man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Still Corners – Dream Talk
Quase três após o excelente disco The Last Exit, que foi o quinto da carreira, a dupla britânica Still Corners está de regresso, em dois mil e vinte e quatro, com um novo álbum intitulado Dream Talk. Este novo trabalho do projeto formado por Greg Hughes e Tessa Murray, viu a luz do dia a cinco de abril, com a chancela da Wrecking Light Records, a própria etiqueta da banda.
Com origem em Terras de Sua Majestade, mas há já alguns anos sedeados nos Estados Unidos, os Still Corners têm pautado a sua carreira por calcorrear um percurso sonoro balizado por uma pop leve e sonhadora, íntima da natureza etérea e onde os sintetizadores são reis, mas também uma pop que pisca muitas vezes o olho aquele rock alternativo em que as guitarras eléctricas e acústicas marcam indubitavelmente uma forte presença.
Dream Talk não foge a estas permissas, em dez músicas que em pouco mais de meia hora proporcionam ao ouvinte uma aconchegante e nostálgica viagem por um universo estilístico, filosófico e sonoro, muito próprio, pleno de charme, enquanto marca, com segurança, mais um patamar evolutivo contundente no adn da banda, que de algum modo já descrevi acima.
Se no antecessor The Last Exit a folk era o sustento fundamental da base das canções, desta vez os Still Corners, sem renegarem a importância das cordas acústicas, ofereceram o papel principal aquela soul que procura recriar o ambiente nativo tipicamente americano, logo bem patente em Today Is The Day, a lindíssima canção que abre o disco e que versa sobre a importância de sabermos aproveitar o momento, já que a mudança permanente é uma das poucas certezas que temos nesta vida. Today Is The Day é um charmoso e insinuante tratado de dream pop leve e sonhadora, com um travo muito luminoso e sedutor, repleto de cordas reluzentes, trespassadas por diversas sintetizações lisérgicas, um modus operandi que vai sendo aprimorado no restante alinhamento do disco.
The Dream, uma das canções centrais do disco, é feliz na recriação exímia da moldura sonora que a dupla quiz induzir a Dream Talk. Trata-se de uma composição que, apontando timidamente para ambientes dançantes e contendo um efeito sintetizado retro, impressiona principalmente na saudável rugosidade orgânica que o baixo e a guitarra eletrificada oferecem à canção, que tem em ponto de mira um indisfarçável ambiente de romantismo e sensualidade. A partir daí, no travo pop oitocentista de Secret Love, no clima retro pop luxuriante de Faded Love, na luminosidade algo psicadélica do orgão que se insinua em Lose More Slowly, no requinte da insinuante guitarra que conduz Let´s Make Up, ou na abordagem mais intima e etérea de Crystal Blue, encontramos os grandes instantes de um álbum claramente primaveril e feliz, como estes tempos exigem e que sai airosamente do risco que contém, ao mesmo tempo que se define numa nova proposta instrumental, indo, propositadamente, ou não, ao encontro de um movimento atual que procura resgatar de forma renovada as principais marcas e particularidades sonoras de décadas anteriores, mas sem deixar de acrescentar e incuir a esse referencial retro toques de modernidade. Espero que aprecies a sugestão...