music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Basta fazer uma pesquisa ao histórico de Man On The Moon para perceber que no dia um de junho, o Dia Mundial da Criança é, curiosamente, o dia de ser publicado neste blogue algo sobre uma das bandas fundamentais e mais criativas do cenário musical indie e alternativo. Falo, como é natural, dos The Flaming Lips de Oklahoma, um dos projetos sonoros mais curiosos e animados da cultura musical contemporânea. Há quase três décadas que gravitam em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e em cada novo disco reinventam-se e quase que se transformam num novo projeto. Oczy Mlody foi o nome do último trabalho que este coletivo liderado pelo inimitável Wayne Coyne lançou no dealbar de 2017, uma verdadeira orgia lisérgica de sons e ruídos etéreos que direcionaram, em simultâneo, esta banda para duas direções aparentemente opostas, a indie pop etérea e psicadélica e o rock experimental, o último capítulo de uma saga alimentada por histórias complexas (Yoshimi Battles the Pink Robots), sentimentos (The Soft Bulletin) e experimentações únicas (Zaireeka) e ruídos inimitáveis (The Terror), que acaba de ser revisitada numa edição de luxo de três tomos intitulada Greatest Hits Vol. 1, que abarca todo o catálogo dos The Flaming Lips na Warner Brothers, não só os singles e temas mais conhecidos do grupo mas também alguns lados b, versões demo e temas que nunca foram gravados.
O alinhamento de Greatest Hits, Vol. 1 começa logo nos singles editados em 1992 e retirados do mítico álbum Hit to Death in the Future Head e só termina no já referido Oczy Mlody. Todas as canções dos três discos que faem parte do lançamento foram remasterizadas a partir das gravaçoes originais, pela mão de Dave Fridmann, o produtor de sempre dos The Flaming Lips. Haverá também uma edição em vinil de Greatest Hits, Vol. 1que condensará onze dos melhores temas do grupo, estando todo o arsenal do lançamento e material promocional disponível na página oficial do grupo a preços particularmente acessíveis.
Os The Flaming Lips causaram furor desde o início da carreira e posicionaram-se desde logo na linha da frente dos grupos que se assumem como bandas de rock alternativo mas que não se coibem de colocar toda a sua criatividade também em prol da construção de canções que obedeçam a algumas das permissas mais contemporâneas, nomeadamente a eletrónica ambiental, muito presente nos discos da banda desde Yoshimi Battles the Pink Robots. Essa busca de abrangência está muito bem plasmada nesta súmula que chega agora aos escaparates e que foi servindo para solidificar tamém o desejo da banda de construir alinhamentos temáticos, onde os temas se colocassem ao serviço de uma espécie de tratado de natureza hermética e esse bloco de composições não fosse mais do que partes de uma só canção de enormes proporções. Assim, podemos, sem receio, olhar para Greatest Hits Vol. 1 como uma grande composição que se assume como um veículo pronto a conduzir-nos numa espécie de viagem apocalíptica, onde Coyne, sempre consciente das transformações que foram abastecendo a musica psicadélica, assume o papel de guia e conta o seu percurso pessoal das últimas trêsdécadas, servindo-se ora de composições atmosféricas com marcas sonoras relacionadas com vozes convertidas em sons e letras que praticamente atuam de forma instrumental e tudo é dissolvido de forma aproximada e homogénea como de ondas sonoras expressivas relacionadas com o espaço sideral através de guitarras experimentais, com enorme travo lisérgico, ou tratados de indie rock rugoso, épico e submersivo, que não se coibem de piscar o olho ao grunge e ao próprio punk mais intuitivo.
Uma das virtudes e encantos dos The Flaming Lips foi sempre a capacidade de criarem discos algo desfasados do tempo real em que foram lançados, quase sempre relacionados com um tempo futuro, cenários imaginados e universos paralelos. E na verdade, além disso, o que eles têm feito tem sido, no fundo, musicar todas as atribulações normais da existência comum, especialmente, na algo desregulada sociedade norte americana contemporânea. A poesia dos The Flaming Lips é sempre metafórica, o que faz deles um grupo ao mesmo tempo próximo e distante da nossa realidade, capaz de atrair quem se predispõe a tentar entendê-los para cenários complexos, mas repletos de sensações únicas e que só eles conseguem transmitir. Espero que aprecies a sugestão...
