man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Black Pumas – Angel
A dupla Black Pumas, formada por Eric Burton e Adrian Quesada, estreou-se nos lançamentos discográficos com um registo homónimo lançado em dois mil e dezanove, um álbum que venceu sete Grammys e recebeu imensos elogios por parte da crítica especializada. Agora, quatro anos depois dessa auspiciosa estreia, a dupla prepara-se para voltar a impressionar à boleia de Chronicles of a Diamond, um registo que chegará aos escaparates no final deste mês de outubro. São dez composições produzidas pelo próprio Adrian Quesada e que irão, certamente, burilar ainda mais uma mescla de estilos, nomeadamente o rock, a soul, o blues, o jazz e o funk psicadélico, um modus operandi que faz já parte do adn Black Pumas.
More Than A Love Song, a canção que abre o alinhamento de Chronicles of a Diamond, foi a primeira amostra revelada do disco, um tema que esteve em alta rotação na nossa redação há pouco mais de um mês, como certamente os leitores e os ouvintes mais atentos se recordam. Depois, também escutámos, mais recentemente, Mrs. Postman, uma divertida e insinuante composição, que impressionou pelo modo como um piano pleno de soul, exemplarmente tocado por JaRon Marshall, convidado especial da dupla, a sustentava.
Agora chega a vez de nos deliciarmos com Angel, o terceiro single retirado do disco e a quinta do alinhamento de Chronicles Of A Diamond. Angel é uma canção mais intimista e, de certo modo, mais intrincada que as anteriores. Uma viola acústica dá o mote para quase cinco minutos simultaneamente singelos e hipnóticos, plenos de emoção e que demonstram, uma vez mais, o modo como o registo vocal sensual de Eric Burton é exímio a contar eventos aparentemente ordinários, mas que ganham, através do seu registo interpretativo exemplar, uma amplitude sentimental ímpar. Confere...
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The Sweet Serenades – Everything Dies
Quase uma década depois do registo Animal e três de City Lights, o projeto sueco The Sweet Serenades, assinado agora apenas por Martin Nordvall, mas que já contou, em tempos, com a companhia de Mathias Näslund, tem um novo disco intitulado Everything Dies, nove canções abrigadas pela Leon Records, um selo da própria banda, e que abrilhantam com enorme intensidade um projeto discográfico que abriu as hostilidades em dois mil e nove com Balcony Cigarettes, rodela que continha On My Way, Mona Lee e Die Young, três canções que, à época, fizeram furor no universo musical indie e alternativo. Esse último tema fez parte da banda sonora da série Anatomia de Grey e reza a lenda que, na altura, a ainda dupla gastou os royalties muito bem gastos; Martin foi ao dentista, Mathias comprou um cão e investiram numa rouloute, para passar o tempo, escrever canções e discutir assuntos pertinentes relacionados com a existência humana.
Produzido por Johannes Berglund, Eveything Dies é, conforme o nome do disco indica, fortemente influenciado pela morte de alguém, neste caso o pai de Martin. Mas, para contrabalançar um pouco a névoa, também tem bastantes marcas relacionadas com a experiência recente do músico na paternidade. É um disco que sonoramente encontra os seus alicerces numa filosofia sonora tipicamente indie, como seria de esperar, mas em que rock e eletrónica se fundem de modo a criar uma amálgama sonora, de caráter urbano e carregada de charme, com uma cadência maior para o campo da eletrónica, nuance que, aliás, já era marcante no antecessor City Lights.
Esta abordagem cada vez mais incisiva do projeto The Sweet Serenades em ambientes sonoros que privilegiam o sintético em detrimento do orgânico é, certamente, fruto do fim de uma relação a dois que contribuia para que o equilibrio entre dois territórios sonoros com especificidades bem vincadas fosse uma realidade, algo que agora já não é possível. Martin, agora sozinho aos comandos do barco, opta por compor e dar corpo às suas canções utilizando artifícios cada vez mais tecnológicos, com os sintetizadores a serem o seu instrumento de eleição. Don't Cry, por exemplo, é um excelente exemplo desta opção estílística cada vez mais focada na eletrónica, colocando nos antípodas o mítico tema Can't Get Enough, uma ode punk lo-fi, que catapultou este projeto sueco para o estrelato há uma década atrás.
