man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
J Mascis – What Do We Do Now
Pouco mais de meia década depois de Elastic Days, J Mascis, o líder dos míticos Dinosaur Jr, acaba de nos prendar com mais uma nova adição ao seu catálogo a solo. É um disco intitulado What Do We Do Now, um alinhamento de dez canções que viu a luz do dia recentemente, com a chancela da Sub Pop Records.
Sem novidades, e ainda bem, são as guitarras as grandes estrelas cintilantes de What Do We Do Now. Quer a nível melódico, quer no que diz respeito ao cardápio dos arranjos e do perfil interpretativo das mesmas, é esse o instrumento de eleição do edifício sonoro do disco, não fosse J Mascis um dos guitarristas mais proeminentes das últimas quatro décadas.
De facto, logo em Can't Believe Were Here, num misto reluzente entre rock alternativo noventista e um certo adn folk, fica carimbada a identidade de quase quarenta e cinco minutos que se escutam de um só travo e quase sem se dar por isso. O processo parece simples, mas comprova imensa experiência e traquejo, qualidades só ao alcance de um intérprete do calibre deste génio natural de Amherst, no Massachusetts e que, para gravar o álbum, teve a ajuda irrepreensível de Ken Mauri, teclista dos B-52 e de Matthew Doc Dunn, músico canadiano, natural de Ontário. As canções nascem a partir de uma base acústica bem delineada, que marca, inclusivamente, o seu ritmo e depois a bateria e os solos elétricos são adicionados, sempre com enorme bom gosto e obedecendo a um perfil sonoro que nos leva, num abrir e fechar de olhos, até à herança do melhor indie rock alternativo dos anos noventa do século passado.
Mesmo quando nos deparamos com um registo mais rugoso e intrincado, como em What Do We Do Now, ou quando em temas como I Can't Find You somos embalados por uma tonalidade mais contemplativa e jazzística, canções como Old Friends, um verdadeiro clássico de rock pulsante, ou Set Me Down, um curioso exercício hipnótico de agregação de diversas nuances percurssivas, definem, de modo contundente, uma identidade vincada, uma jovialidade e uma luminosidade festivas que se saúdam e que atestam também o habitual excelente humor e positivismo de J Mascis.
Em suma, e como seria de esperar, What Do We Do Now contém todas as marcas identitárias de um perfil interpretativo que foi sempre imagem de marca de um autor que nunca deixou de colocar na linha da frente uma indispensável radiofonia, sem deixar de tocar no âmago de quem o escuta com superior atenção e devoção. Este disco é um exercício bem sucedido de materialiação de uma coerência que não é sinónimo de redundância e que resultou num trabalho animado, radioso e com todos os ingredientes para se tornar num verdadeiro clássico de rock puro e duro, pulsante e de superior quilate, deste ano civil. Espero que aprecies a sugestão...