Em 151a, Kishi Bashi apodera-se da música pop para pintar nela as suas cores prediletas de forma memorável, também influenciado pela música árabe e oriental. Assim, o álbum contém belos momentos com vocalizações e dedilhados de instrumentos variados que preenchem o som impecavelmente. Mas o músico também experimenta gravações ao avesso e arranjos etéreos, com tiques de new age, dando a cada uma das nove músicas uma sonoridade diferente.
Em It All Begun With A Burst, o primeiro single retirado deste 151a, ele mostra a influência dos Of Montreal e dos Animal Collective no seu som, já que coloca elementos orgânicos lado a lado com pormenores eletrónicos deliciosos. Bright Whites e Manchester deixam no ouvido um gosto muito especial e diferente, já que a audição faz-nos sentir que estamos a degustar a própria música, como se cada garfada que damos na canção nos fizesse sentir todos os elementos de textura, cheiros e sabores da mesma. Kishi Bashi compõe melodias lindíssimas e decora-as com arranjos extraordinários, às vezes simples e soturnos como em I Am The Antichrist To You ou Wonder Woman, Wonder Me, outras exuberantes, como na abertura (Intro/Pathos Pathos) e no fecho (Beat The Bright Out Of Me), ou em Atticus, In The Desert.
O som do violino, por ser o instrumento predileto de Kishi Bashi, domina todas as canções e, como sabemos, é um som frequentemente associado a sentimentos dramáticos e tristes. No entanto, com este 151a, Kishi Bashi junta-se a músicos como Andrew Bird e Owen Pallet, artistas que provam que o violino também serve para manifestar sonoramente como é bom ser feliz, alegre e sorridente.
151a impressiona pela forma como foi concebido, com tanto cuidado e criatividade, sustenta uma aura de felicidade, mesmo nos momentos mais contidos e prova que Kishi Bashi é um músico inventivo, de rara sensibilidade e que não tem medo de fazer as coisas da forma que acredita. Espero que aprecies a sugestão...