man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
TAPE JUNk - The Good & The Mean (Inclui Entrevista)
TAPE JUNk é o mais recente projecto de originais de João Correia, músico que assume a linha da frente como vocalista dos Julie & The Carjackers e uma posição mais resguardada mas não menos ativa e importante como baterista de diversos artistas, nomeadamente da Márcia, Frankie Chavez ou Walter Benjamin. Desde 2009 que divide o tempo entre a bateria, o microfone e a guitarra, já que nessa altura passou a escrever, cantar e gravar as suas músicas e agora acaba de surpreender o universo musical português com The Good & The Mean, disco a solo gravado por Nelson Carvalho nos estúdios da Valentim de Carvalho e produzido por João Correia e António Vasconcelos. The Good & The Mean foi lançado através da Optimus discos, que disponibilizou a rodela para download legal e gratuito.
Com um conteúdo sonoro que abraça algum do melhor rock americano a da melhor indie pop dos últimos trinta anos e que é, certamente, o universo sonoro que mais agrada ao João, que confessa serem Pixies, Beck e Pavement, entre outros, nomes que acompanha desde sempre com devoção, The Good & The Mean tem canções que personificam soalheiras aventuras sonoras, algumas delas com um elevado pendor pessoal e intimista, como seria de esperar num projeto a solo.
Não é em vão que o press release de apresentação do disco nos alerta que The Good & The Mean é a mais honesta expressão artística e lírica de João Correia e que as letras são directas e bastante pessoais e criam uma empatia imediata com o ouvinte, porque é mesmo essa a sensação que a audição do álbum rapidamente nos suscita. Com uma linguagem sonora e lírica simples e, simultaneamente, intensa e profunda, qualquer uma das canções do disco fala de situações do quotidiano com as quais facilmente nos identificamos e podem ser um excelente veículo para o reavivar de algumas memórias que estão um pouco na penumbra e que nos enchem o ego quando delas nos recordamos.
Confessando que se sente mais confortável a escrever em inglês, embora não descarte o português, a temática transversal ao disco tem a ver com a secular dicotomia que todos experimentamos entre o bem e o mal, entre aquilo que nos parece correto e as tentações que diariamente se atravessam perante qualquer um de nós e de como, muitas vezes, compete a nós próprios, conscientes das nossas concepções, decicidirmos em liberdade o que é certo ou errado e qual o caminho que realmente queremos seguir.
João começou por aprender a tocar guitarra ainda na infância mas depois apaixonou-se pela bateria. Com catorze anos já tinha formado com alguns primos uma banda punk e talvez a capa do disco não seja alheia a esta precocidade que João sempre demonstrou no universo musical, além de ser, quanto a mim, uma excelente metáfora para o conteúdo claro, inocente e direto de The Good & The Mean.
O lançamento do disco decorreu no passado dia cinco de Junho no MusicBox, em Lisboa e de acordo com o João correu muito bem, com a presença de alguns convidados que participaram no disco a ter sido a cereja em cima do bolo. Confere abaixo a entrevista que o João me concedeu e não deixes de usufruir deste excelente álbum dos TAPE JUNk. Espero que aprecies a sugestão...
Only Son
99 Year Blues
The Good and the Mean
No Romance Without Finance
Buzz
Misery Ain't That Good A Buddy
Ain't No Shame In My Game
Under My Feet
Tombstone
99 Years Blues Reprise
From the Screaming Jay Hawkins' Spell to Chuck Berry's Wet Mademoiselle …
Olá, João Correia. Este excerto que apresenta o projeto TAPE JUNK na sua página do FB é da tua autoria? O que significa?
Faz parte da letra do tema “The Good & The Mean”. O tema fala um pouco do mito do pacto com o Diabo. Durante a letra vou sempre falando de inúmeras situações e o que é, ou aparenta ser, correcto ou errado no meu percurso. O bem, o mal e como são os dois importantes e andam de mãos dadas. O disco em geral fala disto.
