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Os melhores discos de 2018 (10-01)

Terça-feira, 01.01.19

10 - Interpol - Marauder

Estas novas canções dos Interpol servem como resposta eloquente por parte da banda a todos aqueles que já duvidavam das capacidades do grupo em se focar novamente no som que melhor os identifica e na temática lírica que exemplarmente sempre abordaram, relacionada com o lado mais complicado das relações, a frustração, o tal absurdo e uma faceta algo provocatória que nunca enjeitaram demonstrar.

Interpol - Marauder

01. If You Really Love Nothing
02. The Rover
03. Complications
04. Flight Of Fancy
05. Stay In Touch
06. Interlude 1
07. Mountain Child
08. Nysmaw
09. Surveillance
10. Number 10
11. Party’s Over
12. Interlude 2
13. It Probably Matters

 

9 - The Dodos - Certainty Waves

Registo fértil num casamento feliz entre as cordas, os teclados e a percussão, elementos que conjuram entre si na exploração de um som amplo, épico e alongado, através do abraço constante entre dois músicos que criam melhor que ninguém atmosferas sonoras verdadeiramente nostálgicas, sedutoras e hipnotizantes, Certainty Waves está coberto, do início ao fim, por um manto de epicidade bastante vincado. As canções sucedem-se em catadupa e, uma após outra, somos bombardeados por luxuriantes paisagens sonoras, impregnadas de notáveis arranjos, que afastam cada vez mais a dupla da toada folk que marcou os seus primeiros trabalhos, em deterimento de uma filosofia interpretativa que dá cada vez maior importância ao sintético e à tecnologia.

The Dodos - Certainty Waves

01. Forum
02. IF
03. Coughing
04. Center Of
05. SW3
06. Excess
07. Ono Fashion
08. Sort Of
09. Dial Tone

 

8 - Papercuts - Parallel Universe Blues

O universo sonoro dos Papercuts é um território de experimentações sonoras que dá bastante ênfase às cordas, mas que não descura a importância que o sintético tem na construção de melodias tremendamente adocicadas e com um travo lisérgico algo incomum no panorama alternativo atual.

Papercuts - Parallel Universe Blues

01. Mattress On The Floor
02. Laughing Man
03. How To Quit Smoking
04. Sing To Me Candy
05. Clean Living
06. Kathleen Says
07. Walk Backwards
08. All Along St. Mary’s
09. Waking Up

 

7 - Parquet Courts - Wide Awake!

Independentemente de todas as referências nostálgicas e mais contemporâneas que Wide Awake! possa suscitar, este tomo raivoso de canções que mostram os dentes sem receio, possibilita-nos apreciar unsParquet Courts renovados, enérgicos e interventivos, instalados no seu trabalho mais divertido, mas também ousado, uma sucessão incrível de canções que são passos certos e firmes para um futuro que não deverá descurar um piscar de olhos a ambientes ainda mais experimentalistas, sem colocar em causa esta óbvia e feliz vontade de chegarem a cada vez mais ouvidos.

 

6 - Shame - Songs Of Praise

Songs Of Praise é o reflexo contundente, seco e profuso de um rock de guitarras que emergiu para dias de infinita glória de um canto escuro dos subúrbios de uma problemática Londres e da sua zona sul em parte decadente, um rock que mostra sem medo as suas garras, um rock feito intuitivamente e que não quer dar concessões ao mainstream. Os seus autores são cinco jovens britânicos de gema, rudes e efervescentes, que parecem já ter o seu modus operandi presente e, devido a esta extraordinária estreia, brilhante, madura e refrescante, um futuro devidamente consolidado na primeira linha do indie rock alternativo.

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5 - Massage - Oh Boy

Catapultado pela sua ligeireza subtil, pelo seu cariz intimista, pelo seu clima lisérgico, pelo piscar de olhos a ambientes mais roqueiros ou pelo bom gosto de diversos acordes, Oh Boy é, em suma, um embrulho sonoro com um têmpero lo fi muito próprio, um salutar indie rock com leves pitadas de surf pop, agregado com um espírito vintage marcadamente oitocentista e que se escuta de um só trago, enquanto sacia o nosso desejo de ouvir algo descomplicado mas que deixe uma marca impressiva firme e de simples codificação. É um daqueles discos que esconde a sua complexidade na simplicidade e estas boas canções mostram como é bonito quando o rock pode ser básico e ao mesmo tempo encantador, divertido e melancólico, sem muito alarde.

Massage - Oh Boy

01. Lydia
02. Oh Boy
03. Gee
04. Kevin’s Coming Over
05. Couldn’t Care Less
06. Under
07. Breaking Up
08. Crying Out Loud
09. Cleaners
10. Liar
11. I’m Trying
12. At Your Door

 

4 - Father John Misty - God's Favourite Costumer

Num disco preenchido então com canções bonitas e sentidas, repletas de orquestrações opulentas e com um grau de refinamento classicista incomensuravelmente belo, chega a ser inquietante o modo impressivo e realista como Joshua Tillman se senta ao piano ou coloca a viola no regaço e toca e canta emotivamente sobre as agruras, anseios, inquietações inerentes à condição humana, mas também as motivações e os desejos de quem usa o coração como veículo privilegiado de condução, orientação e definição de algumas das metas imprescindíveis na sua existência.

Father John Misty - God's Favorite Customer

01. Hangout At The Gallows
02. Mr. Tillman
03. Just Dumb Enough To Try
04. Date Night
05. Please Don’t Die
06. The Palace
07. Disappointing Diamonds Are The Rarest Of Them All
08. God’s Favourite Customer
09. The Songwriter
10. We’re Only People (And There’s Not Much Anyone Can Do About That)

 

3 - Yo La Tengo - There's A Riot Going On

Um dos maiores atributos deste There's A Riot Going On acaba por ser a sensação de conexão entre as suas canções, mesmo havendo alguns segundos de quase absoluto silêncio entre elas. Acaba por ser uma espécie de narrativa, mas sem clímax, com uma dinâmica bem definida e onde é habitual, entre outras nuances, as cordas de uma guitarra se entrelaçarem com efeitos sintetizados borbulhantes e com uma bateria com uma cadência às vezes nada usual. Há uma evidente luminosidade e um apurado sentido épico no resultado final, que nem os momentos mais introspetivos colocam em causa e se a audição for sentida acabamos, sem grande esforço, por nos sentirmos absorvidos pelo cunho simultaneamente cândido e profundo que os Yo La Tengo quiseram dar a um registo que é para ser ouvido e contemplado naqueles instantes de pausa e de sossego que todos nós precisamos amiúde de usufruir.

Yo La Tengo - There's A Riot Going On

01. You Are Here
02. Shades Of Blue
03. She May, She Might
04. For You Too
05. Ashes
06. Polynesia #1
07. Dream Dream Away
08. Shortwave
09. Above the Sound
10. Let’s Do It Wrong
11. What Chance Have I Got
12. Esportes Casual
13. Forever
14. Out Of The Pool
15. Here You Are

 

2 - The Good, The Bad And The Queen – Merrie Land

É nas asas de uma espécie de folk rock baseado em cordas exuberantes e com um brilho muito inédito e sui generis, amiúde adornadas por detalhes percursivos curiosos, dos quais sobressaiem diversos tipos de metais, um baixo discreto mas essencial no sustento do edifício melódico da maioria dos temas e um piano algo descontraído mas que aparece sempre no momento certo para conferir uma elevada dose de charme, que brilham canções que nos fazem emergir da solidão, com a voz calma e humana de Albarn a mostrar-nos, uma vez mais, que por trás de um músico que tinha tudo para viver uma existência ímpar e plena de excessos, existe antes um homem comum, às vezes também solitário e moderno. Ao longo do registo consegue sentir-se aquela névoa húmida tipicamente britânica e visualizar multidões em chapéu de coco a beber um chá ou um gin e a ter conversas humoradas com o típico sotaque que todos conhecemos, enquanto ao fundo, chaminés de tijolo fumarentas e barcos a vapor fazem respirar a alma de um povo sedento de normalidade, num mundo atual tão mecanizado e rotineiro e que, tantas vezes, atrofia, de algum modo, a predominância das vontades e necessidades de cada um, em detrimento daquilo que é descrito como o bem e a vontade comuns.

