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Dayzed – Wake Up The Sun

Quinta-feira, 09.11.23

Dayzed é o título de um projeto a solo encabeçado por Josh Prendergast, um músico natural de Melbourne e que se estreou em dois mil e dezassete com um promissor EP intitulado Haze. Agora, no início do verão australiano e do nosso inverno, Dayzed estreia-se no formato longa-duração à boleia de Wake Up The Sun, um belíssimo alinhamento de nove canções que estão estruturalmente balizadas num indie rock abrangente, um exercicio criativo de mescla de diferentes influências que abraçam todo um arco sonoro que vai do rock progressivo com adn setentista, à pop oitocentista e ao espírito alternativo da década seguinte, a última do século passado, sempre com um ímpar espírito shoegaze.

Logo a abrir o registo, o isntrumental que lhe dá nome, escancara o ouvinte num universo sonoro muito peculiar e que alimenta as ilusões de Josh, um claro romântico sonhador que, adivinha-se, vibra com a possibilidade de um mundo mais luminoso, otimista e prazeiroso e menos rotineiro, ruidoso e enevoado. O timbre estridente agudo ecoante da guitarra é, desde logo, uma imagem de marca, que se torna fulgurante na subtilmente arrastada introdução de Tidal Gaze, composição que apresenta, finalmente, o modo impositivo como o autor coloca a sua voz ao serviço de uma trama sonora que quer deixar uma marca indelével no ouvinte, proporcionando-lhe, inicialmente, um apenas aparente caos, mas que rapidamente se torna num exercício auditivo exultante e retemperador.

Como é habitual nos projetos australianos que nos vão chegando aos ouvidos, há algo de majestoso, épico e ecoante na música de Dayzed, certamente fruto da imensidão de um continente ímpar que parece inspirar particularmente a recriação de composições sonoras com uma vibe psicadélica incomum e sempre prodigiosa, diga-se. Mesmo o travo folk de Quicksand deixa-se envolver por cascatas quase incontroladas de sintetizações que, com uma toada crescente e progressiva, ampliam-se no modo como acamam diversos arranjos das mais variadas proveniências, acústicas, eletrificadas e sintéticas. Depois, o reverb da guitarra que sustenta, de modo despudorado, Sometimes, assenta num buliçoso travo grunge, que ajuda a ampliar a sensação de abrangência e de epicidade de um álbum que está, de facto, repleto de arranjos meticulosos e em que o detalhe é um aspeto essencial, mesmo que o ruído seja um fator preponderante na equação, ao longo dos quase quarenta minutos que a sua audição dura. Essa sensação mantém-se, logo a seguir, em Now You Know, uma canção que contém instantes que tanto agarram no tal efeito metálico agudo ecoante da guitarra pelas rédeas para indicar o caminho melódico que o tema deve seguir, como, logo a seguir, oferecem a outra guitarra plena de fuzz e a cascatas de sintetizações estridentes a primazia nessa demanda. Aliás, pouco depois, On The Run, repete esta curiosa impressão.

Want It All acaba por ser a cereja no topo do bolo Wake up The Sun, no modo como, através de um perfil simultaneamente dançante e garageiro, deixa a nu a elevadíssima perícia interpretativa de Josh com a guitarra, mas também com o baixo, evidência que o travo punk lo fi da hipnótica Tunnel Vision atesta com semelhante, ou até superior, mestria.

Banda sonora perfeita para um fim de tarde proolongado e com o sol de frente a dizer-nos adeus, mais do que o dealbar da manhã que o título do disco sugere, Wake Up The Sun quase que nos transporta rumo a essa rotineira jornada cósmica natural que encerra os dias. É um disco imponente, mas também repleto de fragilidades e emoções que consomem todos e cada um de nós, num resultado final repleto de guinadas, interseções, detalhes inesperados, trechos de puro experimentalismo e, acima de tudo, preenchido com um travo de fragilidade e inocência que é, sem dúvida, um dos grandes atributos de Wake Up The Sun. Uma grande estreia de um projeto sagaz, porque é numa espécie de jogo de aparentes contradições entre luz e rugosidade que o ouvinte é, ao longo da sua audição, instigado, seduzido e prendido a um alinhamento que vicia. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:05






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