man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Tiago Vilhena - Tempo Para Chillar
O músico e compositor Tiago Vilhena, que já foi George Marvison noutro projeto e membro dos Savana, estreou-se nos lançamentos discográficos há quase meia década com Portugal 2018, um trabalho que tinha a chancela da Pontiaq e que era cantado quase na sua totalidade em português. Portugal 2018 continha dez composições filosóficas e relaxadas, introspetivas e reveladoras, sendo um registo com um forte cunho ativista, mas também um álbum fantástico porque retratava profetas, dilemas da morte e da vida, poções e milagres.
Agora, em pleno verão de dois mil e vinte e quatro, Tiago Vilhena regressa ao nosso radar devido a uma música que pode ser de verão, mas também, de inverno. O tema chama-se Tempo Para Chillar e, sonoramente, assenta num perfil estilístico com um forte pendor vintage, com uma percussão vincada, o registo vocal ecoante adocicado e diversas sintetizações pueris a iludirem-nos com uma espécie de despreocupação inócua, que resulta, na verdade, de um processo de experimentação tremandamente criterioso e bem sucedido e que tem os anos oitenta do século passado em aguçado ponto de mira. Importa ainda referir que a canção culmina num solo de trompete que faz sentir um pouco do mundo jazz, faceta pouco explorada pelo artista até agora.
De facto, e de acordo com o próprio autor, Tempo Para Chillar serve para dançar e sorrir, sozinho ou rodeado de pessoas. Fácil de ouvir sem deixar de lado o carácter, o experimentalismo e a essência da música alternativa. O tema surgiu como forma de criar uma banda sonora para aquele mundo perfeito que todos idealizamos. Uma música para viver a melhor vida que temos. Tão perfeita que para ser abordada em palavras precisa de metáforas e de comparação ao mundo dos sonhos. Na verdade, não é mais do que uma justificação para chillar. Confere...
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Orville Peck – Death Valley High (feat. Beck)
A revelação country Orville Peck está de regresso aos discos no início do próximo mês de agosto, com Stampede, o terceiro ábum do músico sul africano, um alinhamento de quinze canções, muitas delas duetos, que conta com várias participações especiais de nomeada, com especial destaque para Beck Hansen, Elton John, JT Nero, Bernie Taupin, Drew Lindsay, Ben Cramer, Amiel Gonzales, Tobias Jesso Jr., Molly Tuttle e Nathaniel Rateliff, entre outros.
Já foram divulgados varios singles do alinhamento de Stampede e o mais recente é Death Valley High, a canção que conta com a participação especial de Beck e que cruza, com elevada mestria, o melhor dos dois mundos dos dois protagonistas. Várias interseções sintéticas e uma batida encharcada num groove corrosivo, duas imagens de marca do catalogo de Beck, cruzam-se com um registo melódico eminentemente country, adornado por cordas vintage, uma marca indelevel do catálogo de Peck, enquanto os dois músicos dissertam sobre uma noite bem vivida em Las Vegas, com jogos de azar, festas e comportamentos extravagantes, como não podia deixar de ser.
Death Valley High já tem direito a um vídeo, dirigido por Austin Peters e que conta com as participações especiais de Sharon Stone e da drag queen Gigi Goode. Confere...
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Snow Patrol – This Is The Sound Of Your Voice
Não é segredo nenhum para ninguém que os irlandeses Snow Patrol são uma das minhas bandas prediletas, sendo sempre aguardado por mim com enorme e redobrada expetativa cada novo disco deles. E The forest Is The Path, disco que esta banda formada em mil novecentos e noventa e quatro em Dundee, vai lançar a treze de setembro, naturalmente não será exceção. The Forest Is The Path será o oitavo trabalho de estúdio desta banda formada por Gary Lightbody, Nathan Connolly e Johnny McDaid e foi produzido por Fraser T Smith, a meias com a própria banda.
Depois de em maio ter sido revelada a canção The Beginning, a segunda do alinhamento do álbum, This Is The Sound Of Your Voice é o mais recente single divulgado de The Forest Is The Path, um catálogo de doze canções que, de acordo com os próprios Snow Patrol, tem tudo para se tornar no melhor registo do catálogo do trio.