The Good, The Bad And The Queen - Merrie Land

01. Introduction
02. Merrie Land
03. Gun To The Head
04. Nineteen Seventeen
05. The Great Fire
06. Lady Boston
07. Drifters And Trawlers
08. The Truce Of Twilight
09. Ribbons
10. The Last Man To Leave
11. The Poison Tree

 

1 - Spiritualized - And Nothing Hurt

Jason Pierce é um eterno insatisfeito e esse é um dos maiores elogios que se pode fazer a um artista que se serve desse eterno incómodo relativamente à sua obra, neste caso musical, para, disco após disco, tentar sempre superar-se e apresentar algo de inédito e que surpreenda os fãs. E no caso específico dos Spiritualized, uma daquelas bandas nada consensuais e, por isso, com seguidores que são, na sua esmagadora maioria, bastante devotos, como é o meu caso, ainda mais exigente se torna para o íntimo deste cantor, poeta e compositor britânico conseguir que esta sua filosofia de vida tenha efeitos práticos e seja bem sucedida. Assim, para Jason Pierce, não deverão haver dúvidas que And Nothing Hurt é a sua obra-prima, o melhor trabalho do catálogo dos Spiritualized. No seu edifício melódico e instrumental ele coloca todas as fichas em cima da mesa relativamente aquele que é o adn conceptual dos Spiritualized, exímios criadores de canções que assentam em guitarras que escorrem  pelas melodias com o notável travo lisérgico, exemplarmente preenchidas por arranjos de cordas, orquestrações, efeitos e vozes, uma receita onde tudo se movimenta de forma sempre estratégica, como se cada mínima fração de cada canção tivesse um motivo para ser audível dessa forma. Este modo de criar acaba por ser transversal neste alinhamento particularmente homogéneo, que nos permite aceder a uma outra dimensão, mística e cósmica, um álbum criado para ser a banda sonora indicada para instantes da nossa existência em que somos desafiados e superar obstáculos que à partida, por falta de coragem, fé e alento, poderiam ser insuperáveis, mas que durante a audição do registo sabem a meros precalçõs ou areias na engrenagem de fácil superação. Esta capacidade que a música dos Spiritualized tem de fazer-nos sorrir sem razão aparente, de nos conseguir pôr a correr mais depressa, a pensar com mais clarividência e a sentir e a amar com maior arrojo, emoção e intensidade, está, portanto, exemplarmente plasmada neste And Nothing Hurt, um disco onde gospel, rock, country, pop e psicadelia se juntaram para fazer a vontade a Pierce.

Spiritualized - And Nothing Hurt

01. A Perfect Miracle
02. I’m Your Man
03. Here It Comes (The Road) Let’s Go
04. Let’s Dance
05. On The Sunshine
06. Damaged
07. The Morning After
08. The Prize
09. Sail On Through

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publicado por stipe07 às 00:01

Os melhores discos de 2018 (20-11)

Segunda-feira, 31.12.18

20 - Big Red Machine - Big Red Machine

Produzido pelos próprios Justin Vernon e Aaron Dessner em colaboração com Brad Cook e com a participação especial de vários músicos que fazem parte do catálogo da PEOPLE, nomeadamente Phoebe Bridgers, This Is the Kit e músicos dos The Staves e que costumam tocar com os Arcade Fire, Big Red Machine coloca Vernon e Dessner na senda de sonoridades intimistas e ambientais, com composições de cariz predominantemente minimal mas que nem por isso deixam de ser intrincadas e de conterem várias nuances e detalhes que vale bem a pena destrinçar ao longo da audição das dez canções que compõem o registo.

Com a herança sonora de ambientes urbanos originários do outro lado do atlântico a ter sido certamente a grande força motriz da inspiração criativa da dupla e com uma filosofia soul sempre em ponto de mira, este é um disco com um universo sonoro fortemente cinematográfico e imersivo, um funk digital que nos leva numa viagem lisérgica por paisagens que, do dub ao R&B, passando pelo rap, o jazz, o afro beat e até o trip-hop, sobrevivem muito à custa de um cuidado arsenal instrumental, eminentemente eletrónico e, por isso, de forte cariz sintético.

Big Red Machine - Big Red Machine

01. Deep Green
02. Gratitude
03. Lyla
04. Air Stryp
05. Hymnostic
06. Forest Green
07. OMDB
08. People Lullaby
09. I Won’t Run From It
10. Melt

19 - Holly Miranda - Mutual Horse

Disco onde não falta uma vasta miríade de luxuriantes efeitos e detalhes, ferramentas com um poderoso potencial impressivo e que nos esclarecem acerca do modo como Holly Miranda se sente mais sorridente e disponível do que nunca para a exaltação, Mutual Horse eriça com contundência o nosso lado mais sensível. O álbum é um oásis de cândura e suavidade, mas também um terreno fértil de alerta e de despertar do lado mais angustiante da nossa consciência individual e coletiva, um disco que representa, claramente, um virar de página para um universo mais eloquente e transcendental por parte de uma das intérpretes mais inspiradas e influentes do cenário musical contemporâneo.

Holly Miranda - Mutual Horse

01. Wherever You Are
02. Golden Spiral
03. To Be Loved
04. On The Radio
05. All Of The Way
06. Towers
07. Exquisite (Feat. Kyp Malone)
08. Mr. Fong’s (Feat. Shara Nova)
09. Do You Recall
10. Let Her Go
11. When Your Lonely Heart Breaks
12. Sing Like My Life
13. Gina
14. Mt. Hood

18 - Preoccupations - New Material

Nos Preoccupations Floegel e Wallace colocam os sintetizadores em posição de elevado destaque, uma alteração estilística que combina post punk com shoegaze, uma fórmula pessoal e muito deles e onde o ruído não funciona com um entrave à expansão das canções, mas como mais um veículo privilegiado para lhes dar um relevo muito próprio que, sem esse mesmo ruído, os temas certamente não teriam. É criado um clima marcadamente progressivo e rugoso, com os teclados a tornarem-se numa mais valia no modo como adornam um garage rock, ruidoso e monumental e o harmonizam, tornando-o agradável aos nossos ouvidos, ou seja, fazem da rispidez visceral algo de extremamente sedutor e apelativo.

Assim, a viagem lisérgica que o quarteto nos oferece nas reverberações ultra sónicas de New Material, fazem deste compêndio um agregado instrumental clássico, despido de exageros desnecessários e amiúde apoteótico. É uma demonstração clara do modo como este coletivo se disponibiliza corajosamente para um saudável experimentalismo que não os inibe de se manterem concisos e diretos, à medida que constroem os diferentes puzzles que dão substância às canções. No final, tudo resulta de forma coesa e o ruído abrasivo proporcionado por esta catarse onde reina uma certa megalomania e uma saudável monstruosidade agressiva, aliada a um curioso sentido de estética, fascina e seduz.

 Preoccupations - Espionage

01. Espionage
02. Decompose
03. Disarray
04. Manipulation
05. Antidote
06. Solace
07. Doubt
08. Compliance

17 - Ultimate Painting - Up!

