteúdo do ep What a Pleasure, os Beach Fossils são exímios a oferecer-nos catálogos de indie rock alternativo, com leves pitadas de surf pop, eletrónica e garage rock, tudo embrulhado com um espírito vintage marcadamente oitocentista e que se escuta de um só trago, enquanto sacia o nosso desejo de ouvir algo descomplicado mas que deixe uma marca impressiva firme e de simples codificação.

De facto, Bunny é mais um exercício tremendamente bem conseguido de construção de canções simples, mas bastante reflexivas, emotivas e até intensas. O seu alinhamento aprimora um receituário que tem sido bem sucedido, não só devido ao modo como os Beach Fossils manuseiam as guitarras e lhes induzem efeitos e distorções que apelam, quase sempre, a uma certa cosmicidade e luminosidade etéreas, mesmo quando replicadas com um forte espírito orgânico e imediato, sempre ampliado por exemplares arranjos de elevado pendor acústico, mas também porque a voz geralmente ecoante de Payseur é, sem sombra de dúvida, um veículo privilegiado para nos levar ao encontro de sensações como fragilidade e doçura, algo estranhas num indie rock que não coloca completamente de lado o lo fi, mas particularmentes impressivas e revigorantes quando concebidas por este projeto. Portanto, escutar Bunny é ter a possibilidade de colocar momentaneamente de lado problemas, dúvidas e inquietações, para mergulhar num universo otimista, positivo e revigorante, mesmo que a grande maioria das onze canções do álbum se debrucem sobre os dilemas existenciais em que vive a juventude americana atualmente, dores de amor mal curadas, memórias de tempos difíceis e o alastrar vigoroso de uma preocupante psicotropia em praticamente todo o país, potenciada pela falta de perspetivas risonhas quanto ao futuro, numa América cada vez mais confusa

Logo no timbre metálico de Sleeping On My Own e no modo como Payseur se acomoda a um registo melódico que prende e afaga, percebemos que Bunny tem algo de especial e único e que o rock também pode ser contundente sem haver a necessidade de ser agreste, ruidoso e imponente. Aliás, a força do rock estará sempre no modo como mexe com as nossas emoções e os Beach Fossils sabem, melhor como ninguém, como justificar esta constação. O charme divagante de Run To The Moon, o frenesim corpulento do baixo que acomoda um inconfundível timbre metálico em Don't Fade Away, o registo progressivo e simultaneamente cósmico de (Just Like The) Setting Sun, a suave psicadelia pop relaxante que exala de Anything Is Anything, o corropio eletrificado de Tough Love ou a aspereza empolgante de Seconds, comprovam esta filosofia criativa que toca, em simultâneo, no âmago e na anca, muitas vezes sem haver uma definição concreta de fronteiras concetuais ou anatómicas, imagine-se, entre estes dois pólos, o orgânico e o sensível.

Bunny é, em suma, um refúgio luminoso e aconchegante, um recanto sonoro sustentado por guitarras melodicamente simples, mas com um charme muito próprio e intenso. É um disco intuitivo, mas que sacia, enquanto eleva a carreira discográfica dos Beach Fossils a um patamar criativo superior, com as canções a funcionarem de modo indivisível e a criarem uma peça única enquanto, individualmente, oferecem vinhetas climáticas que vão servindo para marcar o ambiente e a cadência de um álbum soberbo. Espero que aprecies a sugestão...

 

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publicado por stipe07 às 16:40






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