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Ailbhe Reddy - Looking Happy

Sexta-feira, 18.09.20

Conforme já demos conta por cá há sensivelmente um mês, uma das estreias discográficas mais interessantes do próximo outono é a da irlandesa Ailbhe Reddy, uma jovem artista de Dublin, estudante de psicoterapia e que tem na forja um álbum intitulado Personal History, com lançamento previsto para daqui a duas semanas à boleia da Street Mission Records.

Ailbhe Reddy anticipates album with single "Looking Happy" – portugalinews  the best news

Personal History é uma colecção íntima e introspetiva de canções que ruminam os ritos de passagem de uma mulher exímia a escrever canções de auto-avaliação sincera e honesta, navegando autobiograficamente pelas agruras das relações amorosas mal sucedidas nesta era em que impera a lei das redes sociais (Looking Happy), mas que também sentiu necessidade de espalhar no registo aquilo que sente acerca da habitual dualidade de sentimentos, entre a solidão e a independência, que muitas vezes um artista sente em digressão (Time Difference), além de revelar explicitamente e sem pudores a sua orientação sexual (Between Your Teeth e Loyal). Além dessa componente pessoal, Personal History também coloca Ailbhe Reddy a olhar para o mundo que a rodeia, fruto do seu percurso académico acima referido. Assim, no alinhamento de Personal History encontramos também canções que mostram a sua compreensão e empatia relativamente às perspectivas e problemas das pessoas que a rodeiam. O estimulante tema Self Improvement oferece-nos um diálogo sobre as dificuldades em lidar com a saúde mental, enquanto outras músicas dissecam com maior precisão questões como aprender a conviver com o fracasso, nomeadamente Late Bloomer e como enfrentar os medos de compromisso Failing e Walk Away.

Um verdadeiro portento de indie pop, Looking Happy é, logo o primeiro tema acima mencionado, é o mais recente single retirado de Personal History, um tema pessoal e comovente e que, de acordo com a própria autora, é sobre observar a vida de alguém de longe após o término do namoro. Todos nós deveríamos saber agora que o que as pessoas apresentam online é uma versão brilhante e feliz dos eventos mas, às vezes, é impossível ter essa lógica quando estás a sofrer. A maioria das pessoas provavelmente acaba por visitar o perfil online de um ex e sente que sua vida é cheia de festas e dias divertidos porque isso é tudo o que as pessoas mostram da sua vida no online. Confere...

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publicado por stipe07 às 18:11

Ailbhe Reddy - Time Difference

Quinta-feira, 20.08.20

Uma das estreias discográficas mais interessantes do próximo outono é a da irlandesa Ailbhe Reddy, uma jovem artista de Dublin, estudante de psicoterapia e que tem na forja um álbum intitulado Personal History, com lançamento previsto para 2 de Outubro de 2020 pela Street Mission Records.

Track Review: Time Difference // Ailbhe Reddy | by Adam Goldsmith | The  Indiependent | Jun, 2020 | Medium

Personal History é uma colecção íntima e introspetiva de canções que ruminam os ritos de passagem de uma mulher exímia a escrever canções de auto-avaliação sincera e honesta, navegando autobiograficamente pelas agruras das relações amorosas mal sucedidas nesta era em que impera a lei das redes sociais (Looking Happy), mas que também sentiu necessidade de espalhar no registo aquilo que sente acerca da habitual dualidade de sentimentos, entre a solidão e a independência, que muitas vezes um artista sente em digressão (Time Difference), além de revelar explicitamente e sem pudores a sua orientação sexual (Between Your Teeth e Loyal). Além dessa componente pessoal, Personal History também coloca Ailbhe Reddy a olhar para o mundo que a rodeia, fruto do seu percurso académico acima referido. Assim, no alinhamento de Personal History encontramos também canções que mostram a sua compreensão e empatia relativamente às perspectivas e problemas das pessoas que a rodeiam. O estimulante tema Self Improvement oferece-nos um diálogo sobre as dificuldades em lidar com a saúde mental, enquanto outras músicas dissecam com maior precisão questões como aprender a conviver com o fracasso, nomeadamente Late Bloomer e como enfrentar os medos de compromisso Failing e Walk Away.