Em Up! vai-se, num abrir e fechar de olhos, do nostálgico ao glorioso, numa espécie de indie-folk-surf-suburbano, feito por mestres de um estilo sonoro carregado de um intenso charme e que parecem não se importar de transmitir uma óbvia sensação de despreocupação, algo que espalha um bom gosto ainda maior pela peça em si que este disco representa. Neste disco, os Ultimate Paiting encerram em grande forma e de um modo extraordinariamente jovial, uma curta mas profícua carreira que seduziu-me pela forma genuína e simples como nela retrataram sonoramente e com superior clarividência eventos e relacionamentos de um quotidiano rotineiro, mas onde o amor é a grande força motriz no modo como nos encadeamos uns nos outros. Espero que aprecies a sugestão...

Ultimate Painting - Up!

01. Needles In My Eyes
02. Not Gonna Burn Myself Anymore
03. I Am Your Gun
04. Foul And Fair
05. Someone’s Out To Get You
06. Take Shelter
07. My Procedure
08. Lying In Charles Street
09. Darkness In His Eyes
10. Snake Pass

16 - Landing - Bells In New Towns

Mestres da melancolia, os Landing emergem-nos num universo muito próprio onde, da criteriosa seleção de efeitos da guitarra à densidade do baixo, passando por uma ímpar subtileza percussiva e um exemplar cariz lo fi na produção, são diversos os elementos que costuram e solidificam um som muito homogéneo e subtil e, também por isso, bastante intenso e catalizador. De facto, até ao ocaso de Bells In New Towns, fica atestada a segurança, o vigor e o modo ponderado e criativamente superior como este grupo tem um toque de lustro de forte pendor introspetivo, livre de constrangimentos estéticos e que nos provoca um saudável torpor, num disco que, no seu todo, comunica com a nossa mente e os nossos sentidos de modo particularmente libertador e esotérico.

Landing - Bells In New Towns

01. Nod
02. By Two
03. Gravitational VII
04. Bright
05. Secret
06. Fallen Name
07. Wait Or Hide
08. Gravitational VIII
09. Trace
10. Second Sight

15 - Tunng - Songs You Make At Night

Songs You Make At Night parece ter sido pensado como a banda sonora perfeita para uma noite de sono relaxada, mas que também convide ao intimismo e à. reflexão. O disco vai-se convertendo nos nossos ouvidos num portento de sensibilidade e optimismo, um álbum a transbordar uma espécie de amor que só se sente durante o sono e que nos liberta definitivamente de algumas das amarras que ainda filtram o modo como a nossa consciência vê o mundo durante o dia. Outro enorme atributo de Songs You Make At Night é colocar constantemente na primeira linha das sensações aquela infatigável melancolia que nos mostra que nos dias de hoje por mais que a existência humana e tudo o que existe em nosso redor, estejam amarrados à ditadura da tecnologia, ela pode ser, à boleia dos Tunng, um veículo para o encontro do bem e da felicidade, quer pessoal quer coletiva.

Tunng - Songs You Make At Night

01. Dream In
02. ABOP
03. Sleepwalking
04. Crow
05. Dark Heart
06. Battlefront
07. Flatland
08. Nobody Here
09. Evaporate
10. Like Water
11. Dream Out

14 - The Sea And Cake - Any Day

Mestres da subtileza, os The Sea And Cake apelam à descoberta pessoal e à reflexão íntima, com canções que nos convidam, ao longo dos quase quarenta minutos do registo, a penetrarmos num universo sonoro com um adn bem definido, mas que não deixa de soar sempre familiar, sem deixar de nos oferecer instantes e detalhes muitas vezes inesperados e que espelham a riqueza criativa do projeto. Este novo álbum do quarteto de Chicago, mantém a beleza melódica caraterística do projeto, com a adição de novos elementos, nomeadamente uma forte presença de elementos jazzísticos e da folk a serem essenciais para um resultado final bastante fluído, ameno e arejado, que nos possibilita saborearmos uma recatada zona de conforto, mesmo que farta de invulgares expedições sónicas.

The Sea And Cake - Any Day

01. Cover The Mountain
02. I Should Care
03. Any Day
04. Occurs
05. Starling
06. Paper Window
07. Day Moon
08. Into Rain
09. Circle
10. These Falling Arms

13 - Kurt Vile - Bottle It In

O grande trunfo de Bottle It In é a sua dicotomia estilística sonora e o modo como ela entronca numa mesma filosofia, a da auto-descoberta. As canções sucedem-se sem pressa e muitas vezes sem se perceber se o autor está mais preocupado em comunicar com o ouvinte ou em efetuar um monólogo algo divagante e nem sempre lúcido e consistente. Mesmo sendo um registo que oferece ao ouvinte diferentes perspetivas sobre a realidade sociológica e psicológica que abriga o autor, é também um álbum sobre o presente, a velhice, o isolamento, a melancolia e o cariz tantas vezes éfemero dos sentimentos, em suma, sobre a inquietação sentimental, ou seja, o existencialismo e as perceções humanas comuns a todos nós.

Kurt Vile - Bottle It In

01. Loading Zones
02. Hysteria
03. Yeah Bones
04. Bassackwards
05. One Trick Ponies
06. Rollin With The Flow
07. Check Baby
08. Bottle It In
09. Mutinies
10. Come Again
11. Cold Was The Wind
12. Skinny Mini
13. (Bottle Back)

12 - Black Rebel Motorcycle Club - Wrong Creatures

O oitavo registo do grupo assume uma espécie de fecho de um ciclo e um círculo e faz os Black Rebel Motorcycle Club regressarem aquela que é a sua verdadeira essência, um projeto criador de canções assumidamente introspetivas, nebulosas e viscerais, que além de se debruçarem sobre o quotidiano, estilisticamente se preocupam em colocar o puro rock negro e pesado em plano de assumido destaque. Em Wrong Creatures há um claro entusiasmo no modo como as guitarras são tocadas e uma menor dose de experimentalismo é substituída pelo ruído direto e conciso, sem deixar de haver instantes de arrebatadora sedução que não ficam nada a dever a projetos que procuram tocar emocionalmente quem se predispõe a deixar-se envolver por canções pensadas para tocar no âmago de cada um de nós. É um disco que acaba por refletir um estado psíquico mais positivo de uma banda muito marcada por transformações e dissabores, mas que nunca deixou, ao longo da carreira, de tentar ser coerente no desejo de deixar, disco após disco, novas pistas para a salvação do rock.

Black Rebel Motorcycle Club - Wrong Creatures

01. DFF
02. Spook
03. King Of Bones
04. Haunt
05. Echo
06. Ninth Configuration
07. Question Of Faith
08. Calling Them All Away
09. Little Thing Gone Wild
10. Circus Bazooko
11. Carried From The Start
12. All Rise

11- Arctic Monkeys - Tranquility Base Hotel and Casino

Para quem está familiarizado com a discografia dos Arctic Monkeys, Tranquility Base Hotel And Casino é um disco inicialmente estranho e pouco familiar, mas que após repetidas e dedicadas audições se entranha, com a sua intensidade, feita de sobreposições densas e intrincadas de arranjos e efeitos, a não poder ser medida pelo modo como os decibéis das guitarras são debitados, mas antes pela emoção e pelo teor filosófico do registo. É um universo inédito de sons e referências que pulam entre a soul, o rock lisérgico e até o próprio jazz com uma arrepiante aurea de mistério e sedução. Os Arctic Monkeys têm sabido estar sintonizados com o absurdo sociológico e político dos nossos tempos e neste Tranquility Base Hotel And Casino enriquecem tremendamente o seu cardápio sonoro e elevam-no a um novo estatuto, como banda fundamental do indie rock alternativo contemporâneo.