This Is The Sound Of Your Voice faz-nos acreditar um pouco nessa promessa e eleva as nossas expetativas relativamente ao disco, já que se trata de uma canção uma composição vibrante e majestosa. São pouco mais de quatro minutos que nos oferecem, na impetuosa delicadeza das cordas, no toque suave do piano e nos diversos efeitos cósmicos planantes, uma sensação de nostalgia que nos leva numa viagem no tempo até à melhor herança dos anos oitenta do século passado. Também conduzida pela rugosidade vocal adocicada de Lightbody, This Is The Sound Of Your Voice vai crescendo em arrojo e emotividade, num resultado final épico e vibrante. Confere...
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Will Butler + Sister Squares – Burn It Away
Depois de no mês de março de dois mil e vinte e três ter surpreendido (ou talvez não) meio mundo, com o anúncio do fim da sua ligação aos Arcade Fire, após duas décadas na formação desta extraordinário banda canadiana, que deu um grande concerto há poucos dias, no NOS Alive, Will Butler de as mãos a Sara Dobbs, Julie Shore, Jenny Shore e Miles Francis, para criar o projeto Will Butler + Sister Squares. Estes músicos já tinham colaborado anteriormente com Butler nos seus três discos a solo, Policy (2015), Friday Night (2016) e Generations (2020) e estrearam-se o ano passado com um excelente disco intitulado Sister Squares.
Agora, quase um ano depois do lançamento desse álbum, Will Butler e as Sister Squares estão de volta com uma nova canção intitulada Burn It Away que, para já, ainda não traz atrelado o anúncio do sucessor de Sister Squares.
Em pouco mais de quatro minutos, Burn It Away oferece-nos um tratado sonoro intenso e particularmente cinematográfico no modo como descreve um hipotético fim do mundo, ao som de uma composição que vai crescendo em vigor e astúcia instrumental, à medida que a bateria toma as rédeas e se enlea com uma vasta miríade de adornos de origem eminentemente sintética, num resultado final de forte travo épico e pleno de exaltação. Confere...
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The The – Linoleum Smooth To The Stockinged Foot
Vinte e quatro anos depois de NakedSelf, o projeto The The, encabeçado por Matt Johnsson, está de regresso aos discos em dois mil e vinte e quatro com Ensoulment, um alinhamento de doze canções que irão ver a luz dia a seis de setembro com chancela do consórcio Cinéola e earMUSIC.
Ensoulment foi escrito em Londres por Matt, que compôs as letras e criou o esboço de grande parte dos temas. O álbum foi depois burilado pelos restantes membros da banda, que afirmam que o disco entronca no adn dos The The, sem deixar de conter algumas nuances novas que vão ao encontro dos gostos musicais atuais dos membros do projeto. Tematicamente, o álbum tanto vai versar sobre a contemporaneidade política, o amor e as guerras em curso, como sobre alguns dilemas que hoje colocam em sobressalto o íntimo de Matt, colocando, desse modo, no centro da sua filosofia artística, a complexidade emocional da condição humana.
De Ensoulment já escutámos, no passado mês de maio, Cognitive Dissident, o tema que abre o disco. Agora, cerca de seis semanas depois, já está disponível para audição outro tema do registo, uma canção intitulada Linoleum Smooth To The Stockinged Foot, a nona do seu alinhamento. A composição foi escrita por Matt numa cama de hospital, sob efeito de morfina, enquanto recuperava de uma operação cirúrgica e, sonoramente, contando com as participações especiais de Sonya Cullingford (violino), Terry Edwards (trompas), Gillian Glover (vozes) e Danny Cummings (percussão), oferece-nos quase quatro minutos algo sinistros e inquietantes, mas estilisticamente bastante ricos. Linoleum Smooth To The Stockinged Foot está repleta de diversas nuances sintéticas, entalhadas em alguns elementos percussivos curiosos, como metais e palmas, num resultado final de elevado cariz cinematográfico e ambiental. Confere....
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GRMLN – New World
O projeto GRMLN, encabeçado pelo artista Yoodoo Park, nascido em Quioto, no Japão, mas a residir em Orange County, no sul da Califórnia, está de regresso aos discos com New World, um alinhamento de onze canções que viu recentemente a luz do dia, com a chancela da Carpark Records.
Sucessor do registo Lost Days In Lake Biwa, lançado no transato ano de dois mil e vinte e três, New World é já, imagine-se, o vigésimo quinto (?) tomo da carreira de GRMLN, que tem pouco mais de uma década de percurso. Esta capacidade quase sobrehumana de compôr, algo inédita no panorama indie atual, diga-se, merece os mais rasgados elogios, até porque Yoodoo continua a conseguir, mesmo tendo a braços tão extenso catálogo, apresentar sempre novas nuances, caminhos e influências, cada vez que entra em estúdio para compôr. Desta vez, o músico de ascendência japonesa parece fazer uma mescla feliz entre a sagacidade melódica sessentista e aquele imediatismo rugoso, mas geralmente pouco ruidoso, que definiu a história do rock de final do século passado.
