man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Os Melhores Discos de 2022 (10-01)
10 - Guided By Voices - Tremblers and Goggles by Rank
É o rock no seu estado mais genuíno que sustenta o arquétipo sonoro de Tremblers and Goggles by Rank, um portento de ruído e vigor, só ao alcance de verdadeiros mestres da arte de criar canções que conseguem manter à tona uma forte sensibilidade melódica, mesmo que estejam encharcadas em riffs de guitarra irascíveis e linhas de baixo quase descontroladas. É um rock que ganha luminosidade e que também atinge territórios ditos mais progressivos e até psicadélicos, mas sem nunca abafar a filosofia fundamental, quer do disco, quer do adn de quem o criou. Robert Pollard e os Guided by Voices são, sem dúvida nenhuma, uma máquina extremamente bem oleada e que, dentro de um espetro sonoro que se pode caraterizar por uma espécie de súmula entre o garage rock e o art punk, continuam a provar ser dignos de relevância e merecedores de odes significativas, enquanto analisam e criticam, com uma angulosa assertividade poética, diga-se, esta contemporaneidade que é, para Pollard, um manancial crítico infindável.
9 - Arctic Monkeys - The Car
The Car mantém as teclas como grandes protagonistas do esqueleto dos seus temas, quase sempre criados ao piano por Turner. No entanto, é curioso escutar atentamente os primeiros acordes de quase todas as canções porque, além de nos deixarem muitas vezes numa deliciosa dúvida sobre qual será o rumo de cada canção, demonstram que as cordas e a bateria foram também essenciais no burilamento arquitetural de praticamente todo o alinhamento do disco. Os restantes elementos do grupo estiveram claramente sintonizados com Turner, nomeadamente pelo modo harmonioso e simbiótico como incorporaram os seus instrumentos nas melodias. Os Arctic Monkeys continuam sintonizados com o absurdo sociológico e político dos nossos tempos, numa carreira de assinalável coerência e bastante marcada por momentos de exaltação e de vigor que nunca descuraram uma profunda reflexão sobre aquilo que os rodeia. Portanto, à semelhança do que sucedeu em Tranquility Base Hotel And Casino, mostram-se, em The Car, incisivos e irónicos, desta vez olhando menos para o espaço e mais para o outro vazio, o das cidades densamente povoadas, fazendo-o abrigados por um vasto manancial de referências que, piscando o olho a latitudes sonoras consentâneas com as tendências atuais do espetro sonoro em que se movimentam, enriquecem tremendamente o cardápio sonoro do quarteto, que é, claramente, uma banda fundamental do indie rock alternativo contemporâneo.
8 - Broken Bells - Into The Blue
Este novo disco dos Broken Bells é um portento inabalável de indie pop, daquela indie pop charmosa, convincentemente majestosa e descaradamente fulgurante, incubado por dois músicos com provas mais do que dadas em variadíssimos subgéneros sonoros, quer como autores, compositores e intérpretes, mas também quer como produtores. Assim, com uma herança tão rica em ombros, só aos mais distraídos é que pode surpreender o elevadíssimo refinamento deste alinhamento de nove canções, que entusiasma e suscita sem grande sacrifício repetidas, mas sempre prazeirosas audições. O universo dos Broken Bells sempre oscilou entre atmosferas místicas carregadas com harmonias vintage e terrenos cósmicos futuristas, numa vivência feliz entre o retro e o tecnológico, assente em doces melodias e sofisticados arranjos vocais, com o falsete de Mercer, efusivo, a dar um pulsar e um charme verdadeiramente único aos seus próprios versos. Em Into The Blue este cardápio traça-se nas curvas sinuosas de um caminho que faz esta parceria Broken Bells atingir, finalmente, o real e maior potencial dos seus dois pólos.