CD 1
01. Talkin’ ‘Bout the Smiling Deathporn Immortality Blues (Everyone Wants To Live Forever) 02. Hit Me Like You Did The First Time 03. Frogs 04. Felt Good To Burn 05. Turn It On 06. She Don’t Use Jelly 07. Chewin The Apple Of Your Eye 08. Slow Nerve Action 09. Psychiatric Explorations Of The Fetus With Needles 10. Brainville 11. Lightning Strikes The Postman 12. When You Smile 13. Bad Days (Aurally Excited Version) 14. Riding To Work In The Year 2025 15. Race For The Prize (Sacrifice Of The New Scientists) 16. Waitin’ For A Superman (Is It Getting Heavy?) 17. The Spark That Bled 18. What Is The Light?
CD 2 01. Yoshimi Battles The Pink Robots, Pt. 1 02. In The Morning Of The Magicians 03. All We Have Is Now 04. Do You Realize?? 05. The W.A.N.D. 06. Pompeii Am Gotterdammerung 07. Vein Of Stars 08. The Yeah Yeah Yeah Song 09. Convinced Of The Hex 10. See The Leaves 11. Silver Trembling Hands 12. Is David Bowie Dying? (Feat. Neon Indian) 13. Try To Explain 14. Always There, In Our Hearts 15. How?? 16. There Should Be Unicorns 17. The Castle
CD 3 01. Zero To A Million 02. Jets (Cupid’s Kiss vs. The Psyche Of Death) [2-Track Demo] 03. Thirty-Five Thousand Feet Of Despair 04. The Captain 05. 1000ft Hands 06. Noodling Theme (Epic Sunset Mix #5) 07. Up Above The Daily Hum 08. The Yeah Yeah Yeah Song (In Anatropous Reflex) 09. We Can’t Predict The Future 10. Your Face Can Tell The Future 11. You Gotta Hold On 12. What Does It Mean? 13. Spider-man Vs. Muhammad Ali 14. I Was Zapped By The Lucky Super Rainbow 15. Enthusiasm For Life Defeats Existential Fear Part 2 16. If I Only Had A Brain 17. Silent Night / Lord, Can You Hear Me
Foi no passado dia treze, através da Loma Vista Recordings, que chegou aos escaparates Masseduction, o quinto e mais arrojado álbum de St.Vincent, o alter ego sonoro de Annie Clark, uma compositora que nasceu em Tulsa, no Oklahoma, há trinta e cinco anos e que depois de começar a sua carreira musical nos míticos The Polyphonic Spree, enveredou por uma bem sucedida carreira a solo que amplia continuamente, disco após disco, as suas virtudes como cantora e criadora de canções impregnadas com uma rara honestidade, já que são muitas vezes autobiográficas e, ao invés de nos suscitarem a formulação de um julgamento acerca das opções pessoais da artista e da forma vincada como as expõe, optam por nos oferecer esperança enquanto se relacionam connosco com elevada empatia.
Com uma década de carreira, Annie Clark já cirandou quer pela pop mais ambiental quer pelo rock mais explosivo e orgânico e este Masseductionacaba, de certo modo, por fazer uma espécie de súmula de todas estas abordagens anteriores. Logo a abrir Masseduction deparamo-nos com esta abrangência porque se Hang On Menos oferece um instante sonoro particularmente emotivo e climático, já Pills tem uma abordagem mais crua e rugosa, ficando assim audível esta intenção, logo á partida, de agregar tudo aquilo que a autora foi testando nos quatro álbuns anteriores, não faltando inclusivé, um pouco adiante, um flirt consciente ao melhor r&b no tema Savior., um dos momentos altos do álbum.
Sendo assim, o conhecedor profundo da carreira de St. Vincent perceciona com nitidez que este é um disco de súmula, um alinhamento que fazendo juz ao melhor glam rock setentista ou à herança que uma Madonna nos deixou nas duas últimas décadas do século passado, algo que o tema homónimo tão bem plasma, alicerça os seus cânones sonoros quase sempre numa pop orquestralmente rica e que tendo o sexo, as drogas e a depressão no foco lírico, pretende mostrar-nos os diferentes significados da palavra sedução, as suas diversas vertentes, positivas ou nem tanto e o heterogéneo campo semântico que o vocábulo abarca.