No entanto, não se pense que o estrelato já não pode oferecer aconchego aos The Sweet Serenades. Logo a abrir o registo, o tema homónimo oferece-nos um registo vibrante e impulsivo que não deixa de, ao seu modo, olhar com impecável sentido nostálgico para a melhor pop oitocentista. Depois, o timbre metálico das cordas que adornam e sustentam Walk Away, permite-nos identificar o amplo arco influencial que carimba, com enorme astúcia, o extraordinário perfil interpretativo de Sundvall, um músico de corpo inteiro capaz de navegar entre géneros opostos, sem descarrilar rumo à redundância e, no meio da queda, perder a sua identidade sonora.
A partir daí a majestosa epicidade de Akhilia, uma canção com uma intensa tonalidade percurssiva, a soturnidade hipnótica ecoante e algo inquietante de Back In Your Arms, o banquete cósmico que nos delicia em Shapes and Colors e o imediatismo fulgurante que exala do rock sem espinhas que dá corpo a Hey Little Bird, canção que conta com a participação especial da também sueca Jennie Abrahams, mostram-nos que este Everything Dies é um álbum que, sendo na sua génese emocionalmente rico, acaba por ser trespassado, de alto a baixo, por um perfil sonoro vasto e abrangente que, num misto de euforia e de contemplação, reforça a justeza da obtenção por parte destes The Sweet Serenades de uma posição mais relevante junto do público em geral e não só na região nórdica. Espero que aprecies a sugestão...
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Kula Shaker – Indian Record Player
Depois do lançamento de um EP no final de dois mil e vinte um e seis anos após o registo K 2.0, que comemorou os vinte anos do mítico K, os britânicos Kula Shaker lançaram no verão do ano passado um fabuloso álbum intitulado 1st Congregational Church Of Eternal Love And Free Hugs, um tomo de vinte temas que comprovaram que este projeto, que surpreendeu em mil novecentos e noventa e seis com o tal K, até à data o disco de estreia mais rapidamente vendido em Terras de Sua Majestade, vive num mundo completamente à parte, já que para os Kula Shaker o tempo é uma noção que não existe, tendo parado para o quarteto algures no final da década de sessenta do século passado.
Agora, pouco mais de um ano depois deste extraordinário lançamento, os Kula Shaker já estão de regresso com outro álbum, um trabalho intitulado Natural Magick, que irá ver a luz do dia a vinte e seis de janeiro próximo. No verão recente a banda liderada por Crispian Mills revelou Waves, o primeiro single retirado do alinhamento de Natural Magick. Mas já é possível conferirmos outro single do disco; É um tema intitulado Indian Record Player, uma composição assente em vibrantes cordas, com um fuzz enérgico e encharcada num estupendo groove que as palmas ajudam a ampliar com enorme requinte, num resultado final que materializa uma indisfarçável ode à melhor herança psicadélica setentista. Confere...
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King Creosote – It’s Sin That’s Got Its Hold Upon Us
Kenny Anderson é o cantor e compositor escocês que dá vida ao fantástico projeto King Creosote que já não dava sinais de vida desde o excelente registo Astronaut Meets Appleman, de dois mil e dezasseis. Sete anos depois desse notável alinhamento de dez canções, King Creosote está de regresso aos discos com um registo intitulado I DES, que irá ver a luz do dia a três de novembro com a chancela de Domino Recordings.
Blue Marbled Elm Trees foi o primeiro single retirado do alinhamento de I DES, a segunda composição de um total de nove. Era, como certamente se recordam, um tema grandioso, épico e vibrante. Agora chega a vez de escutarmos It’s Sin That’s Got Its Hold Upon Us, a canção que abre o alinhamento do disco e que versa sobre a adição a substâncias psicotrópicas e as marcas que as drogas deixam no nosso subconsciente e no nosso corpo, mesmo depois de estarmos libertos das suas amarras.
Como se exige a qualquer composição de abertura de disco, It’s Sin That’s Got Its Hold Upon Us é uma exemplar porta de entrada para mesmo, um tema que ajuda o ouvinte a percecionar, desde logo, o que vai encontrar daí em diante. É um tema assente em cordas luminosas, onde não faltam violinos esplendorosos e um registo percurssivo vigoroso e de elevado travo orgânico, uma composição em que folk e psicadelia se confundem e se fundem com ímpar sentimentalismo. Confere...
