man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Soft Kill – Metta World Peace
Depois de terem surpreendido a crítica em outubro do ano passado com o registo Canary Yellow, o projeto Soft Kill está de regresso aos discos com o seu sétimo alinhamento de originais, um espetacular alinhamento de nove canções intitulado Metta World Peace. Este novo trabalho dos Soft kill foi gravado por Tobias Grave, o grande mentor do projeto, em Portland, a sua terra natal e em Chicago, mas também em outros locais durante uma travessia do país que o músico levou a cabo no início deste ano.
Com as participações especiais de nomes como Evil Pimp, N8NOFACE, Andres Chavez e Adam Klopp, Metta World Peace tem a sua génese no hip-hop, o território sonoro de excelência para Tobias Grave, mas é um disco de portas e janelas escancaradas para universos tão díspares como o jazz, a eletrónica ambiental, o rock alternativo, o rock progressivo e o post punk. O experimentalismo livre de constrangimentos esteve na génese do seu conteúdo e não existiram entraves no momento de criar e de selecionar o arsenal instrumental, essencialmente de origens sintéticas, materializando um modo muito peculiar e sui generis e até quase marginal de criar música e de a expôr ao grande público, com Tobias Grave a plasmar até uma interessante dose de sarcasmo e de fina ironia, em canções como Past Life II ou Molly.
Depois de um inquietante e cósmico piano sustentar diversos devaneios sintéticos na introdutória Rat Poison, o rock toma conta do disco no clima glam de Trouble e, principalmente, de Molly. Depois, o tratado de soft rock Past Life II mantém-nos numa bastante impressiva máquina do tempo, da qual não saímos, pelo meio, ao som da espetacular ode ao melhor catálogo dos Cure que é possível conferir em Behind The Rain. Paranoid, canção em que o rapper Evil Pimp mostra todas as suas credenciais como exímio trovador contemporâneo de uma certa urbanidade marginal e corrosiva, inflete Metta World Peace numa guinada inesperada, mas corajosa, colocando o ouvinte na rota de territórios mais intrincados, ao som de uma lisergia cósmica repleta de têmpora e invulgarmente pop que, nos teclados e no baixo vigoroso de Veil Of Pain acaba por mover-se nas areias movediças de uma psicadelia lisérgica particularmente narcótica.
Ao sétimo álbum, o projeto Soft Kill amplia e renova com indiscutível contemporaneidade o já rico catálogo destes verdadeiros mestres do punk rock experimental que, curiosamente e como já foi acima referido, sempre tiveram no hip-hop a grande matriz. De facto, Metta World Peace impressiona pelo modo como é banhado por uma psicadelia ampla e elaborada, sem descurar um lado íntimo e resguardado que dá a todo um disco um inegável charme, firme, definido e bastante apelativo. Esta forma de aproximação ao ouvinte, instigando-o ou afagando-o, também se define pelo modo como a vasta miríade de efeitos, sons, ruídos e cosmicidades são plantadas ao longo das nove canções, sem se tornarem sinónimo de amálgama ou ruído intencional. Espero que aprecies a sugestão...