7 - Death Cab For Cutie - Asphalt Meadows
À medida que as audições de Asphalt Meadows se repetem, as suas onze canções ganham cada vez mais rugosidade e sentimento dentro do ouvinte empenhado e dedicado, uma evidência embalada por uma vasto arsenal de explosões sónicas vigorosas e musculadas, que, mesmo com esse perfil que pode soar a algo de certo modo cru e desprovido de sentimento, emocionam o ouvinte mais incauto com uma facilidade incrível. Os Death Cab For Cutie acabam de nos mostrar, com clarividência, a impressão firme no lado de cá da barricada de estarmos perante uma banda extremamente criativa, atual, inspirada e inspiradora e que sabe sempre como agradar aos fãs. Se dúvidas ainda haviam, agora é um facto que nunca mais colocaremos reservas sempre que este quarteto norte-americano colocar algo de novo debaixo dos nossos radares.
6 - Arcade Fire - WE
A exuberância das cordas, o modo como os temas evoluem através do piano e da voz inconfundível de Butler, alicerçada num catálogo de nuances e variações nunca visto, até atingirem um pico orquestral quase sempre exuberante, são caraterísticas de um álbum que emociona e instiga e que carrega um ambiente sonoro que aprimorou a tonalidade da escrita quase religiosa de Butler e Chassagne. Podemos até acrescentar que WE terá a capacidade de até nos pode fazer dançar, com a certeza de que, ao contário do que aconteceu com registos anteriores do grupo, não há o risco de, há mínima escorregadela, podermos cair para um lado mais obscuro e depressivo. Em suma, sendo WE um trabalho altamente preciso e controlado e pensado ao mínimo detalhe, é indesmentível que vai ao encontro das enormes expetativas que sobre ele recaia desde que foi prometido, personificando um salto qualitativo em frente (ou para atrás, dependendo da perspetiva) na carreira dos Arcade Fire, ao mesmo tempo que volta a empolgar os fãs e apreciadores da banda relativamente ao futuro sonoro de uma das maiores e melhores bandas do mundo.
5 - Palace - Shoals
Shoals, o terceiro disco da carreira dos Palace, é um faustoso compêndio de doze canções, abrigado por alguns dos melhores pilares estilísticos e conceptuais que sustentam a nata do rock alternativo atual, um modus operandi que não descura piscares de olhos descarados a ambientes eminentemente clássicos, polidos e orquestralmente ricos e que pretendem puxar o ouvinte para um lado muito reflexivo e sonhador. É um disco que, enquanto explora a relação dos conceitos de sonho e medo, com aquilo que é palpável e a realidade, coloca-nos, hipnotizados, num mergulho em queda livre rumo a um universo vasto e exótico, mas também indiscutivelmente humano e sensorial.
4 - Alt J - The Dream
The Dream é um álbum inspirado em histórias e eventos relacionados com o mundo do crime que também existe em Hollywood, mas também está muito marcado pelo modo como a banda viveu a situação pandémica que todos conhecemos e que, de acordo com Joe Newman, o fez querer ser mais responsável e adulto no modo como escreve as letras das suas canções que, continuando a ser sobre eventos fictícios, acabam por ter paralelo com algumas das suas vivências mais recentes. Vive-se , durante a sua audição, numa permanente tensão de nunca se saber que som, detalhe, nuance, efeito, ritmo ou arranjo vem no segundo seguinte e essa é, na verdade, a melhor sensação que se pode receber de um trabalho único que foi feito com vasto leque de referências. Da pop ambiental contemporânea ao art-rock clássico, passando pelo R&B, The Dream é uma epopeia onde se acumula um amplo referencial de elementos típicos desses diversos universos sonoros e que se vão entrelaçando entre si de forma particularmente romântica, cinematográfica e até, diria eu, objetivamente sensual.
3 - Kevin Morby - This Is A Photograph
Produzido por Sam Cohene e com as participações especiais de Cassandra Jenkins, Makaya McCraven, Tim Heideker e Alia Shawkat, This Is A Photograph é um disco de memórias e de exorcização, já que é bastante inspirado numa coleção de fotografias que estavam guardadas na casa onde cresceu e que Morby começou a vasculhar na mesma noite em que o pai faleceu enquanto jantava. O alinhamento do registo mistura, com fino recorte, folk, blues, rock e country, idealizado por um artista que começou a carreira aventurando-se no rock clássico, depois deu-lhe algumas pitadas indie e agora, mais maduro e na melhor fase da carreira, navega confortavelmente nas águas agitadas que misturam tudo aquilo que é, por definição, a força da música americana mais pura e genuína.
