man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Generationals – Heatherhead
Heatherhead, um alinhamento de onze canções, é o fantástico título do novo registo de originais que a dupla Generationals, natural de Nova Orleães, no Louisiana e formada por Ted Joyner e Grant Widmer, um trabalho que chegou aos escaparates a dois de junho, com a chancela da Polyvinyl Records.
Heatherhead foi incubado em Athens, na Georgia e, de acordo com a dupla, é o álbum que a banda sempre quiz fazer na década e meia que já leva de carreira. O disco resultou de um aturado e difícil processo de busca de composições que realmente fossem ao encontro de uma plena satisfação de ambos relativamente ao processo de criação musical e não apenas a incubação de um naipe de canções pensadas para o airplay fácil. E, de facto, se o propósito era criar um catálogo de composições vibrante e efusivas, mas também intrincadas, o objetivo foi plenamente atingido porque Heatherhead é um extraordinário registo de indie rock vigoroso e, qual cereja no topo do bolo, repleto de impressivas reminiscências oitocentistas.
Além de uma escrita bastante apelativa e inspirada e de uma base melódica muito elaborada e coesa, o frenesim das guitarras, repletas de fuzz em canções como Dirt Diamond, o modo como o baixo sustenta ritmícamente Eutropius (Give Me Lies) e o protagonismo dos teclados em Hard Times For Heatherhead, são composições que reforçam a tonalidade acima descrita de um disco onde também abundam certeiras e felizes sintetizações, que além de adornarem Heatherhead com um espírito vintage delicioso, oferecem ao disco um anguloso travo pop que é incisivo e feliz no modo como nos faz dançar e despertar em nós aquela alegria e boa disposição que muitas vezes buscamos na música e raramente encontramos com este acerto criativo. Espero que aprecies a sugestão...
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The KVB – Artefacts (Reimaginings From The Original Psychedelic Era)
Os londrinos The KVB construiram na última meia década um firme reputação que permite afirmar, com toda a segurança, que são, atualmente, uma das melhores bandas a apostar na herança do krautrock e do garage rock, aliados com o pós punk britânico dos anos oitenta. Formados pela dupla Nicholas Wood e Kat Day, os The KVB deram nas vistas em dois mil e dezoito com o registo Only Now Forever, criaram semelhante impacto no ano seguinte com o EP Submersion e agora, no verão de dois mil e vinte e três, enriquecem ainda mais o seu catálogo à custa de Artefacts (Reimaginings From The Original Psychedelic Era), um disco que chegou aos escaparates a doze de maio com a chancela da Cleopatra Records, uma etiqueta independente sedeada em Los Angeles.
Conforme o próprio nome indica, Artefacts (Reimaginings From The Original Psychedelic Era) tem um alinhamento de canções, neste caso onze, que encarnam versões de alguns dos temas preferidos da dupla e que fizeram parte do catálogo do melhor rock psicadélico dos anos sessenta do século passado, período em que esse género musical muito peculiar e caraterístico explodiu definitivamente, à sombra de composições volumosas e conduzidas por um som denso, atmosférico e sujo, que encontrava o seu principal sustento nas guitarras, na bateria e nos sintetizadores, instrumentos que se entrelaçam na construção de canções que espreitavam perigosamente uma sonoridade muito próxima da pura lisergia. Para os The KVB terá sido certamente um gosto reinterpretar estas canções, porque a trajetória desta banda entronca, claramente, em termos de influências fundamentais do sem adn, nesta sonoridade que amiúde também exala uma voluptuosa epicidade, climas hipnóticos, ecoantes e enleantes.
Nomes como os Status Quo, os Them, The Troggs e The Pretty Things são, portanto, homenageados e superiormente decaldados neste espetacular mergulho que os The KVB dão no melhor rock psicadélico de há meio século, sempre com as cordas na linha da frente de um registo interpretativo que tem um perfume de contemporaneidade e nostalgia inseparáveis e cuja gravidade exala ânsia, rispidez e crueza, devido a uma produção cuidada, arranjos subtis e uma utilização bastante assertiva da componente maquinal. Espero que aprecies a sugestão...
