man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Black Keys - El Camino
Não existe já uma receita definida e certeira para que uma banda de garagem se torne um fenómeno mundial e venda milhões. Há quem diga que além da qualidade musical (e até mais do que isso) depende muito da editora pela qual se assina, uma associação feliz a um spot, o reconhecimento que pode vir com um primeiro single bombástico ou a superação da temida prova do segundo disco. Depois há também aqueles casos que demoram anos, com bandas que depois de lutarem muito, finalmente atingem a ambicionada notoriedade à escala planetária. O reverso da moeda é haver fãs que reclamam que os ídolos venderam-se e tal acontece devido à grande quantidade de bandas com qualidade musical inversamente proporcional ao número de discos vendidos, por mais que existam exceções. Os The Black Keys são um bom exemplo de tudo isto já que é com El Camino, lançado ontem através da Nonesuch Records, que a banda de blues rock, sete discos depois da estreia, consolida o estouro de popularidade desejada. Para chegarem aqui, esta dupla de Ohio constituida pelo baterista Patrick Carney e por Dan Auerbach, vocalista e guitarrista da banda, contaram com a ajuda essencial do mítico produtor Danger Mouse, que já pode ser considerado um terceiro membro dos The Black Keys.
Este El Camino sucede a Brothers, de 2010, disco que já tinha alcançado um sucesso inesperado e mantém a sonoridade hard rock, do rock setentista, do rock de garagem e do blues desse disco. Primeiro single e já com um vídeo espetacular, a irresistível Lonely Boy abre o disco de forma impecável. Depois, entre a o lamento da guitarra em Run Right Back e o baixo cheio de vibe de Stop Stop, todas as onze músicas são singles em potência, com refrões bastante audíveis e que se tornam viciantes também devido a voz fantástica de Dan Auerbach, uma das melhores da atualidade e que atinge uma espécie de apogeu interpretativo em Mind Eraser, a música escolhida para fechar o álbum.
Em El Camino a bateria também está muito presente, a martelar do início ao fim e com um ritmo bastante acelerado. A habilidade de Patrick com as baquetas não é genial, mas consegue ser muito competente e contribui de forma importante para o resultado poderoso do álbum. Um dos meus destaques, Little Black Submarines, é o único momento em que as coisas acalmam um pouco; Mas depois da bela introdução assente na voz e na viola, a canção cresce até chegar a um solo de guitarra incrível acompanhado pela tal bateria explosiva, resultando numa espécie de Stairway To Heaven, versão 2011.
Em suma, este disco marca a entrada em grande estilo dos The Black Keys na primeira divisão do campeonato indie e alternativo e vai certamente figurar nas listas dos melhores discos lançados este ano. El Camino prova que se o rock estiver em boas mãos tem capacidade que sobra de renovar-se e quantas vezes for necessário. Espero que aprecies a sugestão até porque anda por aí muito boa gente que, tal como eu, está rendida a este disco.