Arctic Monkeys - Tranquility Base Hotel And Casino

01. Star Treatment
02. One Point Perspective
03. American Sports
04. Tranquility Base Hotel And Casino
05. Golden Trunks
06. Four Out Of Five
07. The World’s First Ever Monster Truck Front Flip
08. Science Fiction
09. She Looks Like Fun
10. Batphone
11. The Ultracheese

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publicado por stipe07 às 15:28

Os melhores discos de 2017 (10-01)

Quarta-feira, 27.12.17

10 - Paperhaus - Are These The Questions That We Need To Ask

Em Are These The Questions That We Need To Ask os Paperhaus aprimoram o seu espetro sonoro, mostrando-nos um som corrosivo, hipnótico e contundente, um clarividente exemplar da habitual cartilha sonora que este coletivo da costa leste costuma guardar na sua bagagem. Há neles uma aúrea de grandiosidade indisfarçável e um notável nível de excelência no modo como conseguem ser nostálgicos e na forma como mutam a sua música e adaptam-na a um público ávido de novidades refrescantes, mas que também recordem os primórdios das primeiras audições musicais que alimentaram o nosso gosto pela música alternativa. Este projeto caminha sobre um trilho aventureiro calcetado com um experimentalismo ousado, que parece não conhecer tabus ou fronteiras e que nos guia propositadamente para um mundo onde reina uma certa megalomania e uma saudável monstruosidade agressiva, aliada a um curioso sentido de estética. Esta cuidada sujidade ruidosa que os Paperhaus produzem, concebida com justificado propósito e usando a distorção das guitarras como veículo para a catarse, é feita com uma química interessante e num ambiente simultaneamente denso e dançável, despido de exageros desnecessários, mas que busca claramente a celebração e o apoteótico.

Paperhaus - Are These The Questions That We Need To Ask

01. Told You What To Say
02. Go Cozy
03. Nanana
04. Walk Through the Woods
05. It’s Not There
06. Needle Song
07. Serentine
08. Bismillah

09 - Sleep Party People - Lingering

Lingering é um lugar mágico para onde podemos canalizar muitos dos nossos maiores dilemas, porque tem um toque de lustro de forte pendor introspetivo, livre de constrangimentos estéticos e que nos provoca um saudável torpor, num disco que, no seu todo, contém uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica. Acaba por ser um compêndio de canções que nos obriga a observar como é viver num mundo onde somos a espécie dominante e protagonista, mas também observadora de outros eventos e emoções, um trabalho experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas.

Sleep Party People - Lingering

01. Figures
02. The Missing Steps
03. Fainting Spell
04. Salix And His Soil
05. Lingering Eyes
06. Dissensions (Feat. Luster)
07. Limitations
08. The Sound Of His Daughter
09. The Sun Will Open Its Core
10. We Are There Together (Feat. Beth Hirsch)
11. Odd Forms
12. Vivid Dream

08 - Grooms - Exit Index

Com um forte cariz urbano e atual, Exit Index é um daqueles trabalhos em que há uma interligação latente entre os temas e não faz grande sentido escutá-los de forma isolada. É um disco que procura gravitar em torno de diferentes conceitos sonoros e esferas musicais, que transmitem, geralmente, sensações onde a nostalgia do nosso quotidiano facilmente se revê. Todos os temas são arrebatadores banquetes de sedução, languidez e luxúria, feitos com um indie rock sem fronteiras, desapegos ou concessões e que se servem também, em bandeja de ouro, com um forte entusiasmo lírico, certamente com o propósito de contornar todas as amarras que prendem a nossa alma e apresentar, desse modo, a notável disponibilidade dos Grooms para nos fazerem pensar, mexendo com os nossos sentimentos e tentando dar-nos pistas para uma vida mais feliz. Há neste alinhamento quase uma pueril simplicidade, que plasma uma notável capacidade de reinventar, reformular ou simplesmente replicar o que de melhor tem o indie rock psicadélico nos dias de hoje, oferecendo-nos, enquanto se vai num abrir e fechar de olhos do nostálgico ao glorioso, uma caldeirada de estilos e emoções cozinhada por mestres de um estilo sonoro carregado de um intenso charme.

Grooms - Exit Index

01. The Directory
02. Horoscopes
03. Turn Your Body
04. Magistrate Seeks Romance
05. End
06. Dietrich
07. Softer Now
08. Some Fantasy
09. They Can Tell
10. Thimble

07 - LCD Soundsystem - American Dream

American Dream talvez reflita, no fundo, a realidade atual de uma América onde não existem, nos dias de hoje, muitas razões para celebrar ou motivos que inspirem à criação musical que exale, de modo evidente, a gloriosa celebração do que é viver num país que nunca se cansa de apregoar que lidera os destinos do mundo. De um modo mais particular, talvez aquele que mais interesse, ensina-nos que nunca é tarde para recomeçar, que os anos podem passar por nós, mas o nosso espírito pode manter-se amplamente jovial e criativo, mesmo que isso suceda de modo menos intuitivo, mas mais refletido, maduro e consciente. É assim, de certo modo, a melhor descrição que se pode fazer destes renovados LCD Soundsystemcomo entidade.

LCD Soundsystem - American Dream

01. Oh Baby
02. Other Voices
03. I Used To
04. Change Yr Mind
05. How Do You Sleep?
06. Tonite
07. Call The Police
08. American Dream
09. Emotional Haircut
10. Black Screen

06 - Slowdive - Slowdive

Disco muito desejado por todos os seguidores e não só e que quebra um longo hiato, Slowdive é um lugar mágico para onde podemos canalizar muitos dos nossos maiores dilemas, porque tem um toque de lustro de forte pendor introspetivo, livre de constrangimentos estéticos e que nos provoca um saudável torpor, num disco que, no seu todo, contém uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica. Acaba por ser um compêndio de canções que nos obriga a observar como é viver num mundo onde o amor é tantas vezes protagonista, mas onde também subsistem outros eventos e emoções capazes de nos transformar positivamente.

Slowdive - Sugar For The Pill

01. Slomo
02. Star Roving
03. Don’t Know Why
04. Sugar For The Pill
05. Everyone Knows
06. No Longer Making Time
07. Go Get It
08. Falling Ashes

05 - Beach Fossils - Somersault

Somersault eleva os Beach Fossils a um novo patamar criativo, com as canções a abrigarem-se à sombra de uma filosofia estilística bastante marcada e homogéna, o que faz com que funcionem, individualmente, como vinhetas climáticas que vão servindo para marcar o ambiente e a cadência do mesmo. Mas, um dos maiores atributos do alinhamento é a quase indivisibilidade entre os temas, que podem ser apreciados como um todo, já que, liricamente, debruçando-se sobre as agruras de uma América cada vez mais confusa, garantem a formatação de uma obra de maior alcance e até, do modo como estão alinhados, engrandecem algumas canções menores. É o caso de Be Nothing, composição posicionada no final de Somersault e que, no modo como cresce e progride, além de personificar aquele grito de raiva que muitas vezes é imprescindível soltar no clímax de um instante reflexivo, acaba também por fazer uma súmula de todo o ideário, quer sentimental, quer sonoro, subjacente à intimidade que exala de toda a obra e que nos envolve de um modo muito particular.

