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Orcas – How To Color A Thousand Mistakes

Sábado, 31.08.24

Thomas Meluch aka Benoît Pioulard e Rafael Anton Irisarri são a dupla que dá vida ao projeto norte-americano Orcas, que baseia a sua sonoridade em elementos melódicos clássicos, etéreos e na eletrónica de cariz mais acústico e ambiental. Já com um inestimável catálogo em carteira, estão de regresso aos discos com um alinhamento de dez canções intitulado How to Color A Thousand Mistakes, que tem a chancela da insuspeita Morr Music.

How to Color a Thousand Mistakes | Orcas

How To Color A Thousand Mistakes sucede ao registo Yearling que viu a luz do dia em dois mil e catorze e são vários os momentos altos do seu alinhamento. Depois da curiosa intro Sideral, uma janela que se abre de modo escancarado para um universo sonoro com uma identidade exemplarmente definida, as sintetizações planantes e o timbre adocicado da guitarra que depois não receia perder-se em tonalidades mais abrasivas e majestosas, são pináculos que sustentam Wrong Way To Fall, ingredientes apresentados ao ouvinte com deslumbre e que se vão manter com imponência até ao ocaso do disco. O baixo vigoroso de Riptide e o elevado timbre psicadélico das cordas que conduzem Next Life, são outros detalhes que enriquecem tremendamente How To Colour A Thousand Mistakes, um belo tratado de dream pop, que calcorreia territórios eminentemente esotéricos e sintéticos, mas que também não deixa de conter um certo travo aquele indie rock mais contemplativo, melancólico e atmosférico, mas mesmo assim incisivo, encarnando uma sonoridade que vai ao encontro daquilo que são hoje importantes premissas de quem acompanha as novidades deste espetro sonoro e que, num período de algum marasmo, deveria ser uma estética com maior acolhimento junto do público.

Uma das principais marcas identitárias do cardápio musical dos Orcas é a  voz expressiva e serena de Thomas Meluch, uma espécie de registo aquático, digamos assim, como se ele estivesse a cantar imerso num oceano feito com uma elegância decadente, mas processado eletrónicamente. É esta a voz que, em How To Color A Thousand Mistakes, estabelece uma espécie de equilíbrio entre uma escrita cheia de apelos emocionais, abstrações pouco acessíveis e uma astúcia melódica que se insinua continuamente, na busca de uma transcendência distinta e individual.

Em suma, este é um daqueles discos cheio de hinos fluorescentes, que acabam por ter poucas semelhanças com a estrutura normal da tradicional canção pop e onde estão presentes vários tipos de ruído, nem sempre de simples catalogação, um outro aspeto importante e que dá à maioria dos temas uma expansividade que muitas vezes ainda incrementa mais o ambiente soturno dos mesmos.

Orcas acena-nos para entrarmos num mundo bastante peculiar, ou então, em alternativa, criarmos nos nossos próprios termos um universo que possa aconchegar devidamente estas dez canções, ideiais para servirem de banda sonora a uma atmosfera psicadélica, mas bastante silenciosa, onde reina um imparável e majestoso nascer do sol. Aqui, se deixares, o singelo aproxima-te da perfeição. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 14:27






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