Produzido quase na íntegra por Jack Antonoff e contando com as participações especiais de Cara Delevingne, antiga namorada de Annie e de Kamasi Washington, entre outros, Masseduction é, em suma, o retrato vivo de uma intrincada teia relacional que a autora estabelece com um mundo nem sempre disposto a aceitar abertamente a diferença e a busca de caminhos menos habituais para o encontro da felicidade plena. Ela sempre teve o firme propósito de utilizar a música não apenas como um veículo de manifestação artística, mas, principalmente, como um refúgio explícito para uma narrativa que, sendo feita quase sempre na primeira pessoa, materializa o desejo de alguém que já confessou não conseguir fazer música se ela não falar sobre si próprio e que amiúde admite guardar ainda muitos segredos dentro de si.E neste trabalho ela fá-lo com tremenda nitidez, expondo-se através de um aparato tecnológico mais ou menos amplo que busca sempre e em primeira instância, respeitar a intimidade mais genuína da autora. Espero que aprecies a sugestão...
Uma das bandas fundamentais e mais criativas do cenário musical indie e alternativo são, certamente, os norte americanos The Flaming Lips, de Oklahoma. Há quase três décadas que gravitam em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e em cada novo disco reinventam-se e quase que se transformam num novo projeto.Oczy Mlody é o nome do trabalho que este coletivo liderado pelo inimitável Wayne Coyne lançou no dealbar de 2017 e mais um capítulo de uma saga alimentada por histórias complexas (Yoshimi Battles the Pink Robots), sentimentos (The Soft Bulletin) e experimentações únicas (Zaireeka) e ruídos inimitáveis (The Terror).
Há algumas semans, em pleno Record Store Day, os The Flaming Lips resolveram inovar de novo com o lançamento de algo ainda mais incrível e complexo, um registo intitulado The Flaming Lips Onboard The International Space Station Concert For Peace. Simularam em estúdio como seria um concerto do grupo na estação espacial (ISS) e de cujo alinhamento fariam parte sete dos temas de Oczy Mlody. O resultado final é uma performance ficcional verdadeiramente fantástica, onde não falta interação com o público e a indie pop etérea e psicadélica, de natureza hermética, que cimenta Oczy Mlody. Das batidas sintetizadas de Nigdy Nie (Never No) ao efeito do baixo de Do Glowy, passando pela copiosa descrição do fim do mundo em There Should Be Unicorns e o verdadeiro muro das lamentações que é How??, abundam aqui instantes sonoros onde a habitual onda expressiva relacionada com o espaço sideral, oscila, desta vez, entre efeitos etéreos e nuvens doces de sons que parecem flutuar no espaço, com guitarras experimentais, com enorme travo lisérgico.
The Flaming Lips Onboard The International Space Station Concert For Peace é um curioso e bem sucedido exercício de complementaridade da filosofia subjacente a Oczy Mlody, um registo que colocou os The Flaming Lips na linha da frente dos grupos que se assumem como bandas de rock alternativo mas que não se coibem de colocar toda a sua criatividade também em prol da construção de canções que obedecem a algumas das permissas mais contemporâneas da eletrónica ambiental. Uma das virtudes e encantos dos The Flaming Lips foi sempre a capacidade de criarem discos algo desfasados do tempo real em que foram lançados, quase sempre relacionados com um tempo futuro, cenários imaginados e universos paralelos. Este concerto é mais um atestado dessa feliz e incontornável evidência. Espero que aprecies a sugestão...
01. How?? 02. Do Glowy 03. Listening To The Frogs With Demon Eyes 04. Nighty Nie (Never No) 05. The Castle 06. There Should Be Unicorns 07. We A Family
Uma das bandas fundamentais e mais criativas do cenário musical indie e alternativo são, certamente, os norte americanos The Flaming Lips, de Oklahoma. Há quase três décadas que gravitam em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e em cada novo disco reinventam-se e quase que se transformam num novo projeto.Oczy Mlody é o nome do novo trabalho deste coletivo liderado pelo inimitável Wayne Coyne e mais um capítulo de uma saga alimentada por histórias complexas (Yoshimi Battles the Pink Robots), sentimentos (The Soft Bulletin) e experimentações únicas (Zaireeka) e ruídos inimitáveis (The Terror).