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Meltt – Soak My Head
Como os mais atentos certamente se recordam, a semana passada a nossa redação deu grande ênfase aos Meltt de Chris Smith, Jamie Turner, James Porter e Ian Winkler, por causa de um ep chamado Another Quiet Sunday, pouco mais de dezoito minutos de pura magia, etérea e psicadélica, que nos transportou para um universo sonoro com um adn muito vincado e que encontrava as reminiscências estruturais no melhor rock clássico dos anos oitenta. Poucos dias depois de nos deixarmos maravilhar por esse magnífico ep, já estamos de volta à banda canadiana para escutarmos Soak My Head, o primeiro single divulgado pelos Meltt do seu novo disco, um trabalho ainda sem título ou data de lançamento anunciados e que também terá algumas canções de Another Quiet Sunday no seu alinhamento.
Soak My Head versa sobre a ansiedade de que padecem todos aqueles que passam demasiado tempo online e são viciados em tecnologia e nas redes sociais. É uma canção sonoramente ímpar, com um registo percussivo marcante e vigoroso, induzido por uma bateria omnipresente e um baixo insinuante, cordas de uma viola radiantes e que exalam um espetacular timbre metálico tremendamente orgânico e, para rematar, diferentes arranjos planantes charmosos, onde não faltam inspiradas teclas de um piano. Uma grande canção, que também o é pela simplicidade e bom gosto melódico que contém, a fazer lembrar, por exemplo, o período inicial fulgurante dos conterrâneos Arcade Fire. Confere...
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Beach Fossils – Bunny
Seis anos depois do espetacular registo Somersault, um dos discos essenciais do catálogo da redação deste blogue e dos mais escutados nos últimos anos, tendo a primeira audição ocorrido há exatamente seis anos, no dia dois de junho de dois mil e dezassete, os Beach Fossils de Dustin Payseur, ao qual se juntaram, entretanto, Tommy Davidson, Anton Hochheim e Jack Doyle Smith, estão de regresso aos álbuns em dois mil e vinte e três com Bunny, onze extraordinárias canções que chegaram aos escaparates com a chancela da Bayonet e da Captured Tracks.
Banda muito querida da nossa redação desde que em dois mil e onze nos debruçámos no conteúdo do ep What a Pleasure, os Beach Fossils são exímios a oferecer-nos catálogos de indie rock alternativo, com leves pitadas de surf pop, eletrónica e garage rock, tudo embrulhado com um espírito vintage marcadamente oitocentista e que se escuta de um só trago, enquanto sacia o nosso desejo de ouvir algo descomplicado mas que deixe uma marca impressiva firme e de simples codificação.
De facto, Bunny é mais um exercício tremendamente bem conseguido de construção de canções simples, mas bastante reflexivas, emotivas e até intensas. O seu alinhamento aprimora um receituário que tem sido bem sucedido, não só devido ao modo como os Beach Fossils manuseiam as guitarras e lhes induzem efeitos e distorções que apelam, quase sempre, a uma certa cosmicidade e luminosidade etéreas, mesmo quando replicadas com um forte espírito orgânico e imediato, sempre ampliado por exemplares arranjos de elevado pendor acústico, mas também porque a voz geralmente ecoante de Payseur é, sem sombra de dúvida, um veículo privilegiado para nos levar ao encontro de sensações como fragilidade e doçura, algo estranhas num indie rock que não coloca completamente de lado o lo fi, mas particularmentes impressivas e revigorantes quando concebidas por este projeto. Portanto, escutar Bunny é ter a possibilidade de colocar momentaneamente de lado problemas, dúvidas e inquietações, para mergulhar num universo otimista, positivo e revigorante, mesmo que a grande maioria das onze canções do álbum se debrucem sobre os dilemas existenciais em que vive a juventude americana atualmente, dores de amor mal curadas, memórias de tempos difíceis e o alastrar vigoroso de uma preocupante psicotropia em praticamente todo o país, potenciada pela falta de perspetivas risonhas quanto ao futuro, numa América cada vez mais confusa
Logo no timbre metálico de Sleeping On My Own e no modo como Payseur se acomoda a um registo melódico que prende e afaga, percebemos que Bunny tem algo de especial e único e que o rock também pode ser contundente sem haver a necessidade de ser agreste, ruidoso e imponente. Aliás, a força do rock estará sempre no modo como mexe com as nossas emoções e os Beach Fossils sabem, melhor como ninguém, como justificar esta constação. O charme divagante de Run To The Moon, o frenesim corpulento do baixo que acomoda um inconfundível timbre metálico em Don't Fade Away, o registo progressivo e simultaneamente cósmico de (Just Like The) Setting Sun, a suave psicadelia pop relaxante que exala de Anything Is Anything, o corropio eletrificado de Tough Love ou a aspereza empolgante de Seconds, comprovam esta filosofia criativa que toca, em simultâneo, no âmago e na anca, muitas vezes sem haver uma definição concreta de fronteiras concetuais ou anatómicas, imagine-se, entre estes dois pólos, o orgânico e o sensível.
