01. Angels
02. Chained
03. Fiction
04. Try
05. Reunion
06. Sunset
07. Missing
08. Tides
09. Unfold
10. Swept Away
11. Our Song
man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The XX - Coexist
Terminou no passado dia dez de setembro a longa espera entre o primeiro álbum quase homónimo dos XX e Coexist, o mais recente longa duração do grupo, lançado pela Young Turks. Mais de três anos depois de nos termos deliciado com VCR, Crystalised, Infinity e Islands, o trio remanescente composto por Romy Madley Croft, Oliver Sim e Jamie Smith (a baixista Baria Qureshi deixou o grupo ainda em 2009) regressa à habitual sonoridade redutora e minimal e faz jus à sua imagem de marca, apenas limpando alguma poeira da estreia, além de ampliar os índices de criatividade.
Ao contrário de outros projetos que preparam o sempre traumático segundo disco, o tempo foi, sem dúvida, um aliado na curta e bem resolvida trajetória dos The XX. Ocorreram transformações na vida de cada um dos componentes da banda nos últimos anos e, apesar da espera, manteve-se o carinho e uma pressão positiva por parte do grande público.
Este espaço temporal relativamente longo entre um trabalho e outro fez-nos salivar imenso e talvez, devido a toda essa ansiedade acumulada, não seja fácil ajuizar facilmente e com imparcialidade o conteúdo de Coexist, razão pela qual não me causou admiração ter percebido, nas críticas que li, o estado de embriaguez absoluta que se apoderou dos ouvidos dos críticos, dos fãs e dos musical opinion makers. E tudo gira à volta da mesma ideia; a genialidade da estreia fez desse disco um clássico natural e imediato e Coexist, para alegria de todos nós, plagia essa proposta inicial quase na íntegra. Assim, o que para outras bandas seria motivo de crítica e de acusação por défice de originalidade e de capacidade em arriscar noutros campos sonoros, para os The XX é sinónimo de sucesso pleno e de acerto, até quando é referida a semelhança entre as capas dos dois discos.
O grande desafio que se coloca é descobrir não aquilo que junta mas o que de algum modo separa XX e Coexist. Na minha opinião, XX era um registo que valorizava as guitarras, a voz e as batidas de forma heterogénea e pontual. Agora, Coexist consegue ir um pouco mais além; Mantendo-se o minimalismo intimista da estreia na dream pop de Angels (uma canção que fala da dicotomia entre amor e separação) e na eletrónica quase dançante de Reunion, tudo se movimenta como uma massa de som em que o mínimo dá lugar ao todo, ou seja, os detalhes ainda são parte fundamental da funcionalidade e da beleza da obra do trio britânico, mas a diferença está na maneira como exploram essa unidade e nas nuances sonoras que interligam as canções. No fundo, a receita é exatamente a mesma, mas a sonoridade foi renovada, tendo cabido ao baterista e produtor Jamie Smith assumir a linha da frente nessa tarefa, nomeadamente quando acerta nas batidas hipnóticas que servem de base para as vozes de Romy e Oliver. Todos estes acertos encontram o seu apogeu no tom nebuloso e na sonoridade sintética de Missing, para mim a melhor música do disco e uma das canções do ano.
Mesmo que não se ouçam versos fáceis e sons característicos como os que definiam VCR e principalmente Crystalised e isso crie um sentimento de ausência na primeira audição de Coexist, à medida que nos afundamos no disco melhor percebemos que o acerto iniciado há três anos ainda vigora. O trio mantém a essência da estreia e encontra uma variedade de novas possibilidades sonoras, passando assim, com distinção, na prova do difícil segundo álbum. Coexist instiga, hipnotiza e emociona. Espero que aprecies a sugestão...