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Efterklang - Piramida

Domingo, 21.10.12

Os dinamarqueses Efterklang, formados por Casper Clausen, Mads Christian Brauer e Rasmus Stolberg, editaram no passado dias vinte e quatro de setembro Piramida, o seu último álbum, através da 4AD. Para se inspirar, o trio assentou arraiais durante numa cidade abandonada de mineiros na vila de Pyramiden, num dos arquipélagos noruegueses do Ártico. Andaram por lá a explorar e a gravar sons criados com os elementos paisagísticos (muito à imagem dos Sigur Rós, que também andaram a fazer isso pelas montanhas islandesas) e no fim dessa tarefa tinham mais de mil gravações, que depois foram selecionadas, adaptadas e transformadas no esqueleto das canções deste Piramida. O produto final acabou por ser um disco com uma sonoridade única e peculiar.

Um dos primeiros versos que permanecem no subconsciente quando se escuta pela primeira vez Piramida é And I wonder, I wonder, I wonder what I am? It’s destructible. E realmente, tentar explicar o que o quarto disco da banda procura ser é uma tarefa um tanto obsessiva e destrutiva. O grupo tem as suas raízes num ponto do globo artisticamente muito criativo e assenta a sonoridade numa mistura de indie pop e indie rock,  com post rock e alguns elementos eletrónicos, o que dá origem a algo singular e característico.

No entanto, o som do grupo não foi sempre algo estanque; Os Efterklang passaram por períodos de transformação que oscilaram entre momentos minimalistas e outros mais expansivos. E o som deste Piramida é, de algum modo, uma espécie de súmula de toda esta amálgama de elementos e referências sonoras que sustentaram a anterior discografia da banda, o que confere ao disco uma sensação um pouco dúbia, de difícil catalogação, portanto, e assim deveras interessante tentar deslindar.

Em Piramida mantem-se a fórmula que regeu a produção dos álbuns anteriores dos Efterklang; Participam diversos músicos e podemos notá-los em várias canções. Logo a abrir, Hollow Mountain tem um violino que funciona quase como um refrão e que contrapõe o pedido de ajuda do vocalista Casper Clausen, quando este instrumento surge logo após o verso Help me, I am falling down. Sedna é o instante minimalista mais bonito do disco. É uma canção cuja cadência é marcada por um baixo e uma bateria quase inaudíveis, com o simples propósito de serem uma almofada para a voz de Casper. A guitarra aparece no momento certo para, assim como uma linha de costura, unir os pedaços separados.

Até a quinta música, The Living Prayer, somos conduzidos para lugares calmos e distantes, os quais conseguem ser alcançados muito por influência de uma voz que parece conversar connosco. Na segunda metade do disco, começa a aumentar o volume das canções e a bateria ganha uma maior relevância. Black Summer talvez seja o melhor exemplo disso; Começa com instrumentos de sopro que vão sendo aumentados aos poucos na introdução, junto a uma bateria bem marcada, que baixa o tom logo de seguida e volta ao registo da primeira parte de Piramida. Entretanto, em oposição a outras canções, Black Summer expande os horizontes minimalistas quando, antes de cada refrão, eleva o volume dos instrumentos como um todo e temos a explosão que, com os coros finais, dá a cor e brilho que nos fazem levitar.

Quase no fim, Between The Walls é comandada por sintetizadores, que aliados a cordas, dão um tom fortemente eletrónico à canção e juntamente com os os timbres de voz de Casper, que consegue trazer a oscilação necessária para transparecer mais sentimentos, fazem dela mais um momento obrigatório de contemplar em Piramida.

Quando chega ao fim Piramida ficamos com a sensação que acabou-nos de passar pelos ouvidos algo muito bonito, denso e profundo e que, por tudo isso, deixou marcas muito positivas e sintomas claros de algum deslumbramento perante a obra. Algumas canções soam a uma perfeição avassaladora e custa identificar um momento menos inspirado nesta rodela, o que faz de Piramida uma das grandes referências para os melhores álbuns do ano. Espero que aprecies a sugestão... 

Efterklang - Piramida

01. Hollow Mountain
02. Apples
03. Sedna
04. Told To Be Fine
05. The Living Layer
06. The Ghost
07. Black Summer
08. Dreams Today
09. Between The Walls
10. Monument


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publicado por stipe07 às 20:52






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