2 - The Smile - A Light For Attracting Attention
A Light For Attracting Attention disserta com gula, cinismo, ironia, sarcasmo, têmpera, doçura e esperança, sobre a nossa cada vez mais estranha contemporaneidade. Os seus pilares sonoros estão assentes numa dimensão sonora eminentemente épica e orquestral. São composições detalhísticamente ricas em nuances, pormenores, sobreposições e encadeamentos, quase sempre guiadas por um cardápio de cordas geralmente com um timbre abrasivo e rugoso, mas também por um registo percussivo de forte travo jazzístico, ou seja, canções que exalam aquele habitual ambiente soturno que decalca um terreno auditivo muito confortável para Yorke, que sempre gostou de se debruçar sobre o lado mais inconstante e dilacerante da nossa dimensão sensível e de colocar a nu algumas das feridas e chagas que, desde tempos intemporais, perseguem a humanidade e definem a propensão natural que o homem tem, enquanto espécie, de cair insistentemente no erro e de colocar em causa o mundo que o rodeia.
1 - Spiritualized - Everything Was Beautiful
Everything Was Beautiful é um clássico instantâneo. É um disco repleto de calafrios na espinha e nós na garganta. É um fabuloso tratado de indie rock experimental, mas, principalmente, mais uma banda sonora indicada para instantes da nossa existência em que somos desafiados e superar obstáculos que à partida, por falta de coragem, fé e alento, poderiam ser insuperáveis, mas que durante a audição do registo sabem a meros precalços ou areias na engrenagem de fácil superação. Cascatas de guitarras mais ou menos distorcidas, sintetizações cósmicas variadas, espirais de violinos em catadupa, impacientes e rebeldes sopros e um registo percurssivo com a dinâmica e o vigor indicados, são o receituário que suporta a arquitetura sonora de um alinhamento que também se define, como não podia deixar de ser, pela sua destreza melódica, um expediente essencial nas canções dos Spiritualized que buscam sempre os atalhos mais diretos para o coração do ouvinte.
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Os Melhores Discos de 2022 (20-11)
20 - Pixies - Doggerel
Doggerel é um disco explosivo, vibrante e claramente o trabalho da banda que mais a aproxima da herança feroz que os Pixies nos deixaram há cerca de três décadas. Doggerel também merece exaltação porque não é obra unicamente saída da mente criativa de Black Francis, mas antes uma feliz conjugação de esforços, que inclui o produtor Tom Dalgety (Royal Blood, Ghost) e as contribuições ímpares, quer no processo de escrita, quer no arquétipo das canções, dos restantes membros da banda, o já referido guitarrrista Joey Santiago, o baterista David Lovering e a baixista Paz Lenchantin. Espero que aprecies a sugestão...
19 - Fontaines D.C. - Skinty Fia
Skinty Fia impressiona pela versatilidade e variedade das cordas, sendo um disco conduzido, quase sempre, por uma espetacular linha de baixo, que acama melodias algo hipnóticas e sombrias. O seu conteúdo lírico é eminentemente político, pretendendo personificar ironicamente o ponto de vista de um bem sucedido irlandês que, de modo algo corrosivo, em forma de elogio fúnebre, se congratula com o país onde vive e o orgulho que sente no seu sucesso, mesmo que deite para trás das costas questões tão prementes como a atual política climática de quem o governa e a sua herança histórica.