Foi no passado dia treze que chegou aos escaparates esta nova coleção de canções dos The Flaming Lips, por intermédio da Warner, uma verdadeira orgia lisérgica de sons e ruídos etéreos que, por incrível que pareça, direcionam, em simultâneo, esta banda para duas direções aparentemente opostas. Assim, se canções como o single The Castle e, de modo ainda mais incisivo, os samples e as distorções vocais de Listening To The Frogs With Demon Eyes nos proporcionam a audição de um extraordinário tratado de indie pop etérea e psicadélica, de natureza hermética, que aproxima este projeto da melhor fase da sua carreira, no ocaso do século passado e início deste, já as batidas sintetizadas de Nigdy Nie (Never No) e o efeito do baixo de Do Glowy colocam os The Flaming Lips na linha da frente de alguns dos grupos que se assumem como bandas de rock alternativo mas que não se coibem de colocar toda a sua criatividade também em prol da construção de canções que obedecem a algumas das permissas mais contemporâneas da eletrónica ambiental.
Décimo quarto disco da carreira dos The Flaming Lips, Oczy Mlody posiciona o grupo no olho do furacão de uma encruzilhada sonora. se tem momentos que não deixam de funcionar como um quase aditamento às experimentações de Embryonic, a participação especial de Miley Cyrus no belíssimo tema We A Famly é mais uma prova da abrangência anteriormente descrita e solidifica a habitual estratégia da banda nos últimos discos de construir alinhamentos de vários temas que funcionem como uma espécie de tratado de natureza hermética, onde esse bloco de composições não é mais do partes de uma só canção de enormes proporções. Podemos, sem receio, olhar para Oczy Mlody como uma grande composição que se assume num veículo pronto a conduzir-nos numa espécie de viagem apocalíptica, onde Coyne, forte oppositor de Trump, disserta sobre alguns dos maiores dilemas e perigos dos dias de hoje; O fim do mundo descrito copiosamente em There Should Be Unicorns e o verdadeiro muro das lamentações que é Almost Home (Blisko Domu), revelam-nos essa rota e apresentam a já habitual faceta fortemente humanista e impressiva da escrita deste músico de Oklahoma, mas que também é capaz de nos fazer acreditar numa posterior redenção e na esperança num mundo melhor e que pode ainda renascer, nem que seja com todos nós montados no belíssimo piano que conduz Sunrise (Eyes Of The Young), ou a relaxar ao som da suavidade fluorescente da já referida We A Famly.
No fundo, conscientes das transformações que abastecem a musica psicadélica atual, os The Flaming Lips revelam neste novo trabalho composições atmosféricas com marcas sonoras relacionadas com vozes convertidas em sons e letras que praticamente atuam de forma instrumental e tudo é dissolvido de forma tão aproximada e homogénea que Oczy Mlody, como todos os discos deste grupo, está longe de revelar todos os seus segredos logo na primeira audição. Sonoramente, a habitual onda expressiva relacionada com o espaço sideral, oscila, desta vez, entre efeitos etéreos e nuvens doces de sons que parecem flutuar no céu azul, com guitarras experimentais, com enorme travo lisérgico. Se em How?? parece que os The Flaming Lips enlouqueceram de vez no modo como mostram perplexidade perante tudo aquilo que hoje os inquieta, jáGalaxy, I Sink revela-se um bom tema para desesperar mentes ressacadas, enquanto que a convincente e sombria percussão de One Night While Hunting For Faeries And Witches And Wizards To Kill subjuga momentaneamente qualquer atribulação que nesse instante nos apoquente.
Uma das virtudes e encantos dos The Flaming Lips foi sempre a capacidade de criarem discos algo desfasados do tempo real em que foram lançados, quase sempre relacionados com um tempo futuro, cenários imaginados e universos paralelos. Oczy Mlody segue esta permissa temporal, agora numa espécie de futuro pós apocalítico mas, tematicamente, parece ser um trabalho muito terreno, digamos assim, porque fala imenso de todas as atribulações normais da existência comum, especialmente, como já enfatizei, na algo desregulada sociedade norte americana de hoje. A poesia dos The Flaming Lips é sempre metafórica, o que faz deles um grupo ao mesmo tempo próximo e distante da nossa realidade, capaz de atrair quem se predispõe a tentar entendê-los para cenários complexos, mas repletos de sensações únicas e que só eles conseguem transmitir. Espero que aprecies a sugestão...