Este verso é menos sério e pouco pessoal, na verdade. Falo do Screaming Jay Hawkins pelo assustador que é a versão original do “I Put A Spell on You” e o impacto que me causou a primeira vez que ouvi. “ I put a Spell on you because you’re mine” é uma frase que se enquadra bem no tema desta música, os gritos violentos de Hawkins e esta frase são super demoníacos. Falo das “Wet mademoiselle” do Chuck Berry como piada acerca da sua sex tape obscura. É a parte com mais humor negro da letra, e como é tão estranha acabei por usar isso. Achei que podia despertar alguma curiosidade.
Segundo a nota de imprensa, A busca do caminho certo, os desvios e atalhos que a vida nos oferece fazem parte da temática explorada pelo projeto TAPE JUNK. Existe uma ligação entre uma abordagem lírica direta e relacionada com os assuntos do quotidiano e a sonoridade do álbum. Isso é propositado?
A sonoridade do álbum é muito directa, tal como as letras. É tudo muito simples. Quis que a letra e a “conversa” fosse o centro do disco. É um disco em que falo muito, mais do que toco.
Tal como numa conversa, se alguém falar comigo com carradas de palavras caras e cheio de rodeios e vou acabar por me distrair e quando der por mim penso “oops…já não estou a perceber nada”. Não quis que isso acontecesse aqui. A banda acompanha a canção, só isso. As canções acordaram, tomaram banho e saíram para a rua, sem maquilhagem, vestiram a primeira peça de roupa que encontram.
Como chegaste à escolha do nome para o álbum?
Quando escrevi o tema “The Good & The Mean”. Achei que era o nome perfeito e acabou por ser a primeira e única opção. É sobre o que o disco fala.
Gravado nos Estúdios Valentim de Carvalho, este álbum teve a mão de Nelson Carvalho e António Vasconcelos na gravação e produção e contou com as participações especiais de Frankie Chavez Francisca Cortesão. Como surgiu a possibilidade de trabalhar com todos estes nomes?
O António é das pessoas mais dedicadas que conheço. Desde que lhe mostrei umas músicas até acabarmos o disco passaram-se meses de trabalho conjunto. E ele faz tudo, toca bateria ao vivo, gravou teclados e piano no disco, produz, canta, edita, mistura…e por aí fora. Somos os dois muito versáteis nesse sentido e isso ajudou muito a chegar ao resultado final. O facto de ter sido gravado pelo Nelson Carvalho foi muito importante para a eficácia das gravações, mistura e chegar ao som que o álbum tem. Estava há anos para trabalhar com ele e este foi o ano, finalmente.
Os convidados são todos grandes amigos meus muito talentosos e que admiro muito. Tenho uma enorme empatia musical com o Frankie Chavez e já tivemos montes de aventuras de estrada e concertos juntos. Adorei juntar o Frankie e a Minta na mesma música, Buzz, acho que as vozes deles ficaram incríveis.
A Minta será sempre minha convidada para tudo! Sou fã dela. Adoro Minta & The Brook Trout e acho que ela escreve canções boas demais. Tenho muita sorte em ter-me cruzado com ela. Tocamos juntos em They’re Heading West e há dois anos fizemos uma tour pela costa oeste dos Estados Undidos, o que acabou para me inspirar muito na escrita de desta canções.
Outro dos membros dos They’re Heading West é o Sergio Nascimento, baterista que ouço e admiro há muitos anos. Convidei-o para gravar umas percussões para o disco e fiquei louco com as ideias dele, é um músico fabuloso e um grande amigo. Outro convidado foi o Bruno Pernadas, o meu irmão musical de Julie & The Carjackers e o meu guitarrista preferido. O Bruno é um génio, é um compositor como nunca vi e vai lançar um álbum dele em Setembro. Posso dizer que nunca ouviram nada assim, mesmo. No meu disco tocou o “Under My Feet” e devo ter ouvido o solo que ele gravou umas 40 vezes em loop. Foi ao primeiro take.
