01. Quasar
02. Panopticon
03. The Celestials
04. Violet Rays
05. My Love Is Winter
06. One Diamond, One Heart
07. Pinwheels
08. Oceania
09. Pale Horse
10. The Chimera
11. Glissandra
12. Inkless
13. Wildflower
man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Wilco – Cruel Country
Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cruel Country, o novo álbum dos Wilco, um duplo registo inteiramente composto por canções de travo eminentemente folk, além de ser uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois, é, também, uma manifestação impressiva de que Jeff Tweedy e os seus fiéis companheiros ainda têm muito para dar e, claro, vender.
Se há alguma banda que nas últimas décadas nos consegue oferecer um roteiro detalhado do melhor rock alternativo que se vai fazendo do lado de lá do atlântico, os Wilco dizem presente. Discos do calibre de The Whole Love, Schmilco e Star Wars, já para não falar do mítico Yankee Hotel Foxtrot, são documentos sonoros que nos explicam que com o passar dos anos a bitola do grupo não abrandou nem foi atingida pelas normais crises de writer's block, mostrando-se cada vez mais refinada no modo como foi aliando o adn Wilco às tendências mais contemporâneas da folk e do rock alternativo. E realmente, só faltava uma abordagem mais direta e incisiva à folk no catálogo de um grupo que foi muitas vezes apelidado de projeto folk, mas que nunca se sentiu confortável com esse rótulo, chegando mesmo a renegá-lo publicamente.
Cruel Country, o décimo segundo álbum de estúdio dos Wilco, é a materialização majestosa e eloquente de uma homenagem sincera e despida À herança mais pura e genuína do cancioneiro norte-americano. Em dois tomos, gravados no famoso estúdio da banda, o Loft, em Chicago, que contabilizam um total de vinte e uma canções, os Wilco criaram uma narrativa conceptual de alguns dos momentos fundamentais da história dos Estados Unidos da América, assente numa sonoridade animada e luminosa, mas também algo encantatória e bucólica. A empreitada é conseguida em dois tomos, como já referi, com o primeiro a oferecer-nos instantes sonoros mais expansivos e luminosos e o segundo a materializar-se através de uma filosofia interpretativa mais intimista e bucólica. Seja como for, trespassa todo o disco, um sempre intuítivo e até, amiúde, divertido jogo de cordas da viola, do banjo e da guitarra, esta quase sempre eletrificada ao mínimo, que sustentam composiçãos que, em alguns momentos ajuda também a aproximar os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente.
Cruel Country captura com nitidez quase fotográfica e visual uma América imponente no modo como influencia ainda hoje, quer queiramos, quer não, o melhor indie contemporâneo. E as fundações dessa evidência estão, sem dúvida, na folk, um género musical que tem as suas raízes culturais no velho oeste e que quando é replicado por intérpretes como os Wilco, está sempre encharcado numa certa sabedoria proverbial, porque é, sejamos honestos, o melhor estilo musical para contar histórias de vida, mais ou menos corriqueiras, mas sempre profundas e genuínas. Cruel Country é um manancial de relatos das nossas vivências frágeis e minúsculas. Espero que aprecies a sugestão...
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Wilco – Tired Of Taking It Out On You
Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy estão de regresso aos discos nas próximas semanas com Cruel Country, um duplo registo inteiramente composto por canções de travo eminentemente folk, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.
Falling Apart (Right Now) foi o primeiro single revelado de Cruel Country, uma canção que mostrou, desde logo, com inegável realismo, a filosofia deste lançamento. Tired Of Taking It Out On You, o segundo single do trabalho, que tal como a esmagadora maioria das canções do álbum, é uma narrativa conceptual de alguns dos momentos fundamentais da história dos Estados Unidos da América, amplia essa permissa. A composição foi gravada no Loft em Chicago, um modus operandi que não se via desde o Sky Blue Sky, de dois mil e sete e assenta numa sonoridade animada e luminosa, mas também algo encantatória e bucólica. O divertido jogo de cordas da viola, do banjo e da guitarra, que sustenta a composição ajuda também a aproximar os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente. Confere...