18 - The 1975 - Being Funny In A foreign Language
Como seria expetável numa banda que nos tem oferecido, disco após disco, um novo labirinto sonoro que da eletrónica, ao punk rock, passando pela pop e o típico rock alternativo lo fi, abraça praticamente todo o leque que define os arquétipos essenciais da música alternativa atual e que tem um líder carismático a liderar as operações e que não receia utilizar a música para exorcizar fantasmas e descobrir caminhos, Being Funny In A Foreign Language é, indiscutivelmente, um álbum com um resultado final de superior grau criativo, com o arquétipo das canções a ser guiado por guitarras, ora límpidas, ora plenas de efeitos eletrificados algo insinuantes, mas com pianos, sopros e uma vasto arsenal de sintetizações a oferecerem à sonoridade geral de um registo de forte pendor nostálgico e enleante, uma profunda gentileza sonora, num ambiente sonoro descontraído, mas extremamente rico e que impressiona e instiga, não deixando indiferente quem se oferece ao prazer de o escutar com deleite.
17 - Destroyer - Labyrinthitis
Labytinthitis é intenso e joga com diferentes nuances sonoras sempre com um espírito aberto ao saudosismo e à relevância inventiva. É um verdadeiro oásis de pop sofisticada em que Bejar eleva a sua escrita críptica e crítica a uma intensidade e requinte nunca antes vistos, rodeado por um grupo de músicos que também já habituou os seus fãs a um espetro rock onde não faltavam de guitarras distorcidas e riffs vigorosos, mas que opta agora, e mais do que nunca, num claro sinal de maturidade e de pujança criativa, por compôr composições que olham de modo mais anguloso para a eletrónica e para ambientes eminentemente clássicos, fazendo-o com superior apuro melódico.
16 - Preoccupations - Arrangements
Arrangements é um tratado feliz e extraordinariamente bem concebido no modo como utiliza tudo aquilo que é aparentemente apenas rugoso e abrasivo, para passar a ser audível com deleite e de modo harmonioso, mesmo que, a instantes, pareça algo minimal. Por exemplo, canções como Slowly, uma rapidinha rebelde encharcada em nostalgia, mas também Death Of Melody ou Ricochet, que filosoficamente se debruçam sobre o futuro da humanidade, provam, uma vez mais, o modo como este quarteto é contundente a abordar certas questões da nossa contempraneidade que inquietam e assustam, nomeadamente a constante imoralidade de determinadas instituições que, infelizmente, não nos dão a confiança merecida Estando repletas de guitarras encharcadas em distorções metálicas e efeitos ecoantes intensos e que também impressionam pelo registo percussivo enleante e encorpado, não só plasmado numa bateria seca, mas também num baixo imponente, nomeadamente na marcação rítmica, são temas que depois afagam-se em primorosas sintetizações que, dando-lhes o indispensável tempero, acamam a rudeza eficazmente, provando o modo exímio como este quarteto faz da rispidez visceral algo de extremamente sedutor e apelativo.
15 - Papercuts - Past Life Regression
Past Life Regression é mais uma feliz jornada afagada nas nuvens poeirentas da folk pop psicadélica, com nomes como os Spiritualized, Echo & The Bunnymen, ou Leonard Cohen a serem influêcias declaradas, como Jason já admitiu recentemente. É um disco muito marcado pela mudança de Jason Quever para São Francisco, depois de alguns anos a viver em Los Angeles, assim como pela questão pandémica atual e pela tensão politica que continua a dividir uma América muito marcada pelos acontecimentos que na última década têm criado feridas profundas nesse país. O disco pode ser comparado a uma daquelas telas impressivas que exalam emoção e cor por todos os seus milimetros quadrados. É um álbum que, canção após canção, implora pela nossa atenção, que sendo para ele orientada, sacia o nosso desejo de ouvir algo rico, charmoso e tremendamente contemporâneo e que deixa uma marca impressiva firme e de recompensadora codificação.
14 - Damien Jurado - Reggae Film Star
Em doze canções que se esperaiam por pouco mais de meia hora, Reggae Film Star oferece-nos mais um delicado e sublime tratado sonoro, repleto de canções melodicamente irrepreensíveis, instrumentalmente fartas e filosoficamente tocantes, inspiradas num sitcom dos anos setenta para crianças chamado Alice, de que o autor se recorda da sua infância, um expressionismo sonoro que faz com que seja muito comum o ouvinte sentir-se reconhecido em algumas das personagens e das circunstâncias que são descritas e encontrar, ao longo da audição, peças do seu próprio puzzle existencial, enquanto assiste a uma tocante saga emocional.
