man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Sparklehorse – Evening Star Supercharger
Mark Linkous, o mítico líder dos Sparklehorse, deixou-nos em dois mil e dez, mas continua a estar sonoramente bem vivo, devido a algumas aparições que, de tempos a tempos, materializam-se devido ao vasto arquivo que nos deixou e que continua a ser esmiuçado pelos mais próximos, familiares e amigos. A título de exemplo, o seu habitual colaborador de quando ainda era vivo, Danger Mouse, deu-nos a conhecer, em dois mil e catorze, a canção Ninjarous, já depois de poucos meses depois da morte de Mark ter publicado a compilação Dark Night Of The Soul, que tinha um alinhamento de treze composições e contava com um notável leque de vocalistas: Black Francis dos Pixies, Julian Casablancas dos The Strokes, Vic Chesnutt, Wayne Coyne e os seus The Flaming Lips, Jason Lytle dos saudosos Grandaddy, James Mercer dos The Shins e Broken Bells, Nina Persson dos Cardigans, o sempre prestável Iggy Pop, Gruff Rhys dos Super Furry Animals, Suzanne Vega e o realizador David Lynch, que assinava igualmente as belas fotos que ilustravam o disco.
Quase no natal de dois mil e vinte e dois, todos os fãs dos Sparklehorse tiveram uma extraordinária prenda de natal, um inédito intitulado It Will Never Stop, uma aparição sonora possibilitada pelas mãos generosas de Matt Linkous, o irmão de Mark e que tinha a chancela da ANTI-Records. Esse tema dos Sparklehorse tinha sido tocado pela banda ao vivo em dois mil e sete no evento All Tomorrow Parties e a versão revelada em dezembro tinha sido captada nos estúdios Static King and Montrose Recording e produzida por Matt Linkous, Melissa Moore Linkous e Alan Weatherhead, que também toca guitarra na composição.
It Will Never Stop acabou por ser o primeiro tema revelado de Bird Machine, um disco que terá então a assinatura Sparklehorse a título póstumo. É um alinhamento de catorze canções, com a chancela da ANTI, coproduzido por Alan Weatherhead e que vê a luz do dia a nove de agosto por intermédio do irmão e da cunhada do cantor, Matt e Melissa Linkous, hoje os principais responsavéis pelo espólio de Mark Linkous.
Evening Star Supercharger, a terceira canção do alinhamento de Bird Machine, é o segundo single retirado do seu alinhamento. Evening Star Supercharger é uma composição bastante melancólica, mas também luminosa e sorridente. É um delicioso tratado de indie rock folk genuíno, comandado por guitarras, ora acústicas, ora eletrificadas, que são adornadas por diversas sintetizações e detalhes percurssivos, que ganham uma amplitude superior num refrão imponente, elementos bastante comuns no mehor catálogo indie dos anos noventa do seculo passado. Confere Evening Star Supercharger e o alinhamento de Bird Machine...
01 It Will Never Stop
02 Kind Ghosts
03 Evening Star Supercharger
04 O Child
05 Falling Down
06 I Fucked It Up
07 Hello Lord
08 Daddy’s Gone
09 Chaos Of The Universe
10 Listening To The Higsons
11 Everybody’s Gone To Sleep
12 Scull Of Lucia
13 Blue
14 Stay
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The Drums - Obvious
Desde que Jonny Pierce tomou nas suas mãos as rédeas do projeto the Drums, tornando-o, praticamente, num projeto a solo, já editou dois registos; Abysmal Thoughts, em dois mil e dezassete e Brutalism, quase três anos depois. Após este último álbum, que foi dissecado por esta redação e que assentou numa sonoridade que deu ênfase naquela pop sintetizada que dialoga promiscuamente com o rock oitocentista, Pierce entrou numa espécie de hiato, apesar de ter lançado alguns temas avulsos em dois mil e vinte, uma pausa que chegou ao fim recentemente com a divulgação das canções Plastic Envelope, Protect Him Always e I Want It All que, como seria expetável, antecipam um novo disco da banda, certamente ainda este ano.