Um verdadeiro portento de indie pop, Time Difference é o primeiro single retirado de Personal History, um tema já referido acima, escrito no precipício de uma separação e que captura um momento de percepção, quando dois amantes vêem as suas vidas em direcções opostas. Pessoal e comovente, a canção foi escrita há dois anos durante uma digressão da artista com Will Varley. Sozinha, no seu quarto de hotel, depois de um concerto em Glasgow, a disparidade entre a agitada vida nocturna da cidade com o seu próprio isolamento fez ecoar os sentimentos vacilantes de solidão e de emoção que ela sentia naquele momento. Parando num momento de reflexão e percepção, Time Difference encaixou perfeitamente ali mesmo. 

A canção também já tem direito a um vídeo realizado por Ciaran O'Brien, filmado em Dublin em dois dias e que mostra Ailbhe aparentemente fora de sincronia com o resto do mundo. Confere...

Site: http://www.ailbhereddy.com/

Facebook: https://www.facebook.com/AilbheReddy/

Instagram: https://www.instagram.com/ailbhereddy/

YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCzRCXBOHcUu0pgpQfvJQcgQ

Twitter: https://twitter.com/ailbhereddy

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publicado por stipe07 às 15:49

Fontaines D.C. – Televised Mind

Quarta-feira, 01.07.20

Um dos discos mais aguardados em dois mil e vinte é, claramente, o novo trabalho dos irlandeses Fontaines D.C., uma das bandas mais excitantes do indie rock atual, um registo intitulado A Hero's Death e que será o segundo da banda de Dublin formada por Carlos O'Connell, Conor Curley, Conor Deegan III, Grian Chatten e Tom Coll, sucedendo ao espetacular registo de estreia do grupo, intitulado Dogrel, lançado o ano passado.

Produzido por Dan Carey, A Hero's Death irá ver a luz do dia no ocaso dia do próximo mês de julho pela Partisan Records e a semana passada, como certamente se recordam, foi destaque neste espaço o single homónimo e o tema I Don't Belong, duas amostras que fizeram por cá adivinhar, desde logo, um disco com onze enraivecidas canções, assentes num punk rock de elevado calibre e com uma forte toada abrasiva, como se exige a um projeto que sempre se fez notar, desde dois mil e dezassete, por uma filosofia estilística de choque com convenções e normas pré-estabelecidas.

Televised Mind, a nova canção que veio a público nas últimas horas do alinhamento de A Hero's Death, confirma e reforça tais impressões. A canção, com o adn típico dos Fontaines D.C., é um convite direto à dança e ao movimento, apelo assente em guitarras combativas e um registo percussivo vibrante e claramente marcado, tema que, de acordo com vocalista dos Fontaines D.C., Grian Chatten, reflete sobre a câmara de eco e como a personalidade é arrancada pela aprovação circundante. As opiniões das pessoas são reforçadas por um acordo constante e somos roubados da nossa capacidade de nos sentirmos errados. Nunca recebemos realmente a educação de nossa própria falibilidade. As pessoas fingem estas grandes crenças para parecerem modernas, em vez de chegarem independentemente aos seus próprios pensamentos.

Numa época do vale tudo, custe o que custar e seja contra quem for, os Fontaines D.C. parecem mais uma vez apostados em fazer mossa e agitar as mentes mais desprevenidas e incautas com composições plenas de chama nas veias e com um travo nostálgico em que a herança de nomes como os The Clash e os Ramones,  mas também os Suicide, os Nirvana e os The Beach Boys, se fazem notar com elevado grau de impressionismo. Confere...

Fontaines D.C. - Televised Mind

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publicado por stipe07 às 11:15

Fontaines D.C. – A Hero’s Death vs I Don’t Belong

Segunda-feira, 22.06.20

Um dos discos mais aguardados em dois mil e vinte é, claramente, o novo trabalho dos irlandeses Fontaines D.C., uma das bandas mais excitantes do indie rock atual, um registo intitulado A Hero's Death e que será o segundo da banda de Dublin formada por Carlos O'Connell, Conor Curley, Conor Deegan III, Grian Chatten e Tom Coll, sucedendo ao espetacular registo de estreia do grupo intitulado Dogrel, lançado o ano passado.

