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Automatic For The People

Domingo, 12.10.25

Lançado nos EUA a 5 de outubro de 1992 e no dia seguinte na Europa, Automatic for The People, o oitavo disco da carreira dos R.E.M., é, e será, para sempre, o disco da minha vida. Havia imensas coisas a dizer sobre estes 48m e 52s, divididos por doze canções e o impacto que ainda hoje, trinta e três anos depois, têm na minha vida.

Pic by Anton Corbijn

Naquele outono, no início do 12.º ano, na Escola Secundária de Estarreja, ainda a ressacar do antecessor Out Of Time como se não houvesse amanhã e numa época em que o Spotify, o Soundcloud, o Bandcamp e afins eram uma quimera, o dinheiro no bolso era, muitas vezes, uma ilusão e estava quase sempre contado para a cerveja de domingo e o Blitz de terça-feira. Ter CDs em casa era uma miragem e contava-se os minutos para chegar o fim-de-semana e, com ele, o TOP+. No entanto, tinha a sorte de ter bons amigos, muitos deles, à época, obcecados com um tal de Nevermind e que me gravavam cassetes virgens, fornecendo-me o pouco indie que me ia chegando.
Um dia, no tal TOP+, um vídeo a preto a branco com imagens de um crowdsurfing e uma melodia imponente dedilhada numa simples viola acústica, escancararam-me as portas para aquilo que seria o resto da minha vida, musicalmente falando, e não só. Foi Drive que me deixou boquiaberto com Automatic for The People e, poucas semanas depois, Man On The Moon deu-me a estocada final.
O resto é história... A história de trinta e três anos vividos, muitas vezes, à sombra e à luz deste disco.
Automatic For The People tem, como alguns saberão, muito presente o conceito de morte. É mesmo a temática principal de grande parte das suas canções. Aliás, essa fama que o disco tem, acabou por se ampliar ainda mais quando, de acordo, com alguns relatos, foi sugerido que era o álbum que Kurt Cobain, com quem Michael Stipe se preparava para colaborar de modo a tentar "curar" o amigo, ouvia na noite em que decidiu colocar termo à sua vida, algures em Itália. No entanto, não é apenas sobre aquela ideia de morte física como uma triste e trágica fatalidade horrível, que versa Michael Stipe nas canções que escreveu para Automatic for The People. O disco utiliza a morte como uma metáfora para falar de rutura e de mudança, fazendo-o sempre com a ideia de esperança num amanhã melhor muito presente.

Se temas como Try Not To Breathe, ou Sweetness Follows, são verdadeiros soporíferos para quem tem de encarar essa fatalidade da morte física, no momento em que parte alguém muito querido, tentando ser, de algum modo, regaços aconchegantes, já Drive ou Man On The Moon, mostram-nos que somos nós os donos do nosso próprio destino e que não há fronteiras ou limites para a felicidade, desde que tenhamos sempre a coragem de encarar o risco e de seguir o que nos diz o coração e o instinto, custe o que custar e, mesmo que pareça algo egoísta, a quem custar.

Depois, NightSwimming ensina-nos que a simplicidade e o amor sem tabus são armas imprescindíveis na relação com os outros e Find The River explica que todos temos um lugar neste mundo e que se queremos aproveitar devidamente este pequeno hiato temporal que a providência nos reservou para andarmos por cá, então nada melhor do que fazê-lo onde e com quem nos sentimos devidamente amados e amparados.
Se há algo que este disco me ensinou e, melhor do que isso, me ajudou a fazer muitas vezes, foi a ultrapassar a minha quase lendária propensão para incorrer e resvalar na imperfeição. A impetuosidade e o sentimentalismo não têm de ser sempre inconsequentes. De facto, a presença auditiva deste álbum na minha vida tem sido, imensas vezes, o alento que me faz seguir em frente, assumir as minhas falhar e continuar a ter esperança que o amanhã trará sempre consigo algo de redentor.
Facto curioso, ultimamente, ao ouvir Automatic for The People tenho vindo também a perceber, com uma certa angústia, que a vida passa realmente demasiado depressa e que se ainda foi ontem aquele sábado à tarde em que vi o Michael Stipe de mangas de camisa arregaçadas a subir para o apoio lateral de um camião tipicamente americano conduzido por Bill Berry, a explicar-nos que a vida é um risco constante que devemos viver com coragem e alento, a verdade é que, passando o mesmo tempo desse ontem, o hoje já será, certamente, algo irreal. Por isso, cerro cada vez mais os punhos sempre que ouço Find The River e alimento a minha convicção de que o muito que ainda me falta, terá de ser vivido com cada vez ainda maior plenitude, sempre junto daqueles que mais amo e que realmente importam, cuidando deles e querendo o seu bem e a sua felicidade ainda mais do que a mim próprio.
Obrigado R.E.M. e obrigado Automatic For The People, por serem tão fulcrais na minha vida, mesmo que tal associação entre um simples disco e tudo isso possa parecer algo ridículo e difícil de compreender para alguns. Ouçam o disco mais vezes... Vale a pena.

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publicado por stipe07 às 20:44


1 comentário

De Anónimo a 13.10.2025 às 13:21

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