Esta saga de divulgação de novas composições levada a cabo por Jason Pierce tem mais um capítulo intitulado Obvious. É um tema luminoso, otimista e feliz, que disserta sobre o modo como a presença em nosso redor de uma pessoa que sabemos que nos ama, alegra a nossa vida e dá-lhe um sentido único e, muitas vezes, inexplicável. Sonoramente, Obvious é uma canção que aposta no habitual registo acelerado e contundente do adn The Drums, com o timbre metálico intenso da guitarra e um registo percurssivo igualmente frenético, numa curiosa simbiose entre o indie surf rock e a eletrónica chillwave, a serem as traves mestras do tema. Confere...
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Sigur Rós - Blóðberg
Os islandeses Sigur Rós são provavelmente os maiores responsáveis pela geração a que pertenço se ter aproximado da música erudita ou de quaisquer outras formas de experimentação e de estranhos diálogos que possam existir dentro do campo musical. Finalmente, onze anos depois de Valtari, estão de regresso aos discos com ÁTTA, um alinhamento de dez canções que é, de acordo com a própria banda, o mais emotivo e íntimo de todos os álbuns que já compuseram.
Gravado em diferentes estúdios espalhados por diferentes continentes, em Abbey Road (Londres), no estúdio da banda em Sundlaugin e em diversos estúdios nos Estados Unidos da América, ÁTTA tem como single de apresentação uma canção chamada Blóðberg, pouco mais de sete minutos introspetivos, misteriosos e cinematográficos, com cordas, sopros e teclas e ecoarem de uma forma aparentemente suja, mas com uma inolvidável subtileza angelical.
Blóðberg tem já direito a um vídeo dirigido por Johan Renck, que ficou famoso por ter realizado a mini série Chernobyl. Os quase dez minutos do filme ampliam o forte cariz emocional de uma canção que antecipa um disco que poderá vir a surpreender todos aqueles que consideravam que este trio formado por Kjartan Sveinsson, Jónsi e Georg Holm já não teria capacidade de criar alinhamentos tão portentosos como Ágætis Byrjun ou Takk, por exemplo. Confere...
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Fences - No One
O aclamado cantor, guitarrista e compositor norte-americano Christopher Mansfield, que tem um projeto a solo intitulado Fences, prepara-se para regressar aos discos com Bright Soil, um alinhamento que chegará aos escaparates em agosto com a chancela da Enci Records e que contém, de acordo com o próprio, uma forte componente autobiográfica, inspirando-se na sua entrada recente no mundo da paternidade.
Com as contribuições da sua esposa Maxine, de Felix Pastorius no baixo, Jeremiah Green (Modest Mouse) na bateria, Wesley Schultz (The Lumineers) na voz e Ryan Lewis (Macklemore & Lewis) na produção, Bright Soil tem já vários singles revelados. Assim, depois de no passado mês de março Mansfield ter revelado o single Thin Legs, agora disponibilizou No One, uma bela canção que, num cruzamento ímpar entre a pop, rock e folk, impressiona pelo modo frenético como está exemplarmente ornamentada com uma vasta miríade de efeitos acústicos e sintetizações encharcadas de charme, mas também de sobriedade. Confere...
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Drab Majesty – Vanity
Drab Majesty é um grupo oriundo de Los Angeles, liderado por Andrew Clinco, baterista da banda Marriages, que assume neste projeto a personagem andrógena Deb Demure. A ele junta-se Mona D (Alex Nicolaou), num projeto que conta já com pouco mais de uma década de existência e que se prepara para lançar um EP intitulado An Object In Motion, que irá ver a luz do dia a vinte e cinco de agosto, com a chancela da Dais.
Vanity, tema que conta com a magnífica participação especial de Rachel Goswell, cantora do mítico projeto Slowdive, é o primeiro single divulgado de An Object In Motion. É uma belíssima canção, uma balada envolvente, com diversas camadas de sons que sustentam um encanto etéreo, conduzido pelo doce balanço de uma guitarra com um toque de lustro de forte pendor introspetivo. Vanity seduz pelo modo como, estando livre de constrangimentos estéticos e abraçando com ímpar subtileza a voz encantadora de Rachel, nos provoca um saudável torpor, que nos suga para seis minutos feitos de uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica. Confere...