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Wilco – Falling Apart (Right Now)
Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy estão de regresso aos discos nas próximas semanas com Cruel Country, um duplo registo inteiramente composto por canções de travo eminentemente folk, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.
Falling Apart (Right Now), o primeiro single revelado de Cruel Country, mostra bem a filosofia deste lançamento. Tal como a esmagadora maioria das canções do álbum que, já agora, é também uma narrativa conceptual de alguns dos momentos fundamentais da história dos Estados Unidos da América, a composição foi gravada no Loft em Chicago, um modus operandi que não se via desde o Sky Blue Sky, de dois mil e sete e assenta numa sonoridade animada e luminosa, mas também algo encantatória e bucólica. O divertido jogo de cordas da viola, do banjo e da guitarra, que sustenta a composição ajuda também a aproximar os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente. Confere...
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Sufjan Stevens – Video Game
Está para breve a chegada aos escaparates de The Ascension, o quinto e novo trabalho do norte-americano Sufjan Stevens, um registo que irá ver a luz do dia a vinte e setembro e que sucede ao excelente Carrie & Lowell, um disco com já meia década de existência.
Como bem se recordam, America foi o primeiro single revelado de The Ascension, uma jornada eletrónica climática e intimista, mas também algo inquietante, feita de um psicadelismo eminentemente experimental, assente numa vasta miríade de efeitos, distorções de guitarra, interseções e arranjos que adornaram uma composição bem à medida da imensidão e do silêncio que carateriza o vazio cósmico a que o músico de Chicago nos tem habituado ultimamente.
Agora, cerca de mês e meio depois de contemplarmos essa grandiosa composição, chega a vez de conferirmos a menos ousada, mas igualmente deliciosa, Video Game, talvez a canção da carreira do musico de Chicago que mais fielmente obedece ao formato pop dito convencional, já que, sendo melodicamente feliz, assenta num registo sintético proeminente, em que, numa espécie de dance pop psicadélico, vozes e batidas aproximam perigosamente Sufjan Stevens de um território sonoro dominado por alguns dos maiores mestres do R&B e do hip-hop atual. Confere...
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Ezra Furman - Transangelic Exodus
Foi à boleia da Bella Union que viu a luz do dia Transangelic Exodus, o quarto registo de originais de Ezra Furman, um cantor e compositor norte-americano natural de Chicago e que aos trinta e dois anos assina o seu disco mais maduro e consistente. De facto, Transangelic Exodus é um trabalho tremendamente expositivo e que resulta de uma entrega total de um músico a uma causa que é, sem tirar nem pôr, o querer mostrar ao mundo a sua identidade vincada, assumir-se perante nós como um ser humano que tem as suas fragilidades e os seus demónios, mas que também tem um lado muito corajoso e interventivo. Para levar a bom porto este seu objetivo, Furman personifica-se num anjo que ganhou asas e que está a aprender a viver com estes novos apêndices enquanto cura algumas das suas feridas mais profundas.
Transangelic Exodus expôe as virtudes de Furman como cantor e criador de canções impregnadas com uma rara honestidade, verdadeiros tratados de indie pop, mas que também piscam o olho aquele rock psicadélico com uma aúrea oitocentista muito vincada. Ao fazê-lo, Furman sai definitivamente do armário, deixa de se esconder e através de uma pafernália diversificada de sons explosivos, mudanças rítmicas e estilisticas e de acertos melódicos, proporciona-nos mais um emotivo e exigente encontro com o seu âmago e com toda a intrincada teia relacional que estabelece com um mundo nem sempre disposto a aceitar abertamente a diferença e a busca de caminhos menos habituais para o encontro da felicidade plena. Em Psalm 151, um dos melhores momentos do registo, Furman escreve mesmo no feminino e assume de frente a sua indisponibilidade para manter-se por perto de quem não o entende ou não o aceita tal como é (But I’ve seen the broken halo, That she never wears, Hanging by the stairs, Angel, I’ll be your guardian if you’ll be mine(...) We’ll stay in Kansas city till the wound heals, The government went bad, we got a raw deal, A transangelic exodus on four wheels.