Produzido por Dan Carey, A Hero's Death irá ver a luz do dia no ocaso dia do próximo mês de julho pela Partisan Records e quer o single homónimo quer o tema I Don't Belong, são duas amostras do alinhamento do registo já divulgadas, que fazem adivinhar um disco com onze enraivecidas canções, assentes num punk rock de elevado calibre e com uma forte toada abrasiva, como se exige a um projeto que sempre se fez notar, desde dois mil e dezassete, por uma filosofia estilística de choque com convenções e normas pré-estabelecidas.

Numa época do vale tudo, custe o que custar e seja contra quem for, os Fontaines D.C. parecem mais uma vez apostados em fazer mossa e agitar as mentes mais desprevenidas e incautas com composições plenas de chama nas veias e com um travo nostálgico em que a herança de nomes como os The Clash e os Ramones,  mas também os Suicide, os Nirvana e os The Beach Boys, se fazem notar com elevado grau de impressionismo. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:31

U2 - Songs Of Experience

Terça-feira, 05.12.17

Songs Of Experience é o tão aguardado novo álbum dos irlandeses U2, o primeiro trabalho do grupo após um hiato de três anos, mas um disco de continuidade em relação ao antecessor Songs Of Innocence, editado em 2014. De facto, este novo alinhamento da banda de Dublin formada por Bono, The Edge, Mullen e Adam e considerada por muitos como a maior do mundo em atividade, explora alguns aspetos mais íntimos das vivências pessoais do quarteto numa fase mais adulta da existência de cada um, com algumas cartas escritas por Bono a pessoas próximas do seu círculo pessoal a serem um dos motes do registo. Recordo que o conteúdo lírico e emocional do anterior Songs Of Innocence, além de lidar com a perca e a mortalidade, com canções dedicadas aos primogénitos falecidos de Bono e a Joey Ramone, também se debruçava sobre a adolescência do quarteto na conturbada Irlanda dos anos setenta.

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Produzido por Jacknife Lee, Ryan Tedder, Steve Lillywhite, Andy Barlow e Jolyon Thomas, Songs Of Experience viu a luz do dia nas primeiras horas deste mês e oferece-nos uns U2 ligados à corrente e com nomes como os Ramones, Bob Dylan e The Clash a serem influências declaradas, mas sem deixar de ter o selo sonoro identitário único deste quarteto irlandês. As guitarras mantêm-se como o grande suporte melódico da maioria das canções, mas há uma busca incisiva por ambientes mais brandos, sendo procurado um equilíbrio entre o charme inconfundível dessas guitarras que carimbam o ADN dos U2 com o indie pop rock que agrada às gerações mais recentes e onde abunda uma primazia dos sintetizadores e teclados com timbres variados, em deterimento das cordas, talvez em busca de uma toada comercial e de um lado mais radiofónico e menos sombrio e melancólico.

Não é surpresa nenhuma para ninguém que este é também um disco com uma forte índole política. Junta-se a realidade social agitada da Irlanda de há quarenta anos atrás com a América onde um Bono acérrimo crítico de Trump passa largas temporadas para tal ser uma evidência. Temas como American Soul, canção que conta com uma introdução de Kendrick Lamar, inimigo declarado de Trump ou Red Flag Day plasmam com clareza essa teoria, até porque grande parte deste disco foi fermentado em Nova Iorque, em 2014, durante o longo processo de recuperação de um acidente que Bono sofreu em Central Park, nessa cidade que nunca dorme. Nela, durante um passeio matinal, caiu de bicicleta e sofreu múltpiplas faturas nos membros superiores e inferiores que chegaram a colocar em risco a sua capacidade de voltar a tocar guitarra.