Beach Fossils - Somersault

01. This Year
02. Tangerine (Feat. Rachel Goswell)
03. Saint Ivy
04. May 1st
05. Rise (Feat. Cities Aviv)
06. Sugar
07. Closer Everywhere
08. Social Jetlag
09. Down The Line
10. Be Nothing
11. That’s All For Now

04 - The War On Drugs - A Deeper Understanding

A Deeper Understanding é um trabalho que, do vintage ao contemporâneo, consegue encantar-nos e fazer-nos imergir na intimidade de um Gradunciel sereno e bucólico, através de uma viagem aos universos de Dylan e Kurt Vile, passando por Springsteen, com canções cheias de versos intimistas que flutuam livremente. É um disco simultaneamente amplo e conciso sobre as experiências pessoais do músico, mas também sobre o presente, a velhice, o isolamento, a melancolia e o cariz tantas vezes éfemero dos sentimentos, em suma, sobre a inquietação sentimental, ou seja, o existencialismo e as perceções humanas de uma América que parece ter encalhado e não saber como voltar novamente ao rumo certo.

The War On Drugs - A Deeper Understanding

01. Up All Night
02. Pain
03. Holding On
04. Strangest Thing
05. Knocked Down
06. Nothing To Find
07. Thinking Of A Place
08. In Chains
09. Clean Living
10. You Don’t Have To Go

03 - Father John Misty - Pure Comedy

Sedutor, cativante, profundamente engenhoso e com todos os atributos para ser um verdadeiro diabo vestido de anjo, John Tillman aprofunda neste seu novo trabalho, que é já, claramente, um dos melhores discos do ano, o refinado e oportuno sentido de humor que tão bem o carateriza e a sagacidade das suas letras, cada vez mais inteligentes e enigmáticas. E Father John Mistyleva a cabo esta demanda com um elevado sentido críptico e desafiante, já que não é óbvia, em alguns instantes, a descodificação célere das suas reais intenções relativamente a todos aqueles que se deixam inebriar pelos seus sermões e fazer parte de um rebanho que se assanha sempre que o pastor investe no seu tema recorrente, o amor.

Resultado de imagem para father john misty love comedy tracklist

1. Pure Comedy
2. Total Entertainment Forever
3. Things It Would Have Been Helpful to Know Before the Revolution
4. Ballad of the Dying Man
5. Birdie
6. Leaving LA
7. A Bigger Paper Bag
8. When the God of Love Returns There'll Be Hell to Pay
9. Smoochie
10. Two Wildly Different Perspectives
11. The Memo
12. So I'm Growing Old on Magic Mountain
13. In Twenty Years or So

02 - The Feelies - In Between

Aos quarenta anos de idade, os The Feelies deslumbram intensamente pelo à vontade com que, nas várias inflexões e variações, quer de sons quer de arranjos, que colocam nas suas músicas, ainda navegam em segurança e vigor nos meandros intrincados e sinuosos de um indie rock que entre uma toada maisgrunge, progressiva e psicadélica e uma leveza pop mais intimista, nunca deixam de exalar um sedutor entusiasmo lírico, uma atmosfera amável mesmo no meio de algum fuzz constante e um clima geral luminoso, enérgico e até algo frenético, num disco que flui bem, não só porque tem um conjunto de belíssimas canções, que nos oferecem camadas sofisticadas de arranjos criativos e bonitos, mas também porque é um álbum que reforça o traço de honestidade de uma banda cada vez mais protagonista no universo sonoro em que se move.

The Feelies - In Between

01. In Between
02. Turn Back Time
03. Stay The Course
04. Flag Days
05. Pass The Time
06. When To Go
07. Been Replaced
08. Gone, Gone, Gone
09. Time Will Tell
10. Make It Clear
11. In Between (Reprise)

01 - Ulrika Spacek - Modern English Decoration

Os Ulrika Spacek levam-nos a sorrir e a abanar a anca ao som de canções que se insinuam continuamente por causa do modo algo desconexo como se vão desenvolvendo ritmíca e melodicamente, acabando este disco por ser a expressão máxima de um modo bastante textural, orgânico e imediato de criar música e de fazer dela uma forma artística privilegiada na transmissão de sensações que não deixam ninguém indiferente. Modern English Decoration atesta a segurança, o vigor e o modo criativamente superior como este grupo britânico entra em estúdio para compôr e criar um shoegaze progressivo que se firma com um arquétipo sonoro sem qualquer paralelo no universo indie e alternativo atual. O melhor disco do ano, claramente.

Ulrika Spacek - Modern English Decoration

01. Mimi Pretend
02. Silvertonic
03. Dead Museum
04. Ziggy
05. Everything, All The Time
06. Modern English Decoration
07. Full Of Men
08. Saw A Habit Forming
09. Victorian Acid
10. Protestant Work Slump

 
 

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publicado por stipe07 às 14:20

Os melhores discos de 2017 (20-11)

Terça-feira, 26.12.17

20 - Foxygen - Hang

Hang é um verdadeiro tratado sonoro carregado de emoção, cor e alegria, uma verdadeira viagem no tempo, mas também um disco intemporal na forma como plasma com elevada dose de criatividade o que de melhor recria atualmente o vintage. MasHang também aponta caminhos para o futuro não só da dupla, como de todo um género musical que não se deve esgotar apenas na recriação de algumas das referências fundamentais do passado, mas também subsistir numa demanda constante por algo genuíno e que depois sirva de modelo e de referencial sonoro. O modo como o misticismo exótico dos Foxygen recria a música de outrora, faz já deles um modelo a seguir para outros projetos que queiram trilhar este caminho sinuoso e claramente aditivo, principalmente pelo modo como, não só neste disco, mas mesmo em cada música, conseguem ser transversais e estabelecer pontes entre o passado e o futuro.

Foxygen - Hang (2017)

01. Follow the Leader
02. Avalon
03. Mrs. Adams
04. America
05. On Lankershim
06. Upon a Hill
07. Trauma
08. Rise Up

19 - Courtney Barnett And Kurt Vile – Lotta Sea Lice

Lotta Sea Lice é um exercício de aceitação plena por parte dos autores de um estado de consciência sobre uma vida que ambos saboreiam em constante rebuliço, mas constante no modo como lidam com os diferentes sentimentos e emoções estejam em que local do mundo estiverem. É, em suma, um conjunto de canções que mostram dois seres humanos profundamente reflexivos, mas também auto confiantes e que servem-se da viola e da guitarra, seus fiéis companheiros nestas jornadas únicas e sentimentais sobre as vidas de dois músicos transportadas para uma contemporaneidade cheia de encruzilhadas e dilemas.

Courtney Barnett  And Kurt Vile - Lotta Sea Lice

01. Over Everything
02. Let It Go
03. Fear Is Like A Forest
04. Outta the Woodwork
05. Continental Breakfast
06. On Script
07. Blue Cheese
08. Peepin’ Tom
09. Untogether

18 - Oh Sees - Orc

Edifício sonoro brilhante e cheio de vida e cor, Orc possibilita aosOh Sees atravessarem novamente as barreiras do tempo e manterem-se, ao mesmo tempo, joviais e coerentes. Para delírio dos fiéis seguidores, o grupo mantém intata a sua insana cartilha de garage folk rock blues com uma capacidade inventiva que se pronuncia instantaneamente, através de um desejo inato de proporcionar o habitual encantamento sem o natural desgaste da contínua replicação do óbvio. A verdade é que o som deste grupo é, cada vez mais, uma espécie de roleta russa e um caldeirão de originalidade, que acaba por transportar o ouvinte para uma espécie de bad trip musical, através de um veículo sonoro que se move através de uma sucessão de loopings bizarros, mas ainda assim dançantes.