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bdrmm – Mud
Os britânicos bdrmm de Ryan Smith, Jordan Smith, Joe Vickers, Danny Hull e Luke Irvin, regressaram no passado mês de junho aos discos, com um tomo de canções intitulado I Don't Know, que sucedeu ao extraordinário registo de estreia, intitulado Bedroom, que viu a luz do dia em dois mil e vinte. Cerca de quatro meses depois desse álbum, os bdrmm estão de regresso aos holofotes com Mud, uma nova canção do quinteto natural de Hull.
Mud foi incubada durante o processo de gravação do conteúdo de I Don't Know e contou com a ajuda inestimável de Alex Greaves, habitual colaborador dos bdrmm, que também produziu toda a discografia da banda, incluindo o EP de estreia If Not, When?, que antecipou Bedroom. É uma composição que aborda o conceito de perda e como pode ser possível lidar com o fim de algo, mesmo antes de isso ter acontecido, de modo a que as memórias depois não tenham um peso tão dramático. Mud tem um forte cariz sintético, com uma bateria eletrónica e diversas sintetizações etéreas, que se vão entrelaçando e sobrepondo entre si, a criar um clima próximo do chamado trip hop, um subgénero sonoro que mescla rock e eletrónica e que nomes distintos como os Massive Attack, por exemplo, eternizaram há pouco mais de duas décadas. Confere...
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Luke Sital-Singh – I Will Follow You Into The Dark
O britânico Luke Sital-Singh, um artista muito querido para a nossa redação e agora radicado na costa oeste do outro lado do Atlântico, lançou em setembro do ano passado um excelente disco intitulado Dressing Like A Stranger, disponivel no bandcamp do artista, um alinhamento de onze canções que plasmam de modo tremendamente fiel o espírito intimista e profundamente reflexivo deste artista e o habitual misticismo a a inocência da sua filosofia sonora.
Depois desse tomo de canções em formato longa duração, Luke Sital-Singh tem-se dedicado à divulgação de vários temas avulsos que, para já, ainda não trazem atrelado o anúncio de um sucessor para esse Dressing Like A Stranger. O mais recente é I Will Follow You Into The Dark, uma versão de um original dos Death Cab For Cutie, que fazia parte do disco Plans que a banda de Los Angeles lançou em dois mil e cinco.
Na roupagem que Luke Sital-Singh oferece a um verdadeiro clássico da carreira dos Death Cab For Cutie, o músico britânico aprimora o elevado sentimentalismo da composição, servindo-se de um ambiente bastante intimista e minimal para, numa simbiose entre acusticidade, eletrónica ambiental e alguns dos melhores detalhes do R&B contemporâneo, criar uma versão com uma pegada folk eminentemente melancólica, que atinge, na nossa opinião, um elevado grau de brilhantismo. Confere...
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Midlake & John Grant – Roadrunner Blues vs You Don’t Get To
Todos certamente se recordam de Queen Of Denmark, o fabuloso disco de estreia de John Grant, editado em dois mil e dez e que teve nos créditos de produção o coletivo Midlake. Treze anos depois dessa extraordinária colaboração, Midlake e John Grant voltam a dar as mãos para incubar um curioso EP com duas canções intitulado Roadrunner Blues, mostrando que a magia desta relação entre a banda texana e o músico natural de Denver mantém-se incólume e assertiva.
John Grant é uma personagem muitas vezes ambígua, mas sempre determinada nas suas crenças e convicções acerca de um mundo que, apesar de mentalmente mais aberto e liberal, continua a ser um lugar estranho para quem nunca hesita em ser implacável, mesmo consigo próprio, na hora de tratar abertamente e com muita honestidade e coragem os seus problemas relacionados com o vício de drogas, distúrbios psicológicos, relacionamentos amorosos traumáticos e o preconceito. Na vertente sonora desta relação pouco pacífica com o exterior, os Midlake, que infelizmente nunca conseguiram a notoriedade de Grant, sempre foram, na verdade, uma espécie de porto de abrigo seguro para o músico e este EP com duas canções é mais um capítulo nessa relação estreita e profícua.
Quanto aos Midlake, também tiram, em abono da verdade, proveitos deste abraço fraterno com Grant, porque desde Antiphon, em dois mil e treze, têm tido dificuldade em se manter à tona. Aliás, esse disco já foi muito marcado ausência do vocalista Tim Smith, que abandonou o projeto um ano antes e obrigou o sexteto, que passou a quinteto, a começar do zero e a criar, de certa forma e em termos de sonoridade, aquilo que se pode chamar de uma nova banda. Antífona, uma peça musical religiosa, entoada no canto gregoriano por dois coros, foi, nessa altura, a ideia de banda, de conjunto, de união, de ajuda artística mútua entre os cinco músicos restantes, que se expressa também na relação que os Midlake alimentam com John Grant.