Songs Of Experience mostra que os U2 ainda conseguem desafiar a sua capacidade inventiva e que falar-se em zonas de conforto é algo que não faz propriamente parte do vocabulário conceptual de quem quer ser justo na análise crítica aos álbuns do grupo. Assim, se canções como a luminosa e vintage The Showman (Little More Better), uma composição aconchegante e melancólica, a incisiva balada Love Is Bigger Than Anything In Its Way e o primeiro single retirado do disco, a emocionante You’re The Best Thing About Me, mostram aquele lado dos U2 que costuma apelar diretamente ao nosso lado mais emocional e sensível, a mais rugosa American Soul e o groove tropical de Summer Of Love, assim como o baixo corrosivo de The Blackout conferem ao alinhamento do disco aquela componente eclética e heterogénea que justifica que os autores do mesmo recebam mais uma vez o clássico e justo selo de excelência. Espero que aprecies a sugestão...

U2 - Songs Of Experience

01. Love Is All We Have Left
02. Lights Of Home
03. You’re The Best Thing About Me
04. Get Out Of Your Own Way
05. American Soul
06. Summer Of Love
07. Red Flag Day
08. The Showman (Little More Better)
09. The Little Things That Give You Away
10. Landlady
11. The Blackout
12. Love Is Bigger Than Anything In Its Way
13. 13 (There Is A Light)

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publicado por stipe07 às 20:35

Subplots - Autumning

Quinta-feira, 12.02.15

Oriundos de Dublin, na Irlanda, os Subplots são uma dupla formada por Phil Boughton e Daryl Chaney (autor do belíssimo artwork deste disco), que ao vivo conta ainda com o baterista Ross Chaney. Estrearam-se nos discos em 2009 com Nightcycles e finalmente já há sucessor. O novo álbum dos Subplots chama-se Autumning e viu a luz do dia a trinta de janeiro por intermédio da Cableattack!!, podendo ser ainda feita a encomenda da edição limitada em vinil no Bandcamp da banda.

É sabido que a dupla funcionalidade da almofada faz dela um objecto perfeito e versátil. Ainda que convenha à madrugada televisiva impingir a todos os que sofrem de insónias as vantagens de uma oitava maravilha ortopédica, anatómica e à prova de ácaros, as qualidades essenciais são as duas comuns a todas as almofadas: dispor de uma face que se possa encharcar de lágrimas e, caso necessário, de um reverso propício a um sono descansado. O próprio acto amoroso geralmente envolve o ajustamento da nuca a uma almofada, que, a bem do conforto, não deve estar húmida. Isto para esclarecer que este novo trabalho dos Subplots, cumpre impecavelmente o aconchego de uma almofada, mas sem existir uma relação direta entre o seu conteúdo e os sentimentos de desgosto e depressão que, frequentemente clamam pela sua presença. Autumning é adequado a servir os nossos propósitos da auto-medicação, mas também em instantes em que é essencial colocar um travão na euforia e satisfaz, com igual mérito, as nossas necessidades de sermos como a avestruz que enterra a cabeça no chão e as do nostálgico que está sempre disposto a exagerar na celebração quando é abençoado pela bondade alheia ou revive as mais queridas memórias de outrora.

Numa perspectiva ainda mais intimista, a música dos Subplots é associável ao sentimento que se vive durante o impasse entre o aperto de mão e a consumação horizontal. Serve, nesses casos, os propósitos fantasiosos de quem passa a noite de gin na mão a observar a mais decotada das manequins que dançam na pista da discoteca da moda. No pior dos casos, e arrisco aqui um freudismo muito caseiro, a repetição mecanizada dos loops básicos que os Subplots extraem das cordas e das teclas pode até satisfazer uma qualquer necessidade física comum a ambos os sexos, mas mais afeta ao masculino. Ficam a cabo do leitor as restantes ilações.

