man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Drab Majesty – The Skin And The Glove
Drab Majesty é um grupo oriundo de Los Angeles, liderado por Andrew Clinco, baterista da banda Marriages, que assume neste projeto a personagem andrógena Deb Demure. A ele junta-se Mona D (Alex Nicolaou), num projeto que conta já com pouco mais de uma década de existência e que se prepara para lançar um EP intitulado An Object In Motion, que irá ver a luz do dia a vinte e cinco de agosto, com a chancela da Dais.
Vanity, tema que conta com a magnífica participação especial de Rachel Goswell, cantora do mítico projeto Slowdive, foi o primeiro single divulgado de An Object In Motion. e dele demos aqui conta há cerca de um mês atrás. Agora chega a vez de conferirmos The Skin And The Glove, mais uma belíssima e envolvente canção, esta com nuances mais luminosas e épicas do que Vanity. O tema assenta no timbre metálico de uma viola tocada com vigor, em redor da qual diversas camadas de sons sustentam um encanto etéreo e fortemente nostálgico, com o jogo vocal que plana sobre o arsenal instrumental a conferir um toque de lustro de forte pendor introspetivo. The Skin And The Globe seduz pelo modo como, estando livre de constrangimentos estéticos, nos provoca um saudável torpor e nos suga para seis minutos feitos de uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica. Confere...
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The Drums - Better
Desde que Jonny Pierce tomou nas suas mãos as rédeas do projeto the Drums, tornando-o, praticamente, num projeto a solo, já editou dois registos; Abysmal Thoughts, em dois mil e dezassete e Brutalism, quase três anos depois. Após este último álbum, que foi dissecado por esta redação e que assentou numa sonoridade que deu ênfase naquela pop sintetizada que dialoga promiscuamente com o rock oitocentista, Pierce entrou numa espécie de hiato, apesar de ter lançado alguns temas avulsos em dois mil e vinte, uma pausa que chegou ao fim recentemente com a divulgação das canções Plastic Envelope, Protect Him Always, I Want It All e Obvious que, como seria expetável, antecipam um novo disco da banda, chamado Jonny, que irá ver a luz do dia no próximo outono.
Esta saga de divulgação de novas composições levada a cabo por Jason Pierce tem mais um capítulo intitulado Better. Numa curiosa simbiose entre o indie surf rock e a eletrónica chillwave, Better é um tema luminoso, otimista e feliz, que aposta no habitual registo acelerado e contundente do adn The Drums, com o timbre metálico intenso da guitarra e um registo percurssivo igualmente frenético e repleto de variações a conferir à canção uma tonalidade dançante irresistível. Confere Better e o artwork e a tracklist de Jonny...
01 Isolette
02 I’m Still Scared
03 Better
04 Harms
05 Little Jonny
06 Plastic Envelope
07 Protect Him Always
08 Be Gentle
09 Dying
10 Green Grass
11 Obvious
12 The Flowers
13 Teach My Body
14 Pool God
15 I Used To Want To Die
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Sparklehorse – The Scull Of Lucia
Mark Linkous, o mítico líder dos Sparklehorse, deixou-nos em dois mil e dez, mas continua a estar sonoramente bem vivo, devido a algumas aparições que, de tempos a tempos, materializam-se devido ao vasto arquivo que nos deixou e que continua a ser esmiuçado pelos mais próximos, familiares e amigos. A título de exemplo, o seu habitual colaborador de quando ainda era vivo, Danger Mouse, deu-nos a conhecer, em dois mil e catorze, a canção Ninjarous, já depois de poucos meses depois da morte de Mark ter publicado a compilação Dark Night Of The Soul, que tinha um alinhamento de treze composições e contava com um notável leque de vocalistas: Black Francis dos Pixies, Julian Casablancas dos The Strokes, Vic Chesnutt, Wayne Coyne e os seus The Flaming Lips, Jason Lytle dos saudosos Grandaddy, James Mercer dos The Shins e Broken Bells, Nina Persson dos Cardigans, o sempre prestável Iggy Pop, Gruff Rhys dos Super Furry Animals, Suzanne Vega e o realizador David Lynch, que assinava igualmente as belas fotos que ilustravam o disco.
