01. Sound And Color
02. Don’t Wanna Fight
03. Dunes
04. Future People
05. Gimme All Your Love
06. This Feeling
07. Guess Who
08. The Greatest
09. Shoegaze
10. Miss You
11. Gemini
12. Over My Head
man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Alabama Shakes - Sound & Color
Escuta-se frequentemente que já não se faz música como antigamente ou que o rock não é mais o mesmo e todos os grupos parecem-se demasiado uns com os outros. Além disso, as gerações que criticam esta suposto atual estado de coisas, visão com a qual discordo, têm sempre uma enorme relutância e um certo preconceito no que concerne às tais novidades que muitas publicações por esse mundo fora procuram transmitir ao grande público, e nas quais naturalmente Man On The Moon humildemente se insere. Seja como for, os norte americanos Alabama Shakes felizmente cá estão, e pela segunda vez, para contrariar as vozes mais pessismistas com Sound & Color, o novo álbum deste grupo de Alabama liderado pela já carismática Brittany Howard e onde rock, funk, soul e blues coexistem em harmonia, influenciando-se mútua e constantemente, sem apelos, perdões ou qualquer agravo.
Dos The Temptations e de Sly and The Family Stone e Otis Redding, ao melhor da motown, passando pela guitarra de Hendrix, está cá tudo o que de melhor a música negra norte americana produziu no último meio século e numa dose qualitativa e abrangente indubitavelmente superior ao cardápio de Boys & Girls, o primeiro disco. Do blues com pitadas de soul de Dunes, à tristeza soul de Guess Who, ou o hardcore de The Greatest, este álbum oferece-nos um verdadeiro passeio por incontáveis décadas, influências e tendências musicais, que apontam para diversas direções e acertam em todas.
Gravado em Nashville, Sound & Color foi produzido pelo reputado jovem Blake Mills, que fez um excelente trabalho, com especial destaque para o modo como ampliou e deu maior vida e autenticidade à guitarra de Heath Fogg, outro dos grandes trunfos destes Alabama Shakes. Canções como a espantosa e épica Gimme All Your Love, o melhor momento do disco, ou o fuzz de Future People, são extraordinários exemplos deste posicionamento mais deslumbrante, seguro e assertivo das cordas, enquanto passeiam pelos diferentes subgéneros sonoros acima referidos. Esta luz constante, esta soul que viaja entre pólos sentimentais opostos num ápice através de um simples dedilhar ou de um toque no pedal e no botão certos, este, em suma e sobretudo, sensual posicionamento do instrumento de Fogg ao longo do alinhamento, que na introspetiva e acústica This Feeling nos arrepia e sacode bem cá no íntimo, nunca perde sentido e fluídez, deixa espaço para que o piano ou a bateria também se mostrem e convence decisivamente pelo modo como a voz de Brittany encaixa com incrível naturalidade nas melodias, numa quimíca que entre silêncio, raiva, dor e calma, cria um som que entre o mestiço e o mitológico, é de difícil catalogação.
O rock está vivo e por este dias passeia confiante e altivo à boleia dos Alabama Shakes, num feliz encontro de décadas e referências musicais, que tendo uma natural toada nostálgica, mas acolhedora, acaba por ser o que de melhor e mais genuíno e novo este género musical tem para oferecer atualmente. Os sons empoeirados vindos de um passado longínquo que se ouvem em The Greatest, ou a ode à melhor herança dos Rolling Stones que sustenta Shoegaze, por exemplo, talvez não sejam mais do que algumas das melhores pistas para o futuro próximo da música contemporânea, oferecidas por um disco sobre o amor e a espiritualidade e que, fisicamente, encarna algumas das melhores sensações que estas duas permissas nos oferecem. Espero que aprecies a sugestão...