13 - Josh Rouse - Going Places
Going Places oferece um ambiente sonoro indistinto ao já riquíssimo catálogo de Josh Rouse e reforça, com subtileza e contemporaneidade, aqueles que são alguns pilares identitários essenciais de um músico que parece ser capaz de entrar pela nossa porta com uma garrafa numa mão e um naco de presunto na outra e o maior sorriso no meio, como se ele fosse já da casa, já que consegue sempre revelar-se, nas suas canções, como um grande parceiro, confidente e verdadeiro amigo, um daqueles que não complicam e com o qual se pode sempre contar. Josh Rouse é único e tem um estilo inconfundível no modo como dá a primazia às cordas, sem se envergonhar de colocar a sua belíssima voz também na primeira linha dos principais fatores que ainda tornam a sua música tão tocante e inspiradora.
12 - Elephant - Big Thing
Big Thing é um disco eminentemente solarengo e expansivo, versando sobre os habituais dilemas existenciais, mais ou menos mundanos, da nossa contemperaneidade e, mais concretamente, da geração que vive a transição para a vida adulta. O arquétipo sonoro das suas dez composições assenta predominantemente num timbre metálico de uma guitarra plena de reverb e de forte pendor experimental e num registo percussivo vincadamente contemplativo, duas nuances transversais ao alinhamento e que acabam por misturar a melhor herança do aclamado rock setentista com uma indecritível pitada de lisergia. É, pois, um álbum que nos oferece um refúgio luminoso e aconchegante, um recanto sonoro sustentado por guitarras melodicamente simples, mas com um charme muito próprio e intenso, principalmente quando a elas se agregam outros arranjos, que acabam por dar um polimento ainda mais charmoso às canções.
11 - Kula Shaker - 1st Congregational Church Of Eternal Love And Free Hugs
1st Congregational Church Of Eternal Love And Free Hugs oferece-nos uma espetacular e efusiante trip psicadélica, através de um alinhamento que personifica uma espécie de cerimónia religiosa, devidamente balizada em alguns dos temas do disco, que são apenas discursos feitos pelo lider religioso de uma seita que pretende espalhar amor pelo mundo inteiro, ou então, pelo menos, pelos ouvintes deste maravilhoso alinhamento. Neste disco, Crispian Mills e os seus companheiros, Alonza Bevan, Paul Winterhart e Henry Broadbent, não tocam e cantam rock n'roll, pregam-no a quem os quiser ouvir e deixar-se levar por uma doutrina que se serve das guitarras, acústicas ou eletrificadas para, com uma ímpar teatralidade e uma inimitável versatilidade estilística, criar grandiosas canções que versam sobre algumas dicotmias que, no fundo, regem a nossa existência mais metafísica: Amor vs. Medo, Deus vs. Lucífer, Liberdade vs. Ditadura, Colonizadores vs. Indígenas e Impérios vs. Rebeliões.
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Dutch Uncles – Poppin’
Sete anos depis do excelente registo Oh Shudder, que no já longínquo ano de dois mil e quinze fez parte da lista dos vinte melhores discos desse ano, na nona posição e cinco do sucessor Big Balloon, os britânicos Dutch Uncles estão de regresso ás luzes da ribalta com True Entertainment, o sexto e novo álbum da banda liderada por Duncan Wallis, que é secundado por Andy Proudfoot, Robin Richards e Peter Broadhead.
Poppin' é o segundo single divugado do alinhamento de True Entertainment, depois de ter sido divulgada a composição que dá nome ao registo, que irá ver a luz do dia a trinta de março, com a chancea da Memphis Industries. Poppin' é uma canção assente numa angulosa linha de um baixo contundente, que é depois acamada por uma guitarra irequieta, num resultado final em que exuberância e cor são sensações transversais ao ambiente de uma composição impecavelmente produzida, rica em detalhes curiosos e a exalar um charme que deve também imenso ao registo vocal em falsete de Duncan. Em suma, um tema charmoso, em que, dentro de um espetro pop de elevado quilate, um formato sonoro vintage oitocentista também contém uma indisfarável contemporaneidade, remetendo-nos, facilmente, para o melhor catálogo de um artista ímpar como é, por exemplo, David Byrne, uma declarada influência dos Dutch Uncles. Confere...
