man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Woods – Five More Flowers EP
Com uma dezena de discos no seu catálogo, os Woods são, claramente, uma verdadeira instituição do indie rock alternativo contemporâneo. De facto, esta banda norte americana oriunda do efervescente bairro de Brooklyn, bem no epicentro da cidade que nunca dorme e liderada pelo carismático cantor e compositor Jeremy Earl e pelo parceiro Jarvis Taveniere, aos quais se junta John Andrews, tem-nos habituado, tomo após tomo, a novas nuances relativamente aos trabalhos antecessores, aparentes inflexões sonoras que o grupo vai propondo à medida que publica um novo alinhamento de canções. E foi isso que sucedeu em dois mil e vinte e três com Perennial, um álbum que, plasmando tais laivos de inedetismo, entroncou num fio condutor, com particular sentido criativo, já que, mantendo a tónica num perfil eminentemente indie folk, foi trespassado por algumas das principais nuances do rock alternativo contemporâneo e colocou um elevado ênfase num indisfarçável clima jazzístico.
Agora, pouco mais de meio ano depois de Perennial, os Woods estão de regresso em formato EP com Five More Flowers, um tomo de cinco canções que foram gravadas durante as sessões de Perennial, mas que ficaram de fora do alinhamenrto do registo. São cinco composições que sobrevivem à custa de um experimentalismo sonoro eminentemente contemplativo e que, entre o indie rock e a folk, exalam um elevado travo psicadélico.
Melodias com um perfil sonoro eminentemente acústico, jogos de vozes que se intersetam entre si continuamente e delicados apontamentos sonoros apadrinhados por teclas e cordas, colocam a nú a elaborada e eficazmente arriscada filosofia experimental interpretativa de um grupo bastante seguro a manusear o arsenal instrumental de que se rodeia e que aposta cada vez mais em composições com arranjos inéditos e que são abordados e construídos através de uma perspetiva que se percebe ter resultado de um trabalho aturado de criação que, tendo pouco de intuitivo, diga-se, plasma, com notável impressionismo, a enorme qualidade musical dos Woods.
Assim, se o EP dá o pontapé de saída com Day Before Your Night, pouco mais de quatro minutos feitos com um som leve, cativante e repleto de texturas lisérgicas, a seguir, Lay With Luck, uma belíssima composição nostálgica, solarenga e ecoante, com um elevado travo reflexivo e íntimo, adornada por cordas exemplarmente dedilhadas, uma guitarra encharcada num fuzz fascinante e conduzida por uma bateria enleante, é um exemplo claro dessa tal aposta que mostra vigor, segurança e enorme cumplicidade. Depois, e ainda na senda dos instrumentais, uma nuance cada vez maior dos Woods e que também comprova este modus operandi abrangente, Stinson Morning, afirma com esplendor esta toada mais jazzística e subtilmente experimental.
Em suma, este EP além de servir de complemento eficaz e aditivo a um disco que tinha uma intenção clara de estabelecer um diálogo sonoro com o ouvinte que convidava à reflexão, ao mesmo tempo que nos induzia uma sonoridade agradável, sorridente e o mais orgânica possível, comprova aquela quase presunçosa segurança que os Woods demonstram na criação e na interpretação de canções que, tendo claramente o adn Woods, não são assim tão óbvias para os ouvintes. E isso acontece, e ainda bem, porque este projeto é exímio a passear por diferentes universos musicais sempre com superior encanto interpretativo e sugestivo pendor pop, enquanto se assume cada vez mais como uma banda fundamental do rock alternativo contemporâneo. Espero que aprecies a sugestão...