Autumning oferece-nos instantes em que os instrumentos clamam pela simplicidade e outros em que a teia sonora se diversifica e se expande para dar vida a um conjunto volumoso de versos sinceros, sons acinzentados e um desmoronamento pessoal que nos arrasta sem dó nem piedade para um ambiente que oscila entre a amplitude luminosa da crença e o cariz nostálgico da dúvida e do receio, em canções que tanto podem ser extremamente simples e prezar pelo minimalismo da combinação instrumental que as sustenta, como Wave Collapse, Colourbars ou a percurssão de Escherich, ou soarem mais ricas e trabalhadas, sendo 9/8 ou a esplendorosa Epilogue raros exemplos atuais da tomada de consciência de que a existência humana não deve apenas esforçar-se por ampliar intimamente o lado negro, porque ele será sempre uma realidade, mas antes focar-se no que de melhor nos sucede e explorar até à exaustão o usufruto das benesses com que o destino nos brinda, mesmo que as relações interpessoais nem sempre aconteçam como nos argumentos dos filmes. Aliás, Future Tense, o primeiro avanço divulgado de Autumning, uma obra de arte que balança entre a dream pop e o rock progressivo, delicada e envolvente e que emociona facilmente os mais incautos e de lágrima fácil, já que é alicerçada num piano adulto e jovial, à volta do qual gravita uma voz deslumbrante e uma guitarra que adivinha um clímax sónico com forte sentido de urgência, deixou logo fortes indicações acerca do modo como esta dupla se serve principalmente de guitarras, que parecem amiúde estar assombradas, para criar melodias que circulam ao nosso redor, criando uma atmosfera no mínimo encantadora

Autumning é a página do nosso diário pessoal onde contabilizámos o número de parceiros sexuais, ao elaborar uma lista em que incluimos apenas as iniciais dos seus nomes. Descobrir uma resolução concreta para o seu conteúdo é como tentar diferenciar a cor do céu aquando do anoitecer da tonalidade que este assume pela aurora, sendo a prova irrevogável de que, para compreender o estado atual do que melhor propôe o universo sonoro alternativo é obrigatória a passagem pelo universo Subplots. Espero que aprecies a sugestão...

1. Wave Collapse
2. The Sunken Wild
3. Escherich
4. Colourbars
5. 9/8
6. Future Tense
7. End of Print
8. Follower
9. Epilogue

 

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publicado por stipe07 às 21:14

Damien Rice – My Favourite Faded Fantasy

Sexta-feira, 14.11.14

Já chegou finalmente aos escaparates My Favourite Faded Fantasy, o novo disco do irlandês Damien Rice, um músico e compositor exemplar, natural de Dublin. My Favourite Faded Fantasy é o primeiro disco de Damien em oito anos, contém oito canções no alinhamento e viu a luz do dia no início de novembro por intermédio da Warner.

Produzido por Rick Rubin, My Favourite Faded Fantasy é o terceiro tomo da carreira discográfica de um autor que se estreou em 2002 com O e parece querer seguir o rumo que continuou a traçar aí e, depois, em 9 (2006), um caminho feito de ambientes claramente confesionais e tão nostálgicos e comtemplativos como a Islândia onde o músico se refugiou nos últimos anos, longe do mediatismo e dos palcos.

O disco abre com o single homónimo, uma canção de mais de seis minutos de duração, com um início bastante calmo e contemplativo, para depois evoluir para uma sonoridade vibrante, uma uma das marcas inconfundíveis do músico. Logo nessa abertura de portas e na sombria It Takes A Lot To Know A Man, fica claro que o arsenal instrumental gira em redor do piano, do violino e da guitarra acústica, exalando, no entanto, uma apreciável veia experimentalista, com arranjos que fazem balançar os temas entre o indie luminoso e épico (I Don't Want to Change You) e aquela toada mais sensível e sombria, que as cordas e a voz única e inconfundível de Damien tão bem replicam, como, por exemplo, em Colour Me In. Esta voz carrega em todo o disco um lamento de fundo, uma espécie de nó na garganta fielmente ampliado e reproduzido e que comove, ainda por cima quando se dedica a dar vida a canções de amor e arrependimento cercadas de fragilidade nos ricos arranjos instrumentais e onde a raiva, o remorso, a tristeza e a descoberta de buscas incessantes aos recantos mais profundos da alma são a sua grande força motriz.