Quase no natal de dois mil e vinte e dois, todos os fãs dos Sparklehorse tiveram uma extraordinária prenda de natal, um inédito intitulado It Will Never Stop, uma aparição sonora possibilitada pelas mãos generosas de Matt Linkous, o irmão de Mark e que tinha a chancela da ANTI-Records. Esse tema dos Sparklehorse tinha sido tocado pela banda ao vivo em dois mil e sete no evento All Tomorrow Parties e a versão revelada em dezembro tinha sido captada nos estúdios Static King and Montrose Recording e produzida por Matt Linkous, Melissa Moore Linkous e Alan Weatherhead, que também toca guitarra na composição.
It Will Never Stop acabou por ser o primeiro tema revelado de Bird Machine, um disco que terá então a assinatura Sparklehorse a título póstumo. É um alinhamento de catorze canções, com a chancela da ANTI, coproduzido por Alan Weatherhead e que irá ver a luz do dia a nove de agosto por intermédio do irmão e da cunhada do cantor, Matt e Melissa Linkous, hoje os principais responsavéis pelo espólio de Mark Linkous.
Evening Star Supercharger, a terceira canção do alinhamento de Bird Machine, foi o segundo single retirado do seu alinhamento e agora chega a vez de nos deliciarmos com The Scull Of Lucia, o décimo segundo tema do álbum, uma composição tremendamente intimista e sentimentale que conta com a participação especial de Jason Lytle. The Scull Of Lucia é um delicioso tratado de indie rock folk genuíno, comandado por uma guitarra dedilhada com tremenda complacência, adornada por metais e por violinos, com a cereja no topo do bolo a ser o registo vocal de Mark, melancolicamente intenso e a exalar uma genuína entrega a um poema que é um verdadeiro tratado sobre a saudade e uma ode a alguém que era certamente muito especial. Confere...
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Local Natives – Time Will Wait For No One
Quase quatro anos depois do excelente disco Violet Street e dois do EP Sour Lemon, os Local Natives de Taylor Rice regressaram em dois mil e vinte e dois com novas canções. Começaram a safra em julho desse ano com os temas Desert Snow e Hourglass, que não traziam ainda atrelado o anúncio de um novo disco da banda de Los Angeles, uma incógnita que se manteve ainda no final de outubro com Just Before The Morning, o último tema divulgado pelo projeto californiano em dois mil e vinte e dois. No entanto, o novo disco da banda norte-americana veio a confirmar-se, já este ano. É um registo intitulado, Time Will Wait for No One, produzido por John Congleton e que viu a luz do dia a sete de julho, com a chancela da Loma Vista.
Time Will Wait for No One foi, de acordo com o próprio Taylor Rice, incubado num período de metamorfose dos Local Natives. É um disco muito marcado pela questão pandémica e em que, além de importantes eventos familiares no seio do grupo, já que alguns membros da banda experimentaram a paternidade, exprime um elevado desejo de mudanças sonoras e de experimentar novas abordagens instrumentais no seio da banda, depois do sucesso que foi Violet Street.