01. Oczy Mlody 02. How?? 03. There Should Be Unicorns 04. Sunrise (Eyes Of The Young) 05. Nigdy Nie (Never No) 06. Galaxy I Sink 07. One Night While Hunting For Faeries And Witches And Wizards To Kill 08. Do Glowy 09. Listening To The Frogs With Demon Eyes 10. The Castle 11. Almost Home (Blisko Domu) 12. We A Famly
Uma das bandas fundamentais e mais criativas do cenário musical indie e alternativo são, certamente, os norte americanos The Flaming Lips, de Oklahoma. Há quase três décadas que gravitam em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e em cada novo disco reinventam-se e quase que se transformam num novo projeto.Oczy Mlodly é o nome do próximo trabalho deste coletivo liderado pelo inimitável Wayne Coyne e será mais um capítulo de uma saga alimentada por histórias complexas (Yoshimi Battles the Pink Robots), sentimentos (The Soft Bulletin) e experimentações únicas (Zaireeka) e ruídos inimitáveis (The Terror).
A treze de janeiro de 2017 chegará aos escaparates essa nova coleção de canções dos The Flaming Lips, por intermédio da Warner, e depois de ter sido divulgada a canção The Castle, o primeiro avanço do álbum, agora chegou a vez de podermos escutar We A Famly, um extraordinário tratado de indie pop etérea e psicadélica, de natureza hermética, que conta com Miley Cyrus na voz e que aproxima este projeto da melhor fase da sua carreira, no ocaso do século passado e início deste. Confere...
Uma das bandas fundamentais e mais criativas do cenário musical indie e alternativo são, certamente, os norte americanos The Flaming Lips, de Oklahoma. Há quase três décadas que gravitam em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e em cada novo disco reinventam-se e quase que se transformam num novo projeto.Oczy Mlodly é o nome do próximo trabalho deste coletivo liderado pelo inimitável Wayne Coyne e será mais um capítulo de uma saga alimentada por histórias complexas (Yoshimi Battles the Pink Robots), sentimentos (The Soft Bulletin) e experimentações únicas (Zaireeka) e ruídos inimitáveis (The Terror).
A treze de janeiro de 2017 chegará aos escaparates essa nova coleção de canções dos The Flaming Lips, por intermédio da Warner, e The Castle é o primeiro avanço divulgado do álbum, uma extraordinário tratado de indie pop etérea e psicadélica, de natureza hermética, que aproxima este projeto da melhor fase da sua carreira, no ocaso do século passado e início deste. Confere...
Os norte americanos Other Lives de Jesse Tabish (piano, guitarra, voz) Jonathon Mooney (piano, violino, guitarra, percussão, trompete) e Josh Onstott (baixo, teclados, percussão, guitarra, voz) acabam de quebrar um hiato algo prolongado, já que a sua última edição discográfica tinha sido um EP em meados de 2012 e um longa duração em 2011. Rituals é o novo disco desta banda de Oklahoma e chegou aos escaparates no início de maio, catorze canções que afastam de uma vez o estigma predominantemente folk deste projeto, projetando o trio para um universo sonoro bastante mais dinâmico e expansivo, onde melodias florescentes convivem lado a lado, com enorme frequência, com uma percussão imaculada e exuberante.
Rituals é para ser escutado com devoção e um bom par de auscultadores e isso percebe-se logo em Fair Weather, uma canção intensa e imponente, cheia de preciosos detalhes, que incluem sopros, teclas e metais, além de vários samples de sons naturais. Logo depois, o sintetizador atmosférico de Pattern oferece-nos uns Other Lives sedutores e plenos de charme, com Jesse Tabish a expôr os seus imensos atributos vocais enquanto entoa uma pop atmosférica fortemente etérea.
Tomando como ponto de partida este início prometedor e fulgurante, fica claro que a banda pegou firmemente no seu som e usou-o como se fosse um pincel para criar obras sonoras carregadas de pequenos mas preciosos detalhes intrigantes, interessantes e exuberantes. Muitas vezes um simples detalhe fornecido por uma corda, uma tecla ou uma batida aguda forneceu imediatamente uma cor imensa às melodias e a própria voz serve, frequentemente, para transmitir esta ideia de exuberância e sentimento. Reconfiguration, o fabuloso primeiro avanço no formato single de Rituals, aprofunda ainda mais a perceção do quanto este é um trabalho muito rico e intrincado instrumentalmente, um tema rico ao nível da percussão, mas com os sintetizadores atmosféricos, um piano sedutor e até um violino a fazerem parte do arquétipo sonoro e do compêndio de destaques do tema.