I Don't Want to Change You e The Greatest Bastard são outros singles já retirados de um trabalho que tresanda a uma tremenda honestidade que este músico irlandês parece querer muito preservar, como se a música fosse o seu veículo privilegiado para expôr tudo aquilo que emocionalmente lhe toca fundo e de algum modo preenche ou, de um ponto de vista menos otimista, o perturba. Em The Greatest Bastard, Damien parece sentir uma necessidade profunda de se entregar ao julgamento cruel de quem o censura e lhe virou as costas devido a erros do passado, fazendo-o com uma humildade tal que torna-se impossível não o perdoar de qualquer momento menos bom que tenha protagonizado e não hesitar a dar uma nova oportunidade a um homem que se apresenta perante as suas heranças completamente desarmado e disponível a aceitar qualquer suplício para ter da vida um novo rumo que lhe permita decobrir uma nova luz.

Para nós que gostamos de dar uma utilidade, nem quee seja fútil, a um compêndio sonoro que de algum modo nos toca e emociona, My Favourite Faded Fantasy tem instantes que tanto podem servir de banda sonora para a leitura de uma carta de amor verdadeiramente sentida que recebemos de alguém que desejamos ardentemente, como outros que poderão servir para potenciar a nossa dor caso a missiva, com o mesmo remetente, tenha um conteúdo completamente oposto, de anúncio de completa rejeição.

Cheio de pequenas historias românticas, algumas de proporções épicas, como comprovam os mais de nove minutos de It Takes A Lot To Know A Man, My Favourite Faded Fantasy é um regresso feliz às luzes da ribalta de um homem que vive no apogeu da maturidade que os seus quarenta anos lhe conferem e  que tem o enorme atributo de criar belas músicas para ouvir enquanto se pensa na vida. Este é um disco sobre o amor e uma boa arma para fazer qualquer um entender que, definitivamente, uma história de amor não é feita só de momentos felizes, já que o alinhamento tanto está recheado de sensações positivas, plasmadas em canções expansivas e, ao mesmo tempo, imbuídas por um forte caráter intimista, como de canções como The Box, que parecem não querer nada mais a não ser obedecer ao nosso desejo de fuga de uma realidade que às vezes aprisiona e sufoca. Espero que aprecies a sugestão...

Damien Rice - My Favourite Faded Fantasy

01. My Favourite Faded Fantasy
02. It Takes A Lot To Know A Man
03. The Greatest Bastard
04. I Don’t Want To Change You
05. Colour Me In
06. The Box
07. Trusty And True
08. Long Long Way

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publicado por stipe07 às 21:59

Subplots – Future Tense

Domingo, 19.10.14

Subplots - Autumning

Oriundos de Dublin, na Irlanda, os Subplots são uma dupla formada por Phil boughton e Daryl Chaney, que ao vivo conta ainda com o baterista Ross Chaney. Estrearam-se nos discos em 2009 com Nightcycles e finalmente já há novidades quanto a um sucessor.

O novo álbum dos Subplots irá chamar-se Autumning e verá a luz do dia a trinta de janeiro próximo por intermédio da Cableattack!!, podendo ser já feita a encomenda da edição limitada em vinil no Bandcamp da banda.

Future Tense é o mais recente avanço divulgado de Autumning, uma obra de arte que balança entre a dream pop e o rock progressivo, uma melodia delicada e envolvente, que emociona facilmente os mais incautos e de lágrima fácil, alicerçada num piano adulto e jovial, à volta do qual gravita uma voz deslumbrante e uma guitarra que adivinha um clímax sónico com forte sentido de urgência. Confere...

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publicado por stipe07 às 19:52

Cloud Castle Lake - Dandelion EP

Sábado, 04.10.14

Para quem aprecia aquela simbiose já clássica entre o post rock amiúde visceral e quase sempre etéreo dos islandeses Sigur Rós, com o indie rock progressivo dos Radiohead, irá certamente apreciar Dandelion, o novo EP dos Cloud Castle Lake, uma banda irlandesa, natural de Dublin e formada por Brendan William Jenkinson, Rory O'Connor e Daniel McAuley. Dandelion chegou aos escaparates a dezanove de setembro, por intermédio da Happy Valley.