Assim, se em Roadrunner Blues escutamos um portento soul, com uma toada crescente e progressiva, com cascatas de guitarras e de efeitos sintéticos a terem um resultado final muito charmoso, emotivo e com um delicioso travo setentista e psicadélico, já You Don't Let Go é um sofisticado e cósmico tratado sonoro que cruza um vincado espírito shoegaze com alguns dos tiques essenciais do melhor rock alternativo setentista. O piano planante e o detalhe das cordas da guitarra a introduzirem a entrada em cena de guitarras encharcadas num fuzz vigoroso, aprimora, nesta canção, uma sofisticada toada pop que amplia um ambiente particularmente épico e deslumbrante. Uma espetacular colaboração entre dois projetos únicos. Confere...
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Jaguar Sun – I Feel It
Tem sido presença assídua recente neste espaço de crítica e divulgação sonora, um projeto a solo chamado Jaguar Sun, com origens em Ontário, no Canadá e encabeçado pelo multi-instrumentista Chris Minielly. É um músico que navega nas águas serenas de uma indie pop apimentada por paisagens ilidíacas e que começou por impressionar esta redação no verão de dois mil e vinte com This Empty Town, o disco de estreia, um trabalho que teve sucessor no ano seguinte, um disco com onze canções intitulado All We've Ever Known e que tinha a chancela da Born Losers Records.
Agora, cerca de dois anos depois do sempre dificil segundo disco, Jaguar Sun está de regresso com uma nova canção que, para já, ainda não traz consigo o anúncio de mais um álbum. O tema intitula-se I Feel It e oferece-nos um buliçoso e frenético cocktail sonoro, de cariz fortemente hipnótico, mas também solarengo e lisérgico, uma canção em que a guitarra toma as rédeas, exemplarmente acompanhada por diversos efeitos sintéticos levitantes e um registo percurssivo vigoroso, sem perder um espiríto minimalista e particularmente charmoso. São estas as nuances de uma moeda cunhada para para exalar aquele charme lo fi típico, pelas mãos de quem é mestre em adornar uma simples sucessão de acordes e uma sobreposição feliz de diversos trechos melódicos, muitas vezes de forte pendor minimalista, em instantes de pura levitação soul. Confere...
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Molly Burch – Daydreamer
Dois anos depois do excelente registo Romantic Images, lançado no verão de dois mil e vinte e um e que na altura sucedeu ao excelente First Flower de dois mil e dezanove, a cantora e compositora Molly Burch está de regresso ao formato longa duração com Daydreamer, o seu quinto trabalho, um registo de dez canções, que viu recentemente a luz do dia, com a chancela da Captured Tracks.
Esta artista natural de Austin, no Texas, sente-se claramente confortável naquele terreno sonoro que se carateriza por ambientes algo nebulosos e jazzísticos e que não descuram uma leve pitada de R&B, tendo sempre como base os cânones fundamentais da melhor indie pop atual, que tem tido quase sempre, nas diversas propostas conhecidas mais relevantes, um cariz retro indisfarçável.
É esta a filosofia estilística que norteia o conteúdo de Daydreamer, um álbum muito confessional, como é apanágio em Molly Burch, até porque procura recriar no seu conteúdo alguns dos momentos mais marcantes da sua infância e adoescência e do processo de descoberta da sua própria intimidade e do modo como aprendeu a lidar e a crescer, no contacto com aqueles que a rodearam, com os seus traumas, frustrações e medos.
Canções como Physical, um portento de sensualidade, ou Daydreamer, composição efusiva, que impressiona pelo modo como o refrão sobrevive em redor de um ritmo repleto de groove, marcado por palmas, um buliçoso piano, várias sintetizações cósmicas e uma guitarra charmosa, são exemplos paradigmáticos de um modus operandi que, no fundo, acaba tabém por ser muito feminino, charmoso e emotivo, mesmo tendo um propósito que, à partida, poderá parecer algo perturbador, já que versa imenso sobre insegurança e vulnerabilidade. Tattoo é outro extraordinário tema que cumpre essa função tão íntima. É uma canção dedicada a Lena Loucks, a melhor amiga da juventude de Molly, que faleceu quando ambas tinham dezanove anos, é outra composição que plasma as virtudes interpretativas da autora enquanto contadora de histórias tão suas, num processo de exorcização certamente consciente e que é transversal a todo o conteúdo de Daydreamer. O próprio vídeo de Tattoo acentua essa tónica saudosista, já que contou, na sua concepção, com a colaboração de Mia Loucks, irmã de Lena e nele vê-se a falecida amiga de Molly em algumas situações do quotidiano, evocando, assim, com ímpar beleza e simplicidade, a memória de alguém que era certamente muito especial.