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Black Rebel Motorcycle Club – Live At Levitation
Criado em Austin no Texas, em dois mil e oito, por membros dos The Black Angels, Levitation é o nome de um movimento que organiza eventos em vários continentes, tendo já passado por Toronto, Vancouver, Paris, Chicago e algumas cidades da América Latina e que tem como grande alvo o indie rock de cariz mais progressivo e psicadélico. Bandas e artistas como os Night Beats, Holy Wave, Ringo Deathstarr e outras, já deram concertos organizados por este movimento, que teve como um dos momentos mais altos um espetáculo que os Black Rebel Motorcycle Club deram em dois mil e treze e que acaba de ser agora editado pela banda, no âmbito da edição deste ano do Record Store Day.
Neste Live At Levitation, os Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) de Peter Hayes, Robert Levon Been e Leah Shapiro, passam em revista uma carreira que, na altura do concerto, tinha quase década e meia de uma banda que se estreou em 2001 com um extraordinário homónimo e cujo conteúdo fez desta banda de São Francisco os potenciais salvadores do rock alternativo.
Canções como Red Eyes And Tears ou Spread Your Love têm um cunho ainda mais orgânico, visceral e cru do que o respetivo original e Beat The Devils Tattoo é tocada de modo ainda mais experimental que a versão original. São versões ao vivo que vivem das várias transformações que o projeto foi sofrendo, quer estilísticas, quer ao nível do plantel, nuances que moldaram a sobrevivência e o próprio crescimento de um projeto que se abastece de um espetro sonoro muito específico e com caraterísticas bastante vincadas.
O único lamento deste registo é não conter Love Burns, talvez a canção mais imponente da banda. Seja como for, essa lacuna não retira brilho a pouco mais de quarenta minutos que nos oferecem uns Black Rebel Motorcycle Club que talvez não tenham salvo o rock, mas há que ser justo e admitir que se tornaram numa das bandas essenciais deste género musical. Nos primeiros dez anos de existência, mesmo após a estreia e o similar Take Them On, On Your Own, quando infletiram um pouco no rumo e em Howl e quando abraçaram também a country e a folk, não deixaram nunca de perder a sua identidade, que apenas foi um pouco abalada com Baby 81 e The Effects of 333, os dois únicos álbuns dos Black Rebel Motorcycle Club que não me seduzem e que considero terem sido verdadeiros tiros ao lado na valiosa trajetória musical do grupo. Portanto, na primeira década de existência, os Black Rebel Motorcycle Club nem sempre cumpriram a ótima expetativa criada na estreia mas, em 2009, Beat the Devil's Tattoo voltou a colocar o percurso do grupo nos eixos e pessoalmente devolveu-me uma esperança que se confirmou ser justificada, já depois deste Live At Levitation, em Specter At The Feast, um trabalho muito marcado pela morte do pai de Robert, que também era um grande suporte da banda, e que voltou a colocar o trio num caminho certo, que se endireitou definitivamente em Wrong Creatures.
Em suma, Live At Levitation oferece-nos uns Black Rebel Motorcycle Club dentro da sua verdadeira essência, um projeto criador de canções assumidamente introspetivas, nebulosas e viscerais, que além de se debruçarem sobre o quotidiano, estilisticamente se preocupam em colocar o puro rock negro e pesado em plano de assumido destaque. Espero que aprecies a sugestão...
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Manchester Orchestra – Table For Glasses vs Jimmy Eat World - Telepath
Os norte-americanos Manchester Orchestra existem há década e meia e são uma das bandas mais excitantes do cenário indie atual de Atlanta, na Georgia. O grupo é atualmente formado pelo guitarrista, cantor e compositor Andy Hull, pelo guitarrista Robert McDowell, pelo teclista e percussionista Chris Freeman, pelo baixista Jonathan Corley e pelo baterista Tim Very. Já têm diversos EPs no seu catálogo assim como vários álbuns de estúdio, numa carreira discográfica que começou em dois mil e seis com I'm Like a Virgin Losing a Child e que teve como capítulo último The Valley Of Vision, um registo de seis canções lançado em março, em simultâneo com um filme de realidade virtual, realizado por Isaac Deitz.
