man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Fucked Up - Glass Boys
Editado pela Matador Records, chegou no passado dia três de junho às lojas Glass Boys, o quarto álbum da carreira dos canadianos Fucked Up, um dos nomes mais importantes do cenário punk rock atual e que aposta num hardcore que tem na voz agressiva de Damian Abraham e nas guitarras de Mike Haliechuk, que vão beber ao punk dos anos oitenta, dois dos traços identitários mais significativos.
Glass Boys marca mais uma etapa deste coletivo na replicação de um som barulhento e agressivo, depois da timidez de Hidden World (2006), de buscas melodiosas em The Chemistry of Common Life (2008) e da história de amor que foi David Comes To Life, o antecessor, editado em 2011, um álbum de mais de setenta minutos de duração e que mostrava a banda a explorar, com muito gosto e sucesso, as possibilidades infinitas do punk rock mais pesado.
Habituados a transformar em hinos sonoros as diferentes manifestações de raiva adolescente que costumavam preencher o ideário lírico das suas canções, Glass Boys, mostra-nos uns Fucked Up mais maduros e controlados e ainda com novos truques na manga, nomeadamente alguns pequenos arranjos pop. Além da receita habitual, a introdução de Warm Change e o refrão pesado de Led By Hand mostram que os Fucked Up tentaram experimentar ideias diferentes e fugir da habitual bitola, algo que a viola que introduz o tema homónimo também pode comprovar, uma canção que fala sobre o passado que há em cada um de nós e a influência que as experiências anteriores têm na definição daquilo que cada um de nós é hoje. As mudanças de andamento entre o refrão e os versos de The Great Divide também impressionam pela novidade e depois, além disso, será sempre obrigatório escutar DET e Paper The House para quem aprecia verdadeiramente o ADN específico destes Fucked UP que sabem encaixar as canções de forma a criar um alinhamento fluído e acessível, apesar da especificidade do som que os carateriza.
Em suma, neste Glass Boys os Fucked Up não fogem muito da sua habitual zona de conforto, mas continuam a lutar com garra e criatividade para empurrar e alargar as barreiras do seu som, ao longo de quarenta e dois minutos intensos, rugosos e que não envergonham o catálogo sonoro deste grupo de Toronto. Espero que aprecies a sugestão...
01 Echo Boomer
02 Touch Stone
03 Sun Glass
04 The Art Of Patrons
05 Warm Change
06 Paper The House
07 DET
08 Led By Hand
09 The Great Divide
10 Glass Boys
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The Black Keys – Turn Blue
Dois anos e alguns meses depois de El Camino, a dupla The Black Keys de Dan Auerbach e Patrick Carney está de regresso com um novo disco. Turn Blue chegou a treze de maio através da Nonesuch e ao oitavo disco, os The Black Keys consolidam o estouro de popularidade desejada. Para chegar aqui esta dupla contou com a ajuda essencial do mítico produtor Danger Mouse, que já pode ser considerado um terceiro membro dos The Black Keys e que voltou a produzir mais um trabalho do grupo.
A sonoridade hard rock, do rock setentista, do rock de garagem e do blues mantém-se como a pedra de toque desta dupla que já tem um estatuto forte no universo sonoro alternativo e que após treze anos de parceria parece ter atingido o ponto mais alto de uma carreira com alguns momentos marcantes, mas agora com novas nuances e um som mais experimental e menos planeado para as rádios e os estádios.
Confortáveis com o passado, mas cientes da capacidase que têm de prosseguirem a carreria sem cair na repetição, em Turn Blue os The Black Keys perderam alguma potência, mas ganharam um certo charme e uma nova personalidade, devido a a alguns arranjos inéditos e uma guitarra cada vez mais longe do rock de garagem e mais perto da psicadelia. Quem quiser ouvir o blues rock minimal puro e duro, em discos recheados de potenciais singles só tem que ficar no antecessor e regressar a Brother e aos primeiros trabalhos do grupo, porque a duração do solo de guitarra do funk psicadélico da épica Fever surpreendeu os seguidores mais puristas e não terá sido por acaso que o tema foi escolhido para single de avanço do disco. A própria postura da voz, a linha do baixo e a precisão da bateria não deixam de ter os genes The Black Keys, mas há um ambiente novo em que se dança, mas numa toada mais intíma. Mas antes, logo a abrir, a bússola já aponta noutro sentido quando na expansiva Weight of Love somos surpreendidos com uma batida lenta, detalhes eletrónicos e uma guitarra que persegue uma maior proximidade dos The Black Keys connosco. Isso é algo que se depreende também da sensação de espontaneidade da maioria do alinhamento, como se tivesse sido composto para ser escutado por amigos e não para a massa homónima que uma banda que agrega multidões em seu redor e suscita enorme expetativa sempre que respira, geralmente coleciona no seu cardápio de seguidores.
Momentos como o groove que destila imenso soul de In Time, ou a acústica vintage que abre Bullet In The Brain e que depois desliza até ao krautrock, são outros dois exemplos que mostram que Auerbach e Carney estão no apogeu do seu estado de maturidade e mais arrojados do que nunca.
Em suma, este disco não é um documento único daqueles que perduram quando se contar a história definitiva do rock, mas é um marco importante numa dupla que parece apostada em calcorrear novos territórios e comprova a entrada em grande estilo dos mesmos na primeira divisão do campeonato indie e alternativo, podendo até figurar em algumas listas dos melhores discos lançados este ano. Turn Blue prova que se o rock estiver em boas mãos tem capacidade que sobra para se renovar e quantas vezes for necessário. Espero que aprecies a sugestão...
01. Weight Of Love
02. In Time
03. Turn Blue
04. Fever
05. Year In Review
06. Bullet In The Brain
07. It’s Up To You Now
08. Waiting On Words
09. 10 Lovers
10. In Our Prime
11. Gotta Get Away