man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Lo Moon – I Wish You Way More Than Luck
Pouco mais de um ano depois do extraordinário álbum A Modern Life, a revigorante indie pop psicadélica dos norte-americanos Lo Moon de Matt Lowell está de regresso à boleia de I Wish You Way More Than Luck, um álbum com dez canções, produzido por Mike Davis (Ratboys, Pool Kids, Great Grandpa), misturado por Alan Moulder e que chegou aos escaparates com a chancela do consórcio Thirty Tigers / The Orchard.
Os Lo Moon são exímios no modo como criam canções com enorme essência pop, ao mesmo tempo que olham com gula para a melhor herança dos anos oitenta do século passado, com bandas como os Talk Talk a saltarem logo do nosso imaginário sonoro assim que escutamos alguma das suas criações que, no caso de I Wish You More Than Luck, falam daquilo que vamos deixando para trás ao longo da nossa vida, amigos, familiares, locais, amantes e a importância que a aceitação dessas evidências acaba por definir, quase sempre, o perfil sentimental da nossa jornada existencial.
Em canções como Evidence, que se debruça sobre a vontade que todos devemos ter de aprender com os nossos erros, começando por contemplar a inocência das primeiras relações amorosas e a jornada existencial que nesse instante das nossas vidas todos iniciamos e o modo como a mesma pode fazer de nós melhores companheiros e pessoas, está bem patente a filosofia estilística de um disco que, de facto, pretende estabelecer um forte contacto íntimo com o ouvinte e criar laços. Water mantém esse cunho de intimidade e de busca de identificação, mas é Borrowed Hills que, não renegando o perfil sonoro e estilistico dos temas anteriores, quem se assume como composição central do disco. Não será à toa que abre o seu alinhamento, servindo, assim, de montra para a filosofia subjacente ao conteúdo de I Wish You More Than Luck, álbum também muito marcado pela questão do pós pandemia e do modo como todos precisamos de encontrar novos horizontes e caminhos, num mundo em que se adivinha um futuro muito incerto e algo obscuro para todos nós.
A partir daí, no rock vibrante e impulsivo de Waiting a Lifetime, na reconfortante luminosidade de When The Kids Are Gone, na simplicidade folk de Day Old News e na insinuante grandiosidade de Mary In The Woods, somos afagados por pouco mais de quarenta minutos que, num misto de intimidade e majestosidade, na delicadeza das cordas, no toque suave do piano e em diversos efeitos cósmicos planantes, criam no nosso âmago uma intensa sensação de nostalgia, também conduzida pela falsete adocicado de Lowell, mostrando, com elevado grau de impressionismo, o modo astuto como este projeto natural de Los Angeles consegue, uma vez mais, mexer com as nossas emoções. Espero que aprecies a sugestão...