O trabalho de produção de Joey Waronker (Atoms For Peace), foi preciosíssimo neste farto entalhe de intensos e preciosos instantes, com o piano sombrio de Easy Way Outa remeter-nos naturalmente para o ambiente sonoro imaginado e replicado tantas vezes por Thom Yorke, quer a solo, quer nos Radiohead. Esta canção e as teclas e a percussão de cariz mais tribal de Beat Primale de English Summer descolam os The Other Lives definitivamente da sua zona de conforto sonora e oferecem-nos um verdadeiro concentrado de soluções programadas, onde tudo flui de maneira inventiva de modo exuberante e sentido. Os violinos de New Fog, o registo vocal com aquele típico efeito da música de câmara e o modo como um teclado se vai desenrolando, segundo após segundo, à medida que são acrescentados alguns sopros, são apenas mais algumas achas para esta fogueira, alimentada por uma pop orquestral que os tambores de 2 Pyramids, o pianos de No Trouble e It's No Magic e todo o anel sonoro emcional que à volta deles gravita, reforça, fazendo-nos acreditar definitivamente que estes The Other Lives são bem capazes de nos levar para lugares calmos e distantes, profundos e desafiantes.
Até ao final, Need A Linee For The Last afagam com notável eficácia as dores de quem se predispõe a seguir sem concessões a doutrina deste trio, sendo estas talvez as duas canções que preservam o melhor da herança antiga do grupo, plasmada numa folk rock muito ternurenta, mesmo que às vezes pareça escondida no seio de um humor mórbido e feito de alguma desolação.
Há discos que à primeira audição até causam alguma repulsa e estranheza, mas que depois se entranham com enorme afinco, ou então há aqueles exemplos que logo à primeira audição nos conquistam de forma arrebatadora e visceral. Mas como a própria vida é, quase sempre, muito mais abrangente nos seus momentos do que propriamente a simples análise através de duas bitolas comparativas que tocam opostos, também na música há instantes em que somos assaltados por algo muito maior e mais belo do que a simples soma de duas ou três sensações que nos fazem catalogar e arrumar em determinada prateleira aquilo que escutamos. Álbum fortemente hermético porque que se fecha dentro de um campo muito prório e por isso particularmente genuíno e emocionalmente pesado, Rituals é um bom exemplo de como é possivel apresentar um trabalho artisticamente muito criativo, mesmo que assente a sua sonoridade numa amálgama aparentemente improvável que mistura folk, indie pop e indie rock, com post rock e alguns elementos eletrónicos. Espero que aprecies a sugestão...
01. Fair Weather 02. Pattern 03. Reconfiguration 04. Easy Way Out 05. Beat Primal 06. New Fog 07. 2 Pyramids 08. Need A Line 09. English Summer 10. Untitled 11. No Trouble 12. For The Last 13. Its Not Magic 14. Ritual
Os norte americanos Other Lives de Jesse Tabish (piano, guitarra, voz) Jonathon Mooney (piano, violino, guitarra, percussão, trompete) e Josh Onstott (baixo, teclados, percussão, guitarra, voz) estão prestes a quebrar um hiato algo prolongado, já que a última edição discográfica foi um EP em meados de 2012 e um longa duração em 2011.
Rituals, o novo disco desta banda de Oklahoma, chega aos escaparates no início de maio e Reconfiguration, o fabuloso primeiro avanço, antecipa um trabalho muito rico e intrincado instrumentalmente, nomeadamente ao nível da percussão, mas com sintetizadores atmosféricos, um piano sedutor e até um violino a fazerem parte do arquétipo sonoro deste tema. Confere...
Oriundos de Oklahoma, os norte americanos Broncho são um trio formado por Ryan Lindsey, Nathan Price e Ben King. Num disco que é uma verdadeira alegoria à boa disposição e um apelo descarado à dança, estes três músicos exemplares convidam-nos a embarcar numa viagem aos período aúreo do rock e conseguem apresentar algo inovador e diferente, através de uma sonoridade muito fresca e luminosa, com a tríade baixo, guitarra e ateria a tomar as rédeas do processo de construção melódica.
What, o tema de abertura do álbum, indicia desde logo o restante conteúdo e funciona como um convincente convite à festa, que só termina, como seria de esperar, com toda a gente muito feliz, em China. O extraordinário single Class Historiane Deenasão dois verdadeiros clássicos do clássico rock que David Bowie comeou a aperfeiçoar na Berlim dos anos setenta e que depois aprimorou na década seguinte em Londres e essa toada glam cheia de charme e groove torna-se ainda mais evidente quando se escutam as guitarras a rugir ainda mais alegremente em Stay Loose, uma canção que destaca a energia do punk dos anos oitenta e uma das minhas preferidas do álbum, em oposição, pore exemplo, a uma sonoridade mais surf pop em Stop Tricking.