E, de facto, são poucas as semelhanças entre a filosofia sonora do antecessor, um trabalho que plasmou um cruzamento feliz entre eletrónica e indie rock, à boleia de uma vasta heterogeneidade de elementos instrumentais que deram vida a excelentes abordagens ao lado mais sentimental e frágil da existência humana, traduzidas em inspirados versos e numa formatação primorosa de diferentes nuances melódicas, frequentemente numa mesma composição e este Time Will Wait for No One, um álbum com uma atmosfera sonora mais enérgica, mas também com instantes de densidade algo inéditos no percurso discográfico deste grupo. NYE, será, talvez, a canção que melhor marca a ruptura com a filosofia de Violet Street porque, mesmo apostando, como é norma nos Local Natives, nas cordas como grande elemento agregador, quer da melodia, quer do andamento, fá-lo com uma predisposição diferente e desde logo mais frenética e selvagem, até. A camada sintética que acama o baixo e a guitarra em Just Before The Morning, canção repleta de variações rítmicas, é outro exemplo de uma demanda, neste Time Will Wait For No One, por um som mais explosivo e épico, sensação ampliada pelo modo como as vozes se sobrepôem e jogam entre si de modo a apurar o forte cariz sentimental do tema. Depois, o modo como em Paradise, uma lindíssima composição, sentimentalmente tocante, o falsete clemente de Rice se abraça ao piano com uma química inquebrável, mas nada piegas, é outro detalhe que comprova não só a maturidade já alcançada pela banda, mas também a vontade de se atirarem a universos ainda mais clássicos sem descurarem a obediência fiel ao perfil algo elétrico que nunca desapareceu do catálogo do grupo, exemplarmente plasmada no modo vitorioso como as guitarras acabam por tomar de assalto o protagonismo instrumental desta canção que encerra o álbum.
O efeito ecoante e intimista que sustenta Empty Mansions, a deliciosa cascata de efeitos sintéticos que tentam disfarçar a acusticidade de Desert Morning e a harmoniosa identidade falsamente minimalista que define Featherweight, acabam por ser os momentos em que Time Will Wait For No One, sem deixar de ser deslumbrante e efervescente, se torna mais melancólico, reflexivo e intrincado, mas sem perder a tal essência inédita que os Local Natives lhe quiseram conferir relativamente ao seu passado discográfico.
Time Will Wait for No One é, claramente, um daqueles trabalhos em que uma banda resolve voltar a baralhar e a dar de novo, fazendo-o sem renegar, como é óbvio, o seu passado, mas querendo, com muita força e criatividade, explorar novos caminhos e possibilidades. Assim, neste registo impecavelmente produzido, o quinteto continua a caminhar dentro de uma atmosfera bem delineada e de uma constante proximidade entre as vertentes lírica e musical, algo que ficou logo bem patente logo em Gorilla Manor, a obra de estreia que alicerçou definitivamente o rumo sonoro do grupo, mas o percurso é agora feito num ambiente mais efervescente, opção que demonstra, com objetividade, uma maior consciência musical e um modus operandi ainda mais renovado, emotivo e delicioso. Seja como for, os Local Natives nunca deixarão de se soterrar em variadas emanações sumptuosas e encaixes musicais sublimes, que sobrevivem muito à custa de uma complexidade e uma riqueza estilística ímpares, caraterísticas que fazem muitas vezes parecer que uma mesma composição dos Local Natives resulta de uma colagem simbiótica de diferentes puzzles com tonalidades e características diferentes, uma agregação que tanto pode ser feita por sobreposição, como se estivessemos a escutar dois temas em simultâneo, um por cima do outro, ou por sequência. No dia em que este projeto norte-americano deixar de o fazer, será o seu fim, mas é um facto indesmentível que Time Will Wait for No One oferece ao grupo caminhos de futuro quase infinitos e isso é, por si só, motivo de enorme celebração para quem segue com devoção este projeto, como é o nosso caso. Espero que aprecies a sugestão...
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Teenage Fanclub – Tired Of Being Alone
Trinta anos após o registo de estreia e quatro do excelente disco Here, os icónicos veteranos escoceses Teenage Fanclub, formados por Norman Blake, Raymond McGinley, Francis Macdonald, Dave McGowan e Euros Childs, voltaram em dois mil e vinte e um ao ativo e mais efusivos e luminosos do que nunca, com Endless Arcade, doze canções de um projeto simbolo do indie rock alternativo e que provou, nesse registo, que ainda tem um lugar reservado, de pleno direito, no pedestal deste universo sonoro.