Sync, o tema de abertura deste EP e single do mesmo é uma excelente porta de entrada para uma curta mas intensa viagem sonora, proporcionada por quatro canções vibrantes e pulsantes, que sabem a triunfalismo e celebração. Este tema, com os instrumentos de sopro de mãos dadas com o piano e um belíssimo falsete a construirem a primeira camada do seu edifício sonoro, que depois recebe uma percurssão orgânica suave que vai ser, adiante, comprimida pelas cordas do baixo, à boa maneira da sonoridade típica dos Radiohead no período In Rainbows,deixa dentro de nós uma incrível sensação de euforia, mas controlada, proporcionada pela forma poética como se sente que a delicadeza e a candura procuram equilibrar-se com a agressividade e a rispidez, enquanto se assiste a um combate fraticida entre estes dois opostos.

Os tambores e a bateria de A Wolf Howling ampliam esta compilação dramática e, de repente, somos subjugados para um conto fantástico, cheio de criaturas sobrenaturais que se degladiam entre si enquanto replicam algumas das melhores nuances do indie rock progressivo, ao mesmo tempo que, com o seu estilo único, Daniel McAuley tira-nos o fôlego com o seu falsete fortemente emotivo, que deixa-nos muitas vezes sem reação e toca profundamente o coração.

A toada abranda um pouco, mas mantém-se aquele ar sombrio e algo misterioso em Mothcloud, à medida que o dedilhar de uma guitarra acústica e o falsete de Daniel recebem uma secção inteira de instrumentos de sopro e a distorção de uma guitarra que poderia ser tocada pelo arco de violoncelo de Jón Þór Birgisson. Este cenário melódico pinta uma belíssima paleta de cores sonoras e cria uma atmosfera envolvente, suave e apaixonada que se prolonga em Dandelion, canção onde as cordas sobressaiem e que, por isso, tem uma toada um pouco mais folk que as restantes. É um instante perfeito para nos resgatar, lentamente, do mundo mágico para onde fomos sugados, para voltarmos sãos e salvos a uma realidade que é, tantas vezes, tão melancólica e sombria, mas igualmente graciosa como estas quatro canções, depois de cerca de vinte minutos de incontrolada euforia, que, se formos justos, mereceram a nossa mais sincera devoção.. Espero que aprecies a sugestão...

Sync

A Wolf Howling

Mothcloud

Dandelion

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publicado por stipe07 às 20:57

U2 - Songs of Innocence

Quarta-feira, 10.09.14

Disponível já para audição e download gratuíto na plataforma iTunes e com edição física prevista para o próximo dia treze de outubro, Songs of Innocence é o tão aguardado novo álbum dos irlandeses U2, o primeiro trabalho do grupo após um hiato de cinco anos, que teve início logo após o lançamento de No Lines On The Horizon.

Considerados por muitos como a maior banda do mundo em atividade, neste décimo terceiro disco da carreira, Bono, The Edge, Mullen e Adam resolvem dar vida a várias homenagens em forma de canções dedicadas a pessoas e artistas que foram relevantes no passado da banda e na vida pessoal dos seus integrantes. Assim, se The Miracle (of Joey Ramone) é uma homenagem sentida a Joey Ramone, o falecido vocalista dos Ramones, que nos deixou em 2001, Iris (Hold Me Close) é dedicada à mãe de Bono que, recordo, faleceu após ter sofrido um aneurisma cerebral durante o funeral do marido, pai de Bono. Já agora, outros temas dos U2, como I Will Follow ou Lemon, também se centram na morte da mãe de Bono. Assim, há neste disco um conteúdo lírico e emocional que, de algum modo, lida com a perca e a mortalidade, mas uma audição cuidada clarifica que é sem aquele cariz fatalista e sombrio que frequentemente é atribuido a esses dois conceitos.

Na verdade, Songs Of Innocence é, sobretudo, e de acordo com o texto de apresentação do disco, um tributo ao período que a banda passou no sol da Califórnia, numa fase inicial da carreira, uma estadia no outro lado do atlântico que, na altura, foi fundamental para a criação de alicerces musicais e sentimentais fortes entre estes quatro irlandeses, uma das explicações lógicas para uma carreira tão longa e bem sucedida. Aliás, California (There Is No End to Love), uma das melhores canções do alinhamento, é uma declaração sentida a esse estado norte americano que tanto diz aos U2.