Num trabalho que marca a diferença por ser feito de referências bem estabelecidas e com uma arquitetura musical carregada de emoção, cor e rebeldia, ainda há espaço para a psicadelia que exala um forte odor sensual em Taj Mahal, um tema que me encheu as medidas, assim como a abordagem mais experimental no fuzz de NC-17 e de I’m Gonna Find Out Where He’s At, duas canções menos diretas e incisivas, mas com um registo de tal modo rico em arranjos e ruídos e que, impressionando também pelo experimentalismo instrumental que contêm, evidenciam a elasticidade e a capacidade dos Broncho em reproduzir diferentes registos e dessa forma atingir um elevado plano de destaque, sendo sempre o indie rock orelhudo a ditar as leis.
Escuta-se a sequência It's On e Kurt, em pleno ocaso de Just Enough Hip To Be Woman, para se ficar plenamente convencido que o velho fulgor anguloso e elétrico do rock’n’roll fica em boas mãos quando bandas como estes Broncho tomam as rédeas e arriscam num espetro sonoro cheio de referências e onde abundam diariamente as mais diferentes propostas não sendo fácil sobressair e conseguir um lugar ao sol. Estes Broncho merecem um lugar de destaque porque obedecem integralmente à toada revivalista e plena de luz que um som assente em guitarras cheias de distorção, um baixo vigoroso e uma bateria livre de amarras exige, como prova esta coleção irrepreensível de canções com uma modernidade e atualidade absolutas, com um pulsar textural muito intenso e viciante, embora umbilicalmente ligadas ao período aúreo do rock alternativo, que ditou leis em finais do século passado. Espero que aprecies a sugestão...
01. What
02. Class Historian 03. Deena 04. Stay Loose 05. NC-17 06. I’m Gonna Find Out Where He’s At 07. Stop Tricking 08. Taj Mahal 09. It’s On 00. Kurt 11. China
Uma das bandas fundamentais e mais criativas do cenário musical indie e alternativo são, certamente, os norte americanos The Flaming Lips, de Oklahoma. Há quase três décadas que gravitam em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e em cada novo disco reinventam-se e quase que se transformam num novo projeto.
Com o virar do século este coletivo ampliou a sua dose de arrojo e passou a rejeitar todas as referências normais do que compreendemos por música, um pouco em contra ciclo com uma imensidão de projetos que com a massificação das formas de divulgação e audição, puseram sempre a vertente mais comercial na ordem do dia. É um fato assumido várias vezes pelo próprio Wayne Coyne que não existe uma lógica sonora nos discos mais recentes dos The Flaming Lips, mas a verdade é que, na minha opinião, ninguém pode colocar em causa a excelência de álbuns como Embryonic (2009) e The Terror (2013), principalmente no modo como conseguiram criar algo simultaneamente estranho e genuíno. Mas, no fundo, um conhecedor profundo dos The Flaming Lips, não terá dificuldade em afirmar que The Terror foi mais um capítulo de uma saga alimentada por histórias complexas (Yoshimi Battles the Pink Robots), sentimentos (The Soft Bulletin) e experimentações únicas (Zaireeka) e que With A Little Help From My Fwends, o novo registo do coletivo, é uma consequência lógica de todo este asservo único e peculiar, que resulta geralmente da consciência que Coyne tem das transformações que abastecem a música psicadélica atual e que também inclui lançamentos limitados de parcerias completamente aleatórias, não só com o seu sobrinho, o líder dos Stardeath And White Dwarfs, mas também já com Kesha, Nick Cave, Tame Impala ou Neon Indian, entre tantos outros. Finalmente, há também uma lógica de continuidade clara pela sequência do que já tinham feito com o clássico The Dark Side Of The Moon dos Pink Floyd, em 2009.
Com o propósito de servir a obtenção de donativos para The Bella Foundation, uma organização em Oklahoma que fornece tratamento veterinários a animais de pessoas que não os podem pagar, este novo trabalho dos The Flaming Lips mantém, naturalmente, a habitual estratégia da banda de construir um alinhamento de vários temas, mas que funcionam como uma espécie de tratado de natureza hermética, onde esse bloco de composições não é mais do partes de uma só canção de enormes proporções.