Bunny é, em suma, um refúgio luminoso e aconchegante, um recanto sonoro sustentado por guitarras melodicamente simples, mas com um charme muito próprio e intenso. É um disco intuitivo, mas que sacia, enquanto eleva a carreira discográfica dos Beach Fossils a um patamar criativo superior, com as canções a funcionarem de modo indivisível e a criarem uma peça única enquanto, individualmente, oferecem vinhetas climáticas que vão servindo para marcar o ambiente e a cadência de um álbum soberbo. Espero que aprecies a sugestão...
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NAPA - Luz do Túnel
Os NAPA nasceram na cave de uma avó no Funchal há uma década, conforme demos conta há cerca de quatro anos quando divulgámos este projeto, que começou por se chamar Men On The Couch. Os contornos da banda foram-se formando entre a energia dos Red Hot Chili Peppers, a criatividade dos Beatles e a sensibilidade de Caetano Veloso e Tom Jobim. A fórmula amadora e inocente das primeiras composições da banda (em inglês) cativou a atenção de amigos, família e não só. Trocaram o inglês pela língua materna, e a cave da avó pelo estúdio. Em dois mil e dezanove gravaram o seu primeiro disco Senso Comum nos conhecidos Black Sheep Studios em Sintra, ainda sob o primeiro nome Men On The Couch.
Agora, quase meia década depois e com um novo nome e imagem, os NAPA estão de regresso ao formato longa duração à boleia de Logo Se Vê, um alinhamento de onze canções, com uma roupagem mais madura, mas um espírito sempre moço, trazendo para cima da mesa maior complexidade e inventividade na estrutura das canções. A veia pop romântica continua a pulsar no corpo do disco, mas a fome de descobrir novos ritmos e texturas musicais é evidente ao longo do álbum.
Luz do Túnel é o mais recente single retirado do alinhamento de Logo Se Vê. Com Luz do Túnel os NAPA convidam o público a dançar ao som de um casamento feliz entre teclados e guitarras contagiantes. A batida certeira não deixa o pé do ouvinte ficar no chão, seguindo as percussões e harmonias vocais espalhadas ao longo da canção. Em contraste, a letra fala de desespero, acompanhando a frustração e desconsolo do autor nas suas voltas à vida. Quando da luz ao fundo do túnel parece vislumbrar uma esperança, o mundo acaba por desabar novamente em escuridão. O defraudar incessante das expectativas reforça a desorientação do autor e deixa poucas soluções no horizonte.
O videoclip realizado por André Moniz Vieira, produzido por Andreia Miranda e protagonizado por Andreas Sidenius, captura esse sentimento tão comum de desespero. O personagem vive preso num túnel, limitado a uma cama individual e a poucas peças de roupa, não tendo outro ponto de escape que não o seu trabalho monótono como mordomo numa quinta. Encontra-se preso na rotina de um trabalho que odeia, rodeado de pessoas que o desprezam. O vídeo retrata o deslizar gradual do protagonista à loucura, enquanto os convidados da quinta se deliciam com tudo a seu redor. Confere...
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