Claramente ligados à corrente e com nomes como os Ramones, Bob Dylan e The Clash a serem influências declaradas, Songs Of Innocence tem uma sonoridade que não é particularmente compatível com os últimos registos da banda, apesar de ter o selo sonoro identitário único deste quarteto de Dublin. As guitarras mantêm-se como o grande suporte melódico da maioria das canções, mas há uma busca mais incisiva por ambientes mais brandos, sendo procurado um equilíbrio entre o charme inconfundível dessas guitarras que carimbam o ADN dos U2 com o indie pop rock que agrada às gerações mais recentes e onde abunda uma primazia dos sintetizadores e teclados com timbres variados, em deterimento das guitarras, talvez em busca de uma toada comercial e de um lado mais radiofónico e menos sombrio e melancólico.

Este encaixe de novas tendências é muito claro no piano e na espiral de efeitos que controlam a guitarra em Raised By Wolves, mas fica plasmado logo na já referida The Miracle (of Joey Ramone), uma canção onde os efeitos de voz e a percurssão ajudam a distorção das guitarras a fazer brilhar a voz vintage, mas ainda em excelente forma de Bono. Depois, Every Breaking Wave está pronta para fazer vibrar grandes plateias, com os sintetizadores e o baixo, juntamente com a guitarra e a percurssão, a conduzirem uma canção, com variações de ritmo e paragens que farão as delícas de qualquer operador de luzes durante um concerto da banda. O rock alternativo dos anos noventa é o fio condutor de California (There Is No End to Love) e o baixo de Volcano uma das melhores surpresas do alinhamento. Já This Is Were You Can Reach Me exala o lado mais extrovertido dos U2 por todos os poros sonoros e  tem alguns detalhes que nos convidam a uma pequena e discreta visita às pistas de dança mais alternativas, onde o discosound dos anos setenta ainda tem uma happy hour bem definida.

Uma das sequências mais interessantes de Songs Of Innocence é constituida pela balada Cedarwood Road, uma canção que oscila entre o rock mais progressivo e uma certa folk e onde a voz de Box assenta na perfeição, à qual se segue Sleep Like A Baby Tonight, o clássico tema orquestral conduzido pelo sintetizador, com alguns detalhes de um piano e outros efeitos a darem à canção um clima romântico e sensível único e tipicamente U2.

Quanto à voz de Bono, que fui fazendo referência e que já ouvimos cantar sobre imensas temáticas e muitos de nós apropriaram-se de vários dos seus poemas e canções para expressar sentimentos e enviar mensagens a pessoas queridas, é significativo perceber que ela continua a declamar com o habitual sentimento e que, pelos vistos, ainda não o conhecemos verdadeiramente e tem muito mais dentro de si para nos revelar. Em canções como Iris (Hold Me Close) ou Song For Someone percebe-se, como de algum modo já referi, um certo cariz autobiográfico, que se estende ao longo do resto do disco e fica claro que o mesmo é uma forma honesta e sentida de exorcização do acontecimento mais trágico na vida de Bono, mas que devem prevalecer, acima de tudo, as boas memórias e as recordações positivas que o músico ainda guarda dentro de si da mãe.

Songs Of innocence chega ao ocaso com a sentida e confessional The Troubles e, no fim, percebemos que acabámos de escutar um disco feito com bonitas melodias e cheio de detalhes que mostram que os U2 ainda estão em plena forma e conhecem a fórmula correta para continuar a deslumbrar-nos com o clássico rock harmonioso, vigoroso e singelo a que sempre nos habituaram, fazendo-nos inspirar fundo e suspirar de alívio porque, felizmente, há bandas que, pura e simplesmente, não desistem. Espero que aprecies a sugestão...

The Miracle (of Joey Ramone)
Every Breaking Wave
California (There Is No End to Love)
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publicado por stipe07 às 16:31






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