man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Elephant – Shooting For The Moon
Com três anos de existência, os Elephant são um coletivo dos Países Baixos, sedeado em Roterdão. Estrearam-se em dois mil e vinte e um com um EP homónimo que teve uma forte repercurssão no país natal e que valeu a chancela da etiqueta local Excelsior Recordings, que acabou por abrigar, no ano seguinte, o disco de estreia do projeto, um trabalho intitulado Big Thing, que foi destaque no verão de dois mil e vinte e dois na nossa redação.
Agora, apenas um ano depois de Big Thing, os Elephant estão de regresso aos álbuns com Shooting For The Moon, um alinhamento de dez canções que chegou por estes dias aos escaparates e que solidifica a excelente impressão que o quarteto nos tinha deixado com Big Thing. de facto, Shooting For The Moon personifica, conforme o título indica, um tiro certeiro na recriação de um ambiente muito próprio, ligeiramente narcótico e implacavelmente sedutor, um daqueles discos que, feito com canções tocantes e imersivas, nos deixa, literalmente, no mundo da lua.
A receita não tem grandes segredos mas é tremendamente eficaz; Existe no processo de recriação sonora dos Elephant uma inegável mestria no controlo melódico das canções, que apostam sempre num descarado perfil radiofónico, mas que não cai em redudâncias ou facilitismos. São temas orelhudos, é um facto, mas também são esteticamente ricos, compactos, heterógeneos e repletos de esquinas e nuances que vale bem a pena destrinçar com audições sucessivas.
The Morning, composição que conta com a participação especial da cantora Meskerem Mees, é um extroardinário exemplo deste modus operandi. É um tema luminoso, rico e apelativo, que, aposta num timbre metálico de uma viola acústica insinuante e de forte pendor experimental. Depois, a balada Baby Jean oferece também o protagonismo à viola, mas aqui o resultado final é eminentemente reflexivo e intimista, com diversos efeitos planantes a enredarem-se com um dedilhar astuto e tecnicamente intocável, oferecerendo, desse modo, à melodia um travo charmoso irresistível, impressões sonoras que são já imagem de marca deste projeto neerlandês. Descrevo esepcificamente estas duas canções porque deambulam por pólos aparentemente opostos, mas têm imensos pontos e aspetos em comum, ou seja, é na diversidade e na riqueza estilística, feita com equilíbrio e sem exageros desnecessários, que os Elephant sustentam a sua filosofia sonora e, no fundo, o seu adn, pleno de especificidades que cimentam uma identidade já bem delineada.
Shooting for The Moon é, portanto, um disco de confirmação de um caso sério no panorama indie e alternativo europeu, que tem o aclamado rock setentista com uma indecritível pitada de lisergia, como principal sustento e, partindo dess base, toda a herança do melhor indie pop rock alternativo das últimas décadas como territórios alvo de bicadas mais ou menos profundas, de canção para canção, num resultado final com um charme muito próprio e intenso e com um polimento reluzente e impecavelmente burilado. E um outro enorme atributo deste alinhamento é, liricamente, debruçar-se sobre as agruras de uma faixa etária cada vez mais confusa nas oportunidades disponíveis, mas consciente daquilo que quer, acabando por personificar aquele grito de raiva que muitas vezes é imprescindível soltar no clímax de um instante reflexivo, que pode muito bem ter Shooting For The Moon como banda sonora. Espero que aprecies a sugestão...