Sonoramente, Transangelic Exodus é um disco bastante dominado por uma voz que se faz acompanhar, geralmente, por sintetizadores, que amiúde dão as mãos a diferentes elementos percussivos, mas principalmente às cordas, o elemento sonoro predilecto deste compositor. Além da guitarra e da viola e do baixo, sublime em Compulsive Liar, tema em que Furman confessa ter, em tempos, mentido sobre o modo como lidava com a questão da identidade de géneros (And I can trace the habit, To when I was eleven, And I thought boys were pretty, And I couldn’t tell no one), violoncelos e violinos surgem nos nossos ouvidos, errantes, nomeadamente na subversão religiosa de God Lifts Up The Lowly, um tema que homenageia o divino e, de modo mais fulgurante, no profundo e intenso muro de lamentações a que sabe o rock clássico e algo paranóico de No Place e na alegria contagiante de Love You So Bad.
Registo cheio de composições profundamente autobiográficas, que ao invés de nos suscitarem a formulação de um julgamento acerca das opções pessoais do artista e da forma vincada como as expõe, optam por nos oferecer esperança enquanto se relacionam connosco com elevada empatia, Transangelic Exodus espanta pelo seu realismo e provoca no ouvinte aquela lágrima fácil, tal é a profundidade com que o autor desta magnífica obra discográfica relata histórias e eventos que suscitam tudo menos a indiferença. É, claramente, um retrato sincero de sentimentos e, mais do que isso, um alinhamento de canções que podem bem fazer parte de um manual de auto ajuda para quem procura forças para superar os percalços de uma vida que possa estar emocionalmente destruída, ou necessita urgentemente de assumir uma outra identidade. Espero que aprecies a sugestão...
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Andrew Belle – Fade Into You
Nascido em Chicago, no Illinois, Andrew Belle lançou o ano passado Dive Deep, um disco com canções escritas e compostas por um dos intérpretes mais importantes da indie pop atual no lado de lá do atlântico, um artista que conhece, com minúcia e destreza, como replicar um ambiente sonoro multicolorido e espetral, sendo claramente influenciado pela paisagem multicultural de Los Angeles, cidade onde Andrew vive atualmente. Agora, quase um ano depois do lançamento desse excelente registo, Andrew Belle acaba de revelar uma versão do clássico Fade Into You dos Mazzy Star.
Com um clima eminentemente etéreo e fortemente climático, a cover preserva a filosofia de um tema que fala sobre a necessidade que todos aqueles que vivem uma relação têm de se conectar do modo o mais empático possível com o outro, numa letra carregada de nostalgia e melancolia e à qual Belle, sem colocar em causa a estrutura meldódica do original, adicionou detalhes sonoros delicados e introspetivos que nos levam numa viagem bastante impressiva por um mundo muito peculiar e intimista. Confere...
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Wilco - Alpha Mike Foxtrot: Rare Tracks 1994-2014:
Os Wilco são uma banda de rock alternativo liderada pelo carismático Jeff Tweedy, natural de Chicago, no Illinois. Formaram-se em 1994 tendo como ponto de partida a banda de country alternativo Uncle Tupelo e enquanto não regressam ao estúdio para gravar mais alguns originais, resolveram editar, através da Nonesuch Records, What’s Your 20? Essential Tracks 1994-2014. Na sequência desse lançamento, comemorativo dos vinte anos de carreira dos Wilco, acabou também por incubar Alpha Mike Foxtrot: Rare Tracks 1994-2014, uma caixa com quatro discos que contêm nada menos que setenta e sete temas, incluindo raridades, remisturas e gravações ao vivo, pedaços da vida dos Wilco essenciais para compreender o legado da banda em toda a sua plenitude.