Tocou também o Zé V Dias, irmão do António, teclista dos Brass Wires Orchestra. O Zé, juntamente com o meu baixista Nuno Lucas, foi das primeiras pessoas a ouvir as músicas e a gravar nas pré produções. É um grande músico e um grande amigo meu. Os baixos foram todos gravados pelo Nuno Lucas, com quem toco há muitos anos. O Nuno dá-me uma segurança enorme. Sei que vai sempre tocar a coisa certa, sei que segura qualquer banda e, juntamente com o António, são a dupla mais dedicada com que já trabalhei. Aturam coisas ridículas da minha parte…
Já agora, TAPE JUNK é, na sua essência, um projeto a solo, ou uma banda que além do João Correia, conta com o Nuno Lucas e o António Vasconcelos?
TAPE JUNk é o meu projecto a solo no que diz respeito à escrita de canções e no conceito de disco e sonoridade. Ao vivo é uma banda. Só assim faz sentido.
Acompanho o universo musical indie e alternativo com interesse e percebi que as tuas influências musicais vão de Johnny Cash, a Pavement e Beck, entre outros. São estes os teus principais gostos musicais pessoais?
Eu ouço de tudo. Gosto de tocar e ouvir muitos estilos musicais, percebê-los e fazer parte de vários universos diferentes.
Como escritor de canções e produtor o resultado é este. Tenho uma linha que passa sempre pelo rock dos anos 90. Os Pixies, Pavement, o Beck, etc… fazem parte da minha vida e cresci a ouvir essas bandas. O tipo de discurso deste disco acabou por levar também para um lado mais outlaw country de que gosto muito.
O vídeo oficial de Buzz, o single retirado de The Good & The Mean, é, na minha opinião, uma curiosa narrativa sobre um quotidiano um pouco inusitado de dois homens, interrompida por imagens dos músicos a tocar numa espécie de lixeira ou arrecadação a ceú aberto. Como surgiu esta ideia e, já agora, a possibilidade de trabalhar com Miguel Leão e João Toscano da NAU Productions?
O Miguel e o João são grandes amigos e divertimo-nos todos muito a gravar este vídeo.
A minha ideia passava por ter uma personagem e o seu anjo bom e anjo mau. O cavalheiro de roupão vermelho representa o anjo mau e o de roupão o anjo bom. Acho que só estamos em harmonia se o nosso lado bom e mau também. Trazer o bom ao de cime e ignorar e recalcar o mau não funciona. Têm estar expostos e temos de encontrar o balanço certo. Daí a dicotomia entre o paraíso que seria estares tão bem contigo próprio que até o teu lado bom e mau jogam raquetes, são amigos e tomam o pequeno almoço contigo. E o oposto : a lixeira e a realidade imunda que por vezes te persegue quando as coisas não estão em harmonia.
Tens um tema preferido em The Good & The Mean?
Hummm…acho que não…
O que podemos esperar do futuro discográfico do projeto TAPE JUNK?
Já estou a trabalhar no próximo disco. Quero lançar disco novo em 2014.
Que importância tem para o projeto TAPE JUNK a parceria com a Optimus discos?
Fiquei muito contente por o Henrique Amaro gostar do disco e querer editar pela Optimus. Ele tem dado sempre grande apoio ao meu trabalho. Estou muito grato por isso. Não conseguia ter as mesmas condições para gravar este disco sem a ajuda da Optimus.
No passado dia cinco de junho foi o lançamento do disco no MUSICBOX. Como decorreu o evento?
O concerto correu muito bem. Tocámos o disco praticamente todo e ainda algumas músicas novas. Ouvi muita gente a cantar as letras, o que me deixou muito feliz.
O Frankie Chavez tocou o concerto todo como segundo guitarrista e a banda deu um salto enorme por causa disso. Antes tínhamos tocado em trio e faltavam alguns elementos para reproduzir o disco e também para haver mais interacção entre nós.
Os convidados Minta, Bruno Pernadas e Zé V Dias foram a cereja em cima do bolo.