Um ano depois desse belíssimo regresso, ou seja, o ano passado, o projeto escocês voltou a dar sinais de vida com uma nova composição intitulada I Left A Light On, que poderia ser a primeira amostra de um novo trabalho dos Teenage Fanclub, novidade que se confirma agora, em dois mil e vinte e três, com o anúncio de um novo disco dos Teenage Fanclub intitulado Nothing Lasts Forever. É um trabalho que irá chegar aos escaparates a vinte e dois de setembro com a chancela da Merge Records e da PeMa, etiqueta do próprio grupo e que incluirá no seu alinhamento de dez canções esse tema I Left A Light On, Foreign Land, a composição que abre o disco e que divulgámos em maio passado e Tired Of Being Alone, o último single retirado do álbum.
Tired Of Being Alone é uma canção instintiva, melodicamente irrepreensível, com guitarras e percurssão a conjurarem entre si de modo a dar vida a um tratado de indie rock com aquele perfil fortemente radiofónico que sempre caracterizou os Teenage Fanclub. Confere...
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Silversun Pickups – I’m The Man
Depois de terem colocado o ano passado nos escaparates Physical Thrills, o sexto registo da carreira, os Silversun Pickups, de Brian Aubert, Nikki Monninger, Christopher Guanlao e Joe Lester, estão de regresso com uma versão que criaram para I’m The Man, um clássico de mil novecentos e setenta e nove, assinado por Joe Jackson.
Esta versão que os Silversun Pickups conceberam para I'm The Man, faz parte da nova temporada da série exclusiva da Netflix The Lincoln Lawyer e nela, a banda de de Los Angeles, na Califórnia, mantendo o frenesim intuito e de elevado travo punk da bateria e das guitarras do original, não belisca a grandiosidade e o vigor de um extraordinário clássico, fazendo-o sem descurar o compromisso que sempre teve com uma estética e um adn muito próprios e que nunca deixa de conter a contemporaneidade e o ideal de inovação que os Silversun Pickups sempre procuram e que geralmente se baseia na mistura de uma dose equilibrada de experimentalismo e nebulosidade, com a inserção de alguns detalhes sintetizados, exemplarmente emparelhados entre a percussão. Confere...
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The Underground Youth – Another Country
Naturais de Manchester, em Inglaterra, mas sedeados em Berlim, na Alemanha, os Underground Youth de Craig Dyer estão prestes a regressar aos discos à boleia de Nostalgia's Glass, um alinhamento de dez canções que terá a chancela da Fuzz Club e que será o décimo primeiro da carreira de um projeto que assume beber influências em nomes tão proeminentes como os The Brian Jonestown Massacre, The Velvet Underground, ou Bob Dylan.
Another Country é o último single retirado do alinhamento de Nostalgia's Glass. É uma intuitiva composição de forte cariz nostálgico e retro, assente numa guitarra vintage, tocada com argúcia de modo a replicar uma toada western spaghetti algo hipnótica e curiosa, sobre a qual a voz de Craig deambula livremente, num resultado final minimalista e cru e que tanto abraço o típico indie rock lo fi sessentista, quer o de cariz mais psicotrópico da década seguinte, ambas do século passado. Confere...
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Birds Are Indie - Ones & Zeros
Exatamente três anos depois do excelente registo Migrations – The Travel Diaries #1, já chegou aos escaparates Ones & Zeros, o sexto álbum dos conimbricenses Birds Are Indie de Joana Corker, Ricardo Jerónimo e Henrique Toscano. É um registo de dez canções abrigadas pela Lux Records, assumidamente conceptual e onde o trio explora, sem medos, novas temáticas e novas sonoridades., sem deixar de transmitir um rol de emoções e sensações únicas, com intensidade e minúcia, mas também misticismo e argúcia e com uma serenidade extraordinariamente melancólica e bastante contemplativa, mesmo que as guitarras elétricas, tocadas com frenesim, estejam na linha da frente do processo de criação sonora do disco, como se percebe logo no extraordinário tema Empty Screen e no devaneio punk particularmente anguloso One Last Book Into The Fire, já para não falar da curiosa abordagem que é feita ao melhor rock progressivo de raízes setentistas, em It Doesn't Sound Real.