Daydreamer proporciona ao ouvinte uma experiência auditiva única e que dificilmente o deixará indiferente, caso seja apreciador de ambientes sonoros que não deixam de marcar pelo modo como instigam, porque podem ter um perfil claramente identificativo, mas que sonoramente são brisas amenas que proporcionam uma superior sensação de conforto e de esperança. Espero que aprecies a sugestão...
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Gruff Rhys – Celestial Candyfloss
Enquanto os míticos Super Furry Animals permanecem numa pausa mais ou menos indefinida, Gruffydd Maredudd Bowen Rhys, nascido em dezoito de julho de mil novecentos e setenta no País de Gales, continua a cimentar a sua bem sucedida carreira a solo com álbuns onde vai testando progressivamente novas fórmulas um pouco diferentes do rock alternativo com toques de psicadelia da banda de onde é originário.
O seu último exercício criativo foi Seeking New Gods, em dois mil e vinte e um, numa demanda que teve início em dois mil e quatro com Yr Atal Genhedlaeth, um disco divertido e cantado inteiramente no idioma galês. Dois anos depois, com Candylion, o músico atingiu ainda maior notoriedade, num trabalho que contou com a participação especial do grupo de post rock Explosions in The Sky, além da produção impecável de Mario Caldato Jr, que já trabalhou com os Beastie Boys e os Planet Hemp, entre outros. Em dois mil e onze, com Hotel Shampoo, Gruff apostou em composições certinhas feitas a partir de uma instrumentação bastante cuidada, que exalava uma pop pura e descontraída por quase todos os poros. Três anos depois, em dois mil e catorze, o galês regressou com American Interior, a banda sonora de um filme onde Rhys era o ator principal e embarcava numa viagem musical pela América repetindo a aventura do explorador e seu antepassado, John Evans, no século dezoito. Em dois mil e dezoito, Babelsberg ampliou até um superior nível qualitativo a visão incomum de Rhys relativamente aqueles que o músico considerava ser os grandes eixos orientadores de uma pop alicerçada num salutar experimentalismo e onde não existem limites para a simbiose entre diferentes estilos musicais e, no ano seguinte, com Pang!, o músico galês viajou da psicadelia folk, ao funk, passando pela tropicalia e o jazz, num verdadeiro festim sonoro global.
No início de dois mil e vinte e quatro, Gruff Rhys vai regressar aos álbuns à boleia de Sadness Sets Me Free, um alinhamento de dez canções que terá a chancela da Rough Trade. Será o oitavo trabalho do músico e Celestial Candyfloss, a terceira canção retirada do alinhamento de Sadness Sets Me Free, é o single de apresentação de mais um tomo de canções que deverão olhar para o indie rock de cariz eminentemente experimental e psicadélico com elevada gula. Essa é, pelo menos, a impressão que a audição de Celestial Candyfloss transparece. É uma composição intensa, que fala sobre a busca do amor e da aceitação, com um forte pendor classicista e sinfónico, conferido por uma secção de cordas vibrante e onde vão deambulando diversos elementos percurssivos, orgÂnicos e sintéticos, com um piano a abrilhantar a destreza melódica de uma canção que nos oferece uma curiosa viagem no tempo, porque nunca deixa de ter, por incrível que pareça, um travo de contemporaneidade em toda uma amálgama que foi eficazmente idealizada e minuciosamente plasmada. Confere o vídeo de Celestial Candyfloss, dirigido por Mark James e o artwork e a tracklist de Sadness Sets Me Free...
Sadness Sets Me Free
Bad Friend
Celestial Candyfloss
Silver Lining (lead balloons)
On The Far Side Of The Dollar
They Sold My Home To Build A skyscraper
Peace Signs
Cover up The Cover Up
I Tended My Resignation
I’ll Keep Singing