Quanto aos norte americanos Jimmy Eat World de Jim Adkins, chamaram a atenção da nossa redação no passado outono com uma nova canção intitulada Place Your Debts que, infelizmente, ainda não trazia atrelado o anúncio de um novo disco do projeto natural de Mesa, no Arizona, já com quase três décadas de uma muito profícua e bem sucedida carreira e que lançou álbuns tão fundamentais como Clarity (1999) ou Bleed American (2001), para muitos a obra-prima do colectivo.
Agora, quase no verão de dois mil e vinte e três, estes dois projetos acabam de encetar uma curiosa colaboração que se materializa num duplo single, em que cada banda apresenta uma versão de um tema da outra. Assim, enquanto os Manchester Orchestra revisitam o tema Table For Glasses, que fazia parte do disco Clarity que os Jimmy Eat World lançaram em mil novecentos e noventa e nove, os últimos apresentam uma versão de Telepath, original que fazia parte do disco The Million Masks Of God, que os Manchester Orchestra colocaram nos escaparates há dois anos atrás.
As duas covers respeitam o adn do projeto original e a sua essência, mas cada uma das bandas consegue dar um cunho identitário vincado à sua roupagem, com os Jimmy Eat World a apostarem, como é natural, na versão que apresentam de Telepath, um rock efusiante, encharcado em sentimentalismo e emoção, que vai crescendo, segundo após segundo, em arrojo e beleza e que explode num clímax pleno de cordas eletrificadas que clamam por um enorme sentido de urgência e caos. Já os Manchester Orchestra oferecem a Table For Glasses um clima ainda mais sofisticado que o roginal, numa cover que sobrevive num universo de experimentações, feitas de sofisticados cruzamentos entre o rock, a eletrónica e a música ambiental. Confere...
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Portugal. The Man – Plastic Island
Conforme temos dado conta nas semanas mais recentes, Chris Black Changed My Life é o fantástico título do novo disco dos norte americanos Portugal. The Man, de John Baldwin Gourley, um trabalho que irá chegar aos escaparates a vinte e três de junho com a chancela da Atlantic Records e que terá nos créditos da produção Jeff Bhasker, colaborador de longa data de nomes como Beyoncé, Harry Styles e SZA.
Chris Back Changed My Life será o nono disco da carreira desta banda natural de Portland, no Oregon. É dedicado a Chris Black, antigo membro do grupo que faleceu há quase quatro anos e teve já alguns singles revelados, como Dummy ou What, Me Worry?, e Summer Of Lov, que nos foram mostrando que este novo álbum dos Portugal. The Man será um excelente tratado de pop psicadélica, ágil e rápida.
Se os temas acima referidos ampliavam essa certeza na riqueza dos detalhes e das texturas, além de conterem um forte apelo às pistas de dança e uma atmosfera eminentemente pop, Plastic Island, o último single revelado de Chris Back Changed My Life, oferece-nos um registo interpretativo eminentemente intimista e até lo fi, mas sem descurar a têmpora algo lisérgica que tem definido as propostas qus os Portugal. The Man têm apresentado para este seu novo álbum. E Plastic Island fá-lo quer no modo escorreito como a bateria sustenta a composição, mas principalmente pelo modo como o timbre metálico das cordas vai preparando terreno para diversos loops e distorções que, quase no seu ocaso, vão dar à canção uma curiosa sensação nostálgica, ao mesmo tenpo que ajuda Chris Back Changed My Life a atingir a tal estética bastante abrangente e que se adivinha. Confere...
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Gengahr – Red Sun Titans
Dois anos depois do excelente registo Sanctuary, os londrinos Gengahr estão de volta aos discos com Red Suns Titans, um disco que tem a chancela da Liberator Music e que a banda formada por a banda formada por Felix Bushe (vocal/guitarra), Hugh Schulte (baixo), Danny Ward (bateria) e João Victor (guitarra) já vinha a anunciar desde fevereiro quando divulgou o tema A Ladder, e anunciou três concertos intimistas que o quarteto deu, posteriormente, na mítica sala londrina The Waiting Room, nos três primeiros dias de março.
Red Suns Titans, contém catorze composições que, no seu todo, nos proporcionam um feliz tratado de indie pop rock, que mescla diversas nuances da melhor eletrónica contemporânea, habitando, como é hábito neste grupo, numa feliz simbiose entre sintetizações e guitarras. É um disco que cimenta os atributos imensos de um projeto único no panorama indie e alternativo atual, contendo, ao longo do seu alinhamento, que se houve de um só trago, o ritmo e a cadência certas.
