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Woods - Perennial

Sexta-feira, 15.09.23

Com uma dezena de discos no seu catálogo, os Woods são, claramente, uma verdadeira instituição do indie rock alternativo contemporâneo. De facto, esta banda norte americana oriunda do efervescente bairro de Brooklyn, bem no epicentro da cidade que nunca dorme e liderada pelo carismático cantor e compositor Jeremy Earl e pelo parceiro Jarvis Taveniere, aos quais se junta John Andrews, tem-nos habituado, tomo após tomo, a novas nuances relativamente aos trabalhos antecessores, aparentes inflexões sonoras que o grupo vai propondo à medida que publica um novo alinhamento de canções. E foi isso que sucedeu em dois mil e vinte com Strange To Explain, um álbum que, plasmando tais laivos de inedetismo, entroncou num fio condutor, com particular sentido criativo, enquanto abarcou todos os detalhes que o indie rock, na sua vertente mais pura e noise e a folk com um elevado pendor psicadélico permitem.

Woods Share New Double Single "Another Side"/"Weep" off Forthcoming LP  'Perennial'

Agora, três anos depois desse espetacular registo que figurou na lista dos melhores álbuns de dois mil e vinte para a nossa redação, na décima nona posição, os Woods estão de regresso aos discos com Perennial, um alinhamento de onze canções que acaba de ver a luz do dia com a chancela da Woodsist. Perennial começou por ser incubado na mente de Jeremy e depois os esboços das canções foram aprefeiçoados por toda a banda na casa do músico em Nova Iorque e nos estúdios Panoramic House, sedeados em Marin County, a norte de São Francisco, na Califórnia.

E de facto, como é norma nos Woods, Perennial é mais uma guinada no percurso sonoro do projeto. Mantendo o perfil eminentemente indie folk, trespassado por algumas das principais nuances do rock alternativo contemporâneo, é um disco que, no entanto, coloca elevado ênfase num indisfarçável clima jazzístico. Logo no registo percurssivo do instrumental The Seed, nota-se com clareza essa aposta que rapidamente se percebe que irá ser preponderante nos quase quarenta e cinco minutos do trabalho. Essa canção coloca também a nú a cada vez mais elaborada e eficazmente arriscada filosofia experimental interpretativa de um grupo bastante seguro a manusear o arsenal instrumental de que se rodeia, apostando cada vez mais em composições com arranjos inéditos e que são melodicamente abordados e construídos através de uma perspetiva que se percebe ter resultado de um trabalho aturado de criação que, tendo pouco de intuitivo, diga-se, plasma, com notável impressionismo, a enorme qualidade musical dos Woods. Between The Past, uma belíssima composição nostálgica, solarenga e ecoante, com um elevado travo reflexivo e íntimo, adornada por cordas exemplarmente dedilhadas, uma guitarra encharcada num fuzz fascinante e conduzida por uma bateria enleante, é um exemplo claro dessa aposta que mostra vigor, segurança e enorme cumplicidade. Depois, e ainda na senda dos instrumentais, uma aposta cada vez maior dos Woods e que também comprova este modus operandi abrangente, White Winter Melody afirma com esplendor esta toada mais jazzística e subtilmente experimental. São duas composições que, simultaneamente, nos alegram e nos conduzem à introspeção e que nos mostram uma intenção clara de estabelecer um diálogo sonoro connosco que convide à reflexão, ao mesmo tempo que nos induzem uma sonoridade agradável, sorridente e o mais orgânica possível. Antes disso, o clima psicadélico da melodia hipnótica sintética que sustenta o andamento de Another Side, é outro destaque inevitável num disco que, canção após canção, deslumbra, seduz e instiga, sem o mínimo pudor.

Até ao ocaso de Perennial, a luminosidade ofuscante do efeito cósmico que contantemente se insinua em Sip Of Happiness, o som leve, cativante e repleto de texturas lisérgicas de Little Black Flowers, os efeitos borbulhantes que navegam nas águas calmas de Day Moving On ou o clima sedutor que se estabelece entre sintetizador, viola e bateria em The Wind Again, são outros exemplos bonitos dessa busca por um clima otimista, reluzente e aconchegante, que marca profundamente Perennial.

Um dos traços que mais impressionam na audição de Perennial é a quase presunçosa segurança que os Woods demonstram na criação e na interpretação de canções que, tendo claramente o adn Woods, não são assim tão óbvias para os ouvintes que conheçam com profundidade a carreira do grupo, principalmente quando em Woop o melhor rock oitocentista é objeto de uma bem merecida homenagem. Esta sagacidade e esta altivez servem para aumentar ainda mais a pontuação de um trabalho que, sendo eminentemente crú e envolvido por um doce travo psicadélico, passeia por diferentes universos musicais sempre com superior encanto interpretativo e sugestivo pendor pop, traves mestras que melodicamente colam-se com enorme mestria ao nosso ouvido e que justificam, no seu todo, que este seja um dos melhores registos do já impressionante catálogo de uma banda fundamental do rock alternativo contemporâneo. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 14:36






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