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Walter Benjamin – The Imaginary Life Of Rosemary And Me

Quarta-feira, 01.08.12

Luis Nunes é português, vive em Londres e é também Walter Benjamim, nome de um filósofo alemão do início do século passado e o alibi perfeito para Luis escrever sobre o que intencionalmente quiser e poder assim, como já li algures, criar um mundo imaginário onde tudo é perfeito, o amor não dói e o coração não se parte. Rosemary é a sua companheira perfeita, cuja existência Luís deixa à nossa especulação, porque além de ter encarnado na mente prodigiosa de Walter, adquiriu as caraterísticas perfeitas para ser a figura principal de The Imaginary Life Of Rosemary And Me, um disco gravado entre Lisboa e Londres, editado pela Pataca Discos no passado dia dezasseis de abril e onde o amor, o enamoramento e aquele aperto desiludido no coração que nos diz tanto, são o eixo motriz da esmagadora maioria das canções.

The Imaginary Life Of Rosemary And Me é um belíssimo compêndio folk, assente numa sonoridade melancólica e que nunca azeda, mesmo que a tristeza trespasse algumas canções. Walter refere que o disco deve ser ouvido do princípio ao fim como se fosse um livro e faz questão de vincar o cariz ficcional do mesmo, mas poucos são aqueles que podem negar que há aqui muita banda sonora disponível para alguns dos momentos mais significativos da existência particular de cada um de nós.

As referências musicais de Walter são variadíssimas e abarcam a folk norte americana de Bob Dylan e Neil Young, o funk brasileiro de Jobim e Chico Buarque, a percussão africana da motown e alguns tiques da eletrónica contemporânea. Este caldeirão sonoro e a colaboração de vários nomes de relevo dão às oito canções um leve travo tropical mas que não apaga a matriz folk clássica, ancorada na tradicional pop psicadélica feita pela guitarra acústica e pelo piano, muito à imagem de uns Wilco ou de uns Red House Painters.

Mais importante do que realmente esclarecer um possível teor auto biográfico em torno de The Imaginary Life Of Rosemary And Me, importa valorizar o seu conteúdo e, sobretudo, a capacidade de Walter em levar a bom porto este disco, porque só poderá ter saído da mente de alguém que preza o amor como o mais nobre dos sentimentos e que, por isso, merece todo o destaque e toda a atenção que quem ouve as suas canções e, como eu, se sente tocado por elas, lhe possa proporcionar.

Agradeço à Let's Start A Fire, na pessoa da Raquel Lains, pelo exemplar digital do disco, que me possibilitou escutá-lo inúmeras vezes e assim escrever estas breves notas e dessa forma divulgá-lo. Mas também lhe agradeço por ter intermediado o meu contato com Walter Benjamim, de forma a que ele me respondesse a algumas questões sobre o disco, uma entrevista transcrita abaixo. Espero que aprecies a sugestão...

01. Our Imaginary House
02. High Speed Love
03. Under Your Dress
04. Twenty Four
05. This Ain’t Our Last Dance
06. Airports And Broken Hearts
07. Mary
08. Your House

 

- Walter Benjamim é um filósofo alemão do início do século XX. Porquê a escolha do nome desta personalidade para nome artístico?

 

Porque gostei do nome, por causa da sua história trágica que está relacionada com Portugal, porque achei piada a roubar nome a uma personalidade desta forma tão descarada e, por fim, porque pode ser o nome de qualquer pessoa. É um nome especial mas comum ao mesmo tempo, é só ligar Walter e Benjamin.

 

- Li algures que a melhor definição que tens para The Imaginary Life Of Rosemary And Me é ser um álbum de canções que pode ser ouvido do principio ao fim como um livro. Sendo assim, estamos em presença de um álbum conceptual?