De facto, e olhando para alguns dos meslhores momentos sonoros de New World, se Yr Friend é um tema rápido e incisivo no modo como replica uma espécie de indie surf punk rock, numa espécie de mescla entre as heranças de bandas como os Wavves ou os The Strokes, Apocalypse abusa, no bom sentido, na imponência das guitarras, enquanto Blank Stares, a sexta composição do catálogo de New World, pisca o olho à eletrónica, colocando todas as fichas numa linha melódica conferida por um grave teclado vibrante, que vai depois recebendo, além de uma guitarra levemente distorcida, diversas sintetizações planantes e alguns detalhes cósmicos, com o registo vocal modificado de Park, a oferecer ao tema, que acaba por exalar um certo minimalismo pueril, um charme e um travo pop indesmentíveis.
Estas três canções acabam por subliminar e contextualizar na perfeição a arquitetura sonora global de New World, um disco que, assentando, fundamentalmente, em guitarras abrasivas e uma bateria intensa, não deixa de se complementar com o sintético, principalmente ao nível dos arranjos, ampliando, desse modo, aquela sempre importante faceta experimental que deve ter um disco que pretenda chamar a atenção do ouvinte devido à sua astúcia, grandiosidade e luminosidade. Missão cumprida. Espero que aprecies a sugestão...
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Luís Capitão - Casa Incerteza
Foi no passado dia dezassete de maio que chegou aos escaparates Vida Dupla, o disco de estreia de Luís Capitão, um alinhamento que mistura fado e rap com inusitada mestria e que contou com a participação especial de Leonardo Pisco, aos comandos da viola. São sete temas como os sete mares deste mundo, repletos de instrumentais exóticos, algo diferentes da estética que está sempre associada à guitarra portuguesa, o grande sustentáculo melódico do alinhamento do disco.
João Mota
Experimentar para viajar, arriscar para fazer dançar, chocar para agradar, é esta a energia pretendida pelo autor para Vida Dupla, que tem já várias músicas do seu alinhamento com direito ao formato single. A mais recente é Casa Incerteza, canção escrita por Bruno Sena e que, misturando vários ingredientes sonoros e chegando, desse modo, a novas receitas, nos apresenta alguns dos melhores sabores sonoros que se podem escutar neste longa duração. Confere o vídeo do tema, assinado por Cross Eye...
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Vundabar – I Got Cracked
Oriundos de Boston, no Massachusetts, os Vundabar são uma dupla formada por Brandon Hagen e Drew McDonald e um caso sério no panorama alternativo da costa leste dos Estados Unidos da América. Algo desconhecidos do lado de cá do atlântico, têm, no entanto, já excelentes álbuns em carteira. A saga discográfica iniciou-se em dois mil e treze com o registo Antics. Dois anos depois viu a luz do dia Gawk e, no dealbar de dois mil e dezoito, Smell Smoke, um trabalho que viu sucessor em dois mil e vinte e dois, um disco chamado Either Light, que teve a chancela da Gawk Records e que era bastante inspirado pela personagem Tony Soprano, da série Os Sopranos, interpretada pelo malogrado ator James Gandolfini.
Dois anos depois desse álbum, a dupla regressa ao nosso radar à boleia de uma canção intitulada I Got Cracked, a primeira com a chancela da Loma Vista Recordings, a nova etiqueta dos Vundabar. Canção incisiva, com uma cadência frenética, explosiva e com uma indesmentível toada garageira, que oscila entre o épico e o hipnótico, o lo-fi e o hi-fi, I Got Cracked foi gravada num momento particularmente caótico da vida de Brandon Hagen, o vocalista dos Vundabar. O pai faleceu, pela mesma altura, o músico, que estava na Europa com a banda em digressão, partiu um braço numa queda num hotel e de regresso, para o funeral do pai, grava esta música, uma semana depois desse evento, num estúdio em Los Angeles. O próprio vídeo da canção, que versa sobre cinzas espalhadas ao vento, corações partidos e leis infringidas, assinado por Christopher Phelps, ironiza, de modo particularmente incisivo, sobre o absurdo da nossa existência. Confere...