Ones & Zeros versa sobre a distopia, a inteligência artificial e a alienação . É este o ponto de partida de um disco que, como o código binário que o inspirou, é também ele feito de contrastes, de sombras e de clarões, revelando um novo capítulo, mais abrasivo, roqueiro e contundente de uma banda que foi sempre afoita, nesta dúzida de anos que leva de existência, a tentar inflexões e salutares piscares de olho ao rock, ao blues e ao jazz, mostrando atenção às novas tendências e disposta a manipulá-las em proveito próprio, geralmente dentro daquela indie folk assente em cordas exuberantes, melodias aditivas e arranjos inspirados, uma fórmula que criou sempre um ambiente emotivo e honesto e que nunca descurou um elevado espírito nostálgico e sentimental, duas caraterísticas bastante presentes na escrita e na composição deste grupo. Em Ones & Zeros não se pode dizer que todas estas permissas foram renegadas, mas é um facto evidente que o chamado indie punk rock é agora a nova menina dos olhos do projeto. Até em Living In The Trenches, canção em que algumas cordas acústicas são dedilhadas com indisfarçável luminosidade, existe o vigor do baixo para conferir ao tema este novo cunho identitário assente num rock enérgico, direto e incisivo que, curiosamente, não deixa de piscar o olho, em instantes como So Many Ways e The Rabbit Hole, a um cruzamento libidinoso entre a típica eletrónica underground nova iorquina e o colorido neon pop dos anos oitenta, além das saudáveis influências já referidas.
Em suma, e como é tão bem descrito no press release de lançamento do disco, em Ones & Zeros a banda de Coimbra, sem perder a essência pop, faz co-habitar audazes guitarras distorcidas, caixas de ritmos dançantes, sintetizadores de calor analógico, bateria e baixo pujantes, assim como letras urgentes cantadas com tons a condizer. As histórias estão carregadinhas de ironia acutilante , feitas de personagens presas entre mundos, divididas nas suas vontades, cujos percursos levam a uma reflexão sobre os equilíbrios possíveis na relação com a tecnologia. Em Ones & Zeros experimentamos, hoje e agora, o futuro visto pelos Birds Are Indie, onde o forte e o delicado, o intenso e o harmónico, o real e o virtual, o rock e o pop, se relacionam livremente e abrem mil e uma possibilidades. Espero que aprecies a sugestão...
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Crystal Fighters – Manifest
O coletivo de músicos ingleses e espanhóis Crystal Fighters, que se divide entre Londres e Navarra, é atualmente formado por Sebastian Pringle, Gilbert Vierich e Graham Dickson. É um trio ao qual se juntam em digressão Eleanor Fletcher, Louise Bagan e Daniel Bingham e que se estreou há quase década e meia com o excelente registo Star Of Love. Em dois mil e dezanove chamaram a nossa atenção por causa do álbum Gaya & Friends, que sucedeu a Everything Is My Family, de dois mil e dezasseis e ao EP Hypnotic Sun, lançado também nesse ano e que continha as composições Another Level, que faz parte da banda sonora do Fifa 19, Going Harder (feat. Bomba Estereo) e All My Love.
Agora, em dois mil e vinte e três, este curioso coletivo Crystal fighters volta à nossa antena à boleia de Manifest, o primeiro tema que divulgam desde Gaya & Friends. Manifest é uma animada canção, ideal para esta época do ano, com um perfil instrumental bastante rico e contemporâneo e que, dentro de um registo muito peculiar que cruza pop com eletrónica, impressiona pelo modo como a percurssão, as cordas e os teclados exalam uma enorme energia, bastante dançável e muito agradável de ouvir, com um resultado final que aguça a curiosidade relativamente ao restante conteúdo de um disco que a banda já prometeu ainda para este ano e do qual este tema Manifest fará certamente parte. Confere...
