man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Os Melhores Discos de 2022 (20-11)
20 - Pixies - Doggerel
Doggerel é um disco explosivo, vibrante e claramente o trabalho da banda que mais a aproxima da herança feroz que os Pixies nos deixaram há cerca de três décadas. Doggerel também merece exaltação porque não é obra unicamente saída da mente criativa de Black Francis, mas antes uma feliz conjugação de esforços, que inclui o produtor Tom Dalgety (Royal Blood, Ghost) e as contribuições ímpares, quer no processo de escrita, quer no arquétipo das canções, dos restantes membros da banda, o já referido guitarrrista Joey Santiago, o baterista David Lovering e a baixista Paz Lenchantin. Espero que aprecies a sugestão...
19 - Fontaines D.C. - Skinty Fia
Skinty Fia impressiona pela versatilidade e variedade das cordas, sendo um disco conduzido, quase sempre, por uma espetacular linha de baixo, que acama melodias algo hipnóticas e sombrias. O seu conteúdo lírico é eminentemente político, pretendendo personificar ironicamente o ponto de vista de um bem sucedido irlandês que, de modo algo corrosivo, em forma de elogio fúnebre, se congratula com o país onde vive e o orgulho que sente no seu sucesso, mesmo que deite para trás das costas questões tão prementes como a atual política climática de quem o governa e a sua herança histórica.
18 - The 1975 - Being Funny In A foreign Language
Como seria expetável numa banda que nos tem oferecido, disco após disco, um novo labirinto sonoro que da eletrónica, ao punk rock, passando pela pop e o típico rock alternativo lo fi, abraça praticamente todo o leque que define os arquétipos essenciais da música alternativa atual e que tem um líder carismático a liderar as operações e que não receia utilizar a música para exorcizar fantasmas e descobrir caminhos, Being Funny In A Foreign Language é, indiscutivelmente, um álbum com um resultado final de superior grau criativo, com o arquétipo das canções a ser guiado por guitarras, ora límpidas, ora plenas de efeitos eletrificados algo insinuantes, mas com pianos, sopros e uma vasto arsenal de sintetizações a oferecerem à sonoridade geral de um registo de forte pendor nostálgico e enleante, uma profunda gentileza sonora, num ambiente sonoro descontraído, mas extremamente rico e que impressiona e instiga, não deixando indiferente quem se oferece ao prazer de o escutar com deleite.
17 - Destroyer - Labyrinthitis
Labytinthitis é intenso e joga com diferentes nuances sonoras sempre com um espírito aberto ao saudosismo e à relevância inventiva. É um verdadeiro oásis de pop sofisticada em que Bejar eleva a sua escrita críptica e crítica a uma intensidade e requinte nunca antes vistos, rodeado por um grupo de músicos que também já habituou os seus fãs a um espetro rock onde não faltavam de guitarras distorcidas e riffs vigorosos, mas que opta agora, e mais do que nunca, num claro sinal de maturidade e de pujança criativa, por compôr composições que olham de modo mais anguloso para a eletrónica e para ambientes eminentemente clássicos, fazendo-o com superior apuro melódico.
16 - Preoccupations - Arrangements
Arrangements é um tratado feliz e extraordinariamente bem concebido no modo como utiliza tudo aquilo que é aparentemente apenas rugoso e abrasivo, para passar a ser audível com deleite e de modo harmonioso, mesmo que, a instantes, pareça algo minimal. Por exemplo, canções como Slowly, uma rapidinha rebelde encharcada em nostalgia, mas também Death Of Melody ou Ricochet, que filosoficamente se debruçam sobre o futuro da humanidade, provam, uma vez mais, o modo como este quarteto é contundente a abordar certas questões da nossa contempraneidade que inquietam e assustam, nomeadamente a constante imoralidade de determinadas instituições que, infelizmente, não nos dão a confiança merecida Estando repletas de guitarras encharcadas em distorções metálicas e efeitos ecoantes intensos e que também impressionam pelo registo percussivo enleante e encorpado, não só plasmado numa bateria seca, mas também num baixo imponente, nomeadamente na marcação rítmica, são temas que depois afagam-se em primorosas sintetizações que, dando-lhes o indispensável tempero, acamam a rudeza eficazmente, provando o modo exímio como este quarteto faz da rispidez visceral algo de extremamente sedutor e apelativo.