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Soft Kill – In The Town Where I Was Born (The Pinkerton Thugs cover)
Depois de terem surpreendido a crítica em outubro de dois mil e vinte e dois com o registo Canary Yellow, o projeto Soft Kill manteve-se extremamente ativo e profícuo, lançando mais dois discos desde então. O ano passado incubaram o registo Metta World Peace, que foi cuidadosamente dissecado pela nossa redação e na passada primavera um alinhamento de treze canções intitulado Escape Forever.
Algumas semanas depois do lançamento desse oitavo álbum da carreira da banda liderada por Tobias Grave, o projeto sedeado em Portland tem para nos oferecer mais uma espetacular novidade. Trata-se de uma versão de In The Town Where I Was Born, um original que fazia parte do registo The Pain And The Pinkerton Thugs, que a banda The Pinkerton Thugs lançou em mil novecentos e noventa e sete.
Se o original é uma canção de elevado pendor acústico e intimista, a versão assinada pelos Soft Kill coloca todas as fichas num perfil sonoro eminentemente pop, com o timbre metálico enleante de uma guitarra a suportar um shoegaze cósmico repleto de têmpora e invulgarmente luminoso. A mesma, ao apoiar-se em teclados frenéticos e num baixo vigoroso, acaba por mover-se também nas areias movediças de uma psicadelia lisérgica particularmente narcótica. Confere a cover e o original...
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Wilco – Hot Sun Cool Shroud EP
Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o álbum que os Wilco lançaram o ano passado, não fugiu a essa permissa, assim como o novo EP do projeto, um tomo de seis canções intitulado Hot Sun Cool Shroud, que serve para comemorar os trinta anos de carreira do grupo de Chicago, mas também o verão, o calor e o prazer físico que o sol indubitavelmente transmite.
O formato EP sempre fez parte da história da carreira dos Wilco, mas quase sempre serviu de apêndice aos álbuns que a banda ia lançando. Talvez o melhor exemplo disso seja o EP More Like the Moon, que em dois mil e três fez parte das edições de luxo e promocionais de Yankee Hotel Foxtrot.
Hot Sun Cool Shroud parece ter uma filosofia diferente, não só por causa do hiato temporal relativamente ao último longa duração, mas também, e principalmente, porque a própria estrutura e sonoridade do seu alinhamento parece obedecer ao que a banda de Jeff Tweedy costuma encarnar em disco. Assim, há uma homogeneidade sonora, assente em canções diretas, com um elevado travo orgânico e em que as guitarras assumem o comando estilístico e melódico, mas também uma temática transversal ao registo, o calor, o verão e o sol.
Logo a abrir o EP, em Hot Sun, uma contundente espiral elétrica, acamada por um baixo vigoroso, marca, com elevado virtuosismo, os pouco mais de dezassete minutos do registo. Enquanto Tweedy versa sobre o prazer físico que o sol lhe provoca, um timbre metálico repetitivo, hipnótico e enleante assume as rédeas e, simultaneamente, traz-nos logo à memória a memorável herança da obra prima da banda de Chicago, o aclamado Yankee Hotel Foxtrot de dois mil e um, ainda hoje, com inteira justiça, um dos discos essenciais da indie folk rock alternativa contemporânea. Pouco depois e a seguir ao orgasmo grunge que se escuta em Livid, a psicadelia folk de superior filigrana que nos embala em Ice Cream, pôe em campo a faceta experimental e lisérgica que os Wilco tanto prezam e que certamente quiseram que este EP também tivesse.
O momento maior de Hot Sun Cool Shroud está em Annihilation, uma aprimorada visão detalhística, quer ao nível das cordas, quer da percussão, daquilo que deve estar presente na estutura de uma boa canção de indie rock, que tanto queira exalar uma vertente radiofónica, como climas marcadamente progressivos e rugosos e onde não falte, também, um sempre indispensável piscar de olhos a climas eminentemente experimentais e inéditos.
O intrigante pendor lisérgico de Say You Love Me, uma composição que olha com gula para a herança do melhor catálogo dos famosos fab four, é a proposta que os Wilco nos deixam de banda sonora para um pôr do sol perfeito, rematando assim um mini disco que se tivesse mais duas ou três composições de semelhante calibre, encarnaria, certamente, uma verdadeira obra-prima que mereceria figurar, com inteira justiça, num lugar bastante cimeiro dos melhores discos da carreira do projeto. Espero que aprecies a sugestão...