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Wallows – Wish Me Luck
Os Wallows têm a sua génese em Los Angeles há meia década e são atualmente formados por Dylan Minnette, Braeden Lemasters e Cole Preston. Logo em dois mil e dezassete começaram a divulgar música com o single Pleaser, que alcançou centenas de milhar de audições nas plataformas digitais, o que lhes valeu a atenção de Atlantic Records e um contrato com essa editora. Spring foi o título do EP de estreia do projeto, em dois mil e dezoito e o primeiro longa duração, Nothing Happens, chegou no ano seguinte, tendo como grande destaque do seu alinhamento o single Are You Bored Yet?.
A sequência discográfica ganhou nova vida em dois mil e vinte com o EP Remote, do qual fazia parte uma melancólica canção intitulada Wish Me Luck e que encerrava o alinhamento do registo. O ano passado, no início do outono de dois mil e vinte e um, os Wallows voltaram à carga com um single intitulado I Don’t Want to Talk, uma canção sobre inseguranças, que antecipou o segundo registo dos Wallows, um trabalho intitulado Tell Me That It's Over, que chegou aos escaparares a vinte e cinco de março deste ano.
Agora, na reta final do ano, a banda norte-americana volta à carga com uma nova versão do tema Wish Me Luck, acima referido, uma nova roupagem desse momento alto do EP Remote, que sonoramente assenta num indie rock que cruza com elevada mestria a clássica tríade guitarra, baixo e bateria com alguns efeitos sintéticos faustosos, tendo já direito a um extraordinário vídeo animado, assinado por Dillon Dowdell. Confere...
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Molly Burch – Cozy Christmas & December Baby
Quem também não escapou à febre das canções de Natal, foi a norte-americana Molly Burch que lançou, bem a tempo de iluminar ainda mais as bandas sonoras da época festiva que se avizinha, duas novas composições alusivas à efeméride. Chamam-se Cozy Christmas e December Bay e surgem na sequência de um disco de natal que a artista lançou em dois mil e dezanove e que continha uma bela mistura de canções assinadas pela própria Molly e covers de originais de nomes tão míticos como John Early ou Kate Berlant.
Nestas duas novas canções de Natal, a cantora e compositora natural de Austin, no Texas, navega no terreno que se sente mais confortável e que se carateriza por ambientes deslumbrantes emotivos e algo jazzísticos e que não descuram uma leve pitada de R&B, mas que têm como base os cânones fundamentais da melhor indie pop atual. Se o primeiro tema, Cozy Christmas, assenta num registo eminentemente radiofónico, December Baby é uma daquelas baladas de Natal que não deixam ninguém indiferente. Duas canções díspares, que materializam um lançamento sonoro impecavelmente dotado de charme e tremendamente feminino, com um clima assumidamente polido e contemporâneo, mas também algo intrigante e instigador, como é norma nesta autora sempre disponível ao questionamento contundente, quer sobre si própria quer sobre aqueles ou aquilo que a incomodam ou atiçam, mesmo que seja Natal. Confere...
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Cœur De Pirate – Parfait Noël
Na véspera de Natal de dois mil e dezasseis revelámos que os canadianos Cœur De Pirate de Béatrice Martin e Renaud Bastien, tinham lançado, à época, um EP intitulado Chansons Tristes Pour Noël, que continha três canções, duas cantadas em francês e uma cover do clássico dos Wham!, Last Christmas. Esse EP Chansons Tristes Pour Noël era um pequeno mas aconchegante instante natalício, perfeito para tocar na noite de consoada, naquela pausa entre o levantar das espinhas do bacalhau da mesa e a ascensão do leite creme ao primeiro plano da mesma, com uma elevada toada nostálgica e uma luminosidade muito peculiar.
