man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
AUTOMAT - AUTOMAT
Uma pesquisa rápida pela internet mostra-nos que Automat foi um álbum de música eletrónica instrumental, cuja autoria e produção foi de dois músicos italianos, chamados Romano Musumarra e Claudio Gizzi. Esse disco foi gravado entre novembro e dezembro de 1977 e lançado no ano seguinte, pela EMI italiana e sob o selo da Harvest Records. Essa pesquisa mostra-nos também que os temas de Automat foram executados com o MCS70, um sintetizador analógico monofónico, desenhado, construído e programado pelo engenheiro italiano Mario Maggi e que Luciano Toroni foi o engenheiro de som do disco.
A análise ao álbum Automat que partilho com os leitores do meu blogue não se refere a este disco que, pelos vistos, foi um marco do cenário eletrónico que começava a florescer na década de setenta, mas antes de um trabalho editado no início de abril último, por um trio alemão com o mesmo nome. No entanto, aludi a esse disco feito na Itália há quase quarenta anos porque parece-me óbvio que Arbeit, Färber e Zeitblom, os Automat alemães, terão ouvido já esse disco e que o mesmo fará parte do cardápio sonoro que influenciou este trabalho.
Oriundos de Berlim, os Automat começaram este projeto em 2011 mas, só agora, três anos depois, chegou o disco de estreia, um homónimo lançado através da Bureau B e que conta com as colaborações especiais de Lydia Lunch, Genesis Breyer P-Orridge & Blixa Bargeld, nas vozes.
Começar a ouvir AUTOMAT é abraçar uma forte predisposição para encetar uma viagem única e de algum modo hipnótica por um universo sonoro que agrada profundamente a este trio e que é, certamente, dominado pela eletrónica. Ficamos, de certa forma, positivamente condenados a usufruir de um banquete com um cardápio eminentemente sintético, mas que não deixa de piscar o olho a alguns detalhes mais orgânicos.
Uma aparente ambivalência, mas que neste disco e neste trio soa como um todo complexo, mas coerente, fica logo patente em THF, o instrumental de abertura, quando um baixo encorpado e uma batida marcada e hipnótica se aliam a um conjunto de ritmos e sons que borbulham ao longo da canção e a pontuam, como se Berlim quisesse fugir da aparente rigidez maquinal que a batida pode suscitar, para procurar nos trópicos, um local caliente e soalheiro que a presença das congas ajuda a sobressair.
SXF já aponta numa outra direção, onde domina um teor ambiental denso e complexo, com um resultado atmosférico, mas que não deixa a canção cair numa perigosa letargia, já que há aqui sinais bem audíveis que apontam baterias também à punk dance. The Streets, Mount Tamalpais e AM Schlachtense mantêm esta embalagem feita com sintetizadores, num registo predominantemente grave e ligeiramente distorcido e que cria uma atmosfera sombria e visceral, mas agora com o aliciante das vozes engrandecerem o clima dos temas, que procura, a miúde, encostar-se um pouco ao reggae.
AUTOMAT é, em suma, a soma de várias partes, num disco com ecos bem audíveis de post punk, synthpop e dance punk dos anos oitenta. A produção é uma das mais valias já que, seja entre o processo dos primeiros arranjos, até à manipulação geral do álbum, tudo soa muito polido e nota-se a preocupação por cada mínimo detalhe, o que acaba por gerar num resultado muito homogéneo e que, de algum modo, ajuda a colocar de novo a dança de música da famosa escola alemã na linha da frente das referências fundamentais no género. Espero que aprecies a sugestão...
THF
SXF
THE STREETS (feat. Lydia Lunch)
MOUNT TAMALPAIS (feat. genesis breyer p-orridge)
TXF
AM SCHLACHTENSEE
GWW