Depois de terem lançado The Whole Love, o oitavo disco de originais, através da dBpm Records, há cerca de dois anos, os Wilco acharam que seria altura de revisitar a carreira de modo exaustivo e What’s Your 20? Essential Tracks 1994-2014 fá-lo com elevado acerto através de um alinhamento que deixa pouca margem para crítica, num trabalho que só fica completo com estes quatro tomos de Alpha Mike Foxtrot: Rare Tracks 1994-2014.
O amor, a paixão e as suas travessuras, nas quais se incluem críticas mais ou menos veladas a uma América contemporânea cada vez menos socialmente justa e refém dos seus medos, sempre foram temáticas bastante importantes para Jeff Tweedy que, servindo-se dos Wilco, sempre surpreendeu pelo modo como foi diversificando a sua abordagem a estes conceitos ao longo de duas décadas. Do repentismo sincero e inconsciente de Wilco A.M., ao trato leve e sublime em Sky Blue Sky, passando pela imersão em vários psicoativos sentimentais em Yankee Hotel Foxtrot, ou fazendo uma primeira súmula de como sentem e vibram com sentimentos tão intensos, tentada em The Whole Love, os Wilco nunca conseguiram, felizmente, a desejada caricatura definida, numa história, às vezes barulhenta e intensa, outras mais introspetiva e carregada de soul.
Estas raridades acabam por ser fundamentais para se entender o cariz experimental e fortemente melódico de um grupo que geralmente sustentou as suas criações em magníficos arranjos de cordas, sempre acompnhados por uma percussão coerente e intuitiva e detalhes tão charmosos como xilofones, outros metais, ou as teclas de um piano, um forte entusiasmo lírico e, principalmente, uma notável disponibilidade para nos fazerem pensar, mexendo com os nossos sentimentos e tentando dar-nos pistas para uma vida mais feliz. Espero que aprecies a sugestão...
Disc one:
01. Childlike and Evergreen (Demo)
02. Someone Else’s Song (Demo)
03. Passenger Side (Demo)
04. Promising
05. The T.B. is Whipping Me – with Syd Straw
06. I Must Be High (Live)
07. Casino Queen (Live)
08. Who Were You Thinking Of (Live)
09. I Am Not Willing
10. Burned
11. Blasting Fonda
12. Thirteen
13. Don’t You Honey Me
14. The Lonely 1 (White Hen version)
15. No More Poetry
16. Box Full of Letters (Live)
17. Red-Eyed and Blue (Live)
18. Forget the Flowers (Live)
19. Sunken Treasure (Live)
20.Monday (Demo)
Disc two:
01. Passenger Side (Live)
02. Outtasite (Outta Mind) (Live)
03. I Got You (At the End of the Century) (Live)
04. Outta Mind (Outta Site) (Live)
05. James Alley Blues – with Roger McGuinn (Live)
06. At My Window Sad and Lonely (Jeff Tweedy solo)
07. California Stars (Live)
08. One Hundred Years From Now
09. A Shot in the Arm (Remix)
10. ELT (King Size demo)
11. Nothing’severgonnastandinmyway (again) (Dave Kahne Remix)
12. She’s a Jar (Austin demo)
13. Tried and True
14. Student Loan Stereo
15. True Love Will Find You in the End
16. I’m Always in Love (Solo acoustic live)
17. Via Chicago (Austin Demo)
18. Can’t Stand It (Live)
19. Airline to Heaven (Alternate)
20. Any Major Dude Will Tell You
Disc three:
01. I’m the Man Who Loves You (Live)
02. The Good Part
03. Cars Can’t Escape
04. Camera
05. Handshake Drugs (First version)
06. A Magazine Called Sunset
07. Bob Dylan’s 49th Beard
08. Woodgrain
09. More Like the Moon
10. Let Me Come Home
11. Old Maid
12. Hummingbird (Alternate)
13. Spiders (Kidsmoke) (Live)
14. Hell is Chrome (Live)
15. At Least That’s What You Said (Live)
