man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Sweet Serenades – Everything Dies
Quase uma década depois do registo Animal e três de City Lights, o projeto sueco The Sweet Serenades, assinado agora apenas por Martin Nordvall, mas que já contou, em tempos, com a companhia de Mathias Näslund, tem um novo disco intitulado Everything Dies, nove canções abrigadas pela Leon Records, um selo da própria banda, e que abrilhantam com enorme intensidade um projeto discográfico que abriu as hostilidades em dois mil e nove com Balcony Cigarettes, rodela que continha On My Way, Mona Lee e Die Young, três canções que, à época, fizeram furor no universo musical indie e alternativo. Esse último tema fez parte da banda sonora da série Anatomia de Grey e reza a lenda que, na altura, a ainda dupla gastou os royalties muito bem gastos; Martin foi ao dentista, Mathias comprou um cão e investiram numa rouloute, para passar o tempo, escrever canções e discutir assuntos pertinentes relacionados com a existência humana.
Produzido por Johannes Berglund, Eveything Dies é, conforme o nome do disco indica, fortemente influenciado pela morte de alguém, neste caso o pai de Martin. Mas, para contrabalançar um pouco a névoa, também tem bastantes marcas relacionadas com a experiência recente do músico na paternidade. É um disco que sonoramente encontra os seus alicerces numa filosofia sonora tipicamente indie, como seria de esperar, mas em que rock e eletrónica se fundem de modo a criar uma amálgama sonora, de caráter urbano e carregada de charme, com uma cadência maior para o campo da eletrónica, nuance que, aliás, já era marcante no antecessor City Lights.
Esta abordagem cada vez mais incisiva do projeto The Sweet Serenades em ambientes sonoros que privilegiam o sintético em detrimento do orgânico é, certamente, fruto do fim de uma relação a dois que contribuia para que o equilibrio entre dois territórios sonoros com especificidades bem vincadas fosse uma realidade, algo que agora já não é possível. Martin, agora sozinho aos comandos do barco, opta por compor e dar corpo às suas canções utilizando artifícios cada vez mais tecnológicos, com os sintetizadores a serem o seu instrumento de eleição. Don't Cry, por exemplo, é um excelente exemplo desta opção estílística cada vez mais focada na eletrónica, colocando nos antípodas o mítico tema Can't Get Enough, uma ode punk lo-fi, que catapultou este projeto sueco para o estrelato há uma década atrás.
No entanto, não se pense que o estrelato já não pode oferecer aconchego aos The Sweet Serenades. Logo a abrir o registo, o tema homónimo oferece-nos um registo vibrante e impulsivo que não deixa de, ao seu modo, olhar com impecável sentido nostálgico para a melhor pop oitocentista. Depois, o timbre metálico das cordas que adornam e sustentam Walk Away, permite-nos identificar o amplo arco influencial que carimba, com enorme astúcia, o extraordinário perfil interpretativo de Sundvall, um músico de corpo inteiro capaz de navegar entre géneros opostos, sem descarrilar rumo à redundância e, no meio da queda, perder a sua identidade sonora.
A partir daí a majestosa epicidade de Akhilia, uma canção com uma intensa tonalidade percurssiva, a soturnidade hipnótica ecoante e algo inquietante de Back In Your Arms, o banquete cósmico que nos delicia em Shapes and Colors e o imediatismo fulgurante que exala do rock sem espinhas que dá corpo a Hey Little Bird, canção que conta com a participação especial da também sueca Jennie Abrahams, mostram-nos que este Everything Dies é um álbum que, sendo na sua génese emocionalmente rico, acaba por ser trespassado, de alto a baixo, por um perfil sonoro vasto e abrangente que, num misto de euforia e de contemplação, reforça a justeza da obtenção por parte destes The Sweet Serenades de uma posição mais relevante junto do público em geral e não só na região nórdica. Espero que aprecies a sugestão...