man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Storm the Palace - La Bête Blanche
Três anos depois de Delicious Monster, o coletivo escocês Storm The Palace está de regresso aos lançamentos discográficos com La Bête Blanche, o terceiro álbum da carreira de uma banda atualmente formada por Sophie Dodds, Reuben Taylor, Willa Bews, Jon Bews e Alberto Bravo. É um alinhamento de quinze canções incubadas durante o atípico período pandémico e que nos oferecem diversos relatos impressivos de sonhos, desejos, aspirações, anseios, medos, crenças e sensações, com o universo cinematográfico mais fantasioso a ser também pedra de toque basilar e nomes como Bowie, Hedningarna, Broadcast, Cocteau Twins, Vangelis, Harold Budd, Alice Coltrane, Kate Bush ou Magnet Wickerman referências declaradas.
É de indie rock na sua essência mais tradicional e singela que se faz o conteúdo de La Bête Blanche, mas também de punk e folk, duas marcas identitárias do cancioneiro tradicional e contemporâneo britânico, num registo que se pode definir como clássico e até intemporal. Esta é a simbiose que marca o ADN dos Storm The Palace e que o terceiro álbum do projeto carimba com fulgor, criado por uma banda que não renega até, se for necessário, apropriar-se de sonoridades estranhas e bizarras, que acabam por, no resultado final, mostrar-se inovadoras, sedutoras e repletas de charme.
Canções como Born On The Other Side, um portento daquela luz barroca que deslumbra e ofusca, através de um imponente registo vocal e de violinos inquietantes, ou a lamechice encapotada de The Witch Bitch, são apenas duas das várias provas concretas da excentricidade deste grupo e da rara graça com que os seus membros combinam e manipulam, com sentido melódico e lúdico, a estrutura de uma canção, no fundo, um esforço indisciplinado, infantil e claramente emocional, mas bem sucedido de se manterem à tona de água na lista das bandas imprescindíveis para contar a história atual da pop de Terras de Sua Majestade.
La Bête Blanche pode ser aconchegante, mas também incómodo e até, imagine-se insuportável, consoante o nosso estado de espírito e a nossa condição em determinado momento. E essa miscelânea de sensações que o disco proporciona, que às vezes parece que saí daquele velhinho rádio a pilhas com um napron rendado por cima, além de cimentar uma forte proximidade entre banda e ouvinte, também firmada na crueza instrumental de praticamente todas as canções, faz-nos penetrar num verdadeiro antro de perdição que atiça todos os nossos sentidos, sempre com uma elevada toada nostálgica e uma luminosidade muito peculiar. Espero que aprecies a sugestão...