16. The Late Greats (Live)
17. Just a Kid – with The Blisters
18. Kicking Television
Disc four:
01. Panthers
02. Theologians (Live)
03. Another Man’s Done Gone (Live)
04. I’m a Wheel (Live)
05. How to Fight Loneliness (Live)
06. One True Vine
07. The Thanks I Get
08. Let’s Not Get Carried Away
09. Hate it Here (Live)
10. Impossible Germany (Live)
11. I Shall Be Released – with Fleet Foxes (Live)
12. What Light (Live)
13. Jesus, Etc. – with Andrew Bird (Live)
14. Glad It’s Over
15. Dark Neon
16. The Jolly Banker
17. Unlikely Japan
18. You and I – with Feist (Live)
19. I Love my Label
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Secret Colours - Positive Distractions
Editado no passado dia vinte e nove de Abril, Positive Distractions é o novo disco dos Secret Colours, uma banda norte americana oriunda de Chicago, no estado do Illinois e formada atualmente por Tommy Evans, Justin Frederick, Eric Hehr e Mike Novak. Positive Distractions foi produzido por Dan Duszynski e editado pela própria banda em formato independente (Secret Colours Music LLC), sucedendo a Peaches, um trabalho que revelei há cerca de um ano.
O indie rock psicadélico de City Slicker é um bom cartão de visita para o conteúdo de Positive Distractions, um disco que foi antecipado por dois EPs que o separavam em duas partes, com os primeiros seis temas a apostarem no garage rock e no psicadelismo e a segunda parte do disco a ter uma toada mais acessível e pop. Mas importa analisar e sentir este disco como um todo e a verdade é que neste trabalho escuta-se uma hora de música magnífica, distribuída por doze canções que nos permitem aceder a uma dimensão musical com assumida pompa sinfónica e inconfundível, sem nunca descurar as mais básicas tentações pop e onde convivem belas orquestrações que vivem e respiram lado a lado com distorções e arranjos mais agressivos.
Mas os sintetizadores também não faltam em Positive Distractions, com o groove de It Can't Be Simple a assentar numa linha sintética onde encaixam os restantes instrumentos, com especial destaque para um baixo, assim como na toada mais pop, fresca e hipnótica de Take It Slow, um tema com aquele encanto vintage, relaxante e atmosférico. Mas uma das melhores surpresas do disco é Monster, uma típica canção rock, inicialmente bastante instrospetiva, melódica e harmoniosa e construida em redor de um lindíssimo dedilhar de uma viola, mas que depois recebe as guitarras barulhentas e os sons melancólicos do início dos anos noventa, assim como todo o clima sentimental dessa época, um caldeirão sonoro que lhe dá um cariz fortemente perfumado pelo passado, a navegar numa espécie de meio termo entre o rock clássico, o shoegaze e a psicadelia.
A maior parte destas doze canções, apesar de abraçarem o noise rock, o rock alternativo e a psicadelia etérea feita com guitarras barulhentas, são simples, concisas e diretas. Às vezes pressente-se que os Secret Colours não sabem muito bem se queriam que as músicas avançassem para uma sonoridade futurista, ou se tinham a firme intenção de deixá-las a levitar naquele rock alternativo típico das últimas duas a três décadas do século passado. É certamente nesta aparente indefinição que reside uma importante virtude deste quarteto, que acaba por espelhar com precisão o manto de transição e incerteza que tem invadido o cenário atual do indie rock de cariz mais alternativo e independente.
