man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Westerman – An Inbuilt Fault
O cantor e compositor britânico Will Westerman regressou em dois mil e vinte e três aos discos com um alinhamento de nove canções intitulado An Inbuilt Fault, o sucessor do extraordinário registo Your Hero Is Not Dead, lançado em dois mil e vinte e que viu a luz do dia com a chancela da Partisan Records.
An Inbuilt Fault começou a ser desvendado no final do ano passado com a divulgação do single CSI: Petralona, uma extraordinária canção que criou, desde logo, enormes expetativas relativamente ao futuro discográfico do artista natural de Londres e que ficaram reforçadas, pouco tempo depois, com Idol; RE-run, um tema que conta com a participação especial de James Krivchenia dos Big Thief, que assina, também, a produção de An Inbuilt Fault.
Estes dois temas são, realmente, alguns dos mais belos momentos de um disco que impressiona pelo modo como Westerman alterna, com indisfarçável arrojo, entre uma espécie de rugosidade experimental sintética e uma delicadeza intensamente charmosa, predicados bem evidentes logo na planante Give, uma belíssima canção de amor. Outro grande atributo destes quase quarenta e cinco minutos sonoros obrigatórios, é o modo enigmático como o autor escreve e se debruça sobre a intimidade humana, um aspeto fundamental de uma escrita muitas vezes densa e críptica, personificada pela riqueza detalhística dos arranjos que cirandam por melodias quase sempre inspiradas.
O modo como os sopros sustentam as cordas na luminosidade folk de Idol; RE-run ou o arrojo percussivo falsamente minimal de I, Catallus, são apenas dois exemplos felizes de um modus operandi que demonstra coerência e lineariedade entre escrita e música, num resultado final repleto de inspirados sedimentos sonoros e vigorosas ruturas estéticas entre canções, que deixam sempre o ouvinte em sobressalto e à espera de uma nova nuance ou detalhe, até ao ocaso do registo.
A jazzística Take, outra fabulosa canção encharcada em charme e intimismo, uma composição em que Westerman reflete sobre os dois anos de solidão, isolamento e desgosto pandémicos e que agrega, com indistinta sabedoria interpretativa, detalhes eletrónicos com um ímpar registo acústico, num resultado final repleto de um insinuante groove tremendamente apelativo e, em A Lens Turning, o modo como uma bateria arritmada e hipnótica é trespassada por uma guitarra encharcada numa filosofia soul bastante intensa, são outros instantes inesperados e impressivos deste An Inbuilt Fault, um disco sempre convidativo, repleto de possibilidades e, aspeto também importante, invulgarmente acessível, principalmente tendo em conta o espetro sonoro em que se insere. Espero que aprecies a sugestão...