man on the moon

Criadores do melhor disco do ano de dois mil e dezassete para a redação deste blogue, os britânicos Ulrika Spacek de Rhys Edwards, Rhys Williams, Joseph Stone, Syd Kemp e Callum Brown, regressaram este ano com um disco intitulado Compact Trauma, um trabalho que sucedeu ao EP Suggestive Listening, gravado em dois mil e dezoito numa galeria de arte chamada KEN e à qual os Ulrika Spacek chamam de sua casa, a bolha onde se refugiam para compôr, idealizar vídeos e expressar-se através de outras formas de arte além da música.

Compact Trauma tem dez canções e foi incubado no mesmo local, tendo também sido burilado num estúdio mais profissional, localizado em Hackney, uma experiência bastante intensa para a banda, que sempre esteve habituada ao seu casulo KEN e que se viu envolta em tensões várias no seu seio devido a esta saída da habitual zona de conforto. Aliás, essa nova nuance na rotina e na estratégia do grupo foi algo traumática, um facto que, curiosamente, ou talvez não, acabou por inspirar o conteúdo de Compact Trauma.

As sessões de gravação do registo acabaram por ser profícuas, facto comprovado pela recente reedição de Compact Trauma, uma edição de luxo que contém dois inéditos que foram gravados durante o período temporal em que decorreram as sessões desse disco e na digressão do mesmo. Os dois novos temas revelados pelos Ulrika Spacek intitulam-se The Tier Drop e Death On EVS. A primeira composição é uma nova roupagem instrumental de The Sheer Drop, uma bem sucedida desconstrução do tema que abre o alinhamento de Compact Trauma e Death On EVS aprimora a faceta cada vez mais pop de um projeto que sempre divagou na órbitra de um punk feito com fortes reminiscências naquela faceta sessentista ácida e psicotrópica, burilada, neste caso, com um timbre metálico de guitarra rugoso, acompanhado, por uma bateria muitas vezes em contínua contradição.

The Tier Drop e Death On EVS são, em suma, duas grandes adições a um compêndio que é, claramente, mais um contínuo exercício insinuante de tornar aquilo que é descrito habitualmente na música como aparentemente desconexo e texturalmente incómodo, em algo que, quer ritmíca, quer melodicamente, é grandioso, sedutor e instigador, caraterísticas que fazem de Compact Trauma um dos discos obrigatórios do ano, claramente. Espero que aprecies a sugestão...