man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Toro Y Moi - Anything In Return
Toro Y Moy é o extraordinário projeto a solo de Chazwick Bundick, um músico e produtor norte americano, natural de Columbia, na Carolina do Sul e um dos nomes mais importantes do movimento chillwave atual, fruto de uma curta mas intensa carreira, iniciada em 2009, onde tem flutuado num oceano de reverberações etéreas e essencialmente caseiras. Sempre em busca da instabilidade, o produtor conseguiu no experimental Causers of This, de 2010, compilar fisicamente algumas das suas invenções sonoras e esse disco tornou-se imediatamente numa referência do género musical acima citado, ao lado de trabalhos como Life of Leisure dos Washed Out e Psychic Chasms de Neon Indian.
No ano seguinte, em 2011, surgiu Underneath The Pine, o sucessor e a leveza da estreia amadureceu e ganhou contornos mais definidos,com vozes transformadas e diferentes camadas sonoras sobrepostas, ficando claro que, a partir desse instante, Toro Y Moy ficaria ainda mais íntimo da pop, mas sem abandonar as suas origens. A psicadelia, o rock e a eletrónica começaram a surgir, quase sempre numa toada lo fi, nascendo assim as bases de Anything In Return, o terceiro disco de Chazwick, lançado no início deste ano através da Carpark Records.
Anything In Return divide-se entre a tal subtileza experimental da estreia e uma certa busca de algo mais comercial no sucessor; No fundo, sonoramente, é uma súmula de tudo o que o produtor já se serviu na carreira e por isso deverá agradar a todos aqueles que já se deixaram encantar pela carreira deste músico. Além da tal súmula, também dá algumas novas pistas, já que o conteúdo tem detalhes que piscam o olho à hip hop e ao R&B, fruto da recente relação musical com Tyler The Creator e Frank Ocean, além de se aprofundar uma já cimentada curiosa relação com a eletrónica, também muito presente no seu outro projeto paralelo intitulado Les Sins.
Uma das virtudes de Anything In Return é demonstrar que Toro Y Moy não tem uma especial preocupação por construir os temas com rigidez e com uma certa formatação, ou seja, o experimentalismo e a sensação de descartável não são envergonhados, apesar de não ser correto supor que o compositor não procura ser sério e minimamente coerente, quando cria as suas canções, até porque é preciso salientar que os temas estão carregados de sentimentos melancólicos e cada música tem sempre algo de pessoal. Da carência assumida em So Many Details (You send my life, into somewhere, I can’t describe, so many details) aos pequenos pontos dolorosos que se escondem em High Living e Day One, tudo se sustenta de maneira adulta, como se o R&B de Frank Ocean e até detalhes de veteranos como Prince se derretessem no meio de sintetizadores e batidas irregulares.
Mas voltando à capacidade inventiva de Toro Y Moy, gostaria também de salientar canções como Say That, um tema que pode fazer furor em algumas pistas de dança e Touch, para mim o melhor momento chillwave da carreira do músico.
Em suma, Anything In Return comprova a força de Bundick, hoje o nome de maior destaque de um género que ele próprio ajudou a construir. Com fôlego renovado e a estabelecer uma multiplicidade de novos caminhos em relação ao anterior Underneath The Pine, Chaz prova que a chillwave está longe de ser um género musical passageiro e secundário e que é um ótimo terreno para quem gosta de testar sonoridades e experimentações, sem recear ser apontado de ser uma espécie de terrorista sonoro, já que este é um género que só se justifica quando vive de transformações.
Há pouco menos de dois anos Chaz Bundick parecia ter inventado a música pop à sua maneira; Agora ele faz o mesmo, porém, com a ajuda de uma míriade de outros estilos. Espero que aprecies a sugestão...
1. Harm In Change
2. Say That
3. So Many Details
4. Rose Quartz
5. Touch
6. Cola
7. Studies
8. High Living
9. Grown Up Calls
10. Cake
11. Day One
12. Never Matter
13. How's It Wrong