Download Oh Sees   Orc (2017) Mp3

01. The Static God
02. Nite Expo
03. Animated Violence
04. Keys to the Castle
05. Jettisoned
06. Cadaver Dog
07. Paranoise
08. Cooling Tower
09. Drowned Beast
10. Raw Optics

17 - Grizzly Bear - Painted Ruins

Álbum desafiante porque só revela todo o seu potencial instrumental e todos os detalhes e nuances que o trespassam após repetidas audições, Painted Ruins é uma verdadeira obra de arte por isso e porque mantém acesa a chama algo angustiante e nebulosa de uns Grizzly Bear que mais do que se preocuparem em agradar ao mainstream e à radiofonia, preferem estar na linha da frente daqueles que compõem com o firme propósito de deixar algo que marque e exercite a mente de quem aceita ouvir e deliciar-se com os seus sermões.

Grizzly Bear - Painted Ruins

01. Wasted Acres
02. Mourning Sound
03. Four Cypresses
04. Three Rings
05. Losing All Sense
06. Aquarian
07. Cut-Out
08. Glass Hillside
09. Neighbors
10. Systole
11. Sky Took Hold

16 - Perfume Genius - No Shape

Nada subtil, confiante, decidido e até, em certos momentos, algo descarado, Hadreas renova em No Shape o seu firme propósito de utilizar a música não apenas como um veículo de manifestação artística, mas, principalmente, como um refúgio explícito para uma narrativa que, sendo feita quase sempre na primeira pessoa, materializa o desejo de alguém que já confessou não conseguir fazer música se ela não falar sobre si próprio e que amiúde admite guardar ainda muitos segredos dentro de si. Se nos apraz partir nesta viagem de descoberta da mente de um homem cheio de particularidades, devemos estar também imbuídos da consciência de que temos, com igual respeito e apreço, de conhecer o lado mais obscuro da sua personalidade, um verdadeiro manancial que se em alguns provoca um sentimento de repulsa, noutros causa uma atração intensa, como se o uso da dor para transformar a intimidade de alguém em algo universal fosse afinal uma das estratégias mais bem sucedidas de abordar de modo genuíno as relações e a fragilidade humana. No Shape lança os holofotes não só sobre Mike, mas também sobre nós próprios, já que ajuda ao contacto e à tomada de consciência de muito do que guardamos dentro de nós e tantas vezes nos recusamos a aceitar e passamos a vida inteira a renegar.

Perfume Genius - No Shape

01. Otherside
02. Slip Away
03. Just Like Love
04. Go Ahead
05. Valley
06. Wreath
07. Every Night
08. Choir
09. Die 4 You
10. Sides
11. Braid
12. Run Me Through
13. Alan

15 - Tashaky Miyaki - The Dream

Com uma sonoridade cada vez mais sóbria e adulta, Lucy e Tashaki criaram em The Dream um catálogo sonoro envolvente, climático e tocado pela melancolia, através de uma instrumentação que tem como pano de fundo essencial o clássico rock abarcado pela típica herança da América do Norte, que serve-se de guitarras sobriamente eletrificadas e distorcidas para obter uma mistura sem fronteiras definidas, entre esse grande universo sonoro e o blues, a folk, e, implicitamente, alguns pilares fundamentais da eletrónica ambiental. É, em suma, um compêndio sonoro que surpreende pelo bom gosto como apresenta de forma sombria e introspetiva, mas superiormente frágil e sedutora, a visão dosTashaki Miyaki sobre alguns temas que sempre tocaram a dupla, mas, principalmente, pela forma madura e sincera como tentam conquistar o coração de quem os escuta com melodias doces e que despertam sentimentos que muitas vezes são apenas visíveis numa cavidade anteriormente desabitada e irrevogavelmente desconhecida do nosso ser.

Tashaki Miyaki - The Dream

01. L.A.P.D. Prelude
02. City
03. Girls On T.V.
04. Out Of My Head
05. Anyone But You
06. Cool Runnings
07. Tell Me
08. Facts Of Life
09. Keep Me In Mind
10. Get It Right
11. Somethin Is Better Than Nothin
12. L.A.P.D. Finale
13. L.A.P.D.

14 - Elbow - Little Fictions

Sempre encantadores, aditivos e simultaneamente amplos e grandiosos e detalhados e impressivos no modo como falam e cantam sobre o amor, no fundo a grande força motriz de toda a pafernália de sensações e acontecimentos que fui descrevendo até aqui, os Elbow provam em Little Fictions que estão num elevado e excitante momento criativo e intactos e genuínos a expôr-se e a desarmar-nos. Afirmo-o convictamente porque este disco tem alguns momentos que, sendo devidamente absorvidos, não deixarão de nos provocar aquelas reações físicas que muitas vezes tentamos refrear, porque há quem considere que a cena dos sentimentalismos, do sorriso sem razão aparente e das lágrimas felizes ou infelizes (e aqui há as duas possibilidades) é só para os fracos de coração e de espírito.

Elbow - Little Fictions

01. Magnificent (She Says)
02. Gentle Storm
03. Trust The Sun
04. All Disco
05. Head For Supplies
06. Firebrand And Angel
07. K2
08. Montparnasse
09. Little Fictions
10. Kindling

13 - My Sad Captains - Sun Bridge

Sun Bridge é um disco que não nos dá tempo para recuperar o fôlego, porque são imensos os momentos que proporcionam prazer, conforto e admiração durante a sua escuta. É um trabalho para ser ouvido e contemplado, um alinhamento onde há momentos animados e luminosos, mas também instantes de pausa, de sossego e melancolia, esta, muitas vezes, quase absurda. Tal sofreguidão deve-se, em suma, à consistência com que, música após música, somos confrontados e confortados por melodias maravilhosamente irresistiveis e ternurentas.

My Sad Captains - Sun Bridge

01. Early Rivers
02. Everything At The End Of Everything
03. Destination Memory
04. Don’t Listen To Your Heart
05. None In A Million
06. William Campbell
07. Curtain Calls
08. New Sun
09. Wintersweet
10. Relive

12 - Happyness - Write In

Write In é outro clímax de todo o ideário processual que timbra o som identitário dos Happyness, que nos oferecem um álbum que, sendo um belo psicoativo sentimental, encarna uma viagem até à gloriosa época do rock independente, sem rodeios, medos ou concessões, proporcionada por uma banda com um espírito aberto e criativo e atravessada por um certo transe libidinoso.

Happyness - Write In

01. Falling Down
02. The Reel Starts Again (Man As Ostrich)
03. HAnytime
04. Through Windows
05. Uptrend / Style Raids
06. Bigger Glass Less Full
07. Victor Lazarros Heart
08. Anna, Lisa Calls
09. The C Is A B A G
10. Tunnel Vision On Your Part

11 - Pond - The Weather

Já com um acervo único e peculiar e que resulta da consciência que os músicos que compôem este coletivo têm das transformações que abastecem a música psicadélica atual, os POND são umbilicalmente responsáveis por praticamente tudo aquilo que move e se move neste género e já se assumiram como referências essenciais para tantos outros. Querendo estar mais perto do grande público e serem comercialmente mais acessíveis, nesta parada psicotrópica explicitamente aberta ao experimentalismo que é The Weather, além de não colocarem em causa a sua própria integridade sonora ou descurarem a essência do projeto, propôem mais um tratado de natureza hermética e não se cansando de quebrar todas as regras e até de desafiar as mais elementares do bom senso que, no campo musical, quase exigem que se mantenha intocável a excelência, conseguem conquistar novas plateias com distinção. Os POND sabem como impressionar pelo arrojo e mesmo que incomodem em determinados instantes da audição, mostram-se geniais no modo como dão vida a mais um excelente tratado sonoro do melhor revivalismo que se escuta atualmente relativamente aorock psicadélico do século passado.

