01. We Can’t Be Beat
02. Love Is Luck
03. Heartbreaker
04. The Witch
05. Southern Heart
06. Line By Line
07. Song For Leigh
08. Nightingales
09. Jerry Jr.’S Tune
10. The Love You Love
11. Heaven
12. No One Ever Sleeps
13. Dreamboat
man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Walkmen - Heaven
Conforme referi em em Curtas... XXXV, os The Walkmen de Hamilton Leithauser estão de volta aos discos em 2012 com Heaven, o sétimo trabalho da banda, lançado no mercado no final do mês de maio, através da Fat Possum. Esta banda de Washington trilhou sempre um caminho próprio e totalmente particular mesmo dentro da cena alternativa norte-americana.
Íntimos de composições alcóolicas e romanticamente enquadradas, os The Walkmen têm sabido manter sempre uma bitola dentro do estilo musical e poético que adoptaram. No entanto esta cisma não impediu que o grupo se transformasse num dos mais queridos do público, não apenas pelo poderio de músicas como The Rat, mas pela possibilidade de encontrar no trabalho da banda uma originalidade que não se vê noutros artistas.
Quase irretocável, a vasta discografia do grupo é uma prova da variedade das referências que se apoderam de cada canção proposta pelo grupo, características que percorrem a música proclamada na década de sessenta e se estende até às guitarras da última década. Musicalmente diversificada, a banda é dona de um rico sentido de transformação, uma habilidade rara, visto que mesmo próximos de diversos estilo e vertentes musicais os integrantes conseguem remodelar cada canção dentro de uma fluidez própria, quase isolada, como se fossem capazes de dar uma nova vida ao rock clássico, ao pós punk ou outros caminhos e sons que percorram.
Heaven acaba por ser uma espécie de sequência exata do disco anterior (Lisbon, 2010) e leva o quinteto para o mesmo rock luminoso e descomprometido, numa sonoridade que viaja por um oceano que se materializa em cima de referências fundadas pelos Beach Boys, The Zombies e tantos outros grupos que surgiram há quatro ou cinco décadas, mas indo mais além, descendo até a música country, abraçando a pop de forma particular e até brincando com o recente cenário da música folk.
Inicialmente tímido, o álbum divide-se em dois grupos de composições bem definidas. A primeira vertente parece seguir a proposta assumida na canção de abertura, We Can't Beat, com a viola e as vozes que se vão estendendo com uma delicadeza impossível de ser imaginada quando voltamos os ouvidos para a crueza dos primeiros discos dos The Walkmen. Essa tonalidade branda mantém-se nos momentos mais intimistas da obra, aparecendo em músicas como Southern Heart, Line By Line e Jerry Jr.’S Tune, canções em que tanto Leithauser como os demais parceiros optam pelo sossego lírico e instrumental.
Embora típica de um pequeno grupo de composições, a funcionalidade amena acaba por caracterizar também a segunda metade do disco; As músicas assentes em guitarras ágeis e a tradicional voz berrada do vocalista, acabam por involuntariamente descer ao registo doce e tímido do restante álbum. Esta mistura agridoce formada por elementos da antiga e da nova fase da banda acabam por resultar num composto interessante, ora cru e grandioso, ora confortável e melódico. Surgem assim as músicas mais comerciais de Heaven, como a entusiasmada e belíssima Heaven, Song for Leigh, Heartbreaker e Nightingales.
Organizado de forma crescente, já que tanto os versos como a sonoridade parecem seguir essa lógica, Heaven é o disco mais comercial e íntegro, transparece maturidade e inteligência e entra para o seleto grupo de artistas donos de um catálogo adulto, quase ausente de erros ou irregularidades, um feito cada vez mais raro num mundo onde músicos e bandas despontam para o sucesso e desaparecem numa questão de segundos. O céu, pelo menos para os The Walkmen, ainda não é o limite; Poderá haver algo muito além... Espero que aprecies a sugestão!