Das guitarras que escorrem ao longo de todo o trabalho, passando pelos arranjos de cordas, teclados, efeitos e vozes, em Positive Distractions tudo se movimenta de forma sempre estratégica, como se cada mínima fração do do que escuta tivesse um motivo para se posicionar dessa forma. Ao mesmo tempo em que é possível absorver a obra como um todo, entregar-se aos pequenos detalhes que preenchem o trabalho é outro resultado da mais pura satisfação, como se os Secret Colours projetassem inúmeras possibilidades e aventuras ao ouvinte em cada canção, todas assentes num som espacial, experimental, barulhento e melódico, num misto de rock progressivo, blues e psicadelia. Espero que aprecies a sugestão...
01. City Slicker
02. It Can’t Be Simple
03. Take It Slow
04. Monster
05. Get To The Sun
06. Rotten Summer
07. Into You
08. I Know What You Want
09. Mrs. Bell
10. Heavy And Steady
11. Quite Like You
12. Positive Distractions
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The Smashing Pumpkins - Oceania
Billy Corgan não desiste e há que dar mérito, antes de mais, à sua persistência, não só no projeto The Smashing Pumpkins, como na sonoridade das canções que fazem parte do alinhamento dos últimos álbuns desta banda, independentemente dos músicos que a compôem. Oceania, disco lançado no passado dia pela EMI, é mais um capítulo desta saga que se tornou penosa depois de Adore e Machina e da saída da banda de James Iha, quanto a mim um elemento fulcral na extraordinária sonoridade que compôs Siamese Dream e Mellon Collie and the Infinite Sadness, dois discos que são para mim uma referência incontornável da música que ouvi apaixonadamente na década de noventa.
Ainda me recordo do teor emocionado que tomou conta de boa parte dos textos que exaltaram o retorno dos The Smashing Pumpkins em 2005. Depois de uma nada inteligente aventura a solo, que aproximou o músico de referências eletrónicas e do fiasco Zwan, Corgan estava de volta, acompanhado pelo baterista Jimmy Chamberlain e a apregoar aos quatro ventos uma mente cheia de criatividade. Zeitgeist chega em julho de 2007 e divide opiniões, havendo ainda quem ache possível que Billy consiga prendar-nos com algo de extraordinário, percepção que o músico de Illinois tratou de contrariar com o passar dos últimos anos e extinguir por completo com a chegada deste Oceania.
A sonoridade de Oceania pouco se altera relativamente ao que foi testado nos últimos três anos com o imenso e incompleto Teargarden by Kaleidyscope, disco inspirado no universo das cartas do tarot e com quarenta e quatro canções. O novo disco aponta ao rock progressivo, ao pós punk e ao heavy metal, padrões instrumentais e líricos estabelecidos há mais de quinze anos no clássico Mellon Collie and the Infinite Sadness e que há décadas acompanham o grupo, tentando, ao mesmo tempo, encaixar panorama musical atual. Parece que Crogan pretende começar do zero e atrair ouvintes que desconhecem a sua obra prévia, até porque algumas canções tresandam a versões de antigos sucessos, nmeadamente a reformulação de Beautiful em Pinwheels, passando pela transformação acelerada do sucesso Rocket em The Chimera.
Na mente de Corgan tudo isto deve revelar-se sedutor, explosivo e envolvente, mas torna-se um pouco penoso assitir a este afundar numa instrumentalização que pouco ou nada remete para os bons momentos alcançados por ele na década de noventa. Comparar Oceania com Mellon Collie and the Infinite Sadness, Gish e Siamese Dream é um erro absurdo e este álbum é a mais sincera constatação de que o músico precisa de deixar o mundo imaginário em que vive e perceber que, tendo ainda muito para dar ao rock, terá de o fazer noutros moldes e com outras fórmulas sonoras. Oceania só comprova que alguns artistas e figuras típicas da década de noventa nunca deveriam ter saído de lá. Espero que aprecies a sugestão...