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Young Moon – Triggered By Sunsets
Young Moon é o nome do projeto a solo liderado por Trevor Montgomery, um músico norte-americano natural de São Francisco, na Califórnia, mas que vive em Nelson, na costa da ilha sul da Nova Zelândia, para onde se mudou em dois mil e dezanove, depois do suicídio de um amigo. Na sua nova casa, numa localidade conhecida pelo frenesim cultural e pelo bom clima, Montgomery mergulhou no trabalho, construiu um estúdio num templo abandonado e, já nele, esboçou um naipe de canções que vieram a dar origem a Triggered By Sunsets, o novo álbum de Young Moon, que sucede ao aclamado registo Colt, de dois mil e dezasseis.
Gravado e misturado pelo próprio Trevor Montgomery, com as participações especiais de Jeff Moller no baixo, materizado por Matthew Barnhart e gravado também nos estúdios Raccoonland, em São Francisco, além do estúdio de Montgomery, em Nelson, Triggered By Sunsets contém onze belíssimas canções, que têm um claro intuíto de servirem de banda sonora de um doloroso, mas essencial, exercicio pessoal de exorcização e de virar de página para o autor. Logo a abrir o disco, em Dance Yer Sadness, os sintetizadores soturnos e o registo vocal springsteniano, temperado com incríveis efeitos ecoantes e uma guitarra com um timbre metálico intenso, oferecem-nos um clima que exala nostalgia por todos os poros, tornando bem presente o conceito de memória e o modo como as pessoas que passaram pelas nossas vidas em tempos continuam a afetar o nosso presente.
Essa sensação de ajuste de contas com o passado, de modo a obter redenção, mantém-se no resto do disco, com o travo oitocentista de Deep Ecology a saber a uma espécie de luz brilhante que se distingue claramente no mais profundo abismo, uma sensação algo díspar, mas intensa que, pouco depois, os dois instrumentais, The Practice Of Repeating e Supposed Dreamer, também exalam. É como se Mnotgomery se servisse da música para virar o seu coração do avesso e utilizar a vulnerabilidade que sente devido ao que passou, para criar, mesmo dentro de si, algo de inquebrável, sólido e eterno. Aliás, Heart Of Glass, uma canção adornada por um fantástico slide de uma guitarra aconchegante, é outra prova cabal de que é possível escrever canções com equilíbrio e enorme criatividade, tentando agregar dois mundos, o da escrita e o da música, com cada um a ter o seu propósito bem definido e a serem claramente antagónicos. O luminoso otimismo das cordas que conduzem I Laid On My Back With Death e o frenesim sintético de Say Young Moon, em que teclas e bateria se revezam no adorno de uma camada cósmica de sons intrigantes, aprofundam esta curiosa ironia de versar filosoficamente sobre a dor, a tristeza e a perca, usando melodias, ritmos e instrumentações radiantes e efusivas.
Até ao ocaso do disco, Triggered By Sunsets não desilude os apreciadores daquele indie pop com forte travo shoegaze; O intrigante registo vocal sussurrante e ecoante de Montgomery, um baixo vibrante, sempre adornado por uma guitarra jovial e criativa e com alguns efeitos e detalhes típicos da pop e do punk dos anos oitenta, acompanhados por uma bateria e uma secção ritmíca geralmente aceleradas, fazem deste disco um portento de intensidade e vibração, fazendo com que os seus quase quarenta minutos se espraiem pelos nossos ouvidos de modo preguiçosamente intenso e a exalar um indie pop muito caraterístico, puro e cheio de emoção. Espero que aprecies a sugestão...