Agora, no natal de dois mil e vinte e dois, a dupla volta à carga com uma nova canção de Natal. Chama-se Parfait Noël e nela, os Cœur De Pirate induziram arranjos de cordas exuberantes e imensos detalhes percussivos tipicamente natalícios, num cosmos onde se mistura harmoniosamente a exuberância acústica da voz de Béatrice, com um exuberante arsenal instrumental melodicamente sagaz e sentimentalmente pleno de dramatismo e emotividade.
Optimistas por natureza, estes dois músicos mostram-se, neste canção, mais uma vez maduros e conscientes, compondo num estágio superior de sapiência que lhes permite utilizar o habitual espírito acústico que os carateriza, para contar histórias, neste caso uma de natal, que os materializam na forma de conselheiros espirituais sinceros e firmes, ainda por cima com a ousadia de nos quererem guiar pelo melhor caminho, sem mostrar um superior pretensiosismo ou tiques desnecessários de superioridade. Espero que aprecies a sugestão...
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Silvermannen – A Wishful Christmas
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Kishi Bashi – All I Want For Christmas Is You
Original de Mariah Carey, datado de mil novecentos e noventa e quatro, All I Want For Christmas Is You é, quase vinte anos depois da sua incubação, uma das mais famosas e revistas composições desta época do ano, uma canção de amor e, de certa forma, o tema de Natal dos dias modernos mais solidificado na cultura e na música populares.
O norte-americano Kishi Bashi é mais um nome a juntar à extensa lista de artistas que já revisitaram o tema, uma lista que inclui nomes tão proeminentes como Justin Bieber, Shania Twain, My Chemical Romance e Amber Riley, entre outros. O músico natural de Athens, na Georgia e que chegou ao nosso radar à cerca de uma década com o registo 151a, deu à sua versão de All I Want For Christmas Is You um enorme e generoso festim de alegria e descomprometimento, fruto da profunda veia inventiva de Kishi Bashi que, para criar esta versão, apostou numa espécie de ramificação barroca ou orquestral da pop, num resultado final que vive em função de violinos, de arranjos claramente pomposos e cheios de luz e do seu habitual registo vocal cristalino. Confere...
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Dropkick – All I Want For Christmas Is A Rest (Is It Only Another Day?)
Os escoceses Dropkick encontram-se em estúdio a gravar um novo registo de originais e aproveitarma a presença em estúdio para gravar uma nova canção de natal, algo que não faziam há já uma década. O novo tema do natal desta banda formada por Andrew Taylor, que partilha com o espanhol Gonzalo Marcos o projeto The Boys With The Perpetual Nervousness (TBWTPN), que foi dissecado por cá recentemente, Ian Grier e Alan Shields, chama-se All I Want For Christmas Is A Rest (Is It Only Another Day?) e foi gravado no quartel general da banda, os estúdios Inch House, em Edimburgo.
All I Want For Christmas Is A Rest (Is It Only Another Day?) é um tema feito com todos os ingredientes daquele indie rock melodicamente sagaz e que, desbravando caminho até uma mescla contundente entre os primórdios da surf pop e o melhor rock oitocentista, deslumbra pelo jogo charmoso que, ao longo da canção, se vai estabelecendo entre cordas e a percussão, no meio de algum fuzz constante. Confere...
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Future Islands – Last Christmas
Mesmo a tempo da época natalícia que se aproxima a passos largos, os Future Islands, de Samuel Herring, acabam de divulgar uma curiosa e vibrante versão do clássico dos Wham!, Last Christmas.
A banda de Baltimore conseguiu dar uma roupagem bastante curiosa e animada a uma canção mítica dos anos oitenta do século passado, induzindo no original um vigoroso arsenal de sintetizações inebriantes e indutoras, encharcadas pela nostalgia da melhor pop oitocentista, como se exigia, num resultado final majestoso, empolgante e contagiante, como é apanágio deste grupo. Confere...