15 - Papercuts - Past Life Regression
Past Life Regression é mais uma feliz jornada afagada nas nuvens poeirentas da folk pop psicadélica, com nomes como os Spiritualized, Echo & The Bunnymen, ou Leonard Cohen a serem influêcias declaradas, como Jason já admitiu recentemente. É um disco muito marcado pela mudança de Jason Quever para São Francisco, depois de alguns anos a viver em Los Angeles, assim como pela questão pandémica atual e pela tensão politica que continua a dividir uma América muito marcada pelos acontecimentos que na última década têm criado feridas profundas nesse país. O disco pode ser comparado a uma daquelas telas impressivas que exalam emoção e cor por todos os seus milimetros quadrados. É um álbum que, canção após canção, implora pela nossa atenção, que sendo para ele orientada, sacia o nosso desejo de ouvir algo rico, charmoso e tremendamente contemporâneo e que deixa uma marca impressiva firme e de recompensadora codificação.
14 - Damien Jurado - Reggae Film Star
Em doze canções que se esperaiam por pouco mais de meia hora, Reggae Film Star oferece-nos mais um delicado e sublime tratado sonoro, repleto de canções melodicamente irrepreensíveis, instrumentalmente fartas e filosoficamente tocantes, inspiradas num sitcom dos anos setenta para crianças chamado Alice, de que o autor se recorda da sua infância, um expressionismo sonoro que faz com que seja muito comum o ouvinte sentir-se reconhecido em algumas das personagens e das circunstâncias que são descritas e encontrar, ao longo da audição, peças do seu próprio puzzle existencial, enquanto assiste a uma tocante saga emocional.
13 - Josh Rouse - Going Places
Going Places oferece um ambiente sonoro indistinto ao já riquíssimo catálogo de Josh Rouse e reforça, com subtileza e contemporaneidade, aqueles que são alguns pilares identitários essenciais de um músico que parece ser capaz de entrar pela nossa porta com uma garrafa numa mão e um naco de presunto na outra e o maior sorriso no meio, como se ele fosse já da casa, já que consegue sempre revelar-se, nas suas canções, como um grande parceiro, confidente e verdadeiro amigo, um daqueles que não complicam e com o qual se pode sempre contar. Josh Rouse é único e tem um estilo inconfundível no modo como dá a primazia às cordas, sem se envergonhar de colocar a sua belíssima voz também na primeira linha dos principais fatores que ainda tornam a sua música tão tocante e inspiradora.
12 - Elephant - Big Thing
Big Thing é um disco eminentemente solarengo e expansivo, versando sobre os habituais dilemas existenciais, mais ou menos mundanos, da nossa contemperaneidade e, mais concretamente, da geração que vive a transição para a vida adulta. O arquétipo sonoro das suas dez composições assenta predominantemente num timbre metálico de uma guitarra plena de reverb e de forte pendor experimental e num registo percussivo vincadamente contemplativo, duas nuances transversais ao alinhamento e que acabam por misturar a melhor herança do aclamado rock setentista com uma indecritível pitada de lisergia. É, pois, um álbum que nos oferece um refúgio luminoso e aconchegante, um recanto sonoro sustentado por guitarras melodicamente simples, mas com um charme muito próprio e intenso, principalmente quando a elas se agregam outros arranjos, que acabam por dar um polimento ainda mais charmoso às canções.
11 - Kula Shaker - 1st Congregational Church Of Eternal Love And Free Hugs
1st Congregational Church Of Eternal Love And Free Hugs oferece-nos uma espetacular e efusiante trip psicadélica, através de um alinhamento que personifica uma espécie de cerimónia religiosa, devidamente balizada em alguns dos temas do disco, que são apenas discursos feitos pelo lider religioso de uma seita que pretende espalhar amor pelo mundo inteiro, ou então, pelo menos, pelos ouvintes deste maravilhoso alinhamento. Neste disco, Crispian Mills e os seus companheiros, Alonza Bevan, Paul Winterhart e Henry Broadbent, não tocam e cantam rock n'roll, pregam-no a quem os quiser ouvir e deixar-se levar por uma doutrina que se serve das guitarras, acústicas ou eletrificadas para, com uma ímpar teatralidade e uma inimitável versatilidade estilística, criar grandiosas canções que versam sobre algumas dicotmias que, no fundo, regem a nossa existência mais metafísica: Amor vs. Medo, Deus vs. Lucífer, Liberdade vs. Ditadura, Colonizadores vs. Indígenas e Impérios vs. Rebeliões.