 

Sim, é um álbum conceptual. O termo faz-me sempre lembrar as bandas de rock progressivo e os conceitos eram sempre coisas mais espectaculares como The Dark Side of The Moon. O meu disco é só um conjunto de canções que estão ligadas pela mesma história, mais próxima da minha realidade.

 

- Confesso que já ouvi The Imaginary Life Of Rosemary And Me algumas vezes e por acompanhar com algum interesse o universo musical folk da américa do norte (Estados unidos e Canadá), sinto um paralelismo imenso com o que se vai fazendo de melhor naquela zona do globo. Pode-se dizer que é essa a tua maior influência, independentemente da míriade sonora presente em The Imaginary Life Of Rosemary And Me?

 

Sem dúvida que este disco tem ligações fortes à folk mais americana, cresci com o Dylan, os Crosby, Stills, Nash & Young, o Cohen, etc. Mas também há um lado bastante europeu neste disco e um bocado do Brasil na Airports and broken hearts. Eu, no fundo, vou buscar coisas a todo o lado.

 

- Este disco foi gravado entre Lisboa e Londres onde reside atualmente. As caraterísticas culturais e musicais destas duas cidades tiveram algum peso no conteúdo do álbum, nomeadamente na sua diversidade sonora, ou seja, achas que se tudo tivesse sido feito só numa delas, The Imaginary Life Of Rosemary and Me teria uma sonoridade diferente e mais homogénea?

 

Este disco tem a impressão sónica das duas cidades, abre com os sons do Regent's Canal em Londres e passa pelos sinos de Lisboa e comboios da CP, escondidos por detrás de uma data de coisas. Este disco nunca poderia existir se não tivesse sido feito entre as duas cidades, os lugares estão inscritos nestas canções.

 

- Tens uma canção preferida neste álbum?

 

Já tive várias, vai variando. Acho que agora já não consigo escolher nenhuma de forma convicta, talvez Airports and broken hearts.

 

- Como têm corrido os concertos de promoção ao disco? Quais são os próximos?

 

Têm corrido muito bem, as reacções do público têm sido muito boas e isso deixa-me muito feliz. Os meus próximos concertos são todos aqui em Inglaterra, vou tocar agora na passagem da chama Olímpica por Londres e no festival Standon Calling. Em breve haverá mais novidades, espero voltar a tocar em Portugal em breve!

 

- O disco conta com algumas participações especiais, nomeadamente de Márcia, Francisca Cortesão (Minta) e AnaMary Bilbao nas vozes, Nick Mills e Duncan Brown nos metais, João Paulo Feliciano no Hammond, Bruno Pernadas na guitarra eléctrica e de B Fachada. Existe algum critério musical nestas escolhas ou são apenas os teus amigos e pessoas que querias muito ao teu lado neste disco?

 

Eles não são uns amigos quaisquer, são todos excelentes músicos e eu quis fazer este disco com eles. Isso em si já é um critério musical, porque o lado emocional da música não pode ser posto de parte. A música tem de ser feita com prazer, há um elemento de magia no processo que tem de ser alimentado. É uma viagem e ainda bem que a fiz com estas pessoas, nunca teria sido o mesmo sem elas.

 

- O que podemos esperar do futuro do Walter Benjamim? Será paralelo ao do Luis Nunes, como músico e compositor, ou a sua aventura termina aqui?

O Walter Benjamin é uma personagem que vive uma vida diferente da do Luís, ele consegue beber mais whisky. A sua aventura continua até alguém se fartar, estou a gravar coisas para o próximo disco e cheio de vontade para tocar mais e mais.

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publicado por stipe07 às 22:24


2 comentários

De Laura a 02.08.2012 às 11:01

Muito interessante, gostei de ficar a conhecer a tua vertente de entrevistador; estiveste mt bem!

Fiquei curiosa por conhecer melhor este projeto ;)

De stipe07 a 02.08.2012 às 14:37

Foi uma nova experiência. Vou começar a abordar bandas internacionais a ver se alguém aceita... :)

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