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King Creosote – I DES

Quinta-feira, 16.11.23

Kenny Anderson é o cantor e compositor escocês que dá vida ao fantástico projeto King Creosote que já não dava sinais de vida desde o excelente registo Astronaut Meets Appleman, de dois mil e dezasseis. Sete anos depois desse notável alinhamento de dez canções, King Creosote está de regresso aos discos com um registo intitulado I DES, que viu a luz do dia a três de novembro com a chancela de Domino Recordings.

King Creosote interview: Why there's no place like home | The Independent |  The Independent

Personalidade exímia no modo como retrata uma Escócia repleta de especificidades, com uma cultura milenar e uma história ímpar de sobrevivência, Kenny Anderson utiliza a música como forma de homenagear a terra onde nasceu e sempre viveu, conseguindo, em simultâneo, colocar-nos bem no epicentro de tudo aquilo que o define enquanto pessoa, artista e cidadão. I DES, o seu novo tomo de dez canções e o quinto de uma já notável carreira com a assinatura King Creosote, é um notável catálogo de indie folk majestosa, imponente e, melhor do que isso, melodicamente tocante. Todas as composições do registo têm uma faceta incrivelmente enleante, no modo como nos cativam e nos seduzem, porque mesmo que narrem histórias de angústia, luta contra adversidades, ou de esperança em melhores dias, deixam-nos boquiabertos e, de certo modo, hipnotizados, perante uma indisfarçável beleza melódica que, como é óbvio, só se explica perante a enorme detreza criativa e interpretativa do autor.

Canções como Blue Marbled Trees, um tema grandioso, épico e vibrante, It’s Sin That’s Got Its Hold Upon Us, a canção que abre o alinhamento do disco e que versa sobre a adição a substâncias psicotrópicas e as marcas que as drogas deixam no nosso subconsciente e no nosso corpo, mesmo depois de estarmos libertos das suas amarras, ou Burial Bleak, um soporífero levitante de cordas e teclas que mais parecem asas que nos acomodam rumo ao infinito, são exemplos notáveis de canções que à medida que vão crescendo em arrojo e emotividade, impressionam também pelo modo como a voz sempre clemente de Anderson, exorciza tudo aquilo que não só ele, mas todo um povo e uma civilização têm necessidade de partilhar e de soprar aos quatro ventos. Por isso, é num sentimento constante de ebulição que se ouve I DES, um disco que nunca deixa o ouvinte acomodar-se, forçando-o, no sentido positivo do termo, a estar constantemente alerta e motivado para aquilo que escuta.

Num compêndio de canções que exorcizam eventos passados e que contêm um indisfarçável travo a renascimento, renovação ou ressurreição, o que quiserem chamar, celebrando, desse modo, um futuro que para muitos poderá ser inquietante, mas que para King Creosote parece ser a melhor escapatória possível, um registo percurssivo quase sempre arritmado e vigoroso, teclados hipnóticos e um vasto catálogo de sopros das mais diversas proveniências instrumentais, preenchem o catálogo instrumental de I DES, um álbum portentoso e em que angústia e libertação são sensações que se fundem, quase sem se dar por isso, um modus operandi que resulta num clímax onde não falta um invulgar travo psicadélico. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:39






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