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Allah-Las – Worship The Sun

Sexta-feira, 24.10.14

Naturais de Los Angeles, os norte americanos Allah-Las são Miles, Pedrum, Spencer e Matt e têm um novo disco intitulado Worship The Sun, um trabalho lançado por intermédio da Innovative Leisure no último dia dezasseis de setembro e que sucede a um homónimo que foi o disco de estreia da banda, editado em 2012.

Os Allah-Las estão atrasados ou adiantados quase meio século, depende da perspetiva que cada um possa ter acerca do conteúdo sonoro que replicam. Se na década de sessenta seriam certamente considerados como uma banda vanguardista e na linha da frente e um exemplo a seguir, na segunda década do século XXI conseguem exatamente os mesmos pressupostos porque, estando novamente o indie rock lo fi e de cariz mais psicotrópico na ordem do dia, são, na minha modesta opinião, um dos projetos que melhor replica o garage rock dos anos sessenta e a psicadelia da década seguinte.

Depois de terem impressionado com o búzio de Allah-Las, estes californianos mantêm a toada no sucessor e trazem o mesmo horizonte vasto de referências e as inspirações da estreia, mas trabalhadas de forma ainda mais abrangente e eficaz. Levam-nos novamente numa viagem que espelha fielmente o gosto que demonstram relativamente aos primórdios do rock e conseguem apresentar, em simultâneo, algo inovador e diferente, através de uma sonoridade muito fresca e luminosa, assente numa guitarra vintage, que de Creedance Clearwater Revival a Velvet Underground, passando pelos Lynyrd Skynyrd, faz ainda alguns desvios pelo blues dos primórdios da carreira dos The Rolling Stones e pela irremediável crueza dos The Kinks.

Começa-se a escutar De Vida Voz e cá vamos nós a caminho da praia ao som dos Allah-Las e de volta à pop luminosa dos anos sessenta, aquela pop tão solarenga como o estado norte americano onde a banda reside. E vamos com eles enquanto nos cruzamos com os veraneantes cor de salmão e de arca frigorífica na mão, que lutam interiormente ao chegar ao carro, sem saberem se a limpeza das chinelas deve ser exaustiva, ou se os inúmeros grãos de areia que se vão acumular no tapete junto aos pedais do Mégane justificam um avanço de algumas centenas de metros na fila de veículos que regressam à metrópole. A praia dos Allah-Las, na costa oeste, começa com o pôr do sol e uma fogueira e continua noite dentro até o vidrão ficar cheio e a areia se confundir com as beatas que proliferam, numa festa feita de cor, movimento e muita letargia.

Quem acha que ainda não havia um rock n' roll tresmalhado e robotizado nos anos sessenta ou que a composição psicotrópica dos substantivos aditivos que famigeravam à época pelos estúdios de gravação não permitia grande rigor melódico, ficará certamente impressionado com a contemporaneidade vintage nada contraditória dos acordes sujos de No Werewolf e do groove da guitarra e de uma voz que parece planar sobre Artifact e Recurring, dois dos melhores temas do disco. Depois, o tema homónimo tem um experimentalismo instrumental que se aproxima do blues marcado pela guitarra acústica, além dos metais e de alguns ruídos que assentam muito bem na canção. Had It All, o single já retirado do disco, obedece integralmente à toada revivalista, com um certo travo folk, numa canção que funde Bob Dylan e Jimmy Hendrix, numa sonoridade simultaneamente grandiosa e controlada. Já as cordas de Nothing To Hide e o efeito que as acompanham, assim como a percurssão groove do tema homónimo e os efeitos hipnóticos da guitarra, sustentam duas das mais belas melodias de um disco que até abraça a folk e o country sulista americano em Better Than Mine

Uma das canções mais curiosas do álbum é 501-415, a peça mais psicadélica e sintética do disco e com um timbre pouco usual, estado aqui o momento mais experimental de um trabalho que mesmo nos momentos puramente instrumentais, como Ferus Gallery, Yemeni Jade e a já citada No Werewolf, não desilude.

Buffalo Nickel tem o melhor refrão de Worship The Sun, uma balada que obedece à sonoridade pop dos anos sessenta e Follow You Down tem um experimentalismo instrumental que se aproxima do blues marcado pelo baixo e pelas guitarras, além dos metais e de alguns ruídos que assentam muito bem na canção, uma atmosfera que se repeate no surf rock de Every Girl, uma forma muito luminosa e festiva de encerrar um disco que feito de referências bem estabelecidas e com uma arquitetura musical que garante aos Allah-Las a impressão firme da sua sonoridade típica e ainda permite terem margem de manobra para futuras experimentações.

Worship The Sun é, como de algum modo já referi, coerente com vários discos que têm revivido os sons outrora desgastados das décadas de sessenta e setenta e é uma viagem ao passado sem se desligar das novidades e marcas do presente. É um ensaio de assimilação de heranças, como se da soma que faz o seu alinhamento nascesse um mapa genético que define o universo que motiva esta banda californiana. É um disco vintage, fruto do psicadelismo que, geração após geração, conquista e seduz, com as suas visões de uma pop caleidoscópia e o seu sentido de liberdade e prazer juvenil e suficientemente atual, exatamente por experimentar tantas referências antigas. Espero que aprecies a sugestão...

Allah-Las - Worship The Sun

01. De Vida Voz
02. Had It All
03. Artifact
04. Ferus Gallery
05. Recurring
06. Nothing To Hide
07. Buffalo Nickel
08. Follow You Down
09. 501-415
10. Yemeni Jade
11. Worship The Sun
12. Better Than Mine
13. No Werewolf
14. Every Girl

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publicado por stipe07 às 22:15






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