Os The Flaming Lips não se cansam de quebrar todas as regras e até de desafiar as mais elementares do bom senso que, no campo musical, quase exigem que se mantenha intocável a excelência. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, o clássico dos Fab Four de sessenta e sete, é um marco incontornável da história não só da música como da própria cultura popular e, procurando fazer uma espécie de paralelo que talvez ajude a explicar o impacto deste passo do coletivo de Oklahoma, With A Little Help From My Fwends é quase como um Carl Sagan ou um Franz Kafka convidarem meia dúzia de amigos e resolverem reescrever todos juntos os livros da Bíblia de acordo com a sua própria imaginação, mesmo que sem descurar, pelo menos, alguma da essência dos mesmos.
Com as participações especiais de nomes tão controversos e díspares no género de música que é usual replicarem, como My Morning Jacket, Moby, Miley Cyrus, Electric Wurms ou Phantogram, With A Little Help From My Fwends é composto, principamente, por composições atmosféricas com marcas sonoras relacionadas com vozes convertidas em sons e letras que praticamente atuam de forma instrumental e tudo é dissolvido de forma tão aproximada e homogénea que estas treze canções, como todos os discos deste grupo, estão longe de revelar todos os seus segredos logo na primeira audição.
Quem estiver à espera de escutar covers e versões parecidas com os originais dos Fab Four, desengane-se, porque o objetivo foi homenagear o clássico e não reproduzi-lo. O conceito andou mais em redor de uma ideário teatral, como se a ideia fosse recriar uma espécie de ópera espacial que, à medida que avança, vai competindo consigo própria, de modo a soar ainda menos natural e convencional. No entanto, há que realçar que os diferentes convidados preservaram algum do ADN intrínseco à carreira de cada projeto e artista, tendo todos aceite alinhar nesta parada psicotrópica de forma explicitamente aberta ao experimentalismo tão caro aos The Flaming Lips, mas sem colocarem em causa a sua própria integridade sonora ou descurar a sua essência. Temas como Getting Better (com Dr Dog, Morgan Delt e Chuck Inglish), Within You Without You (com Birdflower e Morgan Delt) e o reprise do tema homónimo (com os Foxygen e Ben Goldwasser dos MGMT), foram os que melhor conseguiram o intuíto de alterar radicalmente a percepção da canção original e permitir desde logo a identificação dos autores das versões, enquanto tudo soa de um modo particularmente assertivo.
Miley Cyrus teve a oportunidade de participar em dois dos temas mais relevantes deste trabalho e, na verdade, a partir de hoje estas são as minhas duas canções preferidas desta artista, o que, por si só, mostra as virtudes da sua participação.
Bastante ambicioso, totalmente bizarro, em alguns momentos ridículo, objetivamente polémico e certamente controverso, With A Little Help From My Fwends é um disco que não pode nunca ser analisado isolado da restante discografia dos The Flaming Lips e do seu percurso mais recente. Nele, Coyne comportou-se como um elefante numa loja de porcelana e depois, ainda se sentou no meio dela e tentou juntar os cacos com a ajuda de vários amigos que trouxeram, cada um deles, a sua cola para voltar a juntar as várias peças. É um disco que vale pelo arrojo, incomoda em determinados instantes da audição, mas é genial no modo como consegue fazer aquilo que no fundo Wayne Coyne deseja; Chamar os holofotes para junto de si e arranjar alguns trocados para uma das várias fundações que têm a sorte de poderem contar com o seu lado mais filantropo. Espero que aprecies a sugestão...
01. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Feat. My Morning Jacket, Fever The Ghost, And J Mascis) 02. With A Little Help From My Friends (Feat. Black Pus, And The Autumn Defense) 03. Lucy In the Sky With Diamonds (Feat. Miley Cyrus And Moby) 04. Getting Better (Feat. Dr. Dog, Chuck Inglish And Morgan Delt) 05. Fixing A Hole (Feat. Electric Wurms) 06. She’s Leaving Home (Feat. Phantogram, Julianna Barwick And Spaceface) 07. Being For The Benefit Of Mr. Kite! (Feat. Maynard James Keenan, Puscifer And Sunbears!) 08. Within You Without You (Feat. Birdflower And Morgan Delt) 09. When I’m Sixty-Four (Feat. Def Rain And Pitchwafuzz) 10. Lovely Rita (Feat. Tegan And Sara And Stardeath And White Dwarfs) 11. Good Morning Good Morning (Feat. Zorch, Grace Potter And Treasure Mammal) 12. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club (Reprise) (Feat. Foxygen And Ben Goldwasser) 13. A Day In The Life (Feat. Miley Cyrus And New Fumes)