De facto, canção após canção, assitimos a um desfile bastante impressivo e muito bem conseguido de sons e melodias, que encontram o suporte num vasto arsenal instrumental, orgânico e sintético, que debita arranjos verdadeiramente genuínos e criativos, num resultado final que reforça também o travo sonhador, aventureiro e alucinogénico deste grupo único e bastante inventivo.
A psicadelia cósmica de Alkali, o experimentalismo quase osbceno de Suburbia, o rock noventista nostálgico a que sabe The Interview, o flirt com o R&B no tema homónimo, o sensualismo radioheadiano de Heels To The Moon, e o sagaz clima percurssivo de A Ladder, são extraordinários momentos deste Red Suns Titans, um álbum que vai desfilando orgulhoso e altivo, numa parada de cor, festa e alegria, concebido por quatro músicos que certamente comungam ainda mais o privilégio de estarem juntos, do que propriamente celebrarem o modo como incubam um agregado de sons no formato canção. Espero que aprecies a sugestão...
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Soft Kill – Metta World Peace
Depois de terem surpreendido a crítica em outubro do ano passado com o registo Canary Yellow, o projeto Soft Kill está de regresso aos discos com o seu sétimo alinhamento de originais, um espetacular alinhamento de nove canções intitulado Metta World Peace. Este novo trabalho dos Soft kill foi gravado por Tobias Grave, o grande mentor do projeto, em Portland, a sua terra natal e em Chicago, mas também em outros locais durante uma travessia do país que o músico levou a cabo no início deste ano.
Com as participações especiais de nomes como Evil Pimp, N8NOFACE, Andres Chavez e Adam Klopp, Metta World Peace tem a sua génese no hip-hop, o território sonoro de excelência para Tobias Grave, mas é um disco de portas e janelas escancaradas para universos tão díspares como o jazz, a eletrónica ambiental, o rock alternativo, o rock progressivo e o post punk. O experimentalismo livre de constrangimentos esteve na génese do seu conteúdo e não existiram entraves no momento de criar e de selecionar o arsenal instrumental, essencialmente de origens sintéticas, materializando um modo muito peculiar e sui generis e até quase marginal de criar música e de a expôr ao grande público, com Tobias Grave a plasmar até uma interessante dose de sarcasmo e de fina ironia, em canções como Past Life II ou Molly.
Depois de um inquietante e cósmico piano sustentar diversos devaneios sintéticos na introdutória Rat Poison, o rock toma conta do disco no clima glam de Trouble e, principalmente, de Molly. Depois, o tratado de soft rock Past Life II mantém-nos numa bastante impressiva máquina do tempo, da qual não saímos, pelo meio, ao som da espetacular ode ao melhor catálogo dos Cure que é possível conferir em Behind The Rain. Paranoid, canção em que o rapper Evil Pimp mostra todas as suas credenciais como exímio trovador contemporâneo de uma certa urbanidade marginal e corrosiva, inflete Metta World Peace numa guinada inesperada, mas corajosa, colocando o ouvinte na rota de territórios mais intrincados, ao som de uma lisergia cósmica repleta de têmpora e invulgarmente pop que, nos teclados e no baixo vigoroso de Veil Of Pain acaba por mover-se nas areias movediças de uma psicadelia lisérgica particularmente narcótica.
Ao sétimo álbum, o projeto Soft Kill amplia e renova com indiscutível contemporaneidade o já rico catálogo destes verdadeiros mestres do punk rock experimental que, curiosamente e como já foi acima referido, sempre tiveram no hip-hop a grande matriz. De facto, Metta World Peace impressiona pelo modo como é banhado por uma psicadelia ampla e elaborada, sem descurar um lado íntimo e resguardado que dá a todo um disco um inegável charme, firme, definido e bastante apelativo. Esta forma de aproximação ao ouvinte, instigando-o ou afagando-o, também se define pelo modo como a vasta miríade de efeitos, sons, ruídos e cosmicidades são plantadas ao longo das nove canções, sem se tornarem sinónimo de amálgama ou ruído intencional. Espero que aprecies a sugestão...