Pond - The Weather

01. 30000 Megatons
02. Sweep Me Off My Feet
03. Paint Me Silver
04. Colder Than Ice
05. Edge Of The World, Pt. 1
06. A / B
07. Zen Automaton
08. All I Want For Xmas (Is A Tascam 388)
09. Edge Of The World, Pt. 2
10. The Weather

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publicado por stipe07 às 17:59

Man On The Moon faz hoje 25 anos.

Terça-feira, 21.11.17

Clássico intemporal e, no meu caso, um lema e um manual existencial, Man On The Moon, a canção da minha vida, viu a luz do dia, em formato single, a vinte e um de novembro de mil novecentos e noventa e dois, faz precisamente hoje, dia vinte e um de novembro de dois mil e dezassete, vinte e cinco anos. Composição que dá nome a este blogue e ao respetivo programa de rádio na Paivense FM e para alguns uma espécie de alcunha minha, já que é rápida a associação que fazem entre esta música e a minha pessoa, tem um significado muito próprio para a minha história pessoal, já que foi e ainda é a banda sonora principal dos últimos vinte e cinco anos da minha vida.

Recentemente, à publicação New Musical Express, Bill Berry, o baixista dos R.E.M., explicou de modo muito detalhado toda a história que envolve esta canção, desde o modo como ela nasceu e foi concebida, até ao ideário que pretende transmitir, terminando na descrição sobre o modo como o icónico vídeo dessa canção foi idealizado e concebido.

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Terminada no último dia de gravações de Automatic For The People num estúdio em Seattle, Man On The Moon, uma obra de arte índie, começou por ser uma demo instrumental intitulada C to D Slide, criada numa guitarra pelo baterista Bill Berry, á qual Michael Stipe juntou, mais tarde, uma das suas melhores letras. E fê-lo por exigência dos restantes membros da banda que achavam que aquela melodia tinha uma história muito significativa para contar.

Assim, com conceitos como crença, jogo, dúvida, conspiração e verdade na mente e com Andy Kaufman, um entertainer famoso e controverso na América dos anos setenta que Stipe admira profundamente, a servir de fio condutor de todos eles, Michael colocou-nos a todos a pensar no que seria a nossa vida hoje se Charles Darwin não tivesse tido a coragem de colocar em causa algumas verdades insofismáveis ou se, no pacote das mesmas e de modo mais alegórico, se a aterragem na lua, a passagem de Moisés por um mar vermelho seco ou a morte de Elvis e do próprio Kaufman, realmente sucederam. E ele fez isso com o propósito claro de nos mostrar que mais importante que a aleatoriedade do jogo (Monopoly, twenty-one, checkers, and chess... Let's play Twister, let's play Risk) todas essas teorias ou questões metafísicas que muitas vezes nos turvam a visão e nos tolhem a mente, é aquilo que guardamos dentro de nós e a força que temos para acreditar nas nossas virtudes e, desse modo, nunca desistirmos de atingir os nossos maiores sonhos que define o nosso destino.

If you believe there's nothing up his sleeve, then nothing is cool.

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publicado por stipe07 às 20:26

Washed Out – Get Lost

Segunda-feira, 05.06.17

Washed Out - Get Lost

Desde o psicadélico e inebriante álbum Paracosm (2013) que o projeto Washed Out, do multi-instrumentista norte-americano natural da Georgia, Ernest Greene, um dos nomes fundamentais, a par de Neon Indian ou Toro Y Moi, da nova chillwave, não dava sinais de vida. No entanto, esse hiato já chegou ao fim com a divulgação de Get Lost, uma canção que surge isoladamente, sem atrelar a edição prevista de um álbum.

Em Get Lost a batida dançante, os detalhes percussivos orgânicos e os flashes irradiantes sintetizados transportam-nos de imediato para o universo sonoro típico de Washed Out e já nem queremos olhar para trás porque entramos em contado direto com uma praia ensolarada à beira de uma floresta tropical, à boleia de uma pop sonhadora, excelente para nos hipnotizar e que acaba por funcionar como aquele eficaz soporífero que nos leva para longe de uma realidade tantas vezes pouco agradável. Confere...

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publicado por stipe07 às 13:10

Sufjan Stevens, Bryce Dessner, Nico Muhly, James McAlister – Mercury

Sábado, 20.05.17

Um dos registos discográficos que é aguardado com maior expetativa nas próximas semanas intitula-se Planetarium, um álbum conceptual sobre o sistema solar, que irá ver a luz do dia a nove de junho através da 4AD, com a assinatura dos músicos norte americanos Sufjan Stevens, Bryce Dessner, Nico Muhly e James McAlister.

Com dezassete temas num alinhamento que podes conferir abaixo e que têm vindo a ser trabalhadas pelo quarteto desde 2013, depois de uma performance no Brooklyn Academy Of Music, em Nova York, Planetarium será, certamente, uma gloriosa e cósmica viagem sonora pelos recantos do nosso sistema planetário, à boleia de um conjunto de canções que do rock progressivo à pop construída em redor de pianos melancólicos, aglutinará também no seu âmago uma forte veia eletroacústica algo suave e adocicada, como se percebe, por exemplo, em Mercury, o mais recente tema divulgado do disco e já com direito a um vídeo a preto e branco, assinado por Deborah Johnson. Confere... 

01 Neptune
02 Jupiter
03 Halley’s Comet
04 Venus
05 Uranus
06 Mars
07 Black Energy
08 Sun
09 Tides
10 Moon
11 Pluto
12 Kuiper Belt
13 Black Hole
14 Saturn
15 In the Beginning
16 Earth
17 Mercury

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publicado por stipe07 às 00:24

Beach House - B-Sides and Rarities

Quarta-feira, 17.05.17

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A dupla Beach House, um projeto sedeado em Baltimore, no Maryland, formado pela francesa Victoria Legrand e pelo norte americano Alex Scally, está de regresso em 2017 aos lançamentos discográficos depois da parelha de álbuns que lançou em 2015, com um intervalo de dois meses, Depression Cherry e Thank Your Lucky Stars. Recordo que anteriormente a dupla já havia lançado Beach House (2006), Devotion (2008), Teen Dream (2010) e Bloom (2012). Desta vez não irá ver a luz do dia um álbum de originais, mas uma compilação de catorze canções com lados b e raridades retiradas de todos os discos da dupla.

Seja como for, deste B-Sides and Rarities dos Beach House irão também constar dois inéditos, os temas Chariot e Baseball Diamond, que foram gravados durante as sessões de Depression Cherry e Thank Your Lucky Stars e dos quais já é possível escutar o primeiro, um tema que assenta numa sonoridade simples e nebulosa, bastante melódica e etérea, plena de sintetizadores assertivos e ruidosos e guitarras com efeitos recheados de eco, que mantém intacta a aura melancólica e mágica de um projeto que vive em redor da voz doce de Victoria e da mestria instrumental de Alex e se aproxima cada vez mais de algumas referências óbvias de finais do século passado. Confere Chariot e o alinhamento de B-Sides and Rarities...

Chariot

Baby

Equal Mind

Used To Be (2008 single version)

White Moon (iTunes session remix)

Baseball Diamond

Norway (iTunes session remix)

Play The Game 

The Arrangement

Saturn Song

Rain In Numbers

I Do Not Care For the Winter Sun

10 Mile Stereo (Cough Syrup Remix)

Wherever You Go

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publicado por stipe07 às 15:51

Perfume Genius - No Shape

Terça-feira, 09.05.17

Cerca de dois anos e meio depois do excelente Too Bright, Mike Hadreas, aka Perfume Genius, está de regresso aos lançamentos discográficos com No Shape, o quarto álbum da carreira de um dos nomes mais excitantes do cenário musical alternativo, um alinhamento de treze canções editado através da conceituada Matador Records, gravado em Los Angeles e produzido por Blake Mills (Fiona Apple, Alabama Shakes, Laura Marling).

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Este músico norte-americano natural de Seattle anda há quase uma década a oferecer-nos momentos sonoros que, sendo essencialmente soturnos e abertamente sofridos, ampliam continuamente, disco após disco, as suas virtudes como cantor e criador de canções impregnadas com uma rara honestidade, já que são profundamente autobiográficas e, ao invés de nos suscitarem a formulação de um julgamento acerca das opções pessoais do artista e da forma vincada como as expõe, optam por nos oferecer esperança enquanto se relacionam connosco com elevada empatia.

No Shape, o novo trabalho de Perfume Genius, não foge de tais permissas, proporcionando-nos mais um emotivo e exigente encontro com o âmago do autor e toda a intrincada teia relacional que ele estabelece com um mundo nem sempre disposto a aceitar abertamente a diferença e a busca de caminhos menos habituais para o encontro da felicidade plena. E, num registo com várias canções que abordam a relação de Hadreas com Alan Wyffels, o seu namorado de sempre e colaborador musical, quando o músico dialoga connosco coloca sempre em cima da mesa emoção e delicadeza em simultâneo, o que acaba por provocar, quase sempre, um misto de tristeza e admiração do lado de cá. Este No Shape segue tal rumo porque sendo devidamente assimilado, espanta pelo seu realismo e provoca aquela lágrima fácil, tal é a profundidade com que relata histórias e eventos de ambos e que suscitam tudo menos indiferença.

Esta trama revela-se logo no início do disco com o registo quase à capella de Otherside, apenas acompanhado pelo dedilhar perene de três teclas do piano, a provocar inquietude e até um certo embaraço e depois Slip Away revela-se uma daquela canções em que se confere um retrato sincero de sentimentos, um tema que pode bem fazer parte de um manual de auto ajuda para quem procura forças para superar os percalços de uma vida que possa estar emocionalmente destruída.

Disco bastante dominado por uma voz que se faz acompanhar, geralmente, por esse ilustre piano, mas também por sintetizadores, que amiúde dão as mãos a  diferentes elementos percussivos e a violinos, errantes na subversão religiosa de Just Like Love e fulgurantes no profundo e intenso muro de lamentações a que sabe Choir, No Shape também não renega a crueza acústica e orgânica das cordas, exuberantes na encantadora Valley e mais rugosas e impulsivas, mas detalhisticamente ricas, em No Wreath, canção onde  a questão da identidade de géneros é abordada de modo explícito, nomeadamente o conflito permanente do artista entre aquela que é a sua dimensão física e a sua identidade enquanto ser humano realizado e feliz (I’m gonna peel off every weight, Until my body gives way, And shuts up). Aliás, esta é uma questão muito em voga no meio artístico norte-americano,com as questões da transsexualidade a serem cada vez mais arma de arremesso contra a opressão da direita mais conservadora.

Nada subtil, confiante, decidido e até, em certos momentos, algo descarado, Hadreas renova em No Shape o seu firme propósito de utilizar a música não apenas como um veículo de manifestação artística, mas, principalmente, como um refúgio explícito para uma narrativa que, sendo feita quase sempre na primeira pessoa, materializa o desejo de alguém que já confessou não conseguir fazer música se ela não falar sobre si próprio e que amiúde admite guardar ainda muitos segredos dentro de si. Os timbres distorcidos e a dinâmica melosa e emotiva e vintage de Die 4 You, são talvez o perfeito exemplo da forma como Mike criou neste trabalho, através de um aparato tecnológico mais ou menos amplo, caminhos de expressão musical inéditos na sua discografia e novas formas de se revelar a quem quiser conhecer a sua personalidade.

Se nos apraz partir nesta viagem de descoberta da mente de um homem cheio de particularidades, devemos estar também imbuídos da consciência de que temos, com igual respeito e apreço, de conhecer o lado mais obscuro da sua personalidade, um verdadeiro manancial que se em alguns provoca um sentimento de repulsa, noutros causa uma atração intensa, como se o uso da dor para transformar a intimidade de alguém em algo universal fosse afinal uma das estratégias mais bem sucedidas de abordar de modo genuíno as relações e a fragilidade humana. No Shape lança os holofotes não só sobre Mike, mas também sobre nós próprios, já que ajuda ao contacto e à tomada de consciência de muito do que guardamos dentro de nós e tantas vezes nos recusamos a aceitar e passamos a vida inteira a renegar. Espero que aprecies a sugestão...

Perfume Genius - No Shape

01. Otherside
02. Slip Away
03. Just Like Love
04. Go Ahead
05. Valley
06. Wreath
07. Every Night
08. Choir
09. Die 4 You
10. Sides
11. Braid
12. Run Me Through
13. Alan

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publicado por stipe07 às 21:39

Gorillaz - Saturn Barz (feat Popcaan)

Sexta-feira, 24.03.17

Depois de há alguns dias atrás a página oficial do órgão Phonographic Performance Limited, entidade que no Reino Unido regista novas canções de artistas do país, ter criado enorme alarido ao informar que novos temas dos Gorillaz de 2-D, Murdoc, Noodle e Russel, estariam prestes a ver a luz do dia, eis que acaba de ser divulgado o título do novo álbum deste projeto liderado por Damon Albarn, assim como a sua data de lançamento e respetivo alinhamento de canções.

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Assim, Humanz, o próximo disco dos Gorillaz, produzido pelo próprio Damon Albarn e primeiro da banda desde The Fall (2011), irá ver a luz do dia a vinte e oito de abril e terá dezanove canções e seis interlúdios, que incluirão a participação especial de nomes tão relevantes como Mavis Staples, Carly Simon, Grace Jones, De La Soul, Jehnny Beth das Savages, Pusha T, Danny Brown, Vince Staples, Kelela e D.R.A.M., entre outros. Humanz foi gravado em cinco locais diferentes, nomeadamente Londres, Paris, Nova Iorque, Chicago e na Jamaica.

Com o anúncio destes detalhes do novo disco dos Gorillaz, foi também dado a conhecer o vídeo integral, realizado por Jamie Hewlett, de Saturnz Barz, o primeiro single retirado de Humanz e que conta com a participação especial vocal de Popcaan, assim como excertos de Ascension, Andromeda e We Got The Power, outras três canções do álbum, também já disponíveis para audição integral, abaixo.

1. Ascension feat. Vince Staples
2. Strobelite feat. Peven Everett
3. Saturnz Barz feat. Popcaan
4. Momentz feat. De La Soul
5. Submission feat. Danny Brown & Kelela
6. Charger feat. Grace Jones
7. Andromeda feat. D.R.A.M.
8. Busted and Blue
9. Carnival feat. Anthony Hamilton
10. Let Me Out feat. Mavis Staples & Pusha T
11. Sex Murder Party feat. Jamie Principle & Zebra Katz
12. She’s My Collar feat. Kali Uchis
13. Hallelujah Money feat. Benjamin Clementine
14. We Got The Power feat. Jehnny Beth
Bonus material on Deluxe:
15. The Apprentice feat. Rag’n’ Bone Man, Zebra Katz & RAY BLK
16. Halfway To The Halfway House feat. Peven Everett
17. Out Of Body feat. Kilo Kish, Zebra Katz & Imani Vonshà
18. Ticker Tape feat. Carly Simon & Kali Uchis
19. Circle Of Friendz feat. Brandon Markell